Thursday, November 30, 2006

Linda martini - olhos de mongol(2006)



Os linda martini são um bocado...não digo "a" banda, mas digo uma das bandas que me fazem ter vontade de continuar por aqui com este simpático blog(ou então nem é muito simpático). A verdade é que não os vi nascer, mas vi-os crescer...e cresceram depressa as "crianças" de queluz. Desde o passado hardcore, passando pela idosa maqueta (com apenas uns 2 anos!), e pelo ep, já para não falar no fantástico concerto na festa do avante de 2005. Tudo isto foram patamares que a banda foi subindo muito rapidamente. Longe vão os tempos em que deram uma entrevista num blog de vão de escada- sim acertaram, é este- sendo que agora já são destaque do suplemento cultural do público: o Y.

Se para muita gente, este "olhos de mongol" é uma surpresa,para gente que os conhece já ao tempo, ele é um culminar de expectativas. Uma espécie de fim de um ciclo, de todo um conjunto de ideias, de pensamentos, de crenças em "como seria este disco". È como se imaginássemos uma babe toda nua, e passado uns tempos tivéssemos acesso pleno aos seus portentos físicos, tal como Deus a deu ao mundo. Será que íamos ficar todos contentes, e ela nua era como nós a imaginávamos? Ou se, pelo contrário, ela afinal tinha pelos no peito e era hemafrodita? A comparação pode parecer ridícula, mas não se esqueçam que fui eu que a fiz.

Ainda por cima "Olhos de mongol" dá-se ao luxo de esquecer o anterior ep, e dá-nos 9 temas absolutamente novos, excepção feita ao obrigatório "Amor combate" que tinha que estar por aqui. Afinal é o grande hino da banda, aquele tema que toda a gente trauteava quando linda martini era apenas sinónimo de "uma cena gira com cenas que vão de isis até mogwai e explosions in the sky, e que anda no myspace". Portanto, a rede do trapézio ainda apresentava mais buracos que aquilo que podia apresentar. O risco a correr era maior, e a possibilidade de desilusão, em relação a mim e a muito boa gente...no fundo a quase toda a gente que é potencial compradora deste disco, era mais que muito.

Agora as boas notícias: nada há a recear minha gente. Aqueles que tinham medo de os ouvir num formato maior, que até poderiam ter medo de alguma monotonia e marasmo sonoro, a verdade é que saíram redondamente enganados. "Cronófago", o primeiro single, é uma muralha de distorção fantástica e uma experiência sonora que resulta na perfeição enquanto momento quase esquizofrénico(esse está ainda mais explítico em "o amor é não haver polícia"), "dá-me a tua melhor faca" é um tema bem completo, que inicia por um poderio enorme de guitarras, desagua numa maresia sonora agradável e suave, e volta aos fantásticos riffs de guitarra que os linda martini sempre nos habituaram, conseguindo ser absolutamente contagiante, mesmo tendo apenas meia dúzia de palavras.

Já "partir para ficar" é provavelmente a melhor ideia musical que os linda martini já tiveram. Pegaram num excerto de "FMI" de José Mário Branco(esse glorioso aluno da melhor faculdade do mundo- a minha), e deram-lhe uma paisagem soturna, negra, inóspita. Souberam aplicar na perfeição aquilo que o cançonetista nos vai dizendo. È um momento delicioso, singular e sobretudo único da música portuguesa, nos últimos anos. Um prodígio instrumental, que acaba recheado de emoção. "Estuque", um dos temas que já conhecia, para além da fabulosa letra(diga-se que a componente lírica é um dos pontos fortes do álbum), também tem uma moldura sonora admirável: quase que se aproxima de uma canção no verdadeiro termo da palavra, por ter uma componente mais estruturada que as outras. Aliás outro aspecto importante do disco é a capacidade de improvisação, algo que acho que cheguei a fazer referência, quando falei no concerto de apresentação ao disco. "estuque", é um tema igualmente soturno e com distorções, mas ao mesmo tempo é interessante o suficiente para nunca nos fartarmos dele. È também um dos temas onde a voz do vocalista André melhor soa. Ah sim: e o solo final é fantástico.


"O amor é não haver polícia", tem bocados que quase parecem spoken-word, dada a rapidez do tema, e a velocidade em que as palavras vão sendo debitadas. È também um dos temas mais rápidos do disco, juntamente com "cronófago", e eleva a esquizofrenia e distorção da primeira a patamares ainda mais elevados. È um tema que garante a mestria instrumental da banda, e que nunca deixa de conseguir ser uma canção e um exercício de estilo ao mesmo tempo. "quarto 210", é outro tema curtinho, onde voltam as... harmónicas(?) que já erstiveram presentes em "partir para ficar" por exemplo. Tenho em mim que é a faixa mais fraca do disco...mas a verdade é que consegue também resumi-lo em três minutos: é soturno, tem palavras arrastadas, uma letra inteligente, só lhe falta a distorção.

"Amor combate" e "A severa(ver de perto)"...é preciso falar da primeira? Aquele som que eu já ouvi umas 142556758796546546 vezes, fora as outras 324325266567 vezes? Pois. A verdade é que a voz está mais límpida que aquela que nos acostumámos a ouvir. Quase que parece que a muralha instrumental soa mais "baixa" que a voz, o que não deixa de ser estranho. Não perde o encanto, mas talvez tenha sido um bocadinho forçada a inclusão do tema no disco. Ela está relacionada com o objecto, mas não deixa de soar distante face aos outros temas aqui colocados. De qualquer forma aquele poderio instrumental lá continua e isso não se pode perder de vista . e ainda bem.
"A severa..." é quase épica. Pesada, calma, agressiva,progressiva, experimental, esquizofrénica, frenética. Quase tudo o que se ouve no álbum está aqui. termina de modo agreste e com distorções, e é assim que se consegue perceber que os linda martini estão aqui para as curvas.

Porque estão mesmo. Todos os temas são muito bons, a panafernália sonora da banda continua intacta, e não se pode dizer de modo algum, que tenha feito mal à banda de queluz,a passagem para longa-duração. Simplesmente são uma banda que começou pequenina e que, devido tanto à sua originalidade como ao esforço e dedicação, arranjou-se para o seu lugar ao sol. Hélio continua absolutamente louco na bateria, as guitarras continuam a estalar...a voz de André soa na perfeição numa banda que nunca privilegiou a voz( e quem critica linda martini a partir deste ponto devia ter isso em mente).

Os linda martini são grandes. Melhor que tudo, continuarão a sê-lo. Que este disco sirva para poderem granjear mais ouvintes. Sim, porque para o resto(aquela coisa da qualidade, e de inventividade, e de excelência, já para não falar em estar no topo em listas de final de ano) eles já nem precisam de se esforçar mais. O som já é único, e o disco igualmente. Ainda por cima é mesmo bom caraças.

9/10

Melhor disco de... 2007?

Ainda falta o raio de um mês para acabar o ano, já ando com os ouvidos metidos numa obra-prima que será só lançada na europa e nos states pró ano(já os cabr**s dos japunas a podem colocar nas melhores de 2006- Um grande monte de cocó para eles).

Estou a falar disto:



Se o nome de Aereogramme não vos é estranho, mas não sabem de onde raio o conhecem(e até cá vêm de quando em vez), é pura e simplesmente porque eles foram os que, com os isis, criaram o excelente "in the fishtank 14". com os isis também a editar o grande "in the absence of truth" este ano, e que ainda não foi alvo de crítica por aqui porque sou meio parvo, desta feita são os aereogramme que vão editar em 2007 o seu novo disco. Pode-se dizer que há reminiscências de uns death cab for cutie por exemplo, mas esta banda é bem mais épica, emotiva e não tem tantos docinhos pop como os death cab. São menos catchy, mas igualmente tocantes. Conseguem captar sentimentos através de uma sonoridade que tanto pode ser mais soturna, como alegre. São pop, são rock, são indie, no fundo são eles mesmos. E são muito bons.


Será o disco de 2007 este? È que se for ficamos bem servidos. Pelo menos é um excelente prenúncio para o ano que aí vem daqui a um mês. A ver se estou atento pá.




Ps: podem "adquiri-lo" nesta simpática e engraçadota morada

Monday, November 27, 2006

The science of sleep de Michel Gondry(2006)



Michel Gondry é um tipo que muita gente consideraria como "esquisito". Gajo todo geek, absolutamente uncool, acaba por virar estrela à pala de inovadores videoclips onde estilizava muitas das quase inverosímis ideias que andavam na cabeça dele. Como ele próprio diz, "eu que nunca fui cool, comecei a ser considerado como tal por causa dos videoclips".
E depois dos videoclips vieram os filmes: o razoável "Human nature", e o excelente "The eternal sunshine of the spotless mind", que o consagrou como um dos melhores realizadores desta nova geração.

"The science of sleep" é o projecto mais pessoal de gondry. Ao contrário dos dois filmes anteriores que contaram com a ajuda de Charlie Kaufman no argumento, desta feita ele próprio o fez. E acabou por relatar uma história sobre um tipo geek e uncool que vive num mundo altamente influenciado pelos sonhos, e que se apaixona pela vizinha sem fazer a mínima tenção disso.
No fundo, a personagem encarnada por Gael Garcia Bérnal,Sthéphane é o próprio gondry: e Charlotte Gainsbourg,Stéphanie, o objecto de seus desejos. E todos os sonhos da personagem principal, são as próprias concepções visuais que gondry sempre aplicara nos seus videoclips.

È nos sonhos que Stéphane atinge a máxima realização pessoal: tem o pseudo-programa de televisão que lhe permite reagir face a tudo. Aí ele tem atitude, diz aquilo que quer, arranja-se bem no emprego, papa as gajas, e o mais importante fica com a miúda no fim. E tudo isto em cenários absolutamente deliciosos, como aquela cidade feita em cartão, ou a água em papel celofane: tudo num registo animado, numa clara e curiosa homenagem aos desenhos animados europeus de há uns anos atrás.
È sobretudo na fisionomia dos sonhos, no delírio estético-visual que o filme ganha muita desenvoltura. Aquela desenvoltura que não tem no argumento, o que faz com que ele acabe por ter alguns repelões de vez em quando. No entanto esta acaba por ser uma falsa questão.

Até agora, o grande defeito que tem sido colocado a este filme, é precisamente a deficiência argumentativa. Sim, como já disse existem alguns repelões. O filme não é coerente a cem por cento, e muito menos um objecto absolutamente sólido.
Mas também não pretende ser isso. Se formalmente fosse algo mais estratificado e coeso, muita da espontaneidade dos sonhos de Stéphane ir-se-ia perder. Se aquela paixão pela vizinha fosse descrita de uma forma mais concreta, mais sólida e até mais credível, o filme perderia todo o sentido. È precisamente a força da paixão de Stéphane, e ao mesmo tempo a sua insegurança, que permitem a Gondry esquivar-se acontar uma história de uma forma um pouco mais sóbria, acabando por destilá-la em delírios visuais que deleitam qualquer um.


Este filme não é mais que um boy meets girl com um final minimamente aberto, se atentarmos a metade da coisa. Em relação à outra metade, tudo se concretiza da forma mais previsível. resta saber se estamos a viver o sonho, ou a realidade termos que Stéphane tem tanta dificuldade em distinguir.
"The science of sleep" não é uma obra maravilhosa nem excepcional como "The eternal sunshine of the spotless mind". Mas também não é o filme frágil como tanta gente o pinta. È um filme de uma ternura tocante, absorvido pelas ideias quase psicadélicas de gondry, que resultam em cheio quando transpostas para o grande ecrã.

8/10

Friday, November 24, 2006

More than a thousand - Vol. II The Hollow(2006)



Se há coisa que eu detesto é quando alguém fala em na imparcialidade de uma crítica. "Ah, uma crítica deve ser imparcial, porque tralailai e porque etc e coiso". Tudo errado, e um bom pedaço de ignorância a ajudar à festa. O jornalismo deve ser imparcial certo. Mas desde quando é que uma crítica deve ser encarada como jornalismo? O jornalismo divulga, a crítica dá a opinião. E uma opinião nunca deverá ser imparcial, porque senão nem o era.
Quero com isto dizer que numa crítica só há uma coisa que funciona: gosto pessoal. Se alguém não gosta de um disco, simplesmente dá má nota. Se gosta dele, dá-lhe um valor simpático. Se não aquece nem arrefece, então simplesmente arrefinfa-se uma nota do meio e pronto. Só que por vezes as coisas não são assim tão simples, e vemos esta teia de valores virada do avesso.

Depois desta introdução manhosa, vamos aos factos: "Vol 2- The Hollow", é o primeiro disco dos more than a thousand. Isto depois dos dois mais que falados ep's.Tenho em mim que o segundo ep, "trailers are always more exciting than movies", é possivelmente uma obra canónica, dentro da música nacional. Esta frase pode parecer excessiva, mas acredito plenamente que o "trailers..." tem absoluto potencial para se tornar num clássico daqui a pouco tempo. Tem as canções, a atitude, o conceito, até alguma maturidade pouco comum numa banda que na altura tinha apenas "Those In Glass Houses Shouldn't Throw Stones", lançado cá para fora.

Por isso pode-se dizer que os more than a thousand tinham muitas expectativas viradas para eles. Como raio iria ser este primeiro disco? Uma aproximação ao segundo ep? Uma espécie de virar costas, e andar para um som mais melódico, como as músicas de apresentação faziam supor? Ou simplesmente nada disto? O concerto no santiago alquimista foi pouco conclusivo, já que não tocaram nada de inédito. Já toda a gente tinha ouvido todos os temas, e para mim, essa foi a grande pecha do concerto(mesmo se tivermos em conta que não estava presente o baterista original da banda).
A verdade é que "Vol.2- the hollow", encaminhou-se para uma face mais emo que me surpreendeu. Inicialmente pela negativa. Afinal onde estava a variante mais screamo, que tanto peso, tanta atmosfera, tanta intensidade dava à banda? Tudo bem, que agora só têm um vocalista, Vasco de seu nome, mas isso não me pareceu motivo suficiente para uma mudança tão grande. e de facto, inicialmente andei um bocadinho de costas voltadas ao primeiro disco da banda.

No entanto não deixei de o ouvir todos os dias. E foi com essas repetidas audições que percebi que estava a pegar pelo prisma errado. Precisamente pelo ponto de vista pessoal. Afinal "vol.2- the hollow", tem coisas muito positivas, como o enorme magnetismo de cada uma das suas canções, o facto de não ter uma única faixa menos boa, possuindo uma coesão e força absolutamente surpreendentes. O facto de ser mais emo, é outra falácia que merece ser desmontada. Até porque não foi com essa preocupação que a banda setubalense radicada em Londres, fez este disco. a banda decidiu fazer canções: verdadeiras canções. com corpo e alma, com intensidade através da voz mais sofrida de Vasco, com riffs fortes, e algum potencial baladeiro muito longínquo da lamechice. O facto de ter uma ponta emo, só pode ser considerada como uma simples mariquice. È como dizermos que a soraia chaves tem uma borbulha de um mílimetro de espessura junto ao nariz.

De qualquer forma, os more than a thousand cresceram mesmo. Elaboraram letras muito mais pensadas, sobre as suas vivências e dramas pessoais. Criaram um conjunto coerente de temas que vão desde o sofrimento de "The burden", passando pela quase nostalgia de "The red river murder", pelo romantismo de "Cease fire(SOS), ou mesmo pela beleza intrínseca de "The virus", que fecha o disco com chave de ouro. È a grande balada do álbum, mas não possui nem um grama de emoções baratas. E tem alguns experimentalismos, vindos de uma facção mais indie que nunca esperámos que aparecessem numa banda como os more than a thousand. A banda consegue com este seu primeiro disco "a sério", uma ode à maturidade e ao sentimento, mas também à personalidade.

Uma coisa é certa: gostava mais da fase screamo da banda. No entanto, algo também certíssimo é que esta tendência mais rock alternativo com pingadelas mínimas de emo assenta-lhes muito bem. Sobretudo porque conseguem ser únicos, e porque o disco está muitíssimo bem pensado e ainda melhor executado. As faixas estão no sítio certo, os interlúdios igualmente,e o talento da banda está lá espelhado.
Sendo absolutamente parcial diria que este disco me tinha desiludido um pouco. Mas fazendo-me valer da consciência, é preciso perceber que estas canções estão acima de qualquer média mundial. Bem, bem acima. E isso está à frente de qualquer possível juízo de valor. simplesmente ninguém pode achar "vol 2- the hollow", mau porque não o é. Eu acho-o bom. Mas sendo consciente, ele É de facto muito bom. O próximo está mais que visto que chega ao excelente. Um dos melhores discos nacionais editados este ano, mas sobretudo um dos melhores discos do ano.

8/10

Sunday, November 19, 2006

BEFORE THE TORN

AO ATAQUE



Os before the torn são uma das mais recentes referências underground nacionais, sobretudo dentro do death metal mais melódico. Influenciados por bandas como In Flames ou Arch Enemy, a banda lisboeta tem por aí o seu primeiro ep "Behind every treason", que lhe pode dar o passaporte para outros vôos. O belo do blog chegou à conversa com o baixista Ruben:


Vocês têm dois anos. Pode-se perguntar como é que a banda se iniciou?

A banda iniciou-se por volta do início de 2004. Foi formada pelo Guilherme e pelo Vítor, depois da banda anterior deles The Guide não ter resultado. Eles decidiram começar um novo projecto com outros membros e com outro nome. A formação ainda mudou várias vezes após o inicio, mas a formação actual é composta por:Guilherme (voz), Vitor(guitarra e voz),Gavino (bateria), Ruben (baixo) e Daniel (guitarra).

Como é que vocês caracterizariam o vosso som? Eu diria que é metalcore, mas é possível que vocês não gostem da designação...

Acho que caracterizamos o nosso som simplesmente como Metal. Poderíamos designá-lo enquanto pertencente a alguma vertente do metal, tal como o metalcore ou o death metal melódico, mas realmente o que fazemos e o que gostamos de ouvir é metal. Não interessa muito a vertente em si: acho que os rótulos estão cada vez mais “maricas” e já não basta uma palavra para designar uma banda, tem de ser sempre metal-hardcore-screamo-whatever ou pós-hardcore-rock-emo etc.
Acho que quem nos quiser designar como metalcore ou deathmetal melódico o pode fazer, mas nós ficamos mais contentes com um simples “metal”. È mais a nossa cara.

Lançaram agora o vosso ep, "Behind every treason". querem falar um pouco deste trabalho? Como foi o processo de composição, e que tipo de aspectos acham essenciais quando o abordamos?

O processo de composição foi deveras rápido. A banda tentou uma gravação anterior no estúdio de um amigo, o que não correu muito bem, e então decidiu esperar mais uns tempos e continuar a tocar e a compôr. Infelizmente na altura não tinham nenhum baixista fixo, e as coisas com o segundo guitarrista não estavam a correr bem, por isso a banda optou por parar por uns meses. O guitarrista saíu, e foi aí que eu entrei para tocar baixo. Isto a convite do vítor que já conhecia anteriormente, e entrou também o Nuno para a segunda guitarra. Depois disso, o processo de composição foi muito rápido. As datas de gravação nos generator studios já estavam marcadas, e começámos a fazer musicas em casa, ensaiando-as no estúdio. Acabou por sair tudo muito bem, inclusivamente até uma das musicas (the day we died) foi completada dois dias antes da gravação (risos). De qualquer maneira, na altura de gravar correu tudo muito bem. Tivemos bastante ajuda do Miguel Marques ( dos easyway e produtor nos generator studios) e acho que nesse fim de semana aprendemos muita coisa, e crescemos muito como banda.

Vocês contrapõem muito o peso da voz, com a melodia das guitarras, e isso parece-me estar explícito no ep. Acham que isso pode ser encarado como uma característica vossa?

Acho que sim. Na altura da composição estávamos a fazer riffs muito melódicos, e quando chegou a altura da gravação ficámos todos surpreendidos pela evolução na voz do Guilherme. Acho que até ele ficou muito surpreendido, quando veio á régie ouvir a primeira musica que tinha gravado. Até perguntou se tínhamos alterado a voz... (risos) actualmente digamos que largámos mais esses riffs melódicos do EP, e nos estamos a dedicar mais a uma mistura de metal actual e metal mais clássico. E acho que ainda estamos longe de cantarmos com uma voz fininha á lá power metal (risos).


Porquê chamar ao ep, "Behind every treason"?

O nome do EP foi ideia do Guilherme. Além de ser o nome de uma música, a letra tem bastante significado para ele. Basicamente o nome vem de todas as vezes que nos sentimos traídos, enganados, enquanto nos espetam uma faca nas costas. E ainda por cima somos capazes de vislumbrar as razões que estão por trás disso.

Que tipo de bandas vos influenciam mais, e quais são aquelas com quem um dia gostariam de tocar?

As influencias variam bastante de membro para membro: o Guilherme e o Vítor devoram muito muito metal de todos os géneros, desde power metal ao black metal. Eu diariamente ouço mais stoner, rock e algum doom, mas sempre com metal na playlist. O Daniel é o membro mais velho da banda, e já não ouve tanto metal como antes, agora gosta mais de estar descansado a ouvir hardrock e jazz. Já o Gavino digamos que é o membro mais de “extremos” da banda: apesar de ouvir algum metal diariamente, o que mais consta na playlist dele é mesmo a musica electrónica e o jazz.
Bandas com que um dia gostaríamos muito de tocar... acho que In Flames, Iron Maiden, 3 Inches of Blood e Arch Enemy estavam no nosso top.

Têm um concerto agendado, para o dia 25de novembro, com os mycubic emotion e os dollar lama. Tem-vos sido fácil arranjar datas? De que forma é que querem que o público interaga convosco, enquanto estão a actuar?

Não tem sido nada fácil. Passei muitas noites a mandar mails e mensagens para bandas em Portugal, e pessoas envolvidas em organizações de outros concertos, e digamos que o numero de datas que temos arranjado não se compara ao número de mails que temos enviado. Mas é mesmo assim, estivemos muito tempo parados a gravar e a compôr e a regularidade de concertos desapareceu um pouco. mas as coisas estão se a arranjar de novo, já temos tido mais convites. Dia 25 estaremos em pombal, a convite dos nossos amigos My Cubic Emotion. Aliás, eles também vão tocar conosco dia 6 de Janeiro,no lótus bar(concerto que também contará com os blacksunrise). Também iremos ter um concerto para meio de Dezembro em Faro, no Algarve. Por mim tocaríamos todos os fins de semana..embora claro isso seja muito complicado. De qualquer maneira até estamos bem de datas.
Em relação á interacção do publico, queremos sempre que os nossos concertos sejam uma festa. Que ninguém se contenha na sua maneira de curtir o som, que subam ao palco, façam stage dives, moshem, ou andem simplesmente à pêra, ou que abanem a cabeça com toda a força. Apenas gostamos que as pessoas sintam os nossos concertos, e tirem algum proveito da nossa actuação, já que damos sempre o nosso melhor para quem nos vai ver.

São de Lisboa. Acham que, pelo facto de serem da capital, isso vos benefecia de alguma forma?

No que concerne à existência de uma “cena” em relação a bandas underground de vários géneros, acho que estamos mais beneficiados. È na capital que há mais variedade, tanto a nível de bandas como de publico e de concertos, apesar de ser tudo um número muito reduzido, se formos a comparar com a “cena” em Madrid ou Londres. Aí vemos que a diferença é abissal, a todos estes níveis que referi anteriormente. Mas claro que todos sabemos que em Portugal é muito difícil ter sucesso underground: ou tens uma sorte tremenda e uma editora grande de fora pega em ti, não ligando ao facto de ser uma banda portuguesa, ou então fazes uma banda pré-fabricada e tens as tuas músicas a passar nos morangos com açúcar. Claro que não acho que haja nada de mal com isso, o que quero dizer é que para conseguires vencer na música em Portugal, ser comercial é a única saída. Mas felizmente não ligamos muito a isso: não achamos que isto vá ser o nosso futuro, uma cena milionária onde iremos dar concertos e fazer albuss de modo a ganhar a vida. Fazemos isto pelo gozo que nos dá e pelo amor à musica.

Agora com o lançamento do ep, que tipo de projectos têm previstos para o futuro?

De momento o nosso objectivo é tocar o maior numero de vezes possível por vários pontos de Portugal. Estamos também a organizar com um amigo, um possível fim de semana de concertos em Espanha e já estamos a compor novos temas para um novo álbum. Por enquanto não temos data prevista para a gravação, depende de como correr a composição. Mas o que é certo é que queremos fazer algo em grande e bem pensado, por isso preferimos dar tempo até que as coisas se desenvolvam da melhor maneira possível.
Pelo caminho também gostaríamos de arranjar uma editora sobretudo para nos conseguir ajudar mais com a promoção, mas penso que com o tempo, algo se arranjará.

Espero que a entrevista esteja boa

Abraço

Ruben Vilas

:)

Friday, November 17, 2006

Deftones e Dead poetic (ou como o rock norte-americano não anda tão leproso quanto isso)

Desta vez decidi juntar duas bandas norte-americanas : uma bastante conhecida com os deftones, e outra relativamente conhecida(embora ainda misteriosa para muita gente), como os dead poetic. Dois bons exemplos daquilo que eu de facto considero como rock, e duas bandas que, possivelmente fizeram o melhor disco das suas carreiras. Sim, isto é também válido para os deftones, inegavelmente. Vamos começar primeiro pela mais conhecida porque...epá sim.

DEFTONES - SATURDAY NIGHT WRIST



Chino moreno "o gordo"(vá com um bocadinho mais de barriga que eu), e seus comparsas, fizeram um concerto relativamente fraco no super bock deste ano. Sim, isso é inegável: o piloto-automático daquela gente, certamente não augurava nada de bom, para o novo álbum. Afinal, "Saturday night wrist", acabou por contrariar em absoluto este receio, com um conjunto de canções inegavelmente bem feitas, algumas com certos requintes experimentais que vieram directamente dos teamsleep(o projecto paralelo de chino, que já aqui foi alvo de crítica há um porradão de tempo), mas sobretudo dotadas de algo que os deftones se calhar já podiam ter obtido há alguns anos atrás( e estiveram perto com o "white pony): maturidade. No fundo, "Saturday night wrist" é um disco de canções: todas elas bem equilibradas, fazendo parte integrante de toda a sonoridade que sempre caracterizou os deftones.

Confesso desde já a minha parvoíce, em não ter ouvido o disco anterior a este. Mas a verdade é que "minerva" deixou-me um bocado de pé atrás, e aquilo que ouvi depois disso também não conseguiu equilibrar a balança. Agora "hole in the earth", o primeiro single, foi perfeitamente capaz de revelar precisamente o contrário. È um tema musculado que assenta no poderio das guitarras, que tem talvez dos melhores riffs iniciais que os deftones já fizeram e, sobretudo!, consegue condensar tudo aquilo que a banda já realizou num só tema. Tem algum sentido de experimentação e de atmosfera, é catchy qb, e mostra as capacidades vocais de chino. Por outro lado é também um tema de relativamente fácil assimilação, com uma letra no mínimo simplista diga-se. Por ser uma espécie de resumo, dá perfeitamente para ser desde já um dos melhores temas que a banda já gravou.

Mas está claro que "Saturday night wrist" não é só isto."Rapture" é um tema muito dentro da onda que a banda já nos habituou, sem no entanto ser uma cópia barata ou reles, "Beware", bem como "Cherry waves" são excelentes temas, onde as capacidades tanto instrumentais como ambientais da banda(fico sempre à rasca quando falo de "ambientes" ou "atmosferas", não vão achar que é paleio idiota...e até pode ser um bocadinho) saem abrilhantadas,e onde a voz arrastada de chino assenta em absoluta perfeição. Já o adorno épico de "cherry waves" também não deixa de ser uma nota de destaque.

"Mein", com a participação de serj tankian dos system of a down (banda a que já achei graça, mas agora ah e tal nem por isso), é um dos temas...vá não digo mais estranhos, até porque assenta muito nas bases anteriores, no entanto talvez menos comuns. O refrão não fica na cabeça, e o tema acaba por ser mais um exercício de estilo em formato canção. A participação de serj também sai imaculada diga-se. "U,U,D,D,L,R,L,R,A,B,S", é o tema experimental do disco, que não sendo nada do outro mundo, também não sai mal na fotografia(no fundo é imaginar aqueles ambientes mais soturnos dos deftones, mas sem voz e durante 4 minutos seguidos).

Já devo ter falado de canções que cheguem...mas não era ninguém(ok continuo sem ser, mas enfim) senão falasse de "Xerces", aquele que possivelmente já é para mim o meu tema favorito de sempre da banda de Sacramento. Porquê? Bem, talvez pela magnitude emocional do refrão, pela densidade de todos os ambientes(pareço ouvir sintetizadores algures digo eu), e aquele "I'll be waving... goodbye" repetido aquelas vezes, lembra-me a excelente "change(in the house of flies), com o "haaa..haaa...". Num sentido apenas e só de memória diga-se, nada de fotocópias. Possivelmente "Xerces" será o próximo single, dada tanto a quase delicadeza da voz de chino, como a magnitude emocional que aquele refrão tem. Um dos meus temas do ano desde já.

Acabando esta análise ao disco, e porque não me apetece estar a falar de tudo, destaco só "Pink cellphone", um dos temas mais experimentais que a banda já fez. Desde o início quase minimalista, e mecânico, passando depois pela adensação da voz feminina que acaba por dominar a segunda fase do tema. Aqui sim: temos a voz, um simples beat e acabou a conversa. Nada de absolutamente revolucionário, mas ainda assim interessante e curioso. Mais uma nota em com os deftones não se preocupam só em recriar o costume.

Quanto ao resto do álbum: as boas canções continuam, os refrões talvez amoleçam um pouco, mas a verdade é que a ideia-base está sempre lá. Os deftones fizeram a súmula da carreira da forma mais inteligente possível. Criaram um disco que, não sendo um enorme passo em frente, é um passo seguríssimo, e de grande classe. As canções são grandes, e todas de qualidade irrepreeensível, e a aposta num ou outro toque experimental foi amplamente conseguida. È como se a capa de "saturday night wrist", pudesse dizer à de "around the fur", que valeu a pena voltar a mergulhar, para depois sair em grande estilo. E com absoluto charme.

8/10

DEAD POETIC - VICES



Confesso: já andava para adquirir por meios alternativos este "Vices" há largos meses. No entanto, só depois do álbum ter saído, no dia do halloween, é que finalmente lá o encontrei por aí. Em "vices", os dead poetic conseguiram finalmente aquilo que ambicionavam, possivelmente desde sempre(e isto também tendo em conta a entrevista que deram para o blog há um ano e tal): sair das amarras do emocore. A verdade é que foram vítimas dele, tal como os deftones foram vítimas do nu-metal.

Foram colocados no mesmo saco de bandas como fich, thrice, underOath, funeral for a friend, sem se ter a percepção que a banda de Ohio, estava muito mais virada para ícones do rock como uns led zepellin por exemplo. Se, com o excelente "New medicines" isso já se conseguia perceber,agora a banda deixou em definitivo a agressividade emocional que se consegue encontrar no disco anterior, para se dedicar à feitura de bons temas rock.Sem os irmãos Shellabarger, o agora quinteto, conseguiu lançar cá para fora precisamente aquilo que idealizou. E isso é, desde já, uma inequívoca vitória.

Os temas iniciais do disco, que se inicia com a bomba "Cannibal vs cunning", onde o refrão é fantabulástico, e os acordes fortes o suficiente para um headbanging consciente, que passa por "lioness" com outro refrão de berrar até a voz ficar mais rouca que uma fadista sem tomar mebocaína, vai a "self destruct and die", um dos melhores temas que a banda já fez, dada a sua enorme coesão do princípio ao fim, passando outra vez pela magnitude refrónica embora um bocadinho mais emocional que nas outras(mas nada emozice pronto, e finalmente desaguando em "Narcotic", o primeiro single do disco, que fecha com chave de ouro um dos melhores inícios de álbuns de 2006.

Sim, é verdade: "vices" tem quatro temas iniciais muitíssimo bons, embora dos quatro é curiosamente o primeiro single, que sai enquanto elo mais fraco. Daí que acho que "self destruct and die" seria possivelmente melhor single que "narcotic"...mas isto sou eu, que até sou um bocado parvo e tudo.
O resto do disco, pode-se dizer que afrouxa um bocadinho: não a nível qualitativo por si(já que "in coma" o quinto tema e este sim o mais emocional de todos, quase em ritmo baladeiro, é muito bom) mas talvez a nível de intensidade. "Pretty, Pretty", tem um excelente riff de guitarra, incorporado num refrão de magnitude...vá boa, "Animals", tem o seu quê de grunge, embora seja uma canção muito mais ambiental que outra coisa qualquer, e o tema-título que finaliza bem ao disco torna-se um pouco mais soturno, com a voz de Brandon Rike.

Mas aqui o que conta, não é tanto o elemento da experimentação, ou a nível atmosférico/ambiental. Nem sequer a inovação sonora. O que verdadeiramente conta numa obra como "Vices" são a intensidade dos temas. Cada um à sua maneira alberga um universo particular, que se consegue depois enquadrar num tipo de rock mais comum. Mas rock muito, muito, muito muito muito bem feito. Um excelente avanço para a banda de Ohio, que possivelmente ainda vai fazer melhor futuramente. È que este disco é provavelmente uma das melhores colecções de canções que vamos ter por aí em 2006. ainda por cima uma colecção equilibradíssima, e muitíssimo coesa. Não é para todos...

8/10



Portanto as mais recentes bolachas a saírem do forno norte-americano, são deliciosas e estaladiças o suficiente, para podermos ficar a salivar por mais. Tanto "saturday night wrist", como "vices", conseguem não ter uma originalidade por aí além, mas sim mostrarem-se fortes como conujunto o suficiente, para terem qualidades mais que apreciáveis. Se o dos deftones, tem mais ambientes, tanto decorrentes da sonoridade da banda, como mesmo dos teamsleep, os dead poetic são mais crus, e vá in your face(que é como quem diz "na tua tromba", ou seja directos e tal), sem precisarem de manual de instruções. È como se formos comer um daqueles pratos do cacete, no meu caso umas boas tripas à moda do Porto por exemplo, e estarem um enorme pitéu. Não é um prato propriamente inovador, e tem sempre aquelas instruções básicas para se seguir, mas a feitura e o resultado final saem absolutamente imaculados.

E já estou farto de escrever. Arranjem mas é estes dois discos rapidamente, e vão poder ter possivelmente aquilo que o rock norte-americano tem de melhor para oferecer este ano. "Saturday night wrist" e "vices" são discos a não esquecer, daqueles que já ando farto de ouvir, mas que sei que daqui a uns tempos se os for buscar outra vez, ouço-os com enorme prazer. Por isso...arranjem-se e arranjem-nos se fazem o favor.

Sunday, November 12, 2006

OK GO e o milagre da multiplicação(de pães, porque estes tipos devem ser pobrezinhos e tal)

Os ok go eram uns pelintras. Vá, são. Pelo menos eram aquele tipo de pobretanas "ricos em sonhos mas pobres em ouro", que andam por aí em biscates para ver se arranjam umas jolas e uns tremoços, para poderem ver os jogos da sporttv no conforto do lar(pagando-a através de empréstimos avultados arranjados ao banco). Ou sejam eram bem capazes de ser um típico portuga, daqueles dos postais: bigode, gordo, baixo, meio careca, sempre a cambalear à pala das bebedeiras, e com o bom gosto de ver a bola.

Ou se calhar não...já que não estou a ver um desses, cada vez mais raros, "típicos portugas"(onde vamos nós parar caraças?), a pegar numa câmara de vídeo meio rasca, ir para as traseiras do prédio, cujo andar foi alugado à vizinha com bigode do terceiro esquerdo, e andar por aí com uma câmara de vídeo roubada ao sogro, a fazer uma coreografia parva, pô-la no simpático tu tubas, e arranjar guita à pala daquilo.

Foi basicamente isso que os OK go fizeram. Ok, não sabemos se houve vizinhas com bigode ou sogros envolvidos, mas como a banda não arranjou grandes proveitos do seu segundo disco "Oh no", toca de ir fazer uns videozinhos caseiros, para ver se arranjam esmolinhas alheias. A verdade é que resultou, tanto foi assim, que mal aquilo foi posto no youtube, deu logo para averbar uma simpática quantidade de downloads..e posterior projecção cibernética tá claro.

"A million ways" foi a primeira tentativa que resultou assim:




Bem, "ah e tal houve gente que achou isto giro...tábem pronto. E que tal fazermos outra coreografia parva...mas com PASSADEIRAS DE GINÁSTICA?"

E meu dito meu feito. A primeira surtiu efeito, e desta vez foi o tema "Here it goes again", simpática canção pop, simplicíssima de processos, e absolutamente eficiente na sua proposta em "ouvir curtir e cagar a seguir", que acabou por dar frutos:




Bem, é possível até que vocês já tenham ouvido falar desta coisa toda dos ok go. De qualquer maneira, pode ser que haja alguém que ainda não saiba, e assim aproveito para divulgar como se consegue fazer uma coisa original e diferente, sem que se tenha de gastar milhões. aliás "a million ways" até eu que sou um cromo conseguia fazer...arranjar 4 gajos para uma coreografia e pronto, já que câmara de filmar eu tenho. O tio patinhas, se existisse, contratava-os já para acessores. Até porque a banda voltou a relançar-se à pala destes dois vídeos...que foram rejeitados pela editora da banda.

De qualquer maneira, o grande cerne da questão é: como é que uma banda se consegue relançar através do youtube? De facto, tanto o site, como a projecção via internet consegue ser fundamental, sem que haja uma interferência directa do mercado exterior. Sabía-se que era possível ter sucesso sí através da net(como no caso dos fraquitos e escanzelados artic monkeys). Agora também se sabe que se pode relançar uma carreira, tanto através da rede, como através de um site de vídeos caseiros. E é mesmo por aqui que pode estar o futuro de qualquer coisa, que esteja fora dos circuitos comerciais...e até do próprio conceito de videoclip.

Wednesday, November 08, 2006

BRINGING THE DAY HOME (pt2)

OS DESPOJOS DO DIA





Após o término da primeira parte, pode-se dizer que se seguiu uma pequena discussão sobre o emocore e o hardcore...temáticas interessantes mas que talvez não fossem totalmente de encontro ao grande objectivo da entrevista, daí que ah e tal vou passar essa parte. As palavras da banda continuam então dentro de momentos com a segunda e última parte da conversa:

Agora vamos falar um pouco de influências...Vocês apresentam no vosso myspace, nomes tão díspares como bloc party, porcupine tree,tool, para além de nomes vá,mais comuns quando falamos de post-rock. Incorporam mesmo aspectos de todas estas bandas, ou estamos aqui a falar mais de gostos pessoais que outra coisa qualquer?

André - Eu não diria bem que são influências. são mais os gostos pessoais de cada um de nós.

Nuno - No fundo são cenas que gostamos e com as quais nos identificamos, ou já nos identificámos. Eu por exemplo continuo a curtir muito queens of the stone age apesar de já não ouvir...Tenho uma t-shirt de muse igual à dele(André levou uma t-shirt de muse para a entrevista), embora agora não ouça... E o último álbum é um bocado fraco. Pensámos em colocar as bandas de acordo com os nossos nomes, mas também achámos que não tinha grande lógica. Depois claro, temos aquelas mais "típicas", como mono, explosions in the sky, mogwai...


Não há registos vossos de concertos ao vivo... ainda não fizeram nenhum?


Nuno - Não.. Ainda não tivemos oportunidade.

João - Tínhamos um combinado para breve, mas depois não deu em nada. *

André - Combinar é fácil, mas depois concretizar o que se combinou já se torna mais complicado. É pena, porque curtíamos ver qual era a reacção do público em relação áquilo que tocamos. Mas também queremos ser nós próprios em palco, não queremos tocar mais "porque sim". Até ao final do ano de qualquer maneira,devemos ter alguma cena agendada.. Estamos a combinar com os madcab.

Nuno - Também temos tido alguns problemas com as garagens... Isso também tem dificultado um bocado o processo. Já tivemos que mudar de garagem outra vez, nãohá muito tempo.


Podem-me explicar isso?



Nuno
- Bem, basicamente houve uma senhora que fez queixa por causa do "ruído"... Teve que lá ir a polícia e tudo. Eu nem estava lá na altura, mas pelo que
eles me disseram, o ensaio estava a decorrer num volume um bocadinho acima do, vá, aceitável, mas não me parece que fosse caso para tanto.

André - Estávamos naquela linha ténue entre o a queixa agressiva e o bom-senso. É verdade que o som estava a sair alto, mas lá a pessoa que fez queixa, podia ter ido perfeitamente falar connosco primeiro. Isto parece-me que teria sido o sensato. E depois, óbvio, acabámos por ficar intimidados com a situação, e saímos de lá. Mas enfim, felizmente lá arranjámos outra garagem onde tocar.

Nuno - Pois, voltámos à garagem antiga, no meu prédio. Os meus vizinhos são simpáticos, e agora vamos racionalizar mais o tempo. Não combinamos nada para certas alturas e ensaiamos nessas horas.


André
- É que este projecto também já leva muito do nosso coração... E acho que estamos todos motivados para continuar nele. Nenhum de nós se vê, neste momento, a ter outro projecto qualquer que não seja este.

As vossas músicas que estão no myspace, têm uma produção um bocado fraca, pareceu-me. Querem falar sobre isso?


André
- A gravação foi um bocado caseira: um microfonezinho, um gravador e pronto.

João - Também quando as fomos gravar, as músicas ainda não estavam bem bem definidas. Ainda haviam algumas arestas a limar.

Têm planos para as regravarem com uma produção melhor?

André - Bem, não quero já estar aqui a avançar com muita coisa, mas em princípio até ao final do ano, vamos lançar um epzinho, onde as coisas já estarão melhores. São 4,5 músicas que planeamos ter cá fora.

E falando agora de post-rock: como vêm a cena em Portugal?


Nuno
- Escassa. Muito escassa.

André - Em Portugal temos Linda Martini...bem, não é propriamente post-rock, mas tem algumas coisas que vêm do género.

E porque acham que no nosso país o género não está muito desenvolvido?


André
- Boa pergunta. É que não faço mesmo ideia do que responder. Epá muitas vezes está no interesse com que se faz uma banda. É aquela cena: faz-se uma banda para realmente querer criar algo ou só para arranjar gajas? Ás vezes acontece o segundo caso. A visibilidade também é importante para muita gente. Não é muito fácil alcançar-se isso tocando post-rock. E alguma falta de bom-gosto também é outra causa.

João - Depois também o post-rock não é propriamente um género apreciado por toda a gente. Há gente que me diz que é "música para dormir". Já mostrei cenas de post-rock a muito pessoal, e esse pessoal queixa-se que a música é longa, monótona... O género também não é assim tão acessível como isso.


Nuno
- Pois, realmente há muita banda aí que é só para arranjar gajas! Já agora, o problema da complexidade: o post-rock é um género com temas normalmente
longos e é complicado perceber-se o que se quer fazer de certa música, em determinado minuto. É um trabalho um bocado minucioso.

(A seguir dá-se uma conversa um pouco alongada sobre algumas bandas de post-rock, e outras tendências musicais...e aparece uma das minhas afilhadas da faculdade e tal)

Voltando à conversa: sei lá, daqui a um ano ou dois, vocês vêm-se nesta banda, a fazer este tipo de som?

André - Eu vejo-me...completamente.

João - Eu também.

Nuno - Claro.

André - Até era bom... Assim um CD daqui a dois anos, ou mesmo três ou quatro...

Nuno - Isso é que já não sei. Ainda estou um bocado longe de pensar nisso. Mas também estamos a ir com calma.

André - Exacto... Também não quero subir muito depressa nem descer muito depressa. É preferível fazer tudo devagar, mas dando passos seguros.

(A partir daqui desencadeou-se mais uma agradável conversa musical, que veio desencadear na última pergunta da entrevista)

Bem, última pergunta... Afinal como raio é que vocês arranjaram este nome? Epá digamos que não é a coisa mais normal do mundo.

Nuno - Bem, eu conto a história. Foi a minha namorada que o sugeriu, através de uma fotografia chamada "bringing home the may"... Ela na altura lembrou-se de sugerir "bringing home the day". Nós depois invertemos, e acabou por ficar "bringing the day home". A minha interpretação dele, tem a ver com um qualquer homem: Um tipo que sai de casa, vai para o trabalho, chega a casa todo lixado por causa dos problemas do trabalho.. e ou resmunga com os filhos, ou dá pancada na mulher, ou uma cena assim agressiva. Mas depois, quem sabe?, o dia até pode correr bem, e ele faz precisamente o contrário: mima os filhos, vai fazer amor com a mulher...

André- Eu vejo-o enquanto amor,empatia, felicidade...esse tipo de sentimentos!

Nuno - De qualquer maneira já nos disseram que este nome soa um bocado emo. Sim, não nego que talvez soe um bocadinho como tal, mas também não deixou de ser este o nome que escolhemos na altura, e tem muito mais para além do emo e da sua primeira interpretação.

André - Eu acho que, quando as pessoas ficam a conhecer o nosso nome, não o consideram apelativo. Trazer o dia para casa...(ar pensativo).

João - Epá... Cabeça de Rádio! (alusão a radiohead, uma das bandas faladas na conversa)

Nuno - Nós já pensámos várias vezes em mudar o nome, o problema é que já há algum pessoal que o conhece, ele já tem um ano. Não ia fazer muito sentido. não é o mesmo que mudar um nome de uma música, neste caso trata-se da nossa identidade enquanto banda.

Bem, e pode-se dizer que está acabado! Obrigado pelas palavras.

André - Estamos-te muito gratos por te teres deslocado até cá para nos entrevistar e promover o nome da banda! Bom trabalho e força nisso!

hug



*Nota - Após esta entrevista os bringing the day home já têm dois concertos agendados: um para o dia 25 deste mês no censura prévia em braga. Outro para o

dia 15 de Dezembro no lótus bar em cascais

Nota 2 - Mais uma vez peço imensas desculpas à banda pelo tempo demorado. Não se voltará a repetir, isso é garantido.

Friday, November 03, 2006

Pedido de desculpa aos BRINGING THE DAY HOME

Isto pode parecer estranho a toda a gente que por aqui pulula,porque não conhece a história, mas sim: estou formalmente a pedir as minhas sinceras desculpas aos bringing the day home, grupo que me propus entrevistar em Setembro.

Fui ter com eles a alverca(de onde é a banda) por volta do dia 20 de Setembro, e tivemos cerca de uma hora numa conversa agradável, onde a banda respondeu sempre com a maior cordialidade e disponibilidade àquilo que eu ia perguntando. Gravei a conversa através do meu telemóvel que, diga-se de passagem é um autêntico cocó em gravações: o som está com um feedback enorme, e nem sequer haviam muitas pessoas em nossa volta, para além de que não posso fazer rewind nem fast forward com as teclas do bicharoco electrónico. Por outro lado, também é verdade que tenho andado um bocado ocupado com várias coisas desde o início do ano lectivo(a maioria extra-aulas).

No entanto nada disso justifica a minha enorme demora em colocar on-line toda a entrevista. È verdade que as condições são difíceis, e a decifração das palavras igualmente, no entanto demorar quase 2 meses e meio, sobretudo para uma banda que está a começar agora e que quer obviamente ter promoção( e a merece, tanto pela qualidade da sua sonoridade, como também pela simpatia dos seus intervenientes), é no mínimo inadmissível.

sim, confesso que falhei profissionalmente.Até já devia ter colocado este pedido mais cedo, mas foi com uma mensagem um bocadinho mais agressiva por parte da banda(e que eu merecia ler) que me decidi a fazê-lo... Até porque é complicado para eles esperarem tanto tempo por uma coisa que é realmente importante.
Todos os que estão a ler isto, acreditem que será a última vez que deixo as coisas chegarem a este ponto. O blog está vivo, eu também acharia piada em andar em coisas destas no futuro, e não quero de modo algum ficar manchado...nem quero que hajam bandas que se esforçam e trabalham para ter reconhecimento, e depois o apoio quase que lhes é vedado por otários preguiçosos como eu.

Por isso desde já me proponho a não publicar aqui absolutamente mais nada até à segunda parte da entrevista estar publicada. Foi o mesmo que prometi à banda, e acabei por não cumprir: outro erro grosseiro que nunca mais voltarei a fazer(neste caso tinha coisas pendentes a publicar e não era mesmo capaz de captar a conversa toda até aí). De qualquer forma, agora tanto lhes prometo a eles como a todos vocês: e se não cumprir bem que podem apedrejar-me se me virem na rua que eu mereço.

no entanto repito: a situação nunca mais se voltará a repetir. Isso é mais que certo.

Um abraço

João Diniz