Tuesday, August 21, 2007

"Ratatouille" de Brad Bird



Hoje em dia o mundo da animação está de tal forma desenvolvido que já permite conceitos inverosímis, e é através da inverosimilhança que eles conseguem transcender-se: temos ogres a salvar princesas, pinguins a fazer sapateado ou carros falantes sem necessitarem de condutor. tudo é motivo para se fazer um filme de animação, e tudo parece fazer sentido neste espectro.

Não é portanto inútil afirmar que algum do melhor cinema que a fábrica de hollywood ainda vai produzindo, é mesmo cinema de animação. "shrek" veio confirmar esta tendência(embora a segunda sequela seja bastante mais fraquinha e desiluda), bem como todos os filmes que a pixar froi produzindo ao longo destes últimos anos, sendo hoje em dia posivelmente a mais profícua companhia de animação.

"Ratatouille" vem apenas e só confirmar esta mesma tendência. e tudo isto, pasme-se!, através de um rato que quer ser chef de alta cozinha. Ao ver toda a sua espécie e a sua família, a comer sem eira nem beira, qualquer coisa que apareça, remy tem um paladar e um olfacto apuradíssimos e basicamente não se contenta com qualquer tranbolho. Até conseguir infiltrar-se no restaurante de um conhecido chef já falecido, e que perdeu algum do seu prestígio, é um pequeno passo para um grande filme.

A verdade é que o grande trunfo de "ratatouille" é conseguir ser o mais verosímil possível, dentro da sua inverosimilhança, da sua premissa impossível de concretizar na dita vida real. Remy é simpático, mas é um rato, chega a dar um bocado de nojo vê-lo entre tachos e panelas. Existe muita repulsa por parte do espectador quando, numa cena já perto do fim, a família toda de Remy se mete a ajudá-lo na cozinha. E aqui há inspectores sanitários que efectivamente fecham(!) o restaurante. Há evidentemente o romance da praxe(não com remy mas com o humano que o vai ajudar, linguini, e uma chef francesa do mesmo restaurante), mas não é isso que deixa "ratatouille" prevísivel e banal.

Bem pelo contrário. "Ratatouille" está completamente fora desse baralho. È uma espécie de raio de luz que veio iluminar o cinema de animação, ainda bastante borbulhante de ideias. Mas é possivelmente o passo seguinte. Nós deleitamo-nos com toda a estética visual, com um genuíno prazer de menino. Sentimos fome com as iguarias que Rémy faz, por outro lado os nossos sentidos: a visão, o olfacto e o paladar, estão bem apurados com cada preparado do rato-cozinheiro. E tudo isto dentro de uma previsbilidade imprevisível, já que o filme pressupõe(e muito bem como óbvio que nós devamos sentir aqueles cheiros).

"Ratatouille" é um filme que consegue aquele bonito encanto de nos voltar a dar uma sensação de infância. como quando comemos aquele Epá, ou aquela bolacha maria que a nossa avó tinha num boião muito alto para nós. Como se já estivéssemos esquecidos da magia das coisas, onde tudo é possível e qualquer um pode fazer o que bem entender. "Qualquer um pode cozinhar" é o lema do filme. Qualquer um se deleita a ver possivelmente um dos melhores filmes de animação de sempre, é o meu. o filme tem a plena consciência dos sonhos que nos deixa ter, através da personagem do crítico de cozinha quando, numa analogia tanto a nós como a marcel proust(quem não o conhece que procure no google) pega no prato do título e o dá a provar. como proust com o raio das madalenas que me fizeram ter catorze num trabalho de faculdade já há uns anos.

10/10

Monday, August 20, 2007

A pirataria e downloadagem e o caraças.



Como devem saber espero eu, esta é a capa do primeiro disco dos madcab: "keeping wounds open". Coloco-o como cabeçalho por possivelmente ser um dos caminhos possíveis para o mundo musical: a autopromoção de cada banda. Ainda assim, digo desde já que não sei qual é a posição dos madcab em relação à pirataria, e que evidentemente estar aqui a foto da banda, não significa que ela esteja de acordo com o conteúdo do artigo...ermm ainda nem o leu e tal. Já agora nenhuma das outras bandas aqui expostas, toma posição particular neste artigo. Eu é que as fui roubar feito maluco.


Digo sinceramente: por ser uma coisa tão batida e tão discutida, e esmifrada até à exaustão, nunca me deu grande paciência para falar de um modo mais sério sobre as questões da pirataria. Pelo menos para colocar aquilo que penso e sinto, de um modo escrito, completamente explícito, que permita a qualquer um ver a minha posição. Não que eu seja propriamente a pessoa mais importante do esférico chamado Terra, mas caguei, o blog é meu. Adiante.

Os downloads ilegais e a questão da pirataria são, de longe, a melhor forma de divulgação que a música já conheceu. Quantas bandas já um gajo não mirou e escutou à pala de ter lido/ouvido/topado recomendação de alguém? Eu falo por mim: possivelmente centenas. Querem nomes? Pelican, Sunn 0))), Broken Social Scene, Tv on the radio, Envy, já para não falar de montões de bandas portuguesas, tais como men eater, aside, madcab, Linda Martini, entre tanta coisa mais...e muita desta gente já tem visão suficiente para editar as coisas por si, sem lamentos e queixumes, sem sequer querer dinheiro pela sua arte.



Riding panico - capa do ep de 2007

Não nos iludamos minha gente: quem são as pessoasque andam a clamar contra os downloads ilegais? Por aquilo que se vê pela Tv são os tozés britos desta vida (e digo desde já que foi por ele que decidi escrever isto), os músicos já completamente situados no panorama musical nacional, que andaram durante muitos anos a viver à custa de quem lhe comprava os discos. Vida regalada e não censurável, no entanto desabituaram-se a lutar para que as coisas apareceram. Não vamos pedir a uns fingertips, ou a gente já mais velhota como um fernando tordo ou aos xutos para irem de carrinha velha tocar em sítios muitas vezes de extrema manhosidade, a favor da sua arte. Ou vamos? O caso do tordo ainda é comó outro: é um problema de se estar ultrapassado, e não se conseguir corresponder às necessidades do mercado. Agora os outros dois casos só pode ser mesmo por conformismo.

A verdade é que não é pelos downloads ilegais que as bandas deixaram de aparecer: por cá temos excelentes bandas novas como os já citados linda martini, madcab e man eater, mas também aside, humble, for the glory, if lucy fell, riding panico, dapunksportif, bringing the day home, ou chemical wire. Entre mais não sei quantas que poderia perfeitamente enunciar. caso curioso: ninguém fala delas como vítimas de pirataria, ninguém fala delas ponto. anda tudo preocupado com música que não interessa nem ao homem das barbas que costuma aparecer por alturas do nascimento de Jesus, e aquelas bandas que são verdadeiramente novas (e não a "nova música" dos the presentes, ou a outra dos boite qualquer coisa, que é meio parva embora se coma- mas enfim nada de muito particular acrescenta ao nosso panorama musical) caga-se lá nelas, são novas demais.



Aqui entramos na hipocrisia das rádios, sobretudo numa com um número, e uma antena, a Antena3 pois claro. Ponto um: é a menos má das rádios nacionais. Ponto dois: é a rádio mais convencida que é a melhor de Portugal inteiro, só porque consegue passar música nova de muita coisa pseudo-alternativa, mas que afinal é bem mainstream (o que é the gift, loto, mesmo blasted mechanism ou até clã?). Onde estava ela quando por exemplo vieram cá tocar more than a thousand ou clube lua, com mais 3 bandas PORTUGUESAS? ou mesmo ao concerto do garage dos mais de mil(onde havia também easyway e my cubic emotion)? Ou em twenty inch burial com if lucy fell(penso eu de que) e fiona at forty? em pelican, onde havia linda martini e riding panico? Enfim... quando muito algumas destas bandas aparecem à laia de bilhete postal enquanto curiosidade, mas raramente levadas a sério. e isso, muito honestamente, fode-me.

E indo ao encontro do incrível disparate que Tozé Brito disse à revista Tabu, do semanário sol: falou muito bem dos sites de download pago, até aqui certíssimo o homem é que sabe. Mas já acha ridículo a pessoa dizer que aquilo é caro porque "normalmente só quer 3/4 músicas. Isso não é caro", afirmou ele todo contentezinho da vida. Pois não não é caro, mas eu sinceramente senti-me insultado com aquela afrmação: ele estava a falar para a maioria da população portuga que "ah e tal aquela música da nelly furtado que passa na tv é toda gira, arranja-ma aí". Agora para aqueles que, como eu, sentem um disco, têm o prazer de o ouvir por inteiro, arranjam bases para o poder definir e criticar devidamente, para lhe dar(ou não) uma nota final, qe puta de sentido faz isso? qualquer pessoa que goste verdadeiramente de música não vai sacar só umas 3 ou 4 músicas, a menos que já tenha ouvido o disco todo, e só tenha gostado daquelas. Um álbum a sério é para se ouvir inteiro, e não às mijinhas. Mas isso não parece que o Tozé Brito saiba. E agora digam-me lá se um álbum a 10/15 euros como no itunes não é caro. Para o comum portuga é. Portanto aqui acabou-se a conversa.



albert fish- banda portuga de street-punk para quem anda praí ignorante e o caraças) ao vivo num sítio qualquer e tal

A treta da desculpa da pirataria, serve no sentido em que agora é preciso ter trabalho e puxar pela cabeça para arranjar mecanismos alternativos. As editoras, as gigantes que gostam da bela da ditadura, estão-se a ver à rasca com esta democratização. as bandas que não precisam de divulgação nem de verdadeiro apoio, clamam para que as pessoas não lhes arruinem o negócio. Tozé Brito fala dos atentados terroristas, e do dinheiro que foi ganho à custa da pirataria pela al-qaeda no 11 de março. certíssimo, mas eu não compro discos na feira, e num site de downloads ilegais não há qualquer tipo de lucro. Os discos de que gosto por norma não costumam aparecer nas bancas de feira, e sinceramente preferia fazer o download ilegal a ir comprá-los lá. De qualquer forma continuo a ter muito prazer em ir comprar discos à loja, normalmente promoções ou coisas em segunda mão (mais que dez euros nicles!).

Simples: Tozé Brito e companhia, é acordar, ver de facto que anda por aí que valha a pena e parar com o muro das lamentações. Eu não quero saber se um luís represas já não pode comprar aquele barco todo giro só por causa dos downloads ilegais. quero é ver música de qualidade, bandas que lutam arduamente por um lugar ao sol, a serem recompensadas. Curiosamente dessas nunca se ouviu uma palavra de lamento em relação à pirataria. O mundo é giro não é?



(um bocado revolucionária a imagem, mas por enquanto não tenho outro remédio senão apoiar o download ilegal de música)

Monday, August 13, 2007

Porcupine tree - Fear of a blank planet (2007)




Toda a gente sabe que porcupine tree é uma banda genialíssima. Isto é óbvio, verdadeiro como a Soraia chaves ser um avião do caraças, e o cristiano ronaldo alto player de bola. Talvez até ultrapasse tanto a bela da soraia como o cromo do ronaldo. De qualquer maneira, nem consigo conceber que um disco deles não fique pelo menos dentro da fasquia do brilhante. È a modos que coisa impossível, dado o constante brilhantismo de steven wilson e povo adjacente.

Em toda a sua discografia não há aquilo que se chama um tropeção. Mesmo que não exista um rasgo de genialidade, o profissionalismo continua sempre lá...ops não conheço nenhum álbum deles que não tenha estes rasgos. e assim acontece com "Fear of a blank planet", mais um ítem na já imensa discografia dos ingleses. Disco que produz uma das suas maiores pérolas de sempre: "Anesthesize", faixa conceptual dentro de um disco de cariz conceptual sobre a alienação dos seres humanos face à tecnologia de hoje em dia.

"Anesthesize" é como que uma ópera-rock, com uma letra interventiva, solos fantabulásticos, e um ambiente progressivo a condizer. È um tema que entra mais na linha dos temas de cariz mais negro, banda possui, e tem um excelente nível conceptual. Não por acaso é precisamente uma das faixas do meio, a servir de ponte de um disco sólido que nem um calhau com milhões de anos, e evidentemente coeso como tudo, dada a enormíssima qualidade dos músicos intervenientes. No entanto, tanto a mais programática Fear of a blank planet" com um refrão bem agradável, como as mais melódicas, e uptempo "My ashes" (que entra na linha daquilo que wilson faz com aviv geffen em blackfield), ou "sentimental" que a páginas tantas até faz lembrar a gigantesca "Trains" de "in absentia", essa pérola absoluta dos porcupine.

Ainda assim este disco é sobretudo de consciencialização: uma visão negra do futuro, da geração vindoura, mas sobretudo um alerta fortíssimo aos problemas provocados pelo risco de passarmos todos a ser bichos do mato, pouco interventivos na sociedade, não estando minimamente preocupados com o que nos rodeia. Uma mensagem quase dedicada aos mais novos...numa onda intervencionista curiosíssima e muitíssimo bem engendrada, mostrando uma banda que se importa de facto com o impacto de todas as inovações tecnológicas que vão acontecendo.

Porcupine tree é sinónimo de maturidade constante, experimentalismo vário, e sobretudo de nunca desistir. È aquilo que eles vão fazendo. E se "deadwing" era um disco bem mais claro e positivo, "fear of a blank planet" funciona um pouco como sua antítese, mas mostra uma banda na vitalidade plena, e com mais um disco excelente na bagagem. Disso não há dúvidas.

9/10

Thursday, August 09, 2007

Nine inch nails - Year zero (2007)




Não. Este definitivamente não pode ser uma produção normal dos NIN, aka Trent Reznor nos problemas existenciais do costume. "With teeth" tem apenas e só 2(!) anos de existência, e que eu me lembre nem um único ítem de remisturas foi lançado. Das duas uma: ou "Year zero" é um momento mediano de Reznor, em que o homem quis apenas e só marcar meio passo, em vez de fazer um disco de remisturas, ou então este novo pãezinho tem de ter uma história muito peculiar por trás. Ou, pelo menos, tem de ser um momento deveras especial. e não, não tentem sequer formular a hipótese de "normalidade".

Definitivamente nem Reznor é normal, nem "Year Zero" o é. e este disco personifica plenamente aquilo que é o seu criador: génio atormentado, fechado nos seus próprios demónios, embora ao vivo pareça um tipo afável capaz de ir tomar connosco duas jolas. "Year Zero" é mais que um simples capítulo na história de uma banda que é Reznor. È talvez o ponto de mudança, o ponto em que este se autotransforma e se torna num colosso. Uma espécie de "Pretty hate machine" de 2007, embora ambos os discos sejam (felizmente) bem diferentes.

Ponto um: "Year Zero" consegue auto-remisturar-se. È experimental que chegue para sque não seja necessário existir uma reinvenção dos seus temas. Tem momentos geniais neste espectro, tanto no belíssimo tema de abertura, industrial qb, apesar de não soar verdadeiramente a novo tem uma guitarra fabulosamente negra. Ou em "my violent heart" tema programático ao extremo, sussurante que chegue, com as atmosferas industriais de sempre mas elevadas a um extremo de raiva. Ou mesmo o piano final da maravilhosa e doce "Zero-sum". Ou ainda em "Survivalism" com as programações que poderiam bem estar no set de um dj qualquer. Já para não falar da extremosa melodia de "the good soldier"... enfim, uma catrefada de belíssimos momentos está bom de ver

E o melhor é que todos estes momentos experimentais conseguem soar a canção. Por mais que se afastem da sua estrutura, são contagiantes, belos, emocionantes, têm características que vão muito além das suas programações e efeitos. São humanas. São tocantes, e são jogadas de mestre ao mesmo tempo. Como se Reznor pegasse nesses dois termos e os juntasse em suave harmonia, como sempre tivessem feito parte de um só. Mais um exemplo: oulam bem a genial "me i'm not".

Quanto às canções propriamente ditas..são todas! e são todas ao mesmo tempo alvo de manobras costumeiras de Reznor, mas que nunca soam repetitivas face ao seu espólio musical que já começa a ser vasto. "The beggining of the end" é um tema catchy, com claras influências de um rock mais negro, e um refrão bom que chegue. "Capital G", é possivelmente a melhor canção do disco, com o seu tom mais falado que o costume, e com um refrão absurdamente perfeito, feito de uma das castas mais usadas por Reznor (a questão da fé e de Deus - daí o "capital G"). "The warning" pernoita naquela fronteira perfeita entre a canção e o experimentalismo, e é possivelmente o tema que melhor alimenta essa facção, com a repetitiva e "catchy pa caraças" frase de " Your time is ticking away". E aquelas guitarras, que fazem lembrar um estado de hipnose? Wow.

"Year Zero é possivelmente o disco que funde tudo aquilo que é bom no universo dos NIN. Mais que isso, joga ainda em guitarras que a banda nao costuma usar, ou por vezes em atmosferas meio dançantes. Não sendo propriamente um expoente máximo de inventividade, é talvez o disco mais completo que os Nine inch nails já fizeram. Tenco em conta que o som deles está mais que estabelecido, "Year Zero" é um passo em frente nesta tendência, e a prova de que Reznor continua amargurado como sempre. Neste caso está a começar a levar a sua amargura a um estado bem mais elevado. Por enquanto este disco é possivelmente o seu maior expoente. Talvez isso seja o suficiente para que "Year Zero" seja o disco do ano. Afinal a amargura e depressão serão possivelmente as melhores fontes de inspiração qe nós temos.

10/10

Monday, August 06, 2007

Chasing victory - Fiends(2007)



Bem-vindos à secção bandas-que-até-se-comiam-mas-que-amoleceram-como-as-bananas-do- gana." De facto os chasing victory, com este segundo disco, conseguiram ser os primeiros a fazer parte desta secção, graças ao mui desinspirado "Fiends", segundo disco de originais do grupo. Depois de um bom início com o primeiro álbum, esta rodela deixa muitíssimo a desejar, com os seus temas de pacotilha, e solos banais e tal e coiso.

O que é "Fiends"? Emaranhado chato de lugares-comuns, já revistos mil vezes. Aos quais os chasing victory não conseguem resistir. Com uma toada que vai desde o hardcore de uns everytime i die, para depois ir ter à melosidade de coisas meio abjectas como my chemical romance, a banda norte-americana perdeu o norte. Claramente. E a partir daqui já disse mais ou menos tudo.

"Fiends" vem na senda do bom "I call this abandonment" que, não sendo uma pérola do tempo dos descobrimentos(tipo açúcar, ou canela, entre outras coisas tão boas para o aumento do colestrol e o caraças), era um álbum bem agradável de emo/screamo, e continha uns 2/3 temas de refrão cola-cola, aos quais não se conseguia ser indiferente. Verdade verdadinha. "Unrequited love" ou "oceans away" tinham esta missão bem presente em toda a sua extensão. Aí não se tentou ser diferente da maioria, mas sim dar uns pózinhos melódicos que assentassem bem na agressividade musical da banda.

O grande problema é que este novo álbum inverteu a tendência. Agora os chasing victory são um emaranhado de melodia que depois lá vai buscar um ganchito ou outro mais agressivo, para tentar ganhar algum fulgor a partir daí. Inclusivamente nota-se a tentativa da banda em fugir ao rótulo, e encarar-se como um entreposto de encorpadas canções. Não conseguem. Primeiro porque os músicos não parece que tenham talento suficiente para isso. Depois porque a tentativa em criar canções é conseguida na forma(a produção é muito boa e os temas estão bem estruturados), mas o conteúdo é para esquecer. "Chemicals", a abertura, é o único tema que ainda se consegue aguentar minimamente à bronca. Agora não admito coisas como "zombies"(que ainda por cima tem entre parêntesis, o título de "oceans away the sequel"! - bah), que é um tema melodicozito com um berrito aqui e ali e uma guitarrada banalíssima, ou a melosidade vomitável de "queens(the skeleton key to a skeleton)".

"Fiends" é portanto aquele disco da banda que quis fugir ao rótulo, mas que se viu num campo que não é o seu. Ou seja os chasing victory não são os dead poetic, e não se arranjam para ser uma banda de corpo inteiro, com canções de nervo e fibra, sem precisarem de referências emo/screamo. Pelo menos por enquanto. não vou dar nota baixíssima, porque há um esforçozito(muito inglório mas enfim) em fazer alguma coisa fora do espectro costumeiro, mas dada a banalidade do material esqueçam este álbum. Tenho pena, porque eles até prometiam um bom disco, e foi com essa intenção que o fui adquirir, mas só posso dizer que saí daqui muito desapontado.

Façam o favor de melhor no próximo pá.

4/10

Sunday, August 05, 2007

"The simpsons movie" de David Silverman



E após não sei quantos anos de emissão, finalmente a família amarela decidiu-se a aparecer na TV. Criados pelo Nuno Markl lá do sítio deles (o Matt Groening, esse grande nerd pois claro), os simpsons são o maior sucesso planetário no que a uma sitcom concerne. Porquê? A resposta não é assim tão simples: embora o óbvio padrão de familiaridade com a típica família disfuncional(arriscar-me-ia que foi com a saga desta gente que este meio-rótulo filmíco apareceu), tenha uma grande dose de culpabilidade, a forma inteligente em como groening e seus pares a têm desenvolvido - e sem nunca chegar a um extremo ponto de exaustão - é brilhante.

Pode-se argumentar que o filme chegou só porque a série começa a dar sinais de cansaço. O que é normal ao fim deste tempo todo (uns 18 anos arriscar-me-ia dizer). Que é mais do mesmo, que não consegue sobrepôr-se à série em si. Pois...normalíssimo, para quem já anda há tanto ano no ar e já esmifrou os assuntozinhos todos que podia. Agora é tentar criar novas situações que ainda nos façam ter alento em ver a famelga simpsoniana.

E o filme consegue-o. Tem momentos incrivelmente deliciosos ( a saga do "spider pig", a genial sequência da igreja, ou o nu integral de bart), e uma história mais que justificativa para caber todo o non-sense. Neste caso a extrema poluição ambiental em que Springfield está votada. Mas enfim obviamente que isso é o menos importante. O fundamental é que nos apercebamos disto: o filme é um episódio da série com mais uma hora. Tem gags suficientes para uma agradável sessão de riso, tem aquele apimentar de polémica do costume, tem as personagens que fazem parte de nós mais que rotuladas, tal como queríamos.

Os simpsons são dos poucos exemplos onde de facto mais do mesmo é o desejado. Porque o mesmo é de si só genial e pode ser facilmente desdobrável e deconstruído. O filme tem também alguns defeitos que enfim, podem ser justificáveis mas que lhe quebram um pouco o ritmo - a relação entre ned fandlers e o bart não me entrou muito no goto(embora tenha alguns gags bem bons) e os seus mais fracos últimos minutos.

De qualquer forma "Simpsons the movie" será o bnastante para quem gosta da família amarela. E possivelmente para quem não gosta também.

(PS:Há "doh's" que cheguem para toda a gente sim?

8/10

Wednesday, August 01, 2007

Produzido cá no burgo, de abertura fácil...e depois de descascado pá?

Aqui está a princpal dúvida. Este ano, apesar de tudo, temos tido bons lançamentos a nível interno (assim atestam os novos de madcab ou men eater), no entanto tanto os fiona at forty, mas sobretudo os {f.e.v.e.r.} eram portos de abrigo ansiosos por terem barcos a atracar. Metáfora mete nojo, no entanto elucidativa o suficiente para se perceber que a expectativa, sobretudo em relação a "4st" era bastante elevada. e como tal comecemos por aí.

{F.E.V.E.R.} - 4st



Os fever(e desculpem lá não ser totalmente exacto quanto ao nome da banda, mas não estou para colocar os caracteres certinhos ponto por ponto) são a modos que uma das maiores promessas da música lusa nos últimos tempos. Ainda por cima são uma banda que já existe há alguns anos, tem 3 ep's por aí à venda - e daí a designação "4st" para o primeiro longa-duração - e está mais que coesa em todos os pontos. Aliás os seus ep's, sobretudo "iconflict", eram fontes de saliva bem consideráveis. Os fever tocam basicamente rock de cariz industrial, com influências que andarão nuns nine inch nails, e passarão para uns faith no more por exemplo. Excelentes referências portanto. Aproveitar isso para depois recolocar tudo numa sonoridade própria, foi aqulo que a banda lisboeta fez, e com sucesso.

Era portanto com uma expectativa enorme que eu esperava pela audição deste disco. Seriam os fever capazes de adaptar a sua sonoridade para um formato consideravelmente diferente? Se ainda não o tinham feito, era decerto por não se sentirem preparados.Seria esta a altura certa?
A minha resposta é: talvez. Por um lado vou ser honesto e dizer desde já que "4st" esteve bem longe de me arrebatar. Estava à espera de um passo em frente, e o que me aconteceu foi ouvir mais do mesmo. Bem feito é certo, mas mais do mesmo. Ainda por cima com alguns períodos relativamente repetitivos. Por outro lado o disco está formalmente muitíssimo bem executado, a produção é irrepreeensível, e existem canções suficientes para que este álbum não passe despercebido.

Os fever são sobretudo uma banda de canções. Tentam imprimir um efeito refrónico em quase todos os temas que produzem, e isso às vezes é um problema. A verdade é que se este disco tivesse arriscado mais em conceptualidade e menos em cançonetismo, decerto que seria melhor. Ou seja o passo foi talvez mais curto do que o que poderia ter sido. Os fever decidiram sobretudo fazer em disco o que fazem em ep, em vez de se tentarem transformar. Talvez por medo, jamais por incapacidade.

Porque apesar de tudo há por aqui excelentes temas: "beyond and beyond" é um deles, um potencial single(se não é mesmo o single de apresentação, coisa que sinceramente ignoro...bah), "twilight roadkill" tem um efeito melódico muito inteligente, e mesmo "bipolar[+]" e "pure", são temas bastante relevantes. aliás não há aqui nenhum tema mau, nem sequer mediano. São todos razoáveis, ou bons, sendo que "beyonde and beyond" possivelmente estará na fasquia do muito bom.

E globalmente que dizer de uma banda quer produz boas canções, mas que depois se podia concentrar mais em explanar a sua sonoridade sem precisar das fazer? Que tem aqui uma boa apresentação, bem cuidada, profissional, mas que talvez careça de experimentalismo, sobretudo para quem já a conhece minimamente. Ainda assim seria injusto dar uma nota que não fosse totalmente positiva, ainda sob o risco de poder estar a ser injusto.

Adoriaria dar 9 a este disco, ou até nota máxima se ele merecesse. No entanto, ele não merece isso pois claro. È mais um avanço seguro que propriamente um excelente avanço. Ainda assim isso talvez prove os fever como uma banda que poderá ter um golpe de génio dentro de pouco tempo. Basta arriscar mais.

7/10

FIONA AT FORTY - BLOODLOSS IS A SPORT



Já o caso dos fiona at forty é bem diferente do dos {f.e.v.e.r.}. A banda que basicamente mistura rock mais pesado, com algumas tendências do post-hardcore, não promete ser a grande revelação musical vinda aqui do canto. Nem teve tanta expectativa caída do tecto, embora já exista desde 2001 e ainda nao tenha nenhum disco editado. ainda assim sempre esteve operacional, e agora estão os resultados à vista: "bloodloss is a sport" apresenta-se como o cartão de visita ideal para os fiona: pronto nos seus propósitos, conciso, in your face o suficiente para ser devidamente apreciado. Não presta contas a ninguém, não quer ser mais do que é, e consegue por isso mesmo ser um bom disco, de mui agradável audição.

Bem, o melhor é dizer que os fiona at forty não são propriamente originais. Não são o novo expoente da inovação desde o espirro da vaca, simplesmente adoptam os moldes de uma sonoridade(que já está um pouco gasta verdade verdadeira) dão-lhe uns pós mais adaptáveis a uma certa noção de rock e cá vai disto.
"Bloodloss is a sport" nem sequer tem um único tema inesquecíve, daqueles hinos refrónicos que se colam na pinha e de nunca mais lá saem.

então para além da despretensiosidade, porque raio é que este disco é bom? Por ter nervo e fibra. Por apesar de tudo possuir temas muito bons, como o tema dois com o sugestivo nome de "bittersweet dominatrix" que engloba muito bem os perssupostos costumeiros do género - raiva e melodia em partes iguais pois claro - e com isso faz-se um tema muito simpático. Não de estonteante babosidade mas bom que chegue para cativar. Ou "Elephantisis" com uma veia rock mais acentuada, um ritmo de bateria um tudo nada mais próximo do punk mais melódico, e um óptimo clímax perfazem bons exemplos do que é este "bloodloss is a sport". Um bom disco muito por causa da soma das suas partes, e não tanto a nível individual.

Os Fiona at forty não fizeram aqui nenhuma bíblia do rock armado em screamo. No entanto não ficam a dever um tuste à larguíssima maioria de bandas que vai saindo deste espectro, que nem pãezinhos quentes ou merendeiras com chouriço. Sempre é um pão com agradável sabor, caseiro, e não uma coisa meio sensaborona, industrialóide, armada em pedaço apetecível com um queijinho saloio por cima. como por exemplo o paupérrimo "Fiends" dos norte-americanos chasing victory. Mas isso são outras contas e outras padarias.

7/10

Resumo é possível? Bah, dois bons melo~es mesmo depois de abertos, embora falte maturidade a ambos os projectos. Sobretudo aos fiona, embora ela seja mais importante numa banda como os fever. Uns a caminho do génio, outros da rambóia e do prazer simples de ouvir boa música e tal. no entanto dois bons exemplos de vitalidade que a música portuguesa continua a produzir. Infelizmente airplay decente é coisa que falta mas isso já se sabe...