Sunday, November 19, 2006

BEFORE THE TORN

AO ATAQUE



Os before the torn são uma das mais recentes referências underground nacionais, sobretudo dentro do death metal mais melódico. Influenciados por bandas como In Flames ou Arch Enemy, a banda lisboeta tem por aí o seu primeiro ep "Behind every treason", que lhe pode dar o passaporte para outros vôos. O belo do blog chegou à conversa com o baixista Ruben:


Vocês têm dois anos. Pode-se perguntar como é que a banda se iniciou?

A banda iniciou-se por volta do início de 2004. Foi formada pelo Guilherme e pelo Vítor, depois da banda anterior deles The Guide não ter resultado. Eles decidiram começar um novo projecto com outros membros e com outro nome. A formação ainda mudou várias vezes após o inicio, mas a formação actual é composta por:Guilherme (voz), Vitor(guitarra e voz),Gavino (bateria), Ruben (baixo) e Daniel (guitarra).

Como é que vocês caracterizariam o vosso som? Eu diria que é metalcore, mas é possível que vocês não gostem da designação...

Acho que caracterizamos o nosso som simplesmente como Metal. Poderíamos designá-lo enquanto pertencente a alguma vertente do metal, tal como o metalcore ou o death metal melódico, mas realmente o que fazemos e o que gostamos de ouvir é metal. Não interessa muito a vertente em si: acho que os rótulos estão cada vez mais “maricas” e já não basta uma palavra para designar uma banda, tem de ser sempre metal-hardcore-screamo-whatever ou pós-hardcore-rock-emo etc.
Acho que quem nos quiser designar como metalcore ou deathmetal melódico o pode fazer, mas nós ficamos mais contentes com um simples “metal”. È mais a nossa cara.

Lançaram agora o vosso ep, "Behind every treason". querem falar um pouco deste trabalho? Como foi o processo de composição, e que tipo de aspectos acham essenciais quando o abordamos?

O processo de composição foi deveras rápido. A banda tentou uma gravação anterior no estúdio de um amigo, o que não correu muito bem, e então decidiu esperar mais uns tempos e continuar a tocar e a compôr. Infelizmente na altura não tinham nenhum baixista fixo, e as coisas com o segundo guitarrista não estavam a correr bem, por isso a banda optou por parar por uns meses. O guitarrista saíu, e foi aí que eu entrei para tocar baixo. Isto a convite do vítor que já conhecia anteriormente, e entrou também o Nuno para a segunda guitarra. Depois disso, o processo de composição foi muito rápido. As datas de gravação nos generator studios já estavam marcadas, e começámos a fazer musicas em casa, ensaiando-as no estúdio. Acabou por sair tudo muito bem, inclusivamente até uma das musicas (the day we died) foi completada dois dias antes da gravação (risos). De qualquer maneira, na altura de gravar correu tudo muito bem. Tivemos bastante ajuda do Miguel Marques ( dos easyway e produtor nos generator studios) e acho que nesse fim de semana aprendemos muita coisa, e crescemos muito como banda.

Vocês contrapõem muito o peso da voz, com a melodia das guitarras, e isso parece-me estar explícito no ep. Acham que isso pode ser encarado como uma característica vossa?

Acho que sim. Na altura da composição estávamos a fazer riffs muito melódicos, e quando chegou a altura da gravação ficámos todos surpreendidos pela evolução na voz do Guilherme. Acho que até ele ficou muito surpreendido, quando veio á régie ouvir a primeira musica que tinha gravado. Até perguntou se tínhamos alterado a voz... (risos) actualmente digamos que largámos mais esses riffs melódicos do EP, e nos estamos a dedicar mais a uma mistura de metal actual e metal mais clássico. E acho que ainda estamos longe de cantarmos com uma voz fininha á lá power metal (risos).


Porquê chamar ao ep, "Behind every treason"?

O nome do EP foi ideia do Guilherme. Além de ser o nome de uma música, a letra tem bastante significado para ele. Basicamente o nome vem de todas as vezes que nos sentimos traídos, enganados, enquanto nos espetam uma faca nas costas. E ainda por cima somos capazes de vislumbrar as razões que estão por trás disso.

Que tipo de bandas vos influenciam mais, e quais são aquelas com quem um dia gostariam de tocar?

As influencias variam bastante de membro para membro: o Guilherme e o Vítor devoram muito muito metal de todos os géneros, desde power metal ao black metal. Eu diariamente ouço mais stoner, rock e algum doom, mas sempre com metal na playlist. O Daniel é o membro mais velho da banda, e já não ouve tanto metal como antes, agora gosta mais de estar descansado a ouvir hardrock e jazz. Já o Gavino digamos que é o membro mais de “extremos” da banda: apesar de ouvir algum metal diariamente, o que mais consta na playlist dele é mesmo a musica electrónica e o jazz.
Bandas com que um dia gostaríamos muito de tocar... acho que In Flames, Iron Maiden, 3 Inches of Blood e Arch Enemy estavam no nosso top.

Têm um concerto agendado, para o dia 25de novembro, com os mycubic emotion e os dollar lama. Tem-vos sido fácil arranjar datas? De que forma é que querem que o público interaga convosco, enquanto estão a actuar?

Não tem sido nada fácil. Passei muitas noites a mandar mails e mensagens para bandas em Portugal, e pessoas envolvidas em organizações de outros concertos, e digamos que o numero de datas que temos arranjado não se compara ao número de mails que temos enviado. Mas é mesmo assim, estivemos muito tempo parados a gravar e a compôr e a regularidade de concertos desapareceu um pouco. mas as coisas estão se a arranjar de novo, já temos tido mais convites. Dia 25 estaremos em pombal, a convite dos nossos amigos My Cubic Emotion. Aliás, eles também vão tocar conosco dia 6 de Janeiro,no lótus bar(concerto que também contará com os blacksunrise). Também iremos ter um concerto para meio de Dezembro em Faro, no Algarve. Por mim tocaríamos todos os fins de semana..embora claro isso seja muito complicado. De qualquer maneira até estamos bem de datas.
Em relação á interacção do publico, queremos sempre que os nossos concertos sejam uma festa. Que ninguém se contenha na sua maneira de curtir o som, que subam ao palco, façam stage dives, moshem, ou andem simplesmente à pêra, ou que abanem a cabeça com toda a força. Apenas gostamos que as pessoas sintam os nossos concertos, e tirem algum proveito da nossa actuação, já que damos sempre o nosso melhor para quem nos vai ver.

São de Lisboa. Acham que, pelo facto de serem da capital, isso vos benefecia de alguma forma?

No que concerne à existência de uma “cena” em relação a bandas underground de vários géneros, acho que estamos mais beneficiados. È na capital que há mais variedade, tanto a nível de bandas como de publico e de concertos, apesar de ser tudo um número muito reduzido, se formos a comparar com a “cena” em Madrid ou Londres. Aí vemos que a diferença é abissal, a todos estes níveis que referi anteriormente. Mas claro que todos sabemos que em Portugal é muito difícil ter sucesso underground: ou tens uma sorte tremenda e uma editora grande de fora pega em ti, não ligando ao facto de ser uma banda portuguesa, ou então fazes uma banda pré-fabricada e tens as tuas músicas a passar nos morangos com açúcar. Claro que não acho que haja nada de mal com isso, o que quero dizer é que para conseguires vencer na música em Portugal, ser comercial é a única saída. Mas felizmente não ligamos muito a isso: não achamos que isto vá ser o nosso futuro, uma cena milionária onde iremos dar concertos e fazer albuss de modo a ganhar a vida. Fazemos isto pelo gozo que nos dá e pelo amor à musica.

Agora com o lançamento do ep, que tipo de projectos têm previstos para o futuro?

De momento o nosso objectivo é tocar o maior numero de vezes possível por vários pontos de Portugal. Estamos também a organizar com um amigo, um possível fim de semana de concertos em Espanha e já estamos a compor novos temas para um novo álbum. Por enquanto não temos data prevista para a gravação, depende de como correr a composição. Mas o que é certo é que queremos fazer algo em grande e bem pensado, por isso preferimos dar tempo até que as coisas se desenvolvam da melhor maneira possível.
Pelo caminho também gostaríamos de arranjar uma editora sobretudo para nos conseguir ajudar mais com a promoção, mas penso que com o tempo, algo se arranjará.

Espero que a entrevista esteja boa

Abraço

Ruben Vilas

:)

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