Sunday, December 11, 2005

Hell is for heroes-Transmit disrupt(2005)



O primeiro disco destes ingleses, de nome "The neon handshake" é um disco do caraças. assim só: Do caraças. Sem tirar nem pôr. "The neon handshake" personificava uma atmosfera de peso emocional tremenda, um rock musculado e vibrante, com temas absolutamente contagiantes, e autênticos refrões de estádio. Um disco que tinha tanto de emocional como de furioso e bravio. E temas como "I can climn moutains", "five kids go" ou "Cut down" traduziam precisamente todos esses sentimentos. E tudo isto sem nunca saturar o ouvinte. Em suma: Foi provavelmente um dos melhores discos de 2003, senão mesmo o melhor e passou injustamente ao lado de muitos daqueles que o deviam venerar.

E, é a partir daqui que podemos pegar então no novo álbum da banda, de nome "Transmit disrupt", que já teve direito a apresentação ao vivo entre nós quando, há sensivelmente um mês os hell is for heroes brindaram-nos com a sua presença,mais precisamente no club lua em Lisboa.
Antes de mais é necessário dizer que "The neon handshake" era um álbum extremamente acessível. Genial e enorme, mas de uma acessibilidade bem grande, o que não deixa de ser surpreendente. E, é a partir daqui que começam as diferenças entre os dois discos: Se "The neon handshake" era uma A1 que ia dar a um paraíso sonoro inolvidável, "Transmit disrupt" é uma estrada de terra cheia de buracos, que vai dar a um local assinalado na nota que terá linhas abaixo.

E porque será menos acessível? Porque raio é "transmit disrupt" um álbum mais complicado de aceder do que o seu antecessor? Talvez por ser menos pesado. Por ter um traquejo menos emocional e dar ares de uma sonoridade mais baseada em um ou outro experimentalismo sonoro, em temas mais soturnos (como "Models for the programme") e,evidentemente, ter refrões menos orelhudos, pelo menos às primeiras audições. De início fica-se com a ideia de que foi um disco onde os hell is for heroes, adulteraram a sua receita do primeiro álbum, para algo mais ensonso, mais do género pãezinho sem sal.Sem aquele peso contagiante, sem aquela aura que lhes dava uma enorme intensidade.
E, tanto o primeiro tema "kamichi", como o segundo "models for the programme", ou "They will call us savages" dão esse aspecto: temas que queriam ser uma coisa, e acabaram por soar a algo que fica muitos furos abaixo do objectivo inicial.

Portanto é compicado entrar em "transmit disrupt" sem ter uma sensação de semifracasso quando se ouve pela primeira vez,sobretudo após o ouvido em "The neon handshake". À segunda parece que esse sentimento ainda se fortalece mais e já nem nos dá vontade de ouvir uma terceira, tendo a nítida sensação de que é um disco muito mais fraco que o primeiro, onde os hell is for heroes não conseguiram explanar o seu rock musculado com refrões emocionantes e intensos.

Só que estamos a ver a questão muito erradamente: Porque, o que os hell is for heroes fizeram neste segundo disco, foi relegar o passado para segundo plano, tentando executar uma sonoridade que, não estando totalmente fora da do anterior álbum, dá uma frescura à banda que um disco com uma sonoridade mais idêntica não teria.
E é esta a principal virtude de "transmit disrupt": È um claro passo em frente, sem descurar o passado. Dizendo de outra forma, os hell is for heroes retiraram aquilo que lhes pareceu mais pertinente do disco anterior(como o rock mais musculado, e as vocalizações mais potentes) e deixaram ficar os elementos mais suaves de todo o seu som. E isto não quer dizer que "transmit disrupt" é um disco calmo: Não o é concerteza, existem alguns temas de rock mais pesado (como o início "kamichi" ou "quiet rock), simplesmente ele não tem a vertente mais heavy que caracterizava o disco anterior.È, talvez, menos emocional vocalmente. Ainda outra grande diferença: Enquanto "the neon handshake", variava entre o rock mais duro misturado com pitadas emo para possuir igualmente baladas, "transmit disrupt" é muito mais uniforme e homogéneo. O rock protagonizado pela banda vai sofrendo diversas evoluções de tema para tema é certo: No entanto elas não são tão radicais como no disco anterior.

E chegámos ao ponto onde falamos das canções: Se até, agora elas não foram mais que exemplos práticos de realidades existentes no disco, a verdade é que elas também têm vida própria, tal como se sucedia em "The neon handshake". Podem ser menos catchy e de memorabilização mais complicada, no entanto também têm muita vida.
Por exemplo, o início "kamichi", com uma atmosfera mais emocional e melódica, e até um coro feminino incluído.Ou o ritmo progressista que existe no início de "models for the programme" que depois se transforma em algo um pouco mais raivoso, no entanto uma raiva perfeitamente contida, tendo um solo excelente execução. Falar igualmente de temas como "Folded paper figures", talvez o tema mais parecido com o que a banda fez em "the neon handshake", salvaguardando as guitarras que existem sempre na canção, e que não surgiriam daquela forma no álbum anterior, ou a excelente "Silent as the grave" provavelmente o melhor tema do álbum, onde a voz surge como um inventário de acções quase obsessiva, e tem o maior refrão do disco que se quer ouvir e continuar a ouvir mais.

Em suma: È complicado uma pessoa aperceber-se do real potencial que este disco tem. Porque ainda estamos de boca aberta com o álbum anterior, e achamos que a banda não conseguiu ir até ao limite daquilo que seria exigível. E na verdade, só é possível gostar deste álbum se nos esquecermos daquilo que ficou para rás. E se tivermos uma razoável dose de paciência para efectuar essa descoberta. De qualquer maneira quando descobrimos temas como "models for the programme", "The silent grave","one of us" ou "Quiet riot", o prazer é imediato. e a partir daí o álbum torna-se o mais acessível do mundo, como se o caminho de terra fosse dar à a1 e nos transportasse de novo para o tal paraíso sonoro inolvidável.

8/10

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