Friday, May 12, 2006

Movimentos Perpétuos - Tributo a Carlos Paredes de Edgar Pêra



"Movimentos Perpétuos- Tributo a Carlos Paredes" é a mais recente obra do cineasta português Edgar Pêra, cuja obra foi colocada em retrospectiva no indielisboa deste ano. Este "Movimentos Perpétuos" esteve também na competição nacional do festival, acabando mesmo por alcançar a vitória, bem como o prémio do público. Daí que se justifique a entrada desta película num circuito mais comercial de salas: esta semana o filme pode-se ver tanto nas amoreiras como no vasco da gama. No entanto, a sessão das três e vinte do centro comercial no parque das nações, não estava propriamente concorrida. a menos que quatro pessoas numa sala com uns cem lugares seja um bom resultado...ao cuidado dos promotores.

Falando directamente do filme, este baseia-se no concerto que Carlos Paredes deu no Porto em 1984. Todas as vezes em que o guitarrista fala, ele está a comunicar para toda essa massa que o foi ver ao Auditório Carlos Alberto, intrecalando as suas falas com os temas que ali tocou, e que nós também temos a oportunidade de ouvir. O que Pêra fez foi filmar com a sua câmara de super 8, imagens que pudessem traduzir tanto aquilo que Carlos Paredes vai contando e tocando. dividiu a obra em dezassete movimentos específicos: e com eles foi dividindo uma história vivida de histórias, que somos todos nós.

Aproveito para dizer que se percebe perfeitamente o porquê da vitória do filme de Pêra no indie lisboa (sobretudo no que ao prémio do público concerne): é muito fácil conseguirmo-nos identificar com a película. Desde a própria música que diz muito de nós enquanto povo, como com as deambulações gráficas de Pêra, que não se coíbe em filmar sobretudo as três cidades-chave na vida e carreira de Paredes (lisboa, porto e coimbra), mas também a própria natureza, e até algumas montagens onde a figura do guitarrista surge no meio de uma população urbana.

Aliás, será na própria projecção de imagens, muitas delas rotineiras para muitos portugueses, e à forma em como a música e as palavras de Paredes as ilusram, que o filme consegue claramente ter um carácter identificatório com o espectador. Porque aquelas pessoas a saírem do cacilheiro, a apanharem o autocarro, a andar pela rua augusta fora somos todos nós. e a música de Carlos Paredes tem precisamente toda esta gente lá dentro. Esta foi, talvez, a maior façanha do filme de Pêra: conseguir mostrar a alma de um povo, através de uma música que é esse povo.


Pêra vai buscar igualmente depoimentos de amigos de Paredes. Que contam as suas histórias da prisão, as suas façanhas artísticas, as profissões que em nada correspondiam à sua genialidade enquanto músico. Que, ainda mais, enaltecem um homem que conseguiu colocar a guitarra portuguesa num patamar de excelência. E as histórias de Paredes, na maior parte dos casos, são realmente interessantes: conseguem dar-nos uma visão totalmente humana daquele que já é um mito.

"Movimentos Perpétuos" poderá pecar por não ter uma organização extremamente firme no seu todo: aqueles movimentos ordenados por Pêra, podiam ser deconstruídos e mudados facilmente de lugar, bem como muitas das imagens projectadas. no entanto, o mais importante é conseguir captar a alma de um exímio criador. E a forma em como toda a sua música consegue falar por si, em como consegue retratar tão bem aquilo que somos, em como se modela um concerto ao vivo, apenas em palavras e sons para belas imagens serem projectadas (e a realização fragmentada de Pêra está perfeita). filme definitivo sobre Carlos Paredes? a nível documental parece-me que sim. Agora falta uma ficção decente para poder ombrear com este tocante e vibrante objecto fílmico.

8/10

3 Comments:

Blogger Vanessa said...

tu endas mesmo dedicado ao cinema! vida boa... quando não se tem nada pa fazer...

6:02 PM  
Anonymous Anonymous said...

Que grandes cromos um gajo encontra na net. Tens das escritas mais pretensiosas que já li. O teu léxico é mais curto que uma sms e encontramos exactamente as mesmas expressões de post para post. E por favor, usa um prontuário. Dito isto, falemos de música. Danko Jones é um foleiradas azeiteiro parado no tempo. E escolhê-lo como paradigma para todas as tuas «críticas musicais» é um erro fatal. Falas sempre em «contributos», «o que é que estes gajos trazem de novo??». É giro porque Danko Jones é um cliché rock parado no tempo. Depois, se não gostas, não comes. Quer dizer, tu tens alguma formação musical? Tocas algum instrumento? Ah, e percebes inglês para analisar as letras dos discos a que te propões insultar gratuitamente? Claro que não. Só assim podes venerar os acordes básicos das pseudo-guitarradas que o Danko produz para enganar ignorantes como tu. E passar ao lado de um album altamente complexo como First Impressions of Earth ou o dos Arctic. E só não sabendo inglês é que podes julgar que Strokes fazem canções pop açucaradas. E por favor deixa de copiar expressões dos outros críticos musicais. Tenta desenvolver algum pensamento próprio e então terás alguma opinião minimamente válida.

11:48 PM  
Blogger João D. said...

Bem, passando à frente do bacoco insulto pessoal(feito por uma pessoa que curiosamente nem dá a cara o que é sempre engraçadote ), parece-me que a tua maior celeuma em relação a mim é eu não ter gostado nem do novo disco dos strokes, nem do novo disco dos artic monkeys.

Não tenho formação musical,não toco instrumento nenhum e percebo suficientemente inglês para analisar decentemente tanto as letras dos danko jones(que são básicas é um facto) como dos artic monkeys e dos strokes, que realmente são mais complexas.

Mas...so what? Eu por acaso digo que os danko jones trazem alguma coisa de novo? Aliás até uso esta simples frase(fazendo agora quote de mim mesmo): " Os danko jones sempre fizeram, sensivelmente, o mesmo". Agora para mim o diferente é que eles sabem isso e se estão totalmente a cagar. Ora, como se estão totalmente a cagar, fazem discos despretensiosos com bons riffs de guitarra(simples é certo) e letras igualmente simples. Mas aquilo é honesto e, para mim, catchy. Fica-me no ouvido, gosto de ir no carro a abanar a fronha à pala daquilo.

Já strokes artic monkeys e afins, não percebem que são apenas modelos daquilo que já foi feito por diversdas bandas há uns bons anos atrás:e tentam a todo o custo ter coisas originais e diferentes, de uma forma totalmente "obrigatória" que só lhes fica mal. são discos brutalmente pretensiosos e que se afogam no meio dessa pretensiosidade. È só ir ouvir esses temas tão "complexos" dos strokes ou dos artic, para perceber isso. E ainda por cima têm o condão de serem demasiado longos. Um gajo chega a meio e já está farto de tanta "tentativa de ser ah e tal bué alternativo e indie".

De qualquer forma para quê estar aqui a explicar o meu ponto de vista, quando sou um gajo que tem um léxico "mais curto que uma sms?" Se calhar repito-me, porque as coisas não mudaram assim tanto, desde que esta coisa chamada "rock revivalista" apareceu.

Fica bem, e com uma coisa certa: tu afinal consegues ser pior que eu. Pelo menos eu não destrui totalmente nem artic nem strokes. Tu com o danko preferes chama-lo logo de "foleiradas azeiteiro parado no tempo". Que é uma expressão bonita e tal, e que realmente não é nada destrutiva, nem sequer me elucida sobre os teus reais motivos em vires falar mal de moi e a dizer que eu sou uma cópia reles da escrita de não sei quem...(porque não sei mesmo) Felizmente não agrado a toda a gente.

Enfim, tanta coisa apenas para se perceber que se eu tivesse dito maravilhas dos strokes e dos artic e muito mal do danko jones, tu ir-me-ias idolatrar até ao fim dos tempos, dando-me umas 20 belas babes a servirem-me bebidas, entre outros pedidos. Mesmuh xe euh exkrevexe axim.

3:53 PM  

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