Wednesday, August 01, 2007

Produzido cá no burgo, de abertura fácil...e depois de descascado pá?

Aqui está a princpal dúvida. Este ano, apesar de tudo, temos tido bons lançamentos a nível interno (assim atestam os novos de madcab ou men eater), no entanto tanto os fiona at forty, mas sobretudo os {f.e.v.e.r.} eram portos de abrigo ansiosos por terem barcos a atracar. Metáfora mete nojo, no entanto elucidativa o suficiente para se perceber que a expectativa, sobretudo em relação a "4st" era bastante elevada. e como tal comecemos por aí.

{F.E.V.E.R.} - 4st



Os fever(e desculpem lá não ser totalmente exacto quanto ao nome da banda, mas não estou para colocar os caracteres certinhos ponto por ponto) são a modos que uma das maiores promessas da música lusa nos últimos tempos. Ainda por cima são uma banda que já existe há alguns anos, tem 3 ep's por aí à venda - e daí a designação "4st" para o primeiro longa-duração - e está mais que coesa em todos os pontos. Aliás os seus ep's, sobretudo "iconflict", eram fontes de saliva bem consideráveis. Os fever tocam basicamente rock de cariz industrial, com influências que andarão nuns nine inch nails, e passarão para uns faith no more por exemplo. Excelentes referências portanto. Aproveitar isso para depois recolocar tudo numa sonoridade própria, foi aqulo que a banda lisboeta fez, e com sucesso.

Era portanto com uma expectativa enorme que eu esperava pela audição deste disco. Seriam os fever capazes de adaptar a sua sonoridade para um formato consideravelmente diferente? Se ainda não o tinham feito, era decerto por não se sentirem preparados.Seria esta a altura certa?
A minha resposta é: talvez. Por um lado vou ser honesto e dizer desde já que "4st" esteve bem longe de me arrebatar. Estava à espera de um passo em frente, e o que me aconteceu foi ouvir mais do mesmo. Bem feito é certo, mas mais do mesmo. Ainda por cima com alguns períodos relativamente repetitivos. Por outro lado o disco está formalmente muitíssimo bem executado, a produção é irrepreeensível, e existem canções suficientes para que este álbum não passe despercebido.

Os fever são sobretudo uma banda de canções. Tentam imprimir um efeito refrónico em quase todos os temas que produzem, e isso às vezes é um problema. A verdade é que se este disco tivesse arriscado mais em conceptualidade e menos em cançonetismo, decerto que seria melhor. Ou seja o passo foi talvez mais curto do que o que poderia ter sido. Os fever decidiram sobretudo fazer em disco o que fazem em ep, em vez de se tentarem transformar. Talvez por medo, jamais por incapacidade.

Porque apesar de tudo há por aqui excelentes temas: "beyond and beyond" é um deles, um potencial single(se não é mesmo o single de apresentação, coisa que sinceramente ignoro...bah), "twilight roadkill" tem um efeito melódico muito inteligente, e mesmo "bipolar[+]" e "pure", são temas bastante relevantes. aliás não há aqui nenhum tema mau, nem sequer mediano. São todos razoáveis, ou bons, sendo que "beyonde and beyond" possivelmente estará na fasquia do muito bom.

E globalmente que dizer de uma banda quer produz boas canções, mas que depois se podia concentrar mais em explanar a sua sonoridade sem precisar das fazer? Que tem aqui uma boa apresentação, bem cuidada, profissional, mas que talvez careça de experimentalismo, sobretudo para quem já a conhece minimamente. Ainda assim seria injusto dar uma nota que não fosse totalmente positiva, ainda sob o risco de poder estar a ser injusto.

Adoriaria dar 9 a este disco, ou até nota máxima se ele merecesse. No entanto, ele não merece isso pois claro. È mais um avanço seguro que propriamente um excelente avanço. Ainda assim isso talvez prove os fever como uma banda que poderá ter um golpe de génio dentro de pouco tempo. Basta arriscar mais.

7/10

FIONA AT FORTY - BLOODLOSS IS A SPORT



Já o caso dos fiona at forty é bem diferente do dos {f.e.v.e.r.}. A banda que basicamente mistura rock mais pesado, com algumas tendências do post-hardcore, não promete ser a grande revelação musical vinda aqui do canto. Nem teve tanta expectativa caída do tecto, embora já exista desde 2001 e ainda nao tenha nenhum disco editado. ainda assim sempre esteve operacional, e agora estão os resultados à vista: "bloodloss is a sport" apresenta-se como o cartão de visita ideal para os fiona: pronto nos seus propósitos, conciso, in your face o suficiente para ser devidamente apreciado. Não presta contas a ninguém, não quer ser mais do que é, e consegue por isso mesmo ser um bom disco, de mui agradável audição.

Bem, o melhor é dizer que os fiona at forty não são propriamente originais. Não são o novo expoente da inovação desde o espirro da vaca, simplesmente adoptam os moldes de uma sonoridade(que já está um pouco gasta verdade verdadeira) dão-lhe uns pós mais adaptáveis a uma certa noção de rock e cá vai disto.
"Bloodloss is a sport" nem sequer tem um único tema inesquecíve, daqueles hinos refrónicos que se colam na pinha e de nunca mais lá saem.

então para além da despretensiosidade, porque raio é que este disco é bom? Por ter nervo e fibra. Por apesar de tudo possuir temas muito bons, como o tema dois com o sugestivo nome de "bittersweet dominatrix" que engloba muito bem os perssupostos costumeiros do género - raiva e melodia em partes iguais pois claro - e com isso faz-se um tema muito simpático. Não de estonteante babosidade mas bom que chegue para cativar. Ou "Elephantisis" com uma veia rock mais acentuada, um ritmo de bateria um tudo nada mais próximo do punk mais melódico, e um óptimo clímax perfazem bons exemplos do que é este "bloodloss is a sport". Um bom disco muito por causa da soma das suas partes, e não tanto a nível individual.

Os Fiona at forty não fizeram aqui nenhuma bíblia do rock armado em screamo. No entanto não ficam a dever um tuste à larguíssima maioria de bandas que vai saindo deste espectro, que nem pãezinhos quentes ou merendeiras com chouriço. Sempre é um pão com agradável sabor, caseiro, e não uma coisa meio sensaborona, industrialóide, armada em pedaço apetecível com um queijinho saloio por cima. como por exemplo o paupérrimo "Fiends" dos norte-americanos chasing victory. Mas isso são outras contas e outras padarias.

7/10

Resumo é possível? Bah, dois bons melo~es mesmo depois de abertos, embora falte maturidade a ambos os projectos. Sobretudo aos fiona, embora ela seja mais importante numa banda como os fever. Uns a caminho do génio, outros da rambóia e do prazer simples de ouvir boa música e tal. no entanto dois bons exemplos de vitalidade que a música portuguesa continua a produzir. Infelizmente airplay decente é coisa que falta mas isso já se sabe...

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