Thursday, September 21, 2006

Khoma- The second wave(2006)



Li algures que os khoma poderiam ser descritos "como se os radiohead tivessem crescido a fazer versões de led zepellin". Não deixo de concordar com esta afirmação, mas se é para criarmos rótulos, então que tentemos vê-los como se os radiohead tivessem decidido fazer covers dos cult of luna. Até porque existe um elemento comum aos dois grupos: Johannes Personn, guitarrista tanto de uma como da outra banda.
"The second wave" é o segundo disco do terceto sueco. Sucede ao álbum homónimo de 2001 que não me chegou aos ouvidos, e foi editado na véspera da revolução dos cravos. sim dia 24 de abril, neste caso de 2006 como é um bocado óbvio.

Se eventualmente quisermos falar da sonoridade da banda de uma forma um pouco mais desenvolvida, poderemos verificar que por aqui existem guitarras que devem alguma coisa ao post-doom, a voz tem algumas semelhanças com a de thom yorke(embora sejam bem diferentes diga-se), e há também por aqui uma certa sensibilidade sonora referente a uns anathema. Misturando anathema, cult of luna, radiohead, dá uma amálgama sonora que possivelmente necessitaria de um pozinho criativo, para ficar algo de diferente. E a verdade é que ele existe: ou são os violinos em "the guillotine", ou é aquilo que talvez seja um órgão(eu a identificar instrumentos sou uma coisa linda) em "Stop making speeches", ou o piano na imensamente emotiva, de contornos extremamente simples, em "Asleep".

Por isso, como já disse ainda no parágrafo anterior, "the second wave" é uma espécie de junção de elementos vindos de muitas partes diferentes. E o melhor é que nada disso se nota no disco: ele soa extremamente fluído, conseguindo ter experimentalismo e criação de canções de forma egualitária e nada exagerada. E mais ainda, arranca atmosferas de rara beleza e intensidade: consegue fundir aquilo que soa tão distante. consegue arrastar o longe para perto, fazer aquilo que nem é um disco de metal, nem de rock,nem de post-doom ou post-rock nem de indie-pop(ou como queiram chamar a uns radiohead). È por isso um álbum que arrisca imenso: e estranhamente funciona.

A grande virtude de "the second wave" é conseguir valer por si só. O que se ouve é o som dos khoma, não x misturado com y mais z metido ao barulho, embora sim essas referências estejam lá. E é um álbum que poe agradar tanto a gregos como a troianos, dada a sua imensa diversidade. Ainda por cima é belíssimo: não consigo destacar um tema entre os 11 porque todos eles têm especificidades a descobrir. Cada um deles tem uma vida própria, um certo rumo, uma história para contar envolta em diferentes ambivalências. Sempre cantadas em tom depressivo, arrastado, soturno, com a esplêndida voz de Jan Jamte.

E é por tudo: pelas canções. Pelas atmosferas experimentais. Pela frescura instrumental. Pela beleza. Pela criação de um som que não existe em mais lado nenhum. E por tanta coisa mais que possivelmente não caberá por aqui, porque uma crítica a um disco destes nunca poderia ficar completa, dada a riqueza sonora desta rodela. Por tudo isto, duvido muito que vá conseguir encontrar um disco melhor que este, este ano. e o melhor é que toda a gente, TODA o vai conseguir ouvir sem problemas de maior, porque ele abrange tudo. Por isso os indie-rockers(ou sejam o que forem) que estejam a ler isto façam o favor de ir arranjar este álbum que também é para vocês.

Porque a arte, aquela verdadeira e pura, é algo de universal. "The second wave" é arte em estado puro. Arte.

9/10

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