LINDA MARTINI
NOVOS AMBIENTES
Os Linda martini são um dos projectos mais originais e refrescantes dos últimos anos,dentro do panorama musical nacional. Editaram, há pouco tempo, a sua primeira demo que possui temas como o fantástico "Amor combate" ou "Este mar". Vindos do hardcore, acabaram por criar algo totalmente diferente, criando um ambiente novo e fresco na música nacional. O-som orgulha-se de apresentar a primeira entrevista oficial da banda:
Esta é a pergunta obrigatória: Como surgiu a ideia deste projecto?
Não existiu propriamente uma ideia inicial que ditasse o rumo dos acontecimentos. Em 2002, paralelamente aos Shoal, o hélio, o andré, o sérgio e o luís criaram um outro projecto, já com alguns elementos mais experimentais. Em 2003 os shoal terminaram, o luís dedicou-se aos day of the dead, e a cláudia e o pedro integraram o novo projecto. Conhecemo-nos todos muito bem, há quase dez anos, o que facilitou o entendimento, e proporcionou o desenvolvimento da banda. As músicas da promo foram todas compostas em 2003. A gravação começou em 2004 mas tivemos alguns contratempos: A cláudia e o pedro foram para erasmus em alturas diferentes – o que nos impossibilitou de sair da garagem mais cedo.
Sendo que vocês tem um passado mais virado para o hardcore, quais foram as razões da mudança para um registo totalmente diferente?
A ideia de fazer coisas diferentes remonta às outras bandas que tivemos. A determinada altura sentimos necessidade de incorporar novos elementos, para além do punk e do HC. Não nos chateámos com o HC, quisemos apenas experimentar outras coisas.
Vocês têm uma atmosfera demarcadamente instrumental, e experimental.Quão importante acham que deve ser a atmosfera instrumental nos vossos temas? E as noções de experimentalismo?
No início começámos por compôr, sobretudo instrumentais, uma vez que nenhum de nós se sentia com vontade de assumir o papel de vocalista. Claramente na nossa música damos primazia ao instrumental, em detrimento da voz. Para nós a voz é mais um elemento, que tenta de alguma forma ilustrar o instrumental, preenchendo alguns espaços e silêncios. Há quem nos diga que a voz está baixa na gravação mas para nós está no ponto, não é suposto ter mais destaque.
Em relação ao experimentalismo, pensamos que este não se reflecte apenas nos feedbacks ou na manipulação de pedais; trata-se também da atitude com que encaramos a composição, o formato e a estrutura das músicas. De uma forma mais ou menos consciente tentamos fugir às convenções e experimentar novos caminhos. Não apenas com o propósito de querer ser diferente, mas sobretudo pelo gozo que nós dá.
Sinceramente, acho que têm uma sonoridade que extravasa qualquer rótulo musical: Esse também foi um dos objectivos da banda?
De alguma forma sim. Quando formas uma banda, ainda que incorpores muitas influências diferentes, existe sempre a tendência para mais cedo ou mais tarde “afunilares”, e chegares a um determinado estilo. No nosso caso, as influências são várias e muito distintas, pelo que não faz sentido remetermo-nos apenas ao último cd que comprámos, ou ao som que agora andamos a ouvir mais. Ficamos muito contentes quando nos dizem que a nossa música faz lembrar várias coisas e não apenas estes ou aqueles, é sinal que se reflecte esse desejo de não seguir uma tendência ou um estilo, mas criar um espaço próprio.
Existem algumas pessoas que os comparam a outras bandas, nomeadamente a uns pluto por exemplo. Que resposta dão a essas pessoas?
Não nos sentimos de modo nenhum incomodados com isso. Algumas pessoas referiam nomes como Ornatos Violeta, Pluto e Toranja. No nosso entender, essas comparações dizem respeito sobretudo à voz, e achamos que por trás disso está sobretudo a falta de referências que temos de bandas rock e derivados a cantar em português. Se pegarmos nas mesmas melodias que temos e cantarmos em inglês ninguém vai buscar esses nomes!
Ornatos é uma banda de que gostamos, pelo que admitimos que isso se reflicta de alguma forma. Com pluto e toranja não acontece o mesmo: Quando pluto saiu já tínhamos as músicas compostas e quase gravadas e toranja nunca foi uma referência nossa. Por outro lado é normal que a mesma música suscite reacções diferentes de pessoa para pessoa. Se mostrares a promo a uma pessoa que ouve coisas mais mainstream, dentro dos tops, ela pode-se lembrar de toranja, mas se mostrares a uma pessoa que ouça outras coisas, ela vai certamente retirar da nossa música referências que não essas.
Como tem sido recebida a vossa demo,tanto pelos media como pelo simples ouvinte?
Muito bem. Quem ficou mais surpreendido fomos nós. Estivemos muito tempo fechados na garagem devido aos contratempos que já referimos. Quando começámos a receber o feedback das pessoas ficámos muito contentes com as reacções. Até ao momento não nos podemos queixar.
O primeiro concerto foi no Hardclub em Gaia e a recepção que tivemos deixou-nos um sorriso nos lábios!
Cantam em português. Com a grande influência anglo-saxónica que temos, acham que esta era a opção correcta?
Definitivamente sim. A opção pelo português surgiu naturalmente. A razão é simples: o inglês torna-se muito vazio e impessoal para dizeres aquilo que queres. Tu pensas em português, falas em português, sonhas em português, faz todo o sentido! Por outro lado o português colocava-nos um desafio maior, é mais difícil de musicar porque a língua é mais “quadrada”, o inglês é mais redondo, tudo soa melhor.
As vossas letras são de uma intensidade fortíssima. Existem fontes de inspiração bem definidas para esta intensidade surgir? Ou flui tudo naturalmente?
A influência e inspiração vêm não só do dia-a-dia como também da literatura e cinema. Por exemplo, “Amor Combate” é o título de um poema do Joaquim Pessoa. Achámos o conceito engraçado e a partir daí surgiu o resto da letra. É obvio que não podemos dissociar o elemento pessoal mas muitas vezes a letra escreve-se sozinha e quando a lemos vemos que ela tomou um outro rumo, é algo que nem sempre controlas.
Estão agora em fase de promoção da demo, com concertos, inclusivamente, numa das fnacs. A seguir a esta fase, já têm algum objecto definido? Ou vão continuar a apostar na promoção da demo?
Por enquanto os concertos são a prioridade. Em breve vamos disponibilizar a totalidade das músicas gravadas para a promo e sempre que possível distribuí-la gratuitamente nos concertos. Lá para Abril teremos novidades a nível editorial, quem sabe um longa-duração.
Muito obrigado João por nos proporcionares a primeira entrevista oficial. Felicidades para o Blog e projectos futuros.
Linda Martini * 06/07/05
site oficial
linda martini @ my space
Os Linda martini são um dos projectos mais originais e refrescantes dos últimos anos,dentro do panorama musical nacional. Editaram, há pouco tempo, a sua primeira demo que possui temas como o fantástico "Amor combate" ou "Este mar". Vindos do hardcore, acabaram por criar algo totalmente diferente, criando um ambiente novo e fresco na música nacional. O-som orgulha-se de apresentar a primeira entrevista oficial da banda:
Esta é a pergunta obrigatória: Como surgiu a ideia deste projecto?
Não existiu propriamente uma ideia inicial que ditasse o rumo dos acontecimentos. Em 2002, paralelamente aos Shoal, o hélio, o andré, o sérgio e o luís criaram um outro projecto, já com alguns elementos mais experimentais. Em 2003 os shoal terminaram, o luís dedicou-se aos day of the dead, e a cláudia e o pedro integraram o novo projecto. Conhecemo-nos todos muito bem, há quase dez anos, o que facilitou o entendimento, e proporcionou o desenvolvimento da banda. As músicas da promo foram todas compostas em 2003. A gravação começou em 2004 mas tivemos alguns contratempos: A cláudia e o pedro foram para erasmus em alturas diferentes – o que nos impossibilitou de sair da garagem mais cedo.
Sendo que vocês tem um passado mais virado para o hardcore, quais foram as razões da mudança para um registo totalmente diferente?
A ideia de fazer coisas diferentes remonta às outras bandas que tivemos. A determinada altura sentimos necessidade de incorporar novos elementos, para além do punk e do HC. Não nos chateámos com o HC, quisemos apenas experimentar outras coisas.
Vocês têm uma atmosfera demarcadamente instrumental, e experimental.Quão importante acham que deve ser a atmosfera instrumental nos vossos temas? E as noções de experimentalismo?
No início começámos por compôr, sobretudo instrumentais, uma vez que nenhum de nós se sentia com vontade de assumir o papel de vocalista. Claramente na nossa música damos primazia ao instrumental, em detrimento da voz. Para nós a voz é mais um elemento, que tenta de alguma forma ilustrar o instrumental, preenchendo alguns espaços e silêncios. Há quem nos diga que a voz está baixa na gravação mas para nós está no ponto, não é suposto ter mais destaque.
Em relação ao experimentalismo, pensamos que este não se reflecte apenas nos feedbacks ou na manipulação de pedais; trata-se também da atitude com que encaramos a composição, o formato e a estrutura das músicas. De uma forma mais ou menos consciente tentamos fugir às convenções e experimentar novos caminhos. Não apenas com o propósito de querer ser diferente, mas sobretudo pelo gozo que nós dá.
Sinceramente, acho que têm uma sonoridade que extravasa qualquer rótulo musical: Esse também foi um dos objectivos da banda?
De alguma forma sim. Quando formas uma banda, ainda que incorpores muitas influências diferentes, existe sempre a tendência para mais cedo ou mais tarde “afunilares”, e chegares a um determinado estilo. No nosso caso, as influências são várias e muito distintas, pelo que não faz sentido remetermo-nos apenas ao último cd que comprámos, ou ao som que agora andamos a ouvir mais. Ficamos muito contentes quando nos dizem que a nossa música faz lembrar várias coisas e não apenas estes ou aqueles, é sinal que se reflecte esse desejo de não seguir uma tendência ou um estilo, mas criar um espaço próprio.
Existem algumas pessoas que os comparam a outras bandas, nomeadamente a uns pluto por exemplo. Que resposta dão a essas pessoas?
Não nos sentimos de modo nenhum incomodados com isso. Algumas pessoas referiam nomes como Ornatos Violeta, Pluto e Toranja. No nosso entender, essas comparações dizem respeito sobretudo à voz, e achamos que por trás disso está sobretudo a falta de referências que temos de bandas rock e derivados a cantar em português. Se pegarmos nas mesmas melodias que temos e cantarmos em inglês ninguém vai buscar esses nomes!
Ornatos é uma banda de que gostamos, pelo que admitimos que isso se reflicta de alguma forma. Com pluto e toranja não acontece o mesmo: Quando pluto saiu já tínhamos as músicas compostas e quase gravadas e toranja nunca foi uma referência nossa. Por outro lado é normal que a mesma música suscite reacções diferentes de pessoa para pessoa. Se mostrares a promo a uma pessoa que ouve coisas mais mainstream, dentro dos tops, ela pode-se lembrar de toranja, mas se mostrares a uma pessoa que ouça outras coisas, ela vai certamente retirar da nossa música referências que não essas.
Como tem sido recebida a vossa demo,tanto pelos media como pelo simples ouvinte?
Muito bem. Quem ficou mais surpreendido fomos nós. Estivemos muito tempo fechados na garagem devido aos contratempos que já referimos. Quando começámos a receber o feedback das pessoas ficámos muito contentes com as reacções. Até ao momento não nos podemos queixar.
O primeiro concerto foi no Hardclub em Gaia e a recepção que tivemos deixou-nos um sorriso nos lábios!
Cantam em português. Com a grande influência anglo-saxónica que temos, acham que esta era a opção correcta?
Definitivamente sim. A opção pelo português surgiu naturalmente. A razão é simples: o inglês torna-se muito vazio e impessoal para dizeres aquilo que queres. Tu pensas em português, falas em português, sonhas em português, faz todo o sentido! Por outro lado o português colocava-nos um desafio maior, é mais difícil de musicar porque a língua é mais “quadrada”, o inglês é mais redondo, tudo soa melhor.
As vossas letras são de uma intensidade fortíssima. Existem fontes de inspiração bem definidas para esta intensidade surgir? Ou flui tudo naturalmente?
A influência e inspiração vêm não só do dia-a-dia como também da literatura e cinema. Por exemplo, “Amor Combate” é o título de um poema do Joaquim Pessoa. Achámos o conceito engraçado e a partir daí surgiu o resto da letra. É obvio que não podemos dissociar o elemento pessoal mas muitas vezes a letra escreve-se sozinha e quando a lemos vemos que ela tomou um outro rumo, é algo que nem sempre controlas.
Estão agora em fase de promoção da demo, com concertos, inclusivamente, numa das fnacs. A seguir a esta fase, já têm algum objecto definido? Ou vão continuar a apostar na promoção da demo?
Por enquanto os concertos são a prioridade. Em breve vamos disponibilizar a totalidade das músicas gravadas para a promo e sempre que possível distribuí-la gratuitamente nos concertos. Lá para Abril teremos novidades a nível editorial, quem sabe um longa-duração.
Muito obrigado João por nos proporcionares a primeira entrevista oficial. Felicidades para o Blog e projectos futuros.
Linda Martini * 06/07/05
site oficial
linda martini @ my space
2 Comments:
5 estrelas, a banda e este blog ter sido o primeiro orgão a entrevistá-la.
Continuem. Um forte abraço.
grande banda ;)
(e sim, fazem lembrar ornatos, tanto pela voz como pelo som que sobresai. Da primeira vez que ouvi julguei tar a ouvir Manuel Cruz, num qualquer projecto novo.. Fico a espera de mais musicas vossas o/
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