Monday, February 05, 2007

Vintage: Pixies - Doolittle(1989)



Agora deu-me para falar à parva de discos que já ando a ouvir há que tempos, mas com os quais nunca me tinha debruçado a nível escrito. Bem, imaginem lá uma sonoridade meio suja de enclaves pop e rock, misturada com uma gravação meio caseira, mais uma metade catchy. ah e adicionem-lhe pitadas meio indie à mistura.Agora provem, e têm um dos melhores discos dos oitentas, embora eu confesse que conheço pouco esse período(e é daqueles que considero mais chatos musicalmente, mas isto sou eu que não gosto de post-punk e tal).

Esse disco era o clássico absoluto chamado "surfer rosa", produzido pelo então desconhecido Steve Albini(agora um nome consagradíssimo que trabalhou em discos como "in utero" dos nirvana, ou o gigante "the eye of every storm" dos neurosis), e foi a partir daí que os Pixies começaram a granjear um culto à escala mundial. e um ano depois da edição desse enorme ábum, veio este "doolittle".
Antes de mais que se diga que "doolittle" é precisamente uma salada de influências, todas elas absorvidas com enorme mestria pela banda de Frank Black. Mas a inventividade é deles. A forma em como os pixies pegam em elementos simbólicos de certa sonoridade, e reciclam-na fazendo algo totalmente novo é fantástica, e ainda hoje complicadíssima de atingir.

Daí que essa perfeição sonora, esteja no frenetismo de "debaser", sem dúvida uma das maiores canções dos pixies. Ou nos ritmos espanholados de "crackity jones". Ou no ritmo quase baladeiro e melancólico de "Hey". Ou ainda na raiva dissimulada de "tame". enfim é como se cada canção fosse um enorme mundo a descobrir, perfeita deambulação entre o experimentalismo, o formato canção, e as emoções reais e verdadeiras. È como se "doolittle" conseguisse em 40 e tal minutos, fazer caber lá dentro toda a pop a sério. E isso é incrível.

"Doolittle" é acima de tudo um disco completíssimo e fantástico nos seus propósitos. e que ainda por cima consegue soar sempre natural, como se os pixies estivessem ali a ensaiar ao pé de nós. È como se cada nota emanada o seja "por acaso" e vai-se a ver e aquilo cabe tudo na perfeição. Não tem tempos mortos, não tem temas menos bons, não tem absolutamente nada que não seja perfeito. E isso é daquelas coisas quase ímpossíveis de atingir, e que acontecem uma vez na vida. No caso dos pixies talvez isso tenha acontecido mais que uma vez. No entanto este é o verdadeiro grito do ipiranga desta banda ímpar.

10/10

1 Comments:

Blogger JAP said...

Se existe álbum a que dou de caras 10/10 é o Doolittle. Para mim está entre os dez melhores de sempre.

3:34 PM  

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