Friday, June 16, 2006

Cult of Luna- Somewhere along the highway





Depois do muitíssimo bem sucedido, e genial, "Salvation", a banda sueca volta com mais um disco de encher o dente. Ok, como falei em "encher o dente" está mais que visto que o disco é bom. Bah. já não surpreendo ninguém. A verdade é que este é o novo avanço de uma das bandas mais importantes no espectro do post-doom, ou como o queiram chamar. Sim, são da mesma fornada de neurosis, isis e pelican etc...como toda a gente que me lê está um bocado farta de saber...digo eu.
Bom, antes de editaram o disco, os Cult of Luna lá iam dizendo que este novo álbum ia ser diferente: que ia ser menos pesado, com menor predomínio de guitarras, e com teclados a ditarem um pouco mais as regras. Talvez seja precisamente nesse menor predomínio de guitarras que o disco nos consegue convencer que é um importante passo em frente na carreira da banda.

"Somewhere along the highway" é um disco mais leve que "Salvation": para além de possuir mais teclados, também é mais atmosférico: tem menos vozes, há uma maior criação de ambientes, há uma construção instrumental mais apurada. È ,igualmente, mais equilibrado que o seu antecessor. Se "salvation" conseguia criar canções de um modo mais simples,mas perdia um pouco a sua noção de conjunto, "somewhere along the highway" nunca se torna minimamente desiquilibrado, fazendo disso um dos seus pontos primordiais. De igual realce, é a forma em como os Cult of Luna continuam a despertar sensorialmente os seus ouvintes: é impossível não nos sentirmos arrebatados com as melodias do grupo, agora bem mais incisivas e etéreas, existindo um contrabalanço peso/melodia um pouco menor, derivado precisamente do facto deste ser um disco mais leve. Até "Finland", um dos temas que tem uma maior relação com "Salvation", acaba por ter também uma dicotomia bem menos acentuada que os temas desse disco. Por outro lado, há por aqui um conjunto de novas ideias que os cult of luna decidiram explorar. Desde programações, passando por loops, ou guitarras bem mais melódicas. Há claramente uma necessidade de ir mais além, sem ter que existir um sacrifício identitário por causa disso.

E canções? Como também se sabe os cult of luna são construtores de canções. Esse é outros dos pontos fantásticos na banda: a capacidade em criar atmosferas que nos relegam a diferentes estados de espírito, conseguindo ao mesmo tempo unificá-las transformando-as em canções em estado puro. Se "marching to the heartbeats" é um pequeno tema de apenas três minutos, que serve quase como introdução, rementendo-se para uma atmosfera quase post-rockiana e uma voz totalmente melódica, "Finland" é a natural herdeira do disco anterior, sendo talvez a escolha mais acertada para single: isto se se quiser indentificar directamente os cult of luna musicalmente. A verdade é que os riffs matemáticos ali estão, as atmosferas repetidas e envolventes, a raiva vocal. cult of luna no seu mais puro estado, embora envolto num tema bem menos catchy que um belo "waiting for you" ou o grande "echoes".

Já "Back to the chapel town" foi aquilo que os cult of luna nunca fizeram: adicionar elementos mais electrónicos e melódicos, com os teclados a terem um papel bem importante, às guitarras pesadas e fulminantes, que continuam a existir em larga escala. È aqui que o passado presente e futuro dos suecos colide: um tema que tanto incorpora novos elementos (a electrónica e ambiência que o tema tem) e as atmosferas de quase doentia desolação, mas também de uma envolvência extrema.
Em "with her came the birds", há uma voz simples e melódica, que quase parece neurosis em certos momentos: há guitarras densas, mas simples e leves, há uma atmosfera perto do up-tempo que é criada, há uma magia quase celestial, uma guitarra que está perto, imagine-se!, do country (também é verdade que muito deste disco foi gravado num celeiro...e o pai de um dos guitarristas é membro de uma banda de country)- Este é um dos temas mais inovadores e totalmente afastados do passado, que os cult of luna acabaram por fazer: e têm nota 20.

Como não me apetece falar de tudo, realço só "Dim", e "Dark City dead man", a primeira cria, de início, um ambiente mais negro, soturno, mas igualmente urbano: faz lembrar uma qualquer viela abandonada numa grande cidade. Existe aqui também uma programação em loop que cria uma densidade instrumental ainda maior, que depois se transforma numa manifestação de maior claridade: um tema mais alegre, bem menos denso e negro que o costume, realçando ainda mais aquilo que já aqui foi dito: os cult of luna mudaram.
O segundo tema, fecha o disco, surge-nos distante, não se dá à partida. Esse jogo consegue ser feito com alguns apontamentos de programações, e guitarras igualmente mais "claras". Depois tudo muda quando a voz surge: aquele calor instrumental típico da banda volta, e o fim do tema é uma autêntica maravilha, também derivado de novas abordagens sonoras (como é uma programação que surge e que nos deixa a sentir tudo aquilo com mais força) que os cult of luna assimilaram.

Em conclusão: mais do que em "Salvation",este "somewhere along the highway" consegue ser um deleite para os sentidos. Os cult of luna cresceram: não se coibiram de irem à procura de novos elementos que também pudessem caber na sua sonoridade, sem nunca descurarem a identidade que criaram até aqui. Temas como "And with her came the birds", ou mesmo " Back to the chapel town" realçam isso: há por aqui um conjunto de novos elementos sonoros(sejam os órgãos, as programações ou mesmo aquela guitarra country) que assentam como uma luva na sonoridade dos suecos, e que fazem deste disco um passo em frente, rumo a uma perfeição que só não é concretizada, porque ela não existe.

9/10

5 Comments:

Blogger Petrucces said...

Grande disco ;D Nao superior nem inferior ao «Salvation» mas igualmente brutal e surpreendente.
Bom trabalho! *

3:22 PM  
Blogger Siboney said...

Atopei este blog...poor cult of luna...


i was looking for something related with cult of luna... and i find u

eu entendo portugués , e vos a min???

saudos

11:40 AM  
Blogger João D. said...

Sim, eu entendo. Bem, com "poor cult of luna" espero que isso não tenha a ver com a minha review...se tiver olha pronto acontece lol.

3:33 PM  
Anonymous Anonymous said...

Acho que ele estava a dizer "coitados dos Cult of Luna por estarem neste blogzito de caca" xP eheh kidding

Abraço

10:21 AM  
Blogger João D. said...

olha que o blog é um bocado cocó pá :P
Thanks pelo comment though ;)

10:29 PM  

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