Sunday, October 22, 2006

Norma Jean - Redeemer(2006)



Os norma jean devem andar a fervilhar de ideias está mais que visto. Passado um ano do excelente "O'god the aftemath", voltaram já com "redeemer"...curiosamente retornando a uma editora independente: a igualmente óptima tooth and nail, que tem nomes no catálogo como dead poetic, underoath, ou os indie rockers meWithoutYou. Outro aspecto fundamental é ver o nome do produtor desde álbum. Sim, vão ficar espantados: nada mais nada menos que o guru Ross Robinson. Sim, esse que produziu o primeiro disco dos fear factory, o fantásticó-magnífico "Relationship of command" dos grandes At the drive in, para além de muitos discos relacionados com a temática nu-metal.

Agora, e para apimentar um bocado a coisa, vamos a teorias da conspiração: porque raio uma banda que estava numa grande multinacional como era a EMI, muda para a tooth and nail? Possivelmente existiria uma vontade da banda a regressar a terrenos um pouco mais... "livres" diria eu. Mas depois apostam em grande no produtor, já que Ross Robinson não é propriamente a pessoa mais barata do mundo(esta frase agora lembrou-me prostituição, olhem lá a idiotice), e normalmente aquilo em que ele pega também tem o seu quê de diferente, em certos momentos quase de revolucionário. Não é que o disco não possa revolucionar sendo editado numa label independente,simplesmente poderá ter uma menor exposição.

Bem, antes de mais vamos mas é falar do disco: "Redeemer", é bem capaz de ter as malhas mais melódicas da carreira dos Norma Jean. Não é propriamente um disco levezinho pois, mas mal começa "A grande scene for a color film", e os seus apontamentos mais melódicos, apercebemo-nos logo disso. Os riffs estão consideravelmente mais catchy, e a manta hardcore da banda está muito mais virada para uma certa toada emo. Aliás o segundo tema, "Blueprints for future homes", transmite ainda mais esta ideia: temos um refrão muito catchy(sim isto é possível com os norma jean), e um tema que poderia muito bem ter sido escrito por uma banda de emocore(!). Isto sem falar de outros temas que também poderiam ser referidos.

Pronto esta perspectiva está capaz de assustar qualquer um, já que os norma jean, sobretudo com "O'god the aftermath", foram capazes de reinventar o hardcore, torná-lo mais leve é certo, mas sem pisarem uma vez que fosse os terrenos mais emo.E sem nunca perderem a identidade hardcoriana.
Mas também é possível não ver "Redeemer", enquanto um disco mais melódico, mais virado para outro género que choque alguns dos fãs da banda de Atlanta. È preciso vê-lo enquanto aquilo que ele é: música.
È mais melódico sim, mas também nem nunca deixa de ser hardcore(embora até acredito que haja muito boa gente que discorde), nem há uma desfiguração da identidade da banda. Pode é não ser o caminho de que tantos estavam à espera,como, por exemplo, se comprova no terceiro tema, que aposta muito no pesado vs melódico, tendo quase um cariz sumptuoso,no último que até tem alguns apontamentos corais, ou em "songs sound much sadder", na sua versatilidade instrumental e refrão igualmente melódico.

Mas vamos lá falar de música universalmente: no fundo "Redeemer", foi um pouco construído à medida daquilo que o seu produtor costuma fazer. È um disco que não quer estar compartimentado em lado nenhum: prefere respirar enquanto ser uno e merecedor de vida. Daí que a salada hardcore do quinteto não possa ser julgada tendo em conta os parâmetros desse mesmo género. e um tema como "The end of all things will be televised", bem o pode confirmar. O disco é uma espécie de cozinha de fusão: funde muita coisa que por acaso tem algumas semelhanças: desde metal, passando por rock, alguns apontamentos emo, e depois pincela tudo com hardcore. È este preparado que dá aquilo a que se quis chamar "Redeemer".

E é este preparado que consegue fundir tudo e ser exemplarmente bem tocado. Não há uma nota fora do sítio, um riff inoportuno. Há muita mestria a nível instrumental, sem nunca ir ao virtuosismo, e que se enquadra na perfeição com as letras, e com o próprio estilo da banda. Há grandes canções, como as três primeiras, há experimentalismo em barda, como no último tema. Há uma banda que volta a uma independente, curiosamente a efervescer de boas bandas e criatividade, e um produtor que quer sempre ver à frente do seu tempo. Há um grande disco, um claro exemplo de vitalidade e inovação. Sobretudo há uma banda que parece ser visionária, e não perde tempo em ridículas questões sobre "que tipo de som é este?", ou "será que posso tocar isto, tendo em conta o meu meio". Há música. e isso é mais que suficiente.

9/10

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