Thursday, July 13, 2006

UnderOATH- Define the great line (2006)




Jovem: tens uma idade que já te permite andar a trepar pelas paredes? gostas de gente com uma dose de emoção xxl a cantar os lamentos pessoais do género "desgraçado de mim a rosa ali da esquina murchou, vou cortar os pulsos porque a vida é uma merda?". achaste que o anterior disco dos underOATH era absolutamente genial, e que tinha grandes temas emocionais,com refrões fantabulásticos? Ok aqui até tens razão. Tens o cabelo maior que uma tigela, piercing no lábio, usas calças allstar, t-shirt às riscas e tens olhos verdes(ou lentes de contacto a puxar pó verde)? Basicamente...és um emo-kid? Então relaxa...este novo disco dos underOATH NÃO é para ti.

Porque não é mesmo. "define the great line" não dá favores a ninguém e esquece-se de muita da melodia emanada em "they're only chasing safety". Começa logo de rompante com "in regards to self" que, embora não rompa totalmente com o passado da banda, coloca-o num patamar mais pesado, muito mais de acordo com o primeiro disco "the impact of reason".
Aliás se quisermos fazer uma análise um pouco mais fria, poderemos dizer que muito do que se ouve em "define the great line" é um misto entre esse primeiro disco e o mais melódico "they're only chasing safety": possui algum do peso do primeiro, mas abarca-se de muitas das texturas melódicas do segundo. As guitarras são mais pesadas, os refrões são muito menos catchy, e o disco demora que tempos a entrar em qualquer ouvido, mesmo no mais acostumado e habituado a uma sonoridade um pouco fora dos trâmites mais comuns do emo/screamo.
Aliás mesmo um tema mais acessível como é "A moment suspended in time", nunca chega aos calcanhares da magnitude refrónica de hinos como "a boy brushed red...living in black and white" ou "it's dangerous business walking out your front door". e ainda bem.

Sim, disse "e ainda bem". Porque é mesmo. O que aconteceu neste disco foi um passo em frente, uma rotura com o passado, mesmo que apostada em fundir os dois discos anteriores. Os primeiros temas do disco, e também os últimos assim o dizem. As canções são mais atmosféricas, apostam muito em incidir as guitarras para ambientes específicos, ao invés de quererem despachar a letra toda para desaguarem no refrão para toda a gente cantar em uníssono. aliás o único tema mais de acordo com o disco anterior será possivelmente "writing on the walls" que, mesmo assim, consegue ser diferente devido à sua rapidez, e aos seus trepidantes riffs de guitarra.

Eu falei em primeiros e últimos certo? Certo. Porque é em 3 temas que todo o busílis da questão se põe. Esses 3 temas formam um dos casos mais ambíguos que tenho ouvido nos últimos tempos. Porque, se por um lado beneficiam claramente o disco em criação de novos ambientes com recortes um pouco experimentais e em formar o próprio público dos underOATH a ouvir algo mais adulto, por outro tira alguma homogeneidade ao disco.


Explico: os temas aqui em questão são "salmamir", "returning empty handed" e "casting such a thin shadow". A primeira cria uma atmosfera sonora quase minimalista e coloca um discurso, possivelmente de um árabe, a um grande público. Mais que um tema per si, é uma experiência auditiva. È ouvir instrumentalizações de fino recorte, a baixa rotação ao mesmo tempo que se ouve uma linguagem diferente daquelas que conhecemos. E que dá o mote para o ema seguinta, uma genial abordagem a um terreno instrumental quase post-doom. Parece ridículo o que vou dizer, mas imaginem os cult of luna a enfiarem um bom bocado de screamo pelas goelas abaixo, e perceberão o que se ouve aqui. Uma malha emo mas com ambientes post doomianos. Soa estranho mas, enquanto tema, acaba por soar fantástico e inovador. Depois é só falar da última canção deste rol que surge igualmente atmosférica, mas parece ser uma espécie de "ressaca" face ao que se ouviu anteriormente. A voz é quase lamentosa, a base instrumental é mais lenta e por vezes dolorosa, que depois se transforma em fúria e raiva.

E a verdade é esta: estes três temas são, possivelmente, dos melhores que a banda já fez até hoje. O pior é que existe uma conceptualidade a eles inerente: e que, de todo, não consegue viver amigavelmente com o resto do disco. Imaginem um prédio onde 3 condóminos são umas babes fantásticas cheias de curvas e tal e coiso(sim quem é gaja pode imaginar o contrário pronto..bah), mas que depois fazem uma barulheira do caraças quando um gajo quer dormir a um dia de semana. Era preferível morarem num sítio onde fizessem barulho, tipo uma vivenda não era? E ok que a gente as conhecesse bem e fosse lá visitá-las muitas vezes. Por isso se "salmamir", "returning empty handed",e "casting such a thin shadow", fossem um ep, levariam um 9/10. Assim como este disco.

O problema é que aqui temos de avaliar o todo. Se fosse individualmente também dava ao álbum nota quase máxima, sobretudo porque o considero superior a "they're only chasing safety". O problema é que falamos de um disco com 11 temas, e não com 8 + 3. Daí que, e com muita pena minha, vou dar uma nota mais baixa. A um disco muito bom, a um passo em frente da banda, e a uma possibilidade de enorme crescimento e vitalidade dos underOATH

8/10

0 Comments:

Post a Comment

<< Home