Saturday, December 23, 2006

Converge - No heroes(2006)



Os converge são daquele tipo de bandas, de onde só podemos esperar o inesperado. Depois do já clássico "Jane Doe", e passando pelo mais emocional "You fail me", a banda de Jake Bannon edita agora novo disco: "No heroes". E enquanto "Jane Doe" se baseava em mestrias noise um pouco mais comuns, e "you fail me", num cariz emocional mais acentuado, este "No heroes" vai ainda mais longe. Desta vez a banda quis explorar a sonoridade ao máximo, perfazendo enormes momentos de experimentalismo que coincidem com momentos de noise mais puro.

E o que são os converge? Uma bomba auditiva. Desde sempre. Mestres em carregar toneladas de peso sonoro para ouvidos mais incautos,a banda de Boston nunca deixa os seus créditos por mãos alheias. Assim começa o disco, com "Heartache" um autêntico napalm sonoro, com um trabalho de bateria fundamental, e um ror de guitarras absolutamente trepidante. O disco continua com pequenos temas de pouco mais de um minuto, onde para além de noise vem até alguma sonoridade mais àspera(alguns laivos de grindcore talvez), mas ao mesmo tempo alguns breaks de guitarra espantosos.

Porque os converge são isto. Nota-se, tanto neste disco como nos anteriores, uma enorme mestria instrumental, que consegue pautar na perfeição e acompanhar o extremismo do seu som. E é com tanto talento junto que a banda consegue temas pequenos em tamanho, mas grandes em intensidade. E é a capacidade de ter tanta referência sonora, tantas mudanças de peso, tanta diversidade que eleva os converge, e também este disco, para um patamar de excelência. Pelo menos instrumental.


No entanto seria idiota pensar que o grupo se ia restringir a dar mais uma lição de bem tocar a toda a gente. E para além das enormes e explosivas bombas, o quarteto sabe ir muito para além do portento sonoro. Para isso cria um tema como "plagues", onde as guitarras são àsperas e recheadas de breaks, mas onde se nota um aprumo melódico, ou como "Grim heart/black rose", provavelmente um dos melhores temas dos converge até agora. com uma base inicialmente melódica(nem que seja para uma pessoa "descansar" para o vá..enxerto de porrada sonoro que esteve a ouvir- embora um daqueles enxertos que nós gostamos-mais coisa menos coisa) a música vai evoluindo em contornos quase progressivos, misturando as guitarras trepidantes com uma voz mais sôfrega(embora não chegando ao nível de alguns dos temas do álbum anterior). È um tema completíssimo, cheio de pequenos requintes e pormenores, e que vale a pena ouvir um bom par de vezes...ou até mais.

È tanto pela enorme capacidade musical que o quarteto tem, como pelo claro talento em criar exercícios de estilo-porque este disco, está repleto deles embora todos com o seu devido e correcto lugar- que "No heroes" consegue alcançar patamares de genialidade. Como tudo aquilo que os converge fazem aliás: são daquelas bandas onde a expressão "tudo onde tocam é ouro" adquire real significado. E, "no heroes" é ouro. Pelo peso, pelo talento, pelas canções. Por tudo.


9/10

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