Thursday, February 01, 2007

Little miss sunshine de Jonathan Dayton e Valerie Faris



Não ter visto este "little miss sunshine" na altura em que estreou, foi um pecado mortal que mereceria umas belas chibatadas. Estava já de tronco nu e de cinto em punho, até que, antes de me autoflagelar, me apercebi que estava a trasado para a faculdade. "Bah pensei eu, está aqui um gajo a querer matar-se porque perdeu um filme de que com certeza iria gostar para ir à fuck...Bem vou ver o "stranger than fiction" ". Não fui pois, mas comprei o Público naquele dia - e apercebi-me que o filme ainda estava em exibição, nomeadamente no saldanha. Preferi no entanto a chibata: e voltamos à estaca zero - tronco nu cinto em punho, até que me lembrei de ir ao site do público ver se o filme ainda poderia estar nalgum cinema esta semana. Touché. O king ainda o exibia.

Esta introdução não serve para nada, senão para dizer que se eu não tivesse conseguido ver "little miss sunshine" , mereceria a quituplicar(e apenas porque não me lembro dos termos acima para adicionar o "duplicar), todas as chibatadas que desse. Todas. A verdade é que este filme é uma pérola familiar feita por dois estreantes. È uma comédia simples, verdadeiramente simpática, que toca em qualquer coração mais incauto: que faz rir, que faz chorar, que faz embevecer, comover, no fundo partilhar as aventuras daquela família meio disfuncional.

È o pai que se diz vencedor, tentando incutir isso aos filhos, mas está na ruína... é a mãe meio psicótica que fuma sem ninguém saber; È o avô ex-militar que snifa coca e vê avidamente revistas pornográficas; È o tio homosexual com tendências suicidas; È o filho que fez um voto de silêncio. E é a filha que quer ser miss com apenas 7 anos. E é na filha que está o cerne da história: esta família inteira vai sair de Albuquerque, Novo méxico, rumo à california para que a miúda de 7 anos possa cumprir o sonho de participar num concurso infantil. Esta é o pretexto para o road-movie que se segue..e que talvez mude de alguma forma aquela família - pelo menos as peripécias que vão acontecendo são mais que suficientes para deixar qualquer pessoa interessada no desenrolar.

Para além do mérito da simpatia com as personagens o filme tem ainda em Abigail Breslin (a pequena miúda de 7 anos que quer ser miss) a grande revelação. Porque para além do adocicado que ela vai transmitindo, conseguimos ver nos olhos da miúda todo o seu sonho, a ilusão infantil e ingénua da beleza que ela possivelmente não terá. No entanto é esta a justificação mais que suficiente para fazer toda a família acreditar no sonho - ou não acreditando nele, pelo menos perceber que se pode viver para além disso.

"Little miss sunshine" é uma comédia em tons dramáticos. Mas, acima de tudo é uma comédia, e que olha com um tom ironizante e farsante a própria vida. E que leva o espectador a sentir-se parte daquela jornada para levar a miúda ao raio do concurso, cheia de miúdas cujos pais são mestres na disfuncionalidade ilusória daquele tipo de competição: aquele tipo de coisa onde podemos dizer "só os americanos". È verdade que carrega em si um pouco do cliché da "família em risco", mas acabado o filme parece-nos que os laços saem mais fortes. E que possivelmente gostaríamos de conhecer esta família num dia qualquer, e falar com ela sobre tudo e sobre nada. Um filme delicodoce que é urgente ver. E pode ser que, por algum milagre da vida, consiga arrebatar o prémio máximo da indústria hollywoodesca - sem estar nada mas nada perto desse mesmo sistema.

9/10

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2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

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12:38 PM  
Blogger Joana C. said...

Uma belíssima surpresa!fico contente que esteja nomeado para os óscares :D

11:19 PM  

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