Luis costa- All those different colors(2006)
Primeiro que nada mea-culpa para mim. Ou então mais que isso. Ok podem mandar vir daí tábuas de madeira para me darem nas costas. A verdade é que o Luis simpaticamente me mandara ,via fórum cibernético, esta sua nova demo. Há quanto tempo? Pois. Desde julho. Atenção, se algum de vós me mandar uma demo ou algo do género eu não vou com certeza ignorar. Simplesmente tinha sido via fórum, e eu desleixei-me..até porque ele não me falou propriamente em compromissos blogosféricos. Era para eu disfrutar da música, sem me preocupar com o resto(e sinceramente é assim que deve ser sempre).
"All those different colors" é a nova demo do músico português, membro integrante dos madcab(baterista) e dos syn-er-gy: é o guitarrista do duo. Se dissermos que ele é um músico multifacetado, não me parece crível que isso cause sifílis a ninguém, por isso vou referi-lo como tal. Até porque cada um dos projectos é amplamente diferente dos outros: os madcab são uma banda de rock dentro de uma definição um pouco mais simplista, os syn-er-gy uma banda acústica, e este projecto a solo...é uma mistura do rock com um ou outro laivo de grunge dos madcab e da simplicidade sonora dos syn-er-gy. Misturado com ambientes claramente post-rock, com algumas ambivalências pop, decorrentes de bandas como uns radiohead por exemplo(os radiohead são pop sim. para mim são, não existe o ridículo termo "alternativo").
Ou seja: luis costa a solo "é" luis costa a solo. Quando referimos uma salganhada de coisas para descrever algo, normalmente esse algo consegue ser perfeitamente descrito desta forma: "único". "Original". È precisamente isso que temos aqui. Um músico apostado em fazer aquilo que quer ouvir. Um músico que decide criar música que conseguisse estar fora daquilo que fez até então, mas sem que nada soasse totalmente diferente. Tentar agarrar o que de melhor tinha nos seus projectos, para depois dar uns pozinhos seus, uma espécie de adorno especial, para que a mistura tivesse um paladar único.
E é isso que ele consegue em excelentes canções como "All those different colors",o tema-título, canção recheada de intensidade e beleza. Ou pela melancolia latente de "circles"(que é a adaptação de uma faixa dos syn-er-gy com o mesmo nome), canção quase sorumbática recheada de apontamentos soturnos, mas ao mesmo tempo com uma vertente perto do onírico, dado os ambientes que se criam. Ou o ritmo pausado de "Changing tides", que acaba numa melodia uptempo, conseguindo quase subverter a motivação embelezadora da canção. E no meio destas tantas outras.
Agora, é claro que há defeitos: antes de mais a produção. Embora aqui se compreenda perfeitamente, já que com certeza que Luis costa não anda a nadar em dinheiro. De qualquer forma estaria errado se dissesse que estas canções não melhorariam mais com uma produção melhor. Depois também a simplicidade de cada tema: alguns talvez demasiado simples mesmo para o meu gosto. No entanto aqui, louve-se a criatividade de quem fez. E não me parece que luis costa tenha obtido um conjunto de melodias simples, só porque não tinha talento para mais. Dizer isso é ridículo e descabido. De qualquer forma lá está: é o meu bitaite a falar.
Fazendo um breve resuminho, a coisa torna-se simples: Luis costa é dos músicos mais honestos que temos por cá. Toda a sua música parece ser um reflexo dele mesmo, nem que seja pelo tipo de abordagem(normalmente mais soturna) que faz aos seus temas. A beleza deles aparece enquanto algo natural, que vai fluindo ao sabor de cada canção. Não é um disco enorme, não é uma obra canónica,tem alguns desvios de percurso pelo meio, mas é uma daquelas coisas que abraçamos com carinho e que não largamos facilmente. Porque coisas belas e puras são muito raras.Esta é, definitivamente, uma delas.
7/10
PS-Em jeito de editing e porque sou um bocado cromo, esqueci-me de dizer que podem adquirir "all those different colors" inteiramente grátes e sem ferir aquela coisa que ninguém conhece-chamada direitos de autor- na seguinte morada: http://www.myspace.com/luiscosta
1 Comments:
Não conheço ainda, mas vou ouvir.
Gostei do post scriptum ;D
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