Tuesday, July 04, 2006

Peeping tom- Peeping tom (2006)



Pronto, no meio de tanta gente a não falar muito bem do moço Patton lá vem alguém defendê-lo. Ou, pelo menos, tentar explicar porque raio "Peeping tom" não é um disco tão fracote, e até algo monótono, como muitos o pintam.

Em primeiro lugar o óbvio: Mike Patton é um génio. Ainda por cima um génio versátil: tanto anda no meio do hip-hop com Rahzel(que contribui para um tema deste disco, o primeiro e mui catchy single "Mojo"), como depois vai ter com os the dillinger escape plan, dar uma perninha ao noisecore quase doentio,mas belíssimo, da banda. claro, já para não falar de mr.bungle, faith no more(onde foi substituir o "bebedolas" do mosely..isto segundo a própria banda), tomahawk, fantômas etc etc etc.

"Peeping tom" era um disco que antes de o ser já o era: tais eram os boatos que o implicavam, que diziam que pessoa x ia entrar nele, que ia aparecer nos escaparates no ano y, entre tantos boatos que houve um período de saturação. Eu pessoalmente, já nem achava possível a concretização de um projecto tão duradouramente adiado, um projecto que quase se assemelhava ao "chinese democracy" dos guns n'roses, num lógico patamar mais baixo de exposição.

Vai daí e Patton lá se decide a andar para a frente com isto. Ora o normal seria que, perante tanta demora e tanto "anda não anda" o disco era mais uma típica obra-prima. Mais um disco recheado de rasgos de génio, de momentos grandiosos, novas sonoridades, a voz de patton em diferentes abordagens, de novas linguagens musicais que fossem uma rotura com aquilo que Patton já fizera.

Pronto, nada disto existe."Peeping tom" é um disco pop: pop com acesso a samples, a sintetizadores, a toda uma panóplia de instrumentos normais numa pop com alguns laivozinhos electrónicos(para mim evidentemente, que acho que música electrónica misturada com pop é nitroglicerina), mas é pop. A voz de Patton faz lembrar certas músicas mais melódicas dos faith no more (vão ouvir os maravilhosos "Everything's ruined" ou "A small victory" e percebem o que quero dizer), os convidados dão o seu toque pessoal aos temas, e pronto. No entanto não há um rasgo absoluto de génio, não há um tema que nos deixe de boca aberta, espantados com a tenacidade e inteligência de Patton ao criar tamanho pedaço sonoro.

Mas... Porque raio queremos que o homem faça sempre obras de arte absolutas? Pusemos a fasquia tão altas que já nem sequer conseguimos apreciar um momento de descontracção do génio. Esperámos tanto por isto, que achámos que "peeping tom" tinha que sair um ícone canónico superior a mozart(exagero evidente), com momentos fantabulásticos e tal e coiso. Já Patton não pode criar momentos sonoros deliciosos, como é "mojo", o primeiro single, com um refrão muitíssimo bom e uma excelente recorrência a beats de hip hop? Ou não pode dizer a norah jones "ah e tal pragueja lá um bocadinho, diz lá motherfucker para toda a gente se rir?"(ela não berra, pragueja, isso foi erro idiota do post abaixo), num tema carregado de ambientes nocturnos, baseados em batidas também relacionadas com o hiphop? Ou não pode fazer "We´re not alone" com outro refrão muito bom, a dignificar a canção pop com vários desvios rock e algumas ambiências que provêm do trip-hop?

Pode. "Peeping tom" é um disco pop, com recursos ao rock, trip-hop e ao hip-hop sim senhor, mas não deixa de ser pop. "Peping tom" foi o disco que Patton quis fazer, o disco onde lhe apeteceu descontrair um pouco, e dar aos seus habituais ouvintes alguns momentos de normal rambóia enquanto não volta a fazer um disco mais elaborado. Se algumas pessoas ficaram decepcionadas eu percebo: agora "peeping tom" não é um mau disco em lado nenhum, bem pelo contrário: tem óptimos momentos, canções catchy e de ambiências variadas, e uma personalidade a ele inerente. não é a perfeição absoluta, mas é um bombom especial para o calor que (esperemos) há de vir aí. È o imaginar uma sala de espera...mas em vez de termos aquelas cadeiras podres, uma empregada rabujenta,gorda e com barba, e um cheirete a mofo, apanhamos com um par de belas senhoras a abanarem-nos com aquelas palas havaianas ou o que é aquilo, e nós sentados naquelas cadeiras que se alongam, no meio da praia(vá imaginem uma sala de espera ao pé do mar faxabôr), a beber a nossa caipirinha(olha um dos temas do disco, provavelmente o mais exótico) . E isso é bom não é?

7/10

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Concordo sim senhor contigo. O povo musicólogo habitua-se a dizer "eia cun carago, este gajo quando morrer, vai pó pé do Frank Zappa" ou "Eish...Mike Patton? Tudo o que ele toca torna-se ouro! (musicalmente e tal)".

E quando o sr quer descansar, lá lhe dão o safanão do 4/10 e 5/10 (senao mais baixo). Mas pronto, para quem não liga pevas a isso, toca a ouvir e a olhar pras belas mulheres na praia xP

P.S.- Fãs de M.Patton, vejam também Devin Townsend, tanto discos a solo como projectos paralelos (como S.Y.Lad). É outro Génio, garanto-vos ;)

Bom trabalho*
Abraço

8:29 PM  
Blogger gonn1000 said...

Ouve-se, mas não convence muito. Não é mau, apenas mediano, mas não deixa de ser um para acumular pó na prateleira.

9:54 PM  
Blogger João D. said...

por acaso discordo gonn precisamente porque o disco consegue ser bastante agradável à audição. È possivelmente dos trabalhos mais fracos do patton concordo...mas é um bom disco para desanuviar, um entretenimento de excelente qualidade. e muitas vezes isso é o mais importante. Pelo menos para mim.

10:27 PM  
Blogger Avelino said...

É um bom disco para uma festa cool entre amigos ou uma viagem de carro sozinho.

9:48 AM  

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