A pirataria e downloadagem e o caraças.
Como devem saber espero eu, esta é a capa do primeiro disco dos madcab: "keeping wounds open". Coloco-o como cabeçalho por possivelmente ser um dos caminhos possíveis para o mundo musical: a autopromoção de cada banda. Ainda assim, digo desde já que não sei qual é a posição dos madcab em relação à pirataria, e que evidentemente estar aqui a foto da banda, não significa que ela esteja de acordo com o conteúdo do artigo...ermm ainda nem o leu e tal. Já agora nenhuma das outras bandas aqui expostas, toma posição particular neste artigo. Eu é que as fui roubar feito maluco.
Digo sinceramente: por ser uma coisa tão batida e tão discutida, e esmifrada até à exaustão, nunca me deu grande paciência para falar de um modo mais sério sobre as questões da pirataria. Pelo menos para colocar aquilo que penso e sinto, de um modo escrito, completamente explícito, que permita a qualquer um ver a minha posição. Não que eu seja propriamente a pessoa mais importante do esférico chamado Terra, mas caguei, o blog é meu. Adiante.
Os downloads ilegais e a questão da pirataria são, de longe, a melhor forma de divulgação que a música já conheceu. Quantas bandas já um gajo não mirou e escutou à pala de ter lido/ouvido/topado recomendação de alguém? Eu falo por mim: possivelmente centenas. Querem nomes? Pelican, Sunn 0))), Broken Social Scene, Tv on the radio, Envy, já para não falar de montões de bandas portuguesas, tais como men eater, aside, madcab, Linda Martini, entre tanta coisa mais...e muita desta gente já tem visão suficiente para editar as coisas por si, sem lamentos e queixumes, sem sequer querer dinheiro pela sua arte.
Riding panico - capa do ep de 2007
Não nos iludamos minha gente: quem são as pessoasque andam a clamar contra os downloads ilegais? Por aquilo que se vê pela Tv são os tozés britos desta vida (e digo desde já que foi por ele que decidi escrever isto), os músicos já completamente situados no panorama musical nacional, que andaram durante muitos anos a viver à custa de quem lhe comprava os discos. Vida regalada e não censurável, no entanto desabituaram-se a lutar para que as coisas apareceram. Não vamos pedir a uns fingertips, ou a gente já mais velhota como um fernando tordo ou aos xutos para irem de carrinha velha tocar em sítios muitas vezes de extrema manhosidade, a favor da sua arte. Ou vamos? O caso do tordo ainda é comó outro: é um problema de se estar ultrapassado, e não se conseguir corresponder às necessidades do mercado. Agora os outros dois casos só pode ser mesmo por conformismo.
A verdade é que não é pelos downloads ilegais que as bandas deixaram de aparecer: por cá temos excelentes bandas novas como os já citados linda martini, madcab e man eater, mas também aside, humble, for the glory, if lucy fell, riding panico, dapunksportif, bringing the day home, ou chemical wire. Entre mais não sei quantas que poderia perfeitamente enunciar. caso curioso: ninguém fala delas como vítimas de pirataria, ninguém fala delas ponto. anda tudo preocupado com música que não interessa nem ao homem das barbas que costuma aparecer por alturas do nascimento de Jesus, e aquelas bandas que são verdadeiramente novas (e não a "nova música" dos the presentes, ou a outra dos boite qualquer coisa, que é meio parva embora se coma- mas enfim nada de muito particular acrescenta ao nosso panorama musical) caga-se lá nelas, são novas demais.
Aqui entramos na hipocrisia das rádios, sobretudo numa com um número, e uma antena, a Antena3 pois claro. Ponto um: é a menos má das rádios nacionais. Ponto dois: é a rádio mais convencida que é a melhor de Portugal inteiro, só porque consegue passar música nova de muita coisa pseudo-alternativa, mas que afinal é bem mainstream (o que é the gift, loto, mesmo blasted mechanism ou até clã?). Onde estava ela quando por exemplo vieram cá tocar more than a thousand ou clube lua, com mais 3 bandas PORTUGUESAS? ou mesmo ao concerto do garage dos mais de mil(onde havia também easyway e my cubic emotion)? Ou em twenty inch burial com if lucy fell(penso eu de que) e fiona at forty? em pelican, onde havia linda martini e riding panico? Enfim... quando muito algumas destas bandas aparecem à laia de bilhete postal enquanto curiosidade, mas raramente levadas a sério. e isso, muito honestamente, fode-me.
E indo ao encontro do incrível disparate que Tozé Brito disse à revista Tabu, do semanário sol: falou muito bem dos sites de download pago, até aqui certíssimo o homem é que sabe. Mas já acha ridículo a pessoa dizer que aquilo é caro porque "normalmente só quer 3/4 músicas. Isso não é caro", afirmou ele todo contentezinho da vida. Pois não não é caro, mas eu sinceramente senti-me insultado com aquela afrmação: ele estava a falar para a maioria da população portuga que "ah e tal aquela música da nelly furtado que passa na tv é toda gira, arranja-ma aí". Agora para aqueles que, como eu, sentem um disco, têm o prazer de o ouvir por inteiro, arranjam bases para o poder definir e criticar devidamente, para lhe dar(ou não) uma nota final, qe puta de sentido faz isso? qualquer pessoa que goste verdadeiramente de música não vai sacar só umas 3 ou 4 músicas, a menos que já tenha ouvido o disco todo, e só tenha gostado daquelas. Um álbum a sério é para se ouvir inteiro, e não às mijinhas. Mas isso não parece que o Tozé Brito saiba. E agora digam-me lá se um álbum a 10/15 euros como no itunes não é caro. Para o comum portuga é. Portanto aqui acabou-se a conversa.
albert fish- banda portuga de street-punk para quem anda praí ignorante e o caraças) ao vivo num sítio qualquer e tal
A treta da desculpa da pirataria, serve no sentido em que agora é preciso ter trabalho e puxar pela cabeça para arranjar mecanismos alternativos. As editoras, as gigantes que gostam da bela da ditadura, estão-se a ver à rasca com esta democratização. as bandas que não precisam de divulgação nem de verdadeiro apoio, clamam para que as pessoas não lhes arruinem o negócio. Tozé Brito fala dos atentados terroristas, e do dinheiro que foi ganho à custa da pirataria pela al-qaeda no 11 de março. certíssimo, mas eu não compro discos na feira, e num site de downloads ilegais não há qualquer tipo de lucro. Os discos de que gosto por norma não costumam aparecer nas bancas de feira, e sinceramente preferia fazer o download ilegal a ir comprá-los lá. De qualquer forma continuo a ter muito prazer em ir comprar discos à loja, normalmente promoções ou coisas em segunda mão (mais que dez euros nicles!).
Simples: Tozé Brito e companhia, é acordar, ver de facto que anda por aí que valha a pena e parar com o muro das lamentações. Eu não quero saber se um luís represas já não pode comprar aquele barco todo giro só por causa dos downloads ilegais. quero é ver música de qualidade, bandas que lutam arduamente por um lugar ao sol, a serem recompensadas. Curiosamente dessas nunca se ouviu uma palavra de lamento em relação à pirataria. O mundo é giro não é?
(um bocado revolucionária a imagem, mas por enquanto não tenho outro remédio senão apoiar o download ilegal de música)
1 Comments:
completamente apoiado!!
em tudo!! ;)
abraço
johnny MCE
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