Monday, October 23, 2006

Marie Antoinette de Sofia coppola (2006)



Vamos actualizar a abordagem de Sofia coppola, e tentar trazer Maria Antonieta para os dias de hoje: pita ke xcrvria maix ou menuhx axim tanto no móvel como na intermete, arranjava uns quantos tipos mais velhos para comer nas horas vagas, e andaria com mini saias e brutos decotes mesmo em dias com temperaturas de menos de 4 graus.
Estão a acompanhar? Agora imaginem dizer a uma pita dessas "ah e tal estás prometida ao futuro rei de França, e vais ter que ir para lá agora...e depois vais ser tu a governar o reino e a tomar algumas decisões juntamente com o teu marido". Marido que seria um puto inseguro que jogaria playstation à cara podre, e teria medo de falar às miúdas.

No fundo é isto que Coppola quer que nós façamos. Que consigamos estabelecer um paralelismo com o agora. Com o colocar alguém dos nossos dias numa posição daquelas. Porque no fundo a essência da adolescência não muda com os anos: os contextos sim,mas a essência não. Tanto Maria Antonieta como Luís XIV não eram mais que adolescentes..que jovens cujas vidas estavam praticamente a começar. E que depois tinham todas as pressões do mundo para que fossem o casal perfeito. Os governantes perfeitos. Os pais perfeitos. Tudo cabia para os colocar num patamar de absoluto esmero em tudo o que tinham que fazer.

È precisamente dentro deste esmero que cabem aquele deitar com tanta gente a assistir, e com o pai do príncipe a mandar a bonita dica do "boa sorte com o trabalho" ou lá o que foi. Ou aquele acordar cheio de gente, com um conjunto de concepções estratificadas, que obrigaram a princesa a esperar não sei quanto tempo para finalmente poder vestir a túnica. Ou as bocas que andavam no palácio porque a princesa não conseguia agradar ao príncipe, para que ele pudesse sentir desejo por ela. no fundo era toda uma aura de perfeição.


Ora a rainha era uma adolescente. surge-nos primeiro ainda criança, com o cãozinho com um ar simpático nos braços, a ser levada para França, sem sequer poder levar o desgraçado do bicho. depois tem a predilecção por jogos, por mexericos...começam os bolos, os sapatos que encantavam a princesa, até ao amor que é descoberto através de um conde qualquer, já coroada rainha. no fundo todos os patamares da adolescência são desbravados...e o povo francês a passar fome. Mas isto nem preocupava a princesa que os mandava comer bolos. Vivia ali isolada, fechada num mundo que nem era mundo..e o primeiro contacto com a verdadeira realidade é quando num grande plano, que depois se transforma em plano aproximado, vemos a rainha a surgir numa das varandas de versalhes com o povo cheio de tochas, num dos momentos mais grandiosos do filme.

Outra coisa que causou muita curiosidade no filme, foi a sua banda sonora. È normal: não é comum vermos um filme de época com new order, e até uma cançãozinha manhosa dos strokes. Mas a verdade é que resultam bem(se tirarmos os strokes pois), tendo em conta a adolescência da rainha, da sua tenra idade, da quase ingenuidade, da candura, tudo tão bem personificado por kirsten dunst. A música consegue personificar precisamente a perdição da rainha em relação a todo o mundo fútil em que vive, mas onde em parte também a deixam viver. No fundo tudo aquilo nos revolta, mas também ficamos irritados por ninguém perceber que tanto o rei como a rainha eram uns putos.

Sendo conciso: o grande objectivo de coppola era mostrar a adolescência em forma de biografia régia. Pegar em Maria Antonieta e mostrá-la como nunca ninguém a tinha visto: uma miúda, uma pita. Isto foi amplamente conseguido. Kirsten dunst está perfeita e Jason schwartzman, brilhante enquanto rapazote inseguro...aliás a primeira vez em que eles fazem o amor é imensamente deliciosa, pela típica insegurança adolescente que possui. O único problema do filme talvez seja o seu exagero estético quando cria cenários de quase videoclip...e se esquece de por vezes de que é realmente um filme. Há alturas em que as cenas surgem quase partidas, algo fragmentadas entre si, embora nunca surjam absolutamente desenquadradas.

No entanto também acho que Copolla podia ter ido ao fundo da questão, e mostrar a guilhotina. Até poderia pôr aquele som do vicious five quando o quim grita "bring us the guillotine!", para dar um sentido mais radical à cena. Quero com isto dizer que acho que a realizadora podia ter arriscado ainda mais, que não se tinha perdido nada.
Assim como não arriscou tudo, pode-se dizer que "Marie Antoinette" é um daqueles filmes que cumpre muito bem os seus objectivos. Não os consegue é ultrapassar, o que não deixa de ser uma pena. de qualquer forma é um óptimo filme, com pormenores deliciosos, uma banda sonora a condizer, e uma maneira diferente tanto de ver um filme de época, como um filme biográfico.

8/10

2 Comments:

Blogger Joana C. said...

Ahhh, sempre deste 8/10, lindo menino!
Como já sabes adorei o filme, acho que está lindíssimo. Não só a ideia de fazer um filme histórico com toquezinhos modernos é excelente, como a Sofia Coppola está a filmar cada vez melhor. E depois são os cenários, a banda-sonora,as interpretações.é tudo muito belo!
Espero revê-lo muito em breve!

10:58 PM  
Blogger catavento said...

bem com este 8/10 dado por ti, acho que vou meter os pés numa sala qualquer só para comprovar...

8:58 PM  

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