CONTRATEMPOS
REAIS VIBRAÇÕES
Os Contratempos são dos poucos projectos em Portugal que produz ska revivalista. Falou-se com a ,muito comunicativa, banda que nos relatou histórias de formação, do próprio ska e de diferenças entre o ska mais puro e a sua fusão com outros géneros. Sempre numa toada honesta e sincera. A conferir pelas palavras do guitarrista Alex e do teclista Luís:
Qual é a génese deste projecto?
Antes de mais, obrigado pela entrevista! É sempre bom que alguém nos deixe contar a nossa própria versão das coisas! Ora, tudo começou quando eu (Alex, guitarra) conheci o André (bateria), na primavera de 2003. Descobrimos que ambos gostávamos dos mesmos estilos, e com a mesma devoção. Daí a começarmos a tocar juntos foi um instante. Decidimos fazer uma banda de tributo a uma das nossas mais fervorosas paixões musicais: The Clash. Os melhores amigos do André também andavam nas lides musicais, e acabaram por alinhar naturalmente. Foi assim que convidámos a Teresa (baixo). O Luís (teclas) costumava aparecer para dar uns toques de guitarra. Depois surgiu o Festival Ska Explosion em Barcelona, que fomos ver e que nos marcou bastante. Falando por mim, desde que comecei a tocar em bandas sempre quis tocar Ska tradicional, e nunca me tinha surgido a oportunidade por falta de músicos dispostos a tal. Porém, cedo descobri que naquela banda onde andavamos a imitar os Clash, havia o potencial para tocar o tão ansiado estilo. Desta forma, quase que espontaneamente, começámos a subtituir "White Riot" ou "I Fought the Law" por "Guns of Navarone" e "Rudy, a Message to You". Depois os músicos foram-se integrando pouco a pouco, à base que a Teresa, o André, o Johnny (sax) e o Luís (teclas) conformámos no início.
Vocês têm uma formação numerosa. Penso eu que, sendo algo normal para o género que praticam, ainda assim deve ser complicado por vezes. Como é que se conseguem arrumar em palco? E como é que conseguem gerir as diferentes personalidades de cada pessoa?
Boa pergunta. Em palco não é assim tão difícil. O único problema é que todos gostamos de ficar à frente! (risos) Mas como não dá para todos, acabamos por instituir o factor voz como condição preferencial. Isto é, quem canta fica à frente e quem não canta fica atrás. Por isso é que, exceptuando o baterista e a baixista, todos ficam à frente! Ora, a questão da personalidade é mais difícil. No início eu era extremamente exigente e teimoso. Nem sei como é que o pessoal me aturava. Agora é tudo muito mais simples: Desde que a nossa anterior vocalista saíu, o clima de paz e harmonia é muito mais palpável. Ainda há alguns choques de vez em quando, como é óbvio, sobretudo quando se trata de compôr, ou arranjar mas isso parece-me a mim que é absolutamente inevitável. Funcionamos muito na base da democracia, e valorizamos a opinião de cada membro, se bem que existem ocasiões concretas em que alguém tem de se impôr, tomar uma determinação firme e os outros simplesmente acatam. Já calhou ao baterista, ao saxofonista, ou a mim, por exemplo.
Como surgiu a oportunidade para fazerem o disco? Como foi o posterior contacto com a rastilho, para efeitos de distribuição?
A oportunidade de gravar o disco foi um pouco um milagre. O André (baterista) conheceu o João Mendes, o nosso actual vocalista, e 2 dias depois estávamos no estúdio caseiro dele a gravar! Foi um altruísmo do Mendes, daqueles que já não se usam hoje em dia. Tivemos muita sorte nesse aspecto, mesmo tendo em conta que as condições do estúdio eram muito precárias. A Rastilho contactou-nos quando ainda nem tinhamos o CD pronto, e eles nem tinham ouvido o disco sequer, o que nos parece ser muito bom.Mais tarde, quando ouviram o nosso CD, confirmou-se o interesse da parte deles, o que para nós é um passo importantissimo na divulgação do nosso projecto.
Como foi o processo de composição do álbum?
Foi aos poucos. Quando demos o nosso primeiro concerto apenas tínhamos um tema, mas ao longo dos meses que transcorreram até a gravação, fomos sempre escrevendo mais temas, sem ter em vista o objectivo do disco, mas sim o de constituir um repertório nosso em detrimento das covers. Contudo, houve músicas que "floresceram" no auge do trabalho do estúdio, como "Eu não sou de cá", que foi feita lá dentro, precisamente. E isto para não falar em algumas das letras que, devido aos problemas que tivemos com a nossa ex-vocalista, tiveram de ser "re-escritas" de emergência, em cima do joelho, já mesmo no final das gravações. Um stress brutal, mas uma grande satisfação ao mesmo tempo.
Em relação a influências, quais são as maiores da banda?
Como banda, a nossa maior influência é mesmo o Ska e o Rocksteady que se fez na Jamaica na gloriosa década de 60. As gravações de editoras como Studio One, Tresure Isle ou Trojan, por nomear só algumas, foi o que realmente nos motivou a criar a banda. Somos todos adoradores de Skatalites e de Slackers, e seguimos de perto tudo o que rodeia a cultura Ska actualmente, com todas essas grandes bandas que surgem no panorama revivalista, no qual nos inserimos. Alguns na banda são mais agarrados do que outros, chegando a ser mesmo viciados, outros puxam mais para o jazz ... mas tirando os gostos mais específicos de cada um (será que há alguém que não os tenha?!) temos basicamente uma ampla gama de influências comuns, o que facilita muito as coisas quando toca escrever canções.
Como vês a evolução do ska/rocksteady a nível mundial?
Como disse ainda agora, a cena Ska revivalista mundial está de muito boa saúde. Há bandas realmente fabulosas lá fora que não param de lançar discos, e que se empenham em manter vivo um estilo com mais de 4 décadas! Existe muita merda também, é preciso admitir: Principalmente bandas que não se esforçam minimamente por acrescentar qualquer coisinha (por mais ínfima que seja) ao mesmo Ska, que tantas outras bandas reproduzem, e que também não se preocupam em dizer qualquer coisa de relevante nas suas letras, acabando por perpetuar o preconceito que existe em muitas cabeças, e que reza que Ska é "música de circo". Em países onde a cena Ska está altamente evoluída, podes notar isto claramente. Na Alemanha, por exemplo, onde o movimento Ska Europeu que existe hoje em dia (e que é fortíssimo, diga-se de passagem) foi criado, graças ao trabalho árduo de bandas como Dr Ring Ding and The Senior All Stars, tens actualmente um monte de bandas que não valem um corno.
Mas felizmente existem muitas outras, que não têm medo de fazer o Ska dito "tradicional", evoluir por temor a que perca a sua essência revivalista. Tens o caso dos Slackers (líder imbatível do Ska mundial), que metem cítaras e violinos nos discos deles quando lhes apetece, e não param de surpreender em cada novo álbum. Tens também o Chris Murray que é um "One Man Ska Band", fazendo os concertos acompanhado apenas pela sua guitarra, contrariando a lógica das bandas de Ska com um monte de músicos, e que teve tomates para gravar um disco usando apenas um Walkman. Tens ainda o Victor Rice (que também admiramos bastante) que, além de produzir alguns dos melhores discos de Ska dos últimos tempos, lança brutais discos a solo com arranjos insólitos. Enquanto houver gajos destes na cena Ska, tenho a certeza que isto nunca vai morrer.
Ainda há pouco tempo, numa entrevista com os triplet, eles disseram-me que "A seguir ao Funk, acho que é o género mais tocado por bandas de garagem." O ska tem assim tantas bandas a praticá-lo?
Essa questão é pertinente, e um pouco disparatada! Em Portugal não existe uma "cena ska", e nós queremos mudar isto. Nós queremos mostrar a este país todo um conjunto de estilos musicais que surgiram na Jamaica nos anos 60, como o ska tradicional, o rocksteady e o skinhead reggae! O que muita gente não percebe, é que em Portugal simplesmente NÃO HÁ bandas de ska tradicional! O revivalismo de ska autêntico da Jamaica é tocado por nós, e por uma banda que de vez enquanto se junta com músicos de formação jazzistica: os SKAZZ. Todas as outras bandas que se dizem de ska, tocam música com influências ska, que é muitas vezes apenas a guitarra em contratempo a uma velocidade acelerada. Bandas de skacore e ska-punk, são mais frequentes, mas não são bandas de ska original! E com isto não quero denegrir nenhum estilo musical, simplesmente não gostamos que se misturem as coisas.
Bandas de funk que eu conheça em Portugal há 2: Mr. Lizard num registo instrumental, e os Funkoffandfly num registo mais dancefloor. O funk e o soul dos anos 60 é muito raro cá em Portugal, senão mesmo inexistente! Ainda recentemente fui ver com o Alex e o baterista um concerto no Santiago Alquimista, de SHARON JONES & THE DAP-KINGS e foi uma cena alucinante. Nunca vi em Portugal nada assim, por isso posso sem problemas afirmar que é um pouco disparatado dizer que o funk e o ska são os 2 estilos musicas mais tocados por bandas de garagem em Portugal. Não faz qualquer sentido.
Ainda há poucos dias deram um concerto de apresentação no santiago alquimista. Quais foram as impressões gerais?
O concerto no Santiago Alquimista correu muito bem para nós, em termos de desempenho porque estávamos bem ensaiados. Os únicos problemas da noite foram o preço de entrada (5 chapas), e o facto de não nos terem deixado tirar as mesas do meio da sala. Porque afinal de contas, nós tocamos para dançar. Já dizia um sábio musical dos nosso tempos: "Ska, is dance music!". De qualquer maneira, havia muita gente a dançar onde podia, e no geral foi positivo. Digamos que já houve concertos melhores!
Agora, presumo que vão tentar divulgar o disco o mais possível. Já têm muitos concertos agendados?
Agendar concertos nem sempre é fácil, não por faltarem oportunidades, mas por muitas vezes não se reunirem as condições necessárias, como o som (que para uma banda numerosa como a nossa é sempre complicado) e as despesas pagas. Quando vamos tocar fora de Lisboa é o minimo que exigimos, que não tenhamos despesas pessoais com isso. A mentalidade portuguesa é que, como as bandas curtem é tocar e é tudo muito giro, não é preciso pagar-lhes! "Toquem por amor à música! Sejam humildes!". Sim! nós curtimos é tocar, mas também investimos o nosso tempo para fazer isto, e como qualquer trabalho, gostamos de ser pagos! Como disse uma vez o nosso baterista, se tu chamas um carpinteiro para te fazer um trabalho em casa, não deixas de pagar ao carpinteiro só porque ele tem amor à madeira! Nós amamos música, mas se alguém lucra com ela, então devemos ser nós os primeiros a fazê-lo. Nós temos felizmente muitas propostas para concertos, e neste momento queremos é espalhar o ska por Portugal inteiro, e mostrar o nosso disco! Para consultar onde a banda vai tocar é só ir à secção de concertos do nosso site (http://contratempos.no.sapo.pt) que eu actualizo diariamente.
site oficial
Os Contratempos são dos poucos projectos em Portugal que produz ska revivalista. Falou-se com a ,muito comunicativa, banda que nos relatou histórias de formação, do próprio ska e de diferenças entre o ska mais puro e a sua fusão com outros géneros. Sempre numa toada honesta e sincera. A conferir pelas palavras do guitarrista Alex e do teclista Luís:
Qual é a génese deste projecto?
Antes de mais, obrigado pela entrevista! É sempre bom que alguém nos deixe contar a nossa própria versão das coisas! Ora, tudo começou quando eu (Alex, guitarra) conheci o André (bateria), na primavera de 2003. Descobrimos que ambos gostávamos dos mesmos estilos, e com a mesma devoção. Daí a começarmos a tocar juntos foi um instante. Decidimos fazer uma banda de tributo a uma das nossas mais fervorosas paixões musicais: The Clash. Os melhores amigos do André também andavam nas lides musicais, e acabaram por alinhar naturalmente. Foi assim que convidámos a Teresa (baixo). O Luís (teclas) costumava aparecer para dar uns toques de guitarra. Depois surgiu o Festival Ska Explosion em Barcelona, que fomos ver e que nos marcou bastante. Falando por mim, desde que comecei a tocar em bandas sempre quis tocar Ska tradicional, e nunca me tinha surgido a oportunidade por falta de músicos dispostos a tal. Porém, cedo descobri que naquela banda onde andavamos a imitar os Clash, havia o potencial para tocar o tão ansiado estilo. Desta forma, quase que espontaneamente, começámos a subtituir "White Riot" ou "I Fought the Law" por "Guns of Navarone" e "Rudy, a Message to You". Depois os músicos foram-se integrando pouco a pouco, à base que a Teresa, o André, o Johnny (sax) e o Luís (teclas) conformámos no início.
Vocês têm uma formação numerosa. Penso eu que, sendo algo normal para o género que praticam, ainda assim deve ser complicado por vezes. Como é que se conseguem arrumar em palco? E como é que conseguem gerir as diferentes personalidades de cada pessoa?
Boa pergunta. Em palco não é assim tão difícil. O único problema é que todos gostamos de ficar à frente! (risos) Mas como não dá para todos, acabamos por instituir o factor voz como condição preferencial. Isto é, quem canta fica à frente e quem não canta fica atrás. Por isso é que, exceptuando o baterista e a baixista, todos ficam à frente! Ora, a questão da personalidade é mais difícil. No início eu era extremamente exigente e teimoso. Nem sei como é que o pessoal me aturava. Agora é tudo muito mais simples: Desde que a nossa anterior vocalista saíu, o clima de paz e harmonia é muito mais palpável. Ainda há alguns choques de vez em quando, como é óbvio, sobretudo quando se trata de compôr, ou arranjar mas isso parece-me a mim que é absolutamente inevitável. Funcionamos muito na base da democracia, e valorizamos a opinião de cada membro, se bem que existem ocasiões concretas em que alguém tem de se impôr, tomar uma determinação firme e os outros simplesmente acatam. Já calhou ao baterista, ao saxofonista, ou a mim, por exemplo.
Como surgiu a oportunidade para fazerem o disco? Como foi o posterior contacto com a rastilho, para efeitos de distribuição?
A oportunidade de gravar o disco foi um pouco um milagre. O André (baterista) conheceu o João Mendes, o nosso actual vocalista, e 2 dias depois estávamos no estúdio caseiro dele a gravar! Foi um altruísmo do Mendes, daqueles que já não se usam hoje em dia. Tivemos muita sorte nesse aspecto, mesmo tendo em conta que as condições do estúdio eram muito precárias. A Rastilho contactou-nos quando ainda nem tinhamos o CD pronto, e eles nem tinham ouvido o disco sequer, o que nos parece ser muito bom.Mais tarde, quando ouviram o nosso CD, confirmou-se o interesse da parte deles, o que para nós é um passo importantissimo na divulgação do nosso projecto.
Como foi o processo de composição do álbum?
Foi aos poucos. Quando demos o nosso primeiro concerto apenas tínhamos um tema, mas ao longo dos meses que transcorreram até a gravação, fomos sempre escrevendo mais temas, sem ter em vista o objectivo do disco, mas sim o de constituir um repertório nosso em detrimento das covers. Contudo, houve músicas que "floresceram" no auge do trabalho do estúdio, como "Eu não sou de cá", que foi feita lá dentro, precisamente. E isto para não falar em algumas das letras que, devido aos problemas que tivemos com a nossa ex-vocalista, tiveram de ser "re-escritas" de emergência, em cima do joelho, já mesmo no final das gravações. Um stress brutal, mas uma grande satisfação ao mesmo tempo.
Em relação a influências, quais são as maiores da banda?
Como banda, a nossa maior influência é mesmo o Ska e o Rocksteady que se fez na Jamaica na gloriosa década de 60. As gravações de editoras como Studio One, Tresure Isle ou Trojan, por nomear só algumas, foi o que realmente nos motivou a criar a banda. Somos todos adoradores de Skatalites e de Slackers, e seguimos de perto tudo o que rodeia a cultura Ska actualmente, com todas essas grandes bandas que surgem no panorama revivalista, no qual nos inserimos. Alguns na banda são mais agarrados do que outros, chegando a ser mesmo viciados, outros puxam mais para o jazz ... mas tirando os gostos mais específicos de cada um (será que há alguém que não os tenha?!) temos basicamente uma ampla gama de influências comuns, o que facilita muito as coisas quando toca escrever canções.
Como vês a evolução do ska/rocksteady a nível mundial?
Como disse ainda agora, a cena Ska revivalista mundial está de muito boa saúde. Há bandas realmente fabulosas lá fora que não param de lançar discos, e que se empenham em manter vivo um estilo com mais de 4 décadas! Existe muita merda também, é preciso admitir: Principalmente bandas que não se esforçam minimamente por acrescentar qualquer coisinha (por mais ínfima que seja) ao mesmo Ska, que tantas outras bandas reproduzem, e que também não se preocupam em dizer qualquer coisa de relevante nas suas letras, acabando por perpetuar o preconceito que existe em muitas cabeças, e que reza que Ska é "música de circo". Em países onde a cena Ska está altamente evoluída, podes notar isto claramente. Na Alemanha, por exemplo, onde o movimento Ska Europeu que existe hoje em dia (e que é fortíssimo, diga-se de passagem) foi criado, graças ao trabalho árduo de bandas como Dr Ring Ding and The Senior All Stars, tens actualmente um monte de bandas que não valem um corno.
Mas felizmente existem muitas outras, que não têm medo de fazer o Ska dito "tradicional", evoluir por temor a que perca a sua essência revivalista. Tens o caso dos Slackers (líder imbatível do Ska mundial), que metem cítaras e violinos nos discos deles quando lhes apetece, e não param de surpreender em cada novo álbum. Tens também o Chris Murray que é um "One Man Ska Band", fazendo os concertos acompanhado apenas pela sua guitarra, contrariando a lógica das bandas de Ska com um monte de músicos, e que teve tomates para gravar um disco usando apenas um Walkman. Tens ainda o Victor Rice (que também admiramos bastante) que, além de produzir alguns dos melhores discos de Ska dos últimos tempos, lança brutais discos a solo com arranjos insólitos. Enquanto houver gajos destes na cena Ska, tenho a certeza que isto nunca vai morrer.
Ainda há pouco tempo, numa entrevista com os triplet, eles disseram-me que "A seguir ao Funk, acho que é o género mais tocado por bandas de garagem." O ska tem assim tantas bandas a praticá-lo?
Essa questão é pertinente, e um pouco disparatada! Em Portugal não existe uma "cena ska", e nós queremos mudar isto. Nós queremos mostrar a este país todo um conjunto de estilos musicais que surgiram na Jamaica nos anos 60, como o ska tradicional, o rocksteady e o skinhead reggae! O que muita gente não percebe, é que em Portugal simplesmente NÃO HÁ bandas de ska tradicional! O revivalismo de ska autêntico da Jamaica é tocado por nós, e por uma banda que de vez enquanto se junta com músicos de formação jazzistica: os SKAZZ. Todas as outras bandas que se dizem de ska, tocam música com influências ska, que é muitas vezes apenas a guitarra em contratempo a uma velocidade acelerada. Bandas de skacore e ska-punk, são mais frequentes, mas não são bandas de ska original! E com isto não quero denegrir nenhum estilo musical, simplesmente não gostamos que se misturem as coisas.
Bandas de funk que eu conheça em Portugal há 2: Mr. Lizard num registo instrumental, e os Funkoffandfly num registo mais dancefloor. O funk e o soul dos anos 60 é muito raro cá em Portugal, senão mesmo inexistente! Ainda recentemente fui ver com o Alex e o baterista um concerto no Santiago Alquimista, de SHARON JONES & THE DAP-KINGS e foi uma cena alucinante. Nunca vi em Portugal nada assim, por isso posso sem problemas afirmar que é um pouco disparatado dizer que o funk e o ska são os 2 estilos musicas mais tocados por bandas de garagem em Portugal. Não faz qualquer sentido.
Ainda há poucos dias deram um concerto de apresentação no santiago alquimista. Quais foram as impressões gerais?
O concerto no Santiago Alquimista correu muito bem para nós, em termos de desempenho porque estávamos bem ensaiados. Os únicos problemas da noite foram o preço de entrada (5 chapas), e o facto de não nos terem deixado tirar as mesas do meio da sala. Porque afinal de contas, nós tocamos para dançar. Já dizia um sábio musical dos nosso tempos: "Ska, is dance music!". De qualquer maneira, havia muita gente a dançar onde podia, e no geral foi positivo. Digamos que já houve concertos melhores!
Agora, presumo que vão tentar divulgar o disco o mais possível. Já têm muitos concertos agendados?
Agendar concertos nem sempre é fácil, não por faltarem oportunidades, mas por muitas vezes não se reunirem as condições necessárias, como o som (que para uma banda numerosa como a nossa é sempre complicado) e as despesas pagas. Quando vamos tocar fora de Lisboa é o minimo que exigimos, que não tenhamos despesas pessoais com isso. A mentalidade portuguesa é que, como as bandas curtem é tocar e é tudo muito giro, não é preciso pagar-lhes! "Toquem por amor à música! Sejam humildes!". Sim! nós curtimos é tocar, mas também investimos o nosso tempo para fazer isto, e como qualquer trabalho, gostamos de ser pagos! Como disse uma vez o nosso baterista, se tu chamas um carpinteiro para te fazer um trabalho em casa, não deixas de pagar ao carpinteiro só porque ele tem amor à madeira! Nós amamos música, mas se alguém lucra com ela, então devemos ser nós os primeiros a fazê-lo. Nós temos felizmente muitas propostas para concertos, e neste momento queremos é espalhar o ska por Portugal inteiro, e mostrar o nosso disco! Para consultar onde a banda vai tocar é só ir à secção de concertos do nosso site (http://contratempos.no.sapo.pt) que eu actualizo diariamente.
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