Sunday, January 28, 2007

O QUE O PEQUENO ALBERGUE À BEIRA MAR TEM POR AÍ...

Peixe musical fresco. Ou não. Coisas a que eu devia ter dado mais atenção no decorrer de 2006 e que agora vou falar delas. E coisas giras de 2007 Evoluções e assim. Bandas novas e concertos aí a estalar. E coisas do género. Dentro do nosso pequrenino T0 engalfinhado aqui à beira-mar. Aqui vai a primeira pescada:

MADCAB



Os tipos lisboetas que, de início, eram um bocado acusados pela faceta grunge, vão editar o álbum de estreia. Chamar-se-à "keeping wounds open" e os quatro temas em escuta denotam algo desde já: evolução. Agora estamos em patamares tipicamente rock com a "catchy beggars", algumas pinceladas indie pelo meio com "sweet bone chill", o instrumental de "Commercial suicide", que tem um tom relativamente idêntico àquilo que o baterista Luís costa tem no seu projecto a solo- embora este tema tenha uma abordagem mais pesada e muito interessante. Ainda existe "mind bender", este sim vai de encontro à sonoridade passada da banda, embora com uma roupagem bem mais personalizada.

"Keeping wounds open" parece ser coisa boa, se atentarmos às faixas escutadas. Agora é ouvir as outras seis e esperar que elas consigam manter a bitola destas quatro. Eu acredito que sim.

http://www.myspace.com/madcab

MY CUBIC EMOTION



Os pombalenses my cubic emotion editaram no ano passado "It's violent juliette, don't look". Nota-se claramente aqui uma maturação sonora bastante assinalável: o emocore da banda não é tão incipiente como o de há uns tempos, a produção é muito razoável e os temas são bons o suficiente para deixar um gajo interessado. No entanto existe uma normal colagem de outras bandas dentro do género. A verdade é que, embora bem mais aprumados tecnicamente os my cubic emotion não se distanciam muito dos seus pares do emocore. A grande diferença é que têm talento para a coisa: sabem criar os tais bons temas que captam interesse - e num género cada vez mais estagnado isso parece ser o mais importante. Atentem no excelente refrão de "behind the clowning" por exemplo. Pena não terem reciclado a "let's just be poetic when we die" mas acontece.

http://www.myspace.com/mycubicemotion

TAPE LOADING ERROR



È só um tipo, Rodrigo Costa de seu nome. Vagueia em caminhos mais indie, relacionados com diversas bandas que eventualmente pertencerão ao circuito brit-pop. Há aqui um certo conceito de rock dançável que vem de bandas como bloc party ou mesmo de uns franz ferdinand - a grande diferença é que é algo um pouco mais soturno e programático.
Sim, não é propriamente a coisa que eu mais gosto no mundo...no entanto aqui há um elemento sedutor, possivelmente resultante de um certo amadorismo propositado diria eu. enfim é bom ver gente autodidacta que consegue criar bons motivos de interesse na sua música.

http://www.myspace.com/tapeloadingerror

RIDING PANICO



Primeiro ponto: aquele nome pá...não vai ao sítio. Não sei porquê não lhe acho piada. Pronto. No entanto a música destes lisboetas, que vêm mais ou menos do mesmo grupo de amigos de uns linda martini ou if lucy fell(ou pelo menos derivam mais ou menos do mesmo local, se eu não estiver muito enganado) é esmagadora. Pelo menos cria grandiosos ambientes, decorrentes de um post-rock misturado com uma certa sonoridade lounge, com algumas programações pelo meio. O resultado é uma sonoridade densa e já muito personalizada. A verdade é que os riding panico poderão ser a next-big-thing portuga se lhes derem espaço para crescer e se, sobretudo, os deixarem percorrer o caminho. fica aqui a atenção(que felizmente não é exclusiva aqui do barracão)

http://www.myspace.com/ridingpanico



CONCERTOS E ISSO:

A agenda fica agora com mais dois concertos portugas: men eater + os before the torn serão os primeiros.




Depois do bem recebido ep, os men eater vão editar o seu primeiro disco, de nome "hellstone". Se no ep as influências de sludge eram evidentes, nas músicas que a banda disponibilizou no seu myspace, parece-me que isso se nota ainda mais embora nunca existe uma colagem a nada. Tal como está escrito no flyer o concerto realizar-se-à no dia 17, 3 euros será a entrada e o início das hostes está marcada para as 22 horas. E como bónus terão ainda os before the torn, banda portuga de death metal melódico com algumas influências de hardcore(rótulo manhoso aqui do je), e que já foi alvo de uma pertinente entrevista há uns tempos atrás.

http://www.myspace.com/meneaterdoom

http://www.myspace.com/beforethetorn

e agora o de twenty inch e fiona at forty pois:



Aquele que irá ser o último concerto de bandas nacionais no lótus bar, terá como intervenientes os twenty inch burial e os fiona at forty, que saberão concerteza dar àquela casa um último fôlego que ela mereça, e realçar a pouca vergonha que é ver um palco daqueles fechar. Mas enfim a crise é para todos, e sem saber quais foram as razões do fecho do melhor projecto de sempre do miguel ângelo (opinião claramente tendenciosa, mas calculo não ser o único.. :P) digo desde já que tenho uma pena do caraças que o lótus bar vá fechar. e mea culpa para mim que admito nunca lá ter ido - embora cascais não fique propriamente aí à mão de semear.

concerto começa às 23 horas, portas abrem às 9 e meia, 4 aéreos é o preço. Pronto. Informação meio supérflua porque está tudo no cartaz.

http://www.myspace.com/twentyinchburial

http://www.myspace.com/fionaatforty

Bandas, concertos, links... agora é com vocês pá. e podem crer que isto é uma mini-gota num oceano que se vai revelando cada vez maior. e ainda bem.

Tuesday, January 23, 2007

Vintage: Burning airlines - mission control!(1999)



Esta é aquela altura chata em que nunca costuma sair nada de especial a nível musical. se no cinema são filmes atrás de filmes com bastante importância a surgir por aí, a música porquanto fica um bocadinho e fora. Pelo menos à primeira vista. E é por isso que nesta altura ainda poucas coisas ouvi de 2007: ficam à escuta os três discos que já referenciei algures- explosions in the sky, jesu e aereogramme.

Os burning airlines resultaram da separação dos jawbox: banda de culto, que se caracterizava por riffs de guitarra um pouco mais agressivos, que deu azo a ser fonte de influência duns deftones por exemplo. E os burning airlines continuam nesta senda, embora num tom um tudo nada mais limpo ,menos negro: é um tipo de rock mais acessível mas ao mesmo tempo também nunca deixa de se sentir o peso instrumental- daí que a acessibilidade dele seja um pouco uma faca de dois gumes.

Prova disso é a abertura com "carnival": voz agressiva riff sujo de guitarra, refrão a condizer. e pronto. Mais "na tua troma" que isto não podia ser. E o disco vai-se revelando todo nesta toada meio descontraída, mas ao mesmo tempo nunca deixa de se apurar a nível de agressividade. e de ser um bom compêndio de temas que, muito por causa de não estarem na pole position de nenhum género, conseguem valer por si.

Explico: "Mission control!", não é aqui nem na ilha de páscoa, um disco muito inovador. Nem sequer é muito lembrado nos meandros de rock: é antes apreciado por uma imensa minoria. e é dentro desse estatuto que o disco se pode inserir. Afinal ele não parece ser catchy que chegue para chegar a grandes vôos.
E o problema(ou nem por isso), é esse. "Mission control!" é a tal faca de dois gumes: se por um lado não tem uma sensibilidade pop apuradíssima, por outro é um autêntico vício quando é totalmente interiorizado. À primeira audição parece ser mais um anónimo no meio: e é na guitarra meio desviante de "Pacific 231", no frenesim que é "Meccano", no tom entre o rock mais comum e o grunge de "3 sisters", ou na distoção sónica de "Crowned", que se evidencia. È portanto um disco de pequenos pormenores, de pequenas especificidades que o conseguem tornar único.

O que temos em "mission control!" é uma banda que quer fazer rock de uma forma geral, que depois adiciona pormenores deliciosos à sua sonoridade. E, como quem não quer a coisa, acaba por refrescar o rock mais convencional de uma forma muito curiosa e bem conveniente. È uma sólida colecção de temas com algum experimentalismo à mistura que anda por aí disponível nas mulas e nos pássaros azuis da vida. Ou assim.

8/10

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Sunday, January 14, 2007

SIMPÁTICAS RODELAS PARA 2007

Sim, esta é aquela típica posta onde se colocam alguns discos que poderão(ou não) fazer de 2007 um ano do caraças a nível musical. Aqui ficam alguns novos registos que irão surgir(ou que já aí andam por vias alternativas), e que me enchem de boas expectativas - ok, alguns deles eu já ouvi qualquer coisa, mas isso agora não interessa. Ficam aqui algunss discos internacionais- talvez faça uma coisa deste género para o nosso cantinho- que me parecem pertinentes:

Ora cá vão eles pois.

AEREOGRAMME - MY HEART HAS A WISH THAT YOU WOULD NOT GO



Deste eu já falei não foi? Pois... No entanto não é problema nenhum falar outra vez. Até porque este disco, a ser editado para o mês que vem, é uma agradabilíssima confluência de melodias pop, com alguns trejeitos mais indie, envolvidos em temas do cacete. Um disco recheado de verdadeiros bombons pop, que terão o seu auge na primavera- pelo menos esta é a minha ideia(já pus por aqui uma ligaçãozita para o adquirirem- vide as postas de novembro)

EXPLOSIONS IN THE SKY - ALL OF A SUDDEN I MISS EVERYONE




Se o post-rock é, muitas vezes, um longo emaranhado de sonoridades, os explosions in the sky preferiram ir pelo caminho mais simplista. Este novo disco percorre um trilho bem mais simples, menos elaborado, no entanto criado com sentimento suficiente para nunca se perder de vista. e apesar de mais simples, não quer dizer que ele não vá percorrendo variadíssimos estados de espírito e de alma. Parece-me grande, mas tudo a seu tempo.

PELICAN - CITY OF ECHOES



Pois, já perceberam que ainda não temos capa deste. E, para ser sincero, estou totalmente acagaçado(sim a palavra condiz bem com o estado da mente) com este novo álbum da banda. Porque o anterior "The fire in our throats will beckon the thaw", é absolutamente perfeito - aliás para comprovarem esta minha opinião, é só irem ler a crítica manhosa que fiz ao disco deles. E como raio é que se faz um disco a seguir à perfeição? Difícil, muito difícil. Mas pelo menos, daquilo que já está disponível, dá para perceber que os pelican não se encostaram à bananeira, nem continuaram com as gigantes melodias uptempo e pelo estigma da (maravilhosa)repetição. È irem ver estes três links que a banda disponibilizou, e que dão algumas pistas sobre os novos caminhos...

http://www.bwilms.com/temp/Pelican/Pelican_-_20061016_-_01_Bliss_and_Concrete.mp3

http://www.bwilms.com/temp/Pelican/Pelican_-_20061016_-_03_Dead_Between_The_Walls.mp3

http://www.bwilms.com/temp/Pelican/Pelican_-_20061016_-_06_City_Of_Echoes.mp3

Já agora,e porque não cheiro assim tão mal, digo que arranjei estes links no belo do amplificasom. Obrigados pá.


PAIN OF SALVATION - SCARSICK



È provavel que os Pain of salvation sejam a banda mais..hum confusa do mundo. Pode-se dizer que tocamrock progressivo, pode-se dizer que são quase génios dentro do género, e pode-se igualmente dizer que "Sacrsick" é uma confusão sem precedentes. O que não quer dizer que não haja uma lógica inerente à disparidade instrumental.Depois do demasiado conceptual "Be" e da fabulosa experiência do best-of-meio acústico- conceptual, o grupo está de volta com mais um trabalho que promete muita dedicação ao ouvinte. Vamos todos dá-la pá.


JESU - CONQUEROR



A nova banda de Justin K Broadrick está de volta, com um disco que vai buscar muitas reminiscências ao ep "Silver". Distorções, ritmos uptempo, a voz meio arrastada, órgão, e tudo mais. Volta aquele sludge de laivos electrónicos que tanta beleza fez jorrar em "Silver". Agora em formato alargado, é ver se a maravilhosa fórmula não se vai desgastando.

e pronto, já tou farto de falar. Agbora vejam lá se dão ouvidelas nisto, para podermos mais tarde discutir na base da alegria esta coisa toda(se quiserem adquirir os dois primeiros discos que aqui aparecem, mais o de jesu, é irem ao bolachas grátis- que não me paga nada para dizeristo bah- cujo link está aqui ao vosso lado ou bem lá pra baixo se andarem com o cocó do internet explorer)

Friday, January 12, 2007

The blood brothers - Young machetes(2006)



Os blood brothers nunca foram propriamente a banda mais normal do mundo. com uma sonoridade completamente mesclada de muito lado(desde o noise, passando pelo rock mais pesado, apontamentos por vezes jazzísticos, e até algumas referências pop), o quinteto sempre teve uma sonoridade inabalável, e estranhamente apelativa. Digo "estranhamente" porque não é normal que um grupo com uma cacofonia sonora considerável consiga soar tão bem.

E assim é "Young machetes". Um disco que flui perfeitamente, riquíssimo na sua textura musical, e recheado de bombons musicais como poucos. Aliás, e sem conhecer muito bem o passado da banda, arrisco-me a dizer que ela sempre foi assim: complexa, complicada de entranhar, mas quando isso acontece não se quer outra coisa. Ainda por cima aquilo que o grupo de Seattle ainda faz é deixar-nos presos a alguns refrões que colam na perfeição.

Antes de editarem este novo disco, a banda disse que ele iria ser um retorno à sua sonoridade mais antiga, um pouco mais frenética. Eu, sinceramente, não consigo ver isso muito explícito no decorrer da rodela, já que aquilo que ouvi deles anteriormente não é tão antigo como isso: diz respeito aodisco "Crimes" aquele que precedeu deste. O que eu vejo mais em "Young machetes" é uma banda que sabe bem aquilo que quer: arrisca um registo um tudo nada mais soft com o tema "Laser Life"- e atentem que este é um soft à blood brothers..tem algumas experiências noise e uma curiosa inclusão de teclados no refrão-, exalta raiva de uma forma absolutamente contagiante, com a excelente abertura que é "Set fire to the faces on fire", vai para um registo que se balanceia entre o frenético, o quase sofredor(a voz de falsete com o piano), e o rock um pouco mais comum, na grande "Camouflage,camouflage".

De facto os blood brothers são aquele tipo de banda que já sabe perfeitamente qual é o seu lugar, e que caminhos deve seguir. a maturidade já está concluída, e agora é ir atrás de composições que façam prevalecer o estatuto, sem existir acomodamento a uma letargia que acontece muitas vezes. È isto precisamente que o quinteto faz. E com tudo isto brinda-nos com um álbum completo, complexo, sedutor, ainda por cima para uma sonoridade estranha para tantos. Um óptimo esforço que, embora não me tenha arrebatado por completo(falta-lhe por vezes um escape para a própria sonoridade da banda- a variedade é tanta que é realmente complicado escapar por qualquer das pontas), merece toda a atenção, e tem uma facilidade de rodagem incrível no meu rádio/leitor de mp3. Pena não o ter ouvido a tempo da lista de melhores do ano...

8/10

Tuesday, January 09, 2007

HILLS HAVE EYES

UM NOVO RUMO



Nascidos das cinzas dos skapula, os hills have eyes cresceram rapidamente. Fazem assentar o seu som num rock mais virado para uma certa toada emo, um pouco à semelhança dos já mencionados skapula. no entanto nota-se uma maturidade latente nestes novos temas, e uma contínua capacidade em fazerem boas canções, com refrões dignos desse nome, e com uma consistência já muito apreciável. Os hills have eyes já são talvez uma das bandas mais adultas da fornada setubalense, e uma promessa musical a seguir com toda a atenção.

Aqui estão eles em nome próprio:



De onde veio a necessidade de criar os hills have eyes, depois dos skapula?

Boas pessoal,
A necessidade de criar os Hills Have Eyes surgiu depois de algumas mudanças na formação dos Skapula. Entraram elementos com outras mentalidades, e penso que a nossa própria mentalidade enquanto banda mudou em relação aos primórdios. Aliás, penso que foi isso mesmo, já ninguém se identificava com o "conceito" que fez nascer os Skapula.


Em linhas mestras, a vossa sonoridade agora não é muito diferente daquela que praticavam anteriormente. Querem tentar desmistificar esta noção?

Sim, em termos gerais obviamente que a sonoridade não "foge" na totalidade à que praticavamos anteriormente. Penso que isso também se reflecte um pouco mais porque a voz é a mesma, sendo por isso mais fácil de identificar. Mas de qualquer maneira parece-me que é notória uma evolução,e existem outros elementos que não faziam parte do projecto anterior. A entrada do Pedro (baterista) e do China (guitarrista) ,quando nos Skapula só tinhamos uma guitarra, acho que foram importantes no amadurecimento do som e também nos permitiram fazer coisas que se calhar não conseguíamos fazer antes.
De qualquer maneira, para nós é mais fácil identificarmo-nos com aquilo que fazemos neste momento.


Querem contar como foi o processo de produção e gravação de "All doves have been killed"?

Longo! Não correu inicialmente como planeavamos, e foi bastante demorado... tanto a gravação, como o lançamento.
Inicialmente tivemos um problema que atrasou o inicio das gravações que foi a saida do Hugo Raminhos, actual baterista dos One Hundred Steps, e a entrada do Pedro Pais que tocava nos More Than a Thousand. Isto aconteceu logo quando começámos a gravar e obviamente atrasou um pouco as coisas.
Podia estar aqui a dizer-te que foi uma experiência brutal mas não estaria a ser completamente verdadeiro. Teve o seu lado bom claro, mas também foi recheado de problemas e de bastante morosidade. Mas o melhor para nós foi ver que os nossos esforços deram resultado, e ficámos contentes com o resultado final.


Como tem sido a recepção, tanto pelos media como pelas pessoas, em relação ao álbum?


Tem sido muito boa. Temos tido boas críticas, tanto da imprensa como do pessoal todo, e é isso que nos dá mais força para continuar.
Obviamente que irá have sempre quem não gosta,e mas acima de tudo fazemos o que gostamos e queremos. E se há gente que gosta, são esses que nos importam e a quem temos de agradecer o apoio que nos dão, tanto nos concertos como em e-mails, ou no myspace.


O disco foi produzido pelo Ricardo Espinha. Em que medida é que ele foi importante para que o disco resultasse como resultou?

Foi importante sem dúvida, e temos que lhe agradecer. O Espinha ajudou-nos muito, mas como te disse existiram alguns problemas que atrasaram o fim das gravações... problemas esses que não são importantes para referir agora. Mas somos bons amigos do Espinha, e sem dúvida que ele é dos melhores a fazer o que faz cá em Portugal.


O "The same old story again and again" é o primeiro single,certo? Porque é que o escolheram como tal(ou pelo menos é a canção que costuma fechar os concertos), quando têm um tema tão catchy como "Those birds won't bother us anymore"? - sim, isto é uma opinião pessoal, mas pergunto isto numa toada de curiosidade.

Sim, podes considerar como o primeiro single. Usamos mais a "the same old story again and again" na promoção, porque foi a música que consideramos funcionar melhor. Tal como tens a tua opinião acerca da "those birds.." ,que nós em parte também concordamos, se calhar há outras pessoas que pensam precisamente o contrário de ti . È como tu dizes, é uma opinião pessoal. Mas de qualquer maneira estas duas músicas foram disponibilizadas por nós no myspace antes de lançarmos o ep : foram as duas escolhidas para promover o "all doves have been killed" na sua fase inicial.

Até agora, qual foi o momento mais alto da banda? Tudo bem, que ainda só passou um ano e pouco, mas já têm algum momento assim maior que os outros?


Passou realmente muito pouco tempo, mas foi muito bom para nós termos chegado a acordo com a Recital e a Punk Nation Records. Nós começámos do 0 e conseguimos editora em Portugal e no estrangeiro com o ep de estreia, acho que foi muito bom para nós.
A outro nível, os concertos que fizemos com More Than a Thousand foram excelentes, tiveram muito público a aderir, e foram sem dúvida momentos altos.


"All doves have been killed" vai sair este ano no mercado internacional. Têm algumas expectativas em relação a poderem ganhar notoriedade no estrangeiro?

Temos algumas expectativas, mas nada demais. Não podemos esquecer-nos que é um EP, e ir sair no mercado internacional já é algo muito bom.
A Punk Nation Records é uma filial ,digamos assim mais "rock", da editora I Scream Records , que é uma editora já relativamente grande na area do hardcore. Tem por exemplo bandas como Ramallah e Agnostic Front, e tem bons canais de distribuição. É bom podermos já dar a conhecer a banda no estrangeiro, e depois irmos também promover o ep com concertos lá fora.


Para além da edição internacional do disco, que mais estão à espera de fazer em 2007?

Para além disso, estamos a planear uma tour europeia para depois da edição do EP, que deve ser em Março, Abril. Continuar a tocar o máximo possível em Portugal, e compôr um futuro álbum que estamos a pensar gravar em Setembro/Outubro para sair ainda no final deste ano.


Obrigado pela entrevista e um abraço para todos!

HILLS HAVE EYES



página do myspace - http://www.myspace.com/hillshaveeyesmusic

Friday, January 05, 2007

The prestige de Christopher Nolan



Qual é o valor de uma boa história? E que valor tem ela quando é bem contada? Estas serão porventura as grandes questões de "The prestige", o novo filme de Christopher Nolan. No fundo está tudo em contar uma história. E em contá-la bem. Nolan tem feito isso ao longo dos seus filmes: tanto "Memento" como "Insomina"(não vi a bela da ressurreição do batman) são histórias bem contadas, embora cada uma delas com características particulares. A primeira é uma história que gira em torno de um homem que não tem memória imediata. E ele consegue fazer com que o espectador se torne aquele personagem, ao dar-lhe o mundo ao contrário, tal como Guy pearce o via. Em "Insomnia" atingse-se um complexo de culpa criado pela atitude do polícia, que nunca mais conseguirá viver decentemente.

Em "The prestige" assistimos à constante rivalidade entre dois antigos companheiros de ofício: Borden e Angier. Enquanto o primeiro é mais rude, e também arrisca mais nos seus truques, o segundo deixa-se primeiro revelar pela sua distinta classe, para então depois mostrar a sua pior face. No fundo são dois anti-heróis que ali estão e que, ao longo do filme, se vão iludindo um ao outro: e desgraçando a vida um do outro. Havendo ainda lugar para o mentor de Angier(um sóbrio Michael caine que também tem duas faces), e para uma mulher: Olivia(a bela da Scarlett que fica muito bem com aqueles vestidotes todos apertados do século XIX).

Esta é então uma história de época, baseada na magia. Pode-se portanto dizer que Nolan tinha já meio caminho feito: não é preciso atirar areia para os olhos do espectador. simplesmente ele ir-se-à envolvendo, sem ter total certeza se quer saber o que acontece diante de seus olhos. A verdade é que a solução para o enigma acaba por ser mais simples que aquela que parecia. Mas também é verdade que disso já nós deveríamos estar conscientes, passado meia hora do início da projecção. se calhar só não estamos porque queremos ficar ignorantes: queremos acreditar naquilo que estamos a ver.

E como isto é um artifície que surge dentro do contexto da magia, não é preciso que nolan colocasse lá fosse o que fosse para deixar tudo fluír. E é precisamente isto que ele faz: para uma história inteligente, um realizador inteligente. Enquanto vemos os dois inimigos a enganarem-se um ao outro, muitas vezes em momentos temporais diferentes, vamos sempre desaguar ao ónus da história...que é o seu fim. A tal história do "prestige" que não é mais que o terceiro passo para se fazer um truque de magia(e daí a tradução portuga).

"The prestige" é realmente um bom filme. Com uma boa história. Com bons actores, embora jackman já perdia um tudo nada aquele ar meio galanteador, e um david bowie meio ovni que fez muito bem em aparecer. È quase uma espécie de lição em como fazer um filme escorreito, que se vê com agrado, que é arguto nos seus propósitos, e que desafia o espectador. não é uma obra-prima, e não é melhor que "Memento", estando talvez ao nível de um "Insomnia"(ou talvez um tudo nada acima), mas tem carisma e merece ser visionado.

8/10

Wednesday, January 03, 2007

TOP 2006 INTERNACIONAL

Pronto. Aqui vem o último dos tops de 2006. Também já não era sem tempo, que isto dos balanços chateia-me um bocado. Primeiro que nada, acho que exagerei na sua quantidade(ter quatro postas/tops é recorde), depois porque são sempre relativos, já que me faltam sempre coisas para ouvir. Este ano foi o novo dos blood brothers, o "amputechture" dos mars volta, e os boris com richio kurihara. Já para não falar de ausências como o "the eraser" do thom yorke que ouvi mais tardiamente, ou coisas mais mainstream como pearl jam que nem ouvidela dei. Assim, aqui fica o top 30 possível, fruto de algumas audições apaixonadas, e outras quase desesperantes para entender aquele tal disco. E fico com a ideia que 2006 foi um grande ano para o país do sol nascente. Reparem: mono, boris, envy, todos figuram nos 10 primeiros. Os boris têm até 2 entradas no top, o que não deixa de ser giro. De qualquer forma, aqui ficam os 30 discos que, de uma forma ou de outra me marcaram mais durante os 365 dias do ano anterior:

30- SAOSIN - SAOSIN



29 -PEEPING TOM - PEEPING TOM



28 - MOGWAI - MR BEAST



27 - DANKO JONES - SLEEP IS THE ENEMY



26 - DEATH BEFORE DISCO - BARRICADES



25 - UNEARTH - III: IN THE EYES OF FIRE



24 - TV ON THE RADIO - RETURN TO COOKIE MOUTAIN



23 - MUSE - BLACK HOLES AND REVELATIONS




22 - ALEXISONFIRE - CRISIS



21 - TOOL - 10.000 DAYS



20 -DEFTONES - SATURDAY NIGHT WRIST



19 - CALLISTO - NOIR



18 - UNDEROATH - DEFINE THE GREAT LINE



17 - KATATONIA - THE GREAT COLD DISTANCE



16 - INTRONAUT - VOID



15 - RED SPAROWES - EVERY RED HEART SHINES TOWARD THE RED SUN



14 - DEAD POETIC - VICES




13 - MASTODON - BLOOD MOUNTAIN



12 - BORIS - PINK



11 - KILLSWITCH ENGAGE - AS DAYLIGHT DIES



10 - MONO - YOU ARE THERE



Com uma abordagem relativamente simplista ao post-rock, os japoneses mono conseguem momentos de rara beleza musical. Sem perderem as características que conhecemos de trabalhos anteriores, conseguiram evoluir o suficiente para nos oferecer mais uma rodela recheada de grandes momentos. Um disco que pisca o olho ao sludge e que tem como maior mérito envolver-nos de tal forma nele, que não o iremos conseguir esquecer. Sim, ele é grande.

9 - CULT OF LUNA - SOMEWHERE ALONG THE HIGHWAY



Depois do fabuloso "Salvation", os cult of luna voltam com um disco consideravelmente mais leve, mais próximo de sonoridades post-rockianas. E se isso se pode estranhar à partida, a verdade é que nos vamos deixando levar pela toada menos agressiva, e acabamos de boca aberta face à enorme intensidade de "Dark city dead man", que fecha o álbum. Mais que um grande disco, é um passo muito seguro numa carreira que se vai afigurando brilhante.

8 - SCARLET - THIS WAS ALWAYS MEANT TO FALL APART



Com um caos sonoro consideravelmente mais simplista que os de uns converge, os scarlet oferecem aqui um absoluto portento de peso, com alguns retoques melódicos. Um disco que vai de noise, até metalcore, e que possui ainda uma raríssima sensibilidade pop, que lhe dá um toque refrescante. Como se fosse posível juntar tudo num saco, e de lá saír uma sonoridade fluída e coerente. Como esta.

7 - THESE ARMS ARE SNAKES - EASTER



Com influências de gente como at the drive in, os these arms are snakes, pautam-se por uma dicotomia entre o frenético da voz e das guitarras, com as estruturas sólidas de cada canção. Não deixa de ser um disco recheado de temas que ficam no ouvido, mas também é um cruzamento entre o rock mais pesado e uma certa noção de noise. Um disco muito inteligente, e que deixou grandes temas para serem ouvidos. Como a gigantone "Sublte body".

6 - CONVERGE - NO HEROES



E eis senão quando uma das bandas mais geniais do mundo, faz o seu disco mais ambicioso. O experimentalismo noise de "No heroes" é notório, bem como o fabuloso caos sonoro. Os converge são grandes músicos, e "No heroes" será provavelmente o exercício experimental do ano. E possivelmente um dos discos mais potencialmente canónicos de 2006(juntamente com "blood mountain" dos mastodon)

5 - ISIS - IN THE ABSENCE OF TRUTH



Estes são uns Isis que jogam mais pelo seguro. Depois de discos revolucionários como "Oceanic" e "Panopticon", este "In the absence of truth" é quase uma espécie de revisão da matéria dada. Mas quando a matéria é tão boa, e possui tanta qualidade, nós só podemos agradecer a Turner e compinchas(que palavra tão parva meu Deus) por nos terem feito recordar quão os Isis são únicos. E geniais.

4 - NORMA JEAN - REDEEMER



Com o produtor Ross Robinson, os Norma jean tornaram-se uma máquina emocional. Ou emocionalmente poderosa, se preferirem. Passou apenas um ano de "O god the aftermath", e os norte-americanos, decidiram passar o seu hardcore renovado a um plano ainda maior. Com algumas das melhores canções do ano, os norma jean fizeram muito provavelnte, aquele que é o seu melhor disco até à data. O seu mais acessível também, mas isso parece-me absolutamente redutor,face à grandeza daquilo que se vai ouvindo.

3 - SUNN 0))) & BORIS - ALTAR



Os boris são geniais. Os sunn 0))) são geniais. Ambas são bandas que extravasam quaisquer tipos de barreiras sonoras. Ambas não querem agradar em ninguém, preferindo concentrar-se em fazer arte. E os universos das duas são tão diferentes, que se complementam na perfeição neste "Altar". Onde tudo soa único, coeso, perfeito. E ainda tem talvez o melhor tema de 2006: "the sinking belle(blue sheep)".

2 - ENVY - INSOMNIAC DOZE




Tão intenso e belo. Tão emocional. Tão diferente da outrora negritude sonora destes japoneses. Um disco onde é fácil a pessoa ficar em baba, dada a absoluta avalanche de sentimentos arrebatadores. Um disco fortíssimo, cheio de fabulosas melodias que se entranham em nós para não mais saírem. Inesquecível.

1 - KHOMA - THE SECOND WAVE



Foi difícil, mas os Khoma lá ganharam aos envy. Com os japoneses a fazerem um excelente sprint final, mas que ainda assim não foi suficiente para me tirar a ideia que já tinha desde praí julho: este "the second wave" iria ser o melhor álbum do ano. Combina um rock mais negro, com alguns elementos que auferem uma atmosfera indie-rock, com algumas ambiências pop. E com uma voz extremamente melódica e suave. Mas aqui o que realmente interessa é a amplitude de todas as canções, de todos os momentos que são descritos. E no meio de tanta perfeição, é impossível ver alguma coisa que falhe. Um disco sólido, escorreito, que é realmente o melhor disco de canções do ano. E o melhor do ano também.


E está feito. Acabou-se com os balanços, vamos embora a 2006. Não sei antes falar em bandas que conheci este ano...mas que já existem ao tempo, ou já deixaram de existir. como quicksand ou burning airlines. Ou jawbox. Ou a genialidade de um homem chamado Justin K Broadrick, que fez um grandioso ep com os seus jesu. Ou os discos de verão dos slackers, do matisyahu, dos easyway e aside. Ou a primeira canção digna desse nome, feita pelos strokes("you only live once"). Agora em janeiro, é altura sobretudo para ouvirmos aquilo que faltou de 2006, e para partir à descoberta de bandas ainda desconhecidas.

De qualquer forma, pode-se dizer que já ouvi 3 discos de 2007: aereogramme, jesu, e explosions in the sky. e a nível nacional os madcab prometem ser uma boa surpresa. a ver vamos.

Ficam aqui os tops de 2005 e 2004:

2005 - http://o-som.blogspot.com/2006/01/top-2005.html

2004- http://o-som.blogspot.com/2005/03/os-melhores-de-2004-finalmente-o.html

Pronto. Agora enfardem-se de música, sem ficarem diabéticos ou coisa do género. E bom ano pois.

E concertinhos?

Pois. Não fui a muitos. Quer dizer, eles é que não vieram até mim. Ok, a danko jones não fui. A mogwai no lisboa soundz também não(e argent?). A sunn 0))) ainda menos, e de certeza que esse figuraria por aqui se lá tivesse posto as patas. Ainda assim há aqueles onde lá consegui ir: alguns bastante bons no super bock super rock, festa do avante, ou mesmo no ipj de setúbal onde infelizmente deveria ter estado algumas das pessoas que tanto apregoam que a nossa música anda nas ruas da amargura.

Agora assim de repente lembro.me de alguns concertos. E é sobre alguns deles que vou falar, com uma ordem específica:

5 - ELLA PALMER - IPJ DE SETÚBAL

Sobretudo pela surpresa: notou-se logo uma diferença sonora enorme quando os ella palmer "subiram ao palco"(porque não havia palco). e depois os temas foram muito bem destilados, a banda tem atitude, e parece toldada para altos vôos. E isso já é mais que importante.

4- OPETH- CLUB LUA

Concerto de quase celebração. Com a banda extremamente inspirada, o club lua ganhou uma extraordinária atmosfera, e isso só beneficiou quem lá esteve. No entanto, o que mais impressiona nos opeth, é a sua capacidade em separar as coisas: ora estão a brincar connosco, e a dizer frases um tudo nada mais porcalhotas, ou imediatamente a seguir, voltam-se para os seus instrumentos, e dedicam-se a eles de uma maneira incrível. Um óptimo concerto, que merecia outro espaço que não o do jardim do tabaco.

3- VICIOUS FIVE- FESTA DO AVANTE

Sim, é verdade: achei o concerto da banda do quim bom, mas o do SBSR foi melhor. No entanto vi-o in loco? Não: vi-o através de um ecrã gigante, algo muito mais impessoal e frio. De qualquer forma, o cerne da coisa esteve na quinta da atalaia: o delírio, o riso, os temas para puro deleite, e o melhor frontman português em acção. Se ainda não os viram ao vivo, não percam por amor de Deus.

2- TOOL- SUPER BOCK SUPER ROCK

Grande. Sobretudo porque não houve palavras. Nem do maynard nem de ninguém: é o concerto perfeito para se perceber que o que interessa mais é a música. E que, se conseguir estar bem relacionada com a imagem, ela quase que se descreve a ela mesma. Para quê existirem palavras quando as imagens explicam tudo? m concerto tremendamente inteligente e inesquecível. E não não fui ao do pavilhão atlântico.

1- FOR THE GLORY- CLUB LUA

Surpreendidos? Tivessem ido ao club lua, naquela noite fria de fevereiro, assistir ao regresso a casa dos more than a thousand. E que bem fizeram os setubalenses em convidar uma das bandas mais dedicadas a concertos do nosso burgo. Os for the glory foram inexcedíveis em esforços, tentaram por tudo captar o público, mas sobretudo nós sentiamos-lhes os poros. E ao ver tanta força de vontade junta, um gajo só pode aplaudir feito maluco e, talvez juntar-se à festa. Coisa que por acaso não fiz, mas mesmo assim aquilo que vi chega para a liderança.


Realmente, e olhando agora para trás, não fui a muitos concertos. Mas também é verdade que, tirando talvez sunn O))),não veio ao nosso belo Portugal nenhuma banda de quem eu realmente gostasse de um modo mais acérrimo. Já este ano com nine inch nails, a coisa promete levar uma volta. E ainda por cima há blood brothers uns dez dias depois...

Tuesday, January 02, 2007

Discos portugas: o top 5

E pronto. começa finalmente o balanço do costume. Tem que ser, é inevitável, e pelo menos eu até sou um tipo diferente, porque estamos em Janeiro. Aqui ficam os 5 discos portugas que eu mais gostei...Para além destes 5, que se refiram a demo do luis costa, os novos de aside e easyway, bypass e dead combo que eu não sei como, não cheguei a ouvir. Pode-se dizer que este ano até foi bastante razoável a nível de produção tuga, marcada sobretudo pelos primeiros álbuns de linda martini e more than a thousand, pelo terceiro dos twenty inch burial, e pela nova rodela que os dead combo lançaram aqui para o nosso rectângulo, que provavelmente entraria aqui de caras. Anyway, aqui ficam os 5 discos a que eu achei mais piada e tal:

5- CINEMUERTE - BORN FROM ASHES



De projectos anteriores veio o talento, e a voz de Sophia. Depois foi juntar resquícios de pop com umas quantas gramas de industrial, para dar um preparado que apesar de alguma monotonia, consegue ter um sabor próprio e personalidade. A produção de armando teixeira também não deixa de ter a sua quota parte de importância, para o seguríssimo primeiro passo.

4 - BUNNYRANCH - LUNA DANCE



Groove. Rambóia. Ambiente quase club. Aquele tipo de rock cheio de estilo, condizente com uma certa atitude mais "let it roll", que enche os ouvidos de descontracção, e nunca deixa de se perder em rodriguinhos, indo onde basicamente interessa. Para dançar, abanar o capacete, sorrir, e ter em conta que há por aqui um bonito carrossel, repleto de excelentes temas.

3- TWENTY INCH BURIAL - RADIOVENOM



Os twenty inch burial são a maior certeza do metalcore nacional. "Radiovenom" só veio cimentar este posto. Com uma sonoridade já mais que definida e caracterizada, a banda lisboeta confirma tudo aquilo que já sabíamos deles, e ainda aumenta o seu rol de abrangências, com um tema como "History repeating". Um disco mais que sólido, e que ainda por cima consegue valer por ele próprio, sem puxar de galões passados.

2- MORE THAN A THOUSAND - VOL II: THE HOLLOW



Quando toda a gente estava à espera de carne, os more than a thousand deram-nos...peixe. A comparação é altamente ridícula, no entanto serve para ilustrar o total "twist" de expectativas em relação ao primeiro longa-duração da banda setubalense. Um álbum onde os more than a thousand extrapolaram a sua própria sonoridade, suavizando-a, mas sem que isso interferisse com a qualidade final. Um disco cheio de boas canções, quase todas catchy qb, e que ficará indelevelmente a marcar o ano passado.

1- LINDA MARTINI - OLHOS DE MONGOL



Era de prever não era? No ano passado foi a demo. Este ano lançaram o ep, mas com a saída do disco tudo ficou ainda mais fácil. E "olhos de mongol" é aquilo que toda a gente estava à espera, ou se calhar ainda mais. Desde a grandiosidade de "Dá-me a tua melhor faca", passando pelo desespero frenético de "O amor é não haver polícia", ou pela voz samplada de José Mário Branco em "Partir para ficar", a banda não deixou crédito nenhum por mãos alheias, e conseguiu retratar aquilo que já é: única. com influências é certo, mas sobretudo com uma personalidade mais que vincada, que promete continuar a fazer mossa num país que já estava a precisar de uma banda assim.


Cinco discos. Cinco bandas pois. e isso tudo. Agora é ouvir, deixar que a música fale por si e pronto. Isso é o mais importante.

E só faltam mais dois tops...

Já agora, diga-se que estive em grandes indecisões, acerca de fazer ou não fazer um top nacional. Afinal a música é um bem universal, e deve ser encarada como tal. No entanto um gajo não deixa de ter aterrado aqui no cantinho: e também gosto de destacar aquilo que de bom se fez por cá. Já que se houvesse a mistura, o mais provável era que os discos nacionais passassem mais despercebidos. O que era realmente uma pena.