Monday, October 30, 2006

Vamos ao aparvalhamento... e a uma data de deadsinger

E vamos mesmo. Primeiro o aparvalhamento: fui eu ao chiado, àquela loja que começa por "f" e acaba em "c", que se chama "fnac", comprar phones para o mp3, e o novo disco dos more than a thousand, que vocês já sabem bem qual é: o "vol.II the hollow" está claro.. quanto ao disco parece-me bom, embora talvez demasiado envolvido em melodia...não sei o screamo parece definitivamente deixado para trás. Anyway, isso depois terá direito a uma análise minimamente decente. De qualquer modo, estava eu no autocarro quando vou ver os agradecimentos ao booklet...e qual não é o meu espanto, quando vejo com os meus dois olhos este simpático blog lá espetado. sim é verdade. ao pé de nomes distintos como a punkpt.com, o blitz, ou a loud! lá aparecia o-som.blogspot.com, em todo o seu esplendor. e registado para a eternidade...e tal. E, como calculam, tudo isto sem andar a lamber botas a ninguém: primeiro porque andar agachado é um bocado paneleiraico, depois porque dá trabalho andar a comer porcaria, e finalmente porque ah e tal andar com micróbios na boca não me apetece grande coisa.

Bem, é óbvio que agradeço aos more than a thousand(para dizer o mínimo), mas também a toda a gente, tipo povo que cá vem metendo a pata, pois sem eles também calculo que fosse complicado...afinal o blog é meu mas também sem leitores o mais provável era ele ter já acabado há uns tempos. Portanto está feito o agradecimento à banda e a todos vocês. Agora é basicamente continuar como sempre tenho feito e pronto. Mais uma vez obrigado a todos.


e como é para continuar, aqui fica a mais recente data dos deadsinger: que é já amanhã pois.Dia 31, o belo do halloween, deadsinger no porto rio com os hiena. O preço é só de cinco aéreos. a hora? Boa pergunta. Apareçam lá a uma hora politicamente correcta, tipo dez e meia onze que são capazes de acertar. e claro, muito boa sorte para ambas as bandas.

Sunday, October 29, 2006

Linda Martini - Santiago Alquimista

Este concerto podia ser perfeitamente descrito como "o concerto onde eu até queria pagar a entrada mas não pude". a sério: o grande problema do concerto de sexta feira dos linda martini na sala lisboeta, na apresentação oficial do novo álbum, foi mesmo a assistência. contra mim falo porque por vezes não deixei de compactuar com o falatório que se ia gerando, enquanto certas canções eram emanadas, no entanto não devo ter abusado como muito boa gente que lá meteu a fronha.

Isto porque claro: "ah e tal gig à borla siga lá meter o rabo, naquela do avacalhanço porque sim e coiso". Por isso muito feedback se teve que ouvir,sobretudo enquanto a banda de queluz ia tocando temas do seu primeiro disco. Que diga-se conseguem ter muito maior corpo e estrutura que as canções que lhes já conhecíamos.

O concerto começou por respeitar o alinhamento do novo disco: a banda lá pediu muita desculpa por não o conseguir ter colocado ali à venda, mas acabou por ir destilando a rodela. E temas como "dá-me a tua melhor faca" ou "estuque", não deixam de ficar na cabeça pelos melhores motivos: são temas mais trabalhados, um pouco menos intuitivos, que deixam mais espaço até a improvisações, a liberdades de expressão. Parecem temas bastante menos herméticos que os do ep, e sinceramente isso só pode ser bom. Por outro lado, a mestria da banda notou-se em larga escala, e não se pode dizer que eles não deram o seu melhor ao longo da noite. Até porque bons músicos eles são, caso contrário seria impossível controlar temas que conseguem ganhar vida própria de uma forma muito facilitada.

Claro que também há problemas: há mais espaço, mas não se deixa de perder alguma espontaneidade. Para quem já os conhecia não existiu um efeito surpresa: simplesmente os novos temas podem ser caracterizados como um avanço seguro, mas nunca como uma revolução sonora. que também não ia dar muito jeito a quem apenas ainda produziu um ep. Por outro lado notou-se algum enfado por parte de alguma da assistência, sobretudo no que diz respeito a toda a panóplia instrumental.

Pode-se dizer basicamente que os linda martini se arranjaram para dar um concerto profissional, sem falhas, com a folha absolutamente imaculada. Pareciam aquele tipo de trabalhadores todos picuinhas que fazem absolutamente tudo o que lhes é pedido, sem dizerem água vai. Após os temas novos surpreenderam com um "intervalo", que nada teve de encore até porque o dj sou bué indie-rockeiro do santiago alquimista voltou a passar som, e as luzes até se acenderam. Mas depois foi tocar a bela da "efémera" e da "lição de vôo nº1" que acabaram com o feedback todo, e lá puseram o público a vibrar. Isto para não falar da óbvia "Amor combate" que surgiu no meio dos novos temas.

No entanto foi talvez a falta daquele improviso, a falta de uma espécie de um golpe de asa que conseguisse fazer daquele concerto, algo inesquecível, que faltou. Não faltou comunicabilidade(o vocalista da banda tem sempre o hábito de falar bastante durante os concertos), nem interacção...talvez tenha faltado um pózinho de magia à coisa. Ah e outro pó de respeito de muito do povo que lá esteve, mas enfim à pala é normal. De qualquer forma uma coisa é certa: os novos temas são bons, o concerto foi positivo e os linda martini continuam com mais que capacidade para altos vôos. Que consigam tirar os pés do chão é isso que lhes peço.

Monday, October 23, 2006

Marie Antoinette de Sofia coppola (2006)



Vamos actualizar a abordagem de Sofia coppola, e tentar trazer Maria Antonieta para os dias de hoje: pita ke xcrvria maix ou menuhx axim tanto no móvel como na intermete, arranjava uns quantos tipos mais velhos para comer nas horas vagas, e andaria com mini saias e brutos decotes mesmo em dias com temperaturas de menos de 4 graus.
Estão a acompanhar? Agora imaginem dizer a uma pita dessas "ah e tal estás prometida ao futuro rei de França, e vais ter que ir para lá agora...e depois vais ser tu a governar o reino e a tomar algumas decisões juntamente com o teu marido". Marido que seria um puto inseguro que jogaria playstation à cara podre, e teria medo de falar às miúdas.

No fundo é isto que Coppola quer que nós façamos. Que consigamos estabelecer um paralelismo com o agora. Com o colocar alguém dos nossos dias numa posição daquelas. Porque no fundo a essência da adolescência não muda com os anos: os contextos sim,mas a essência não. Tanto Maria Antonieta como Luís XIV não eram mais que adolescentes..que jovens cujas vidas estavam praticamente a começar. E que depois tinham todas as pressões do mundo para que fossem o casal perfeito. Os governantes perfeitos. Os pais perfeitos. Tudo cabia para os colocar num patamar de absoluto esmero em tudo o que tinham que fazer.

È precisamente dentro deste esmero que cabem aquele deitar com tanta gente a assistir, e com o pai do príncipe a mandar a bonita dica do "boa sorte com o trabalho" ou lá o que foi. Ou aquele acordar cheio de gente, com um conjunto de concepções estratificadas, que obrigaram a princesa a esperar não sei quanto tempo para finalmente poder vestir a túnica. Ou as bocas que andavam no palácio porque a princesa não conseguia agradar ao príncipe, para que ele pudesse sentir desejo por ela. no fundo era toda uma aura de perfeição.


Ora a rainha era uma adolescente. surge-nos primeiro ainda criança, com o cãozinho com um ar simpático nos braços, a ser levada para França, sem sequer poder levar o desgraçado do bicho. depois tem a predilecção por jogos, por mexericos...começam os bolos, os sapatos que encantavam a princesa, até ao amor que é descoberto através de um conde qualquer, já coroada rainha. no fundo todos os patamares da adolescência são desbravados...e o povo francês a passar fome. Mas isto nem preocupava a princesa que os mandava comer bolos. Vivia ali isolada, fechada num mundo que nem era mundo..e o primeiro contacto com a verdadeira realidade é quando num grande plano, que depois se transforma em plano aproximado, vemos a rainha a surgir numa das varandas de versalhes com o povo cheio de tochas, num dos momentos mais grandiosos do filme.

Outra coisa que causou muita curiosidade no filme, foi a sua banda sonora. È normal: não é comum vermos um filme de época com new order, e até uma cançãozinha manhosa dos strokes. Mas a verdade é que resultam bem(se tirarmos os strokes pois), tendo em conta a adolescência da rainha, da sua tenra idade, da quase ingenuidade, da candura, tudo tão bem personificado por kirsten dunst. A música consegue personificar precisamente a perdição da rainha em relação a todo o mundo fútil em que vive, mas onde em parte também a deixam viver. No fundo tudo aquilo nos revolta, mas também ficamos irritados por ninguém perceber que tanto o rei como a rainha eram uns putos.

Sendo conciso: o grande objectivo de coppola era mostrar a adolescência em forma de biografia régia. Pegar em Maria Antonieta e mostrá-la como nunca ninguém a tinha visto: uma miúda, uma pita. Isto foi amplamente conseguido. Kirsten dunst está perfeita e Jason schwartzman, brilhante enquanto rapazote inseguro...aliás a primeira vez em que eles fazem o amor é imensamente deliciosa, pela típica insegurança adolescente que possui. O único problema do filme talvez seja o seu exagero estético quando cria cenários de quase videoclip...e se esquece de por vezes de que é realmente um filme. Há alturas em que as cenas surgem quase partidas, algo fragmentadas entre si, embora nunca surjam absolutamente desenquadradas.

No entanto também acho que Copolla podia ter ido ao fundo da questão, e mostrar a guilhotina. Até poderia pôr aquele som do vicious five quando o quim grita "bring us the guillotine!", para dar um sentido mais radical à cena. Quero com isto dizer que acho que a realizadora podia ter arriscado ainda mais, que não se tinha perdido nada.
Assim como não arriscou tudo, pode-se dizer que "Marie Antoinette" é um daqueles filmes que cumpre muito bem os seus objectivos. Não os consegue é ultrapassar, o que não deixa de ser uma pena. de qualquer forma é um óptimo filme, com pormenores deliciosos, uma banda sonora a condizer, e uma maneira diferente tanto de ver um filme de época, como um filme biográfico.

8/10

Sunday, October 22, 2006

Norma Jean - Redeemer(2006)



Os norma jean devem andar a fervilhar de ideias está mais que visto. Passado um ano do excelente "O'god the aftemath", voltaram já com "redeemer"...curiosamente retornando a uma editora independente: a igualmente óptima tooth and nail, que tem nomes no catálogo como dead poetic, underoath, ou os indie rockers meWithoutYou. Outro aspecto fundamental é ver o nome do produtor desde álbum. Sim, vão ficar espantados: nada mais nada menos que o guru Ross Robinson. Sim, esse que produziu o primeiro disco dos fear factory, o fantásticó-magnífico "Relationship of command" dos grandes At the drive in, para além de muitos discos relacionados com a temática nu-metal.

Agora, e para apimentar um bocado a coisa, vamos a teorias da conspiração: porque raio uma banda que estava numa grande multinacional como era a EMI, muda para a tooth and nail? Possivelmente existiria uma vontade da banda a regressar a terrenos um pouco mais... "livres" diria eu. Mas depois apostam em grande no produtor, já que Ross Robinson não é propriamente a pessoa mais barata do mundo(esta frase agora lembrou-me prostituição, olhem lá a idiotice), e normalmente aquilo em que ele pega também tem o seu quê de diferente, em certos momentos quase de revolucionário. Não é que o disco não possa revolucionar sendo editado numa label independente,simplesmente poderá ter uma menor exposição.

Bem, antes de mais vamos mas é falar do disco: "Redeemer", é bem capaz de ter as malhas mais melódicas da carreira dos Norma Jean. Não é propriamente um disco levezinho pois, mas mal começa "A grande scene for a color film", e os seus apontamentos mais melódicos, apercebemo-nos logo disso. Os riffs estão consideravelmente mais catchy, e a manta hardcore da banda está muito mais virada para uma certa toada emo. Aliás o segundo tema, "Blueprints for future homes", transmite ainda mais esta ideia: temos um refrão muito catchy(sim isto é possível com os norma jean), e um tema que poderia muito bem ter sido escrito por uma banda de emocore(!). Isto sem falar de outros temas que também poderiam ser referidos.

Pronto esta perspectiva está capaz de assustar qualquer um, já que os norma jean, sobretudo com "O'god the aftermath", foram capazes de reinventar o hardcore, torná-lo mais leve é certo, mas sem pisarem uma vez que fosse os terrenos mais emo.E sem nunca perderem a identidade hardcoriana.
Mas também é possível não ver "Redeemer", enquanto um disco mais melódico, mais virado para outro género que choque alguns dos fãs da banda de Atlanta. È preciso vê-lo enquanto aquilo que ele é: música.
È mais melódico sim, mas também nem nunca deixa de ser hardcore(embora até acredito que haja muito boa gente que discorde), nem há uma desfiguração da identidade da banda. Pode é não ser o caminho de que tantos estavam à espera,como, por exemplo, se comprova no terceiro tema, que aposta muito no pesado vs melódico, tendo quase um cariz sumptuoso,no último que até tem alguns apontamentos corais, ou em "songs sound much sadder", na sua versatilidade instrumental e refrão igualmente melódico.

Mas vamos lá falar de música universalmente: no fundo "Redeemer", foi um pouco construído à medida daquilo que o seu produtor costuma fazer. È um disco que não quer estar compartimentado em lado nenhum: prefere respirar enquanto ser uno e merecedor de vida. Daí que a salada hardcore do quinteto não possa ser julgada tendo em conta os parâmetros desse mesmo género. e um tema como "The end of all things will be televised", bem o pode confirmar. O disco é uma espécie de cozinha de fusão: funde muita coisa que por acaso tem algumas semelhanças: desde metal, passando por rock, alguns apontamentos emo, e depois pincela tudo com hardcore. È este preparado que dá aquilo a que se quis chamar "Redeemer".

E é este preparado que consegue fundir tudo e ser exemplarmente bem tocado. Não há uma nota fora do sítio, um riff inoportuno. Há muita mestria a nível instrumental, sem nunca ir ao virtuosismo, e que se enquadra na perfeição com as letras, e com o próprio estilo da banda. Há grandes canções, como as três primeiras, há experimentalismo em barda, como no último tema. Há uma banda que volta a uma independente, curiosamente a efervescer de boas bandas e criatividade, e um produtor que quer sempre ver à frente do seu tempo. Há um grande disco, um claro exemplo de vitalidade e inovação. Sobretudo há uma banda que parece ser visionária, e não perde tempo em ridículas questões sobre "que tipo de som é este?", ou "será que posso tocar isto, tendo em conta o meu meio". Há música. e isso é mais que suficiente.

9/10

Sunday, October 15, 2006

More than a thousand + Hills have eyes + One hundred steps - Santiago Alquimista




Putos. Muitos putos. Muita emozada sem idade para poder exercer o direito ao voto, se juntou na sala do santiago alquimista ontem à noite. Muita gente já com o tradicional piercing no lábio ou na sobrançelha, calças de ganga ténis allstar e t-shirt de riscas(ou então dos more than a thousand por exemplo), se enfiou por ali adentro, para mais um regresso dos portugas de Setúbal ao seu país de origem, com três concertos em pontos distintos do país. Isto depois do bom concerto no club lua, desta vez de uma forma bastante mais selectiva em termos de público. Digo isto, porque não havia ali ninguém para ver one hundred steps ou hills have eyes: estava ali tudo pelos cinco moços que estão prestes a editar o primeiro álbum "Vol.2 - the hollow", depois dos 3 ep's que até agora andam por aí.

È curioso de qualquer maneira ver que ainda assim muita gente que gosta da banda setubalense há mais tempo (mais ou menos o meu caso, que comecei com o "trailers...") também estava lá presente, pese embora muito do interesse dessas mesmas pessoas pela banda se tenha esfumado um pouco, com alguns dos temas mais recentes. Porém esse não é o meu caso: continuo a achar os more than a thousand uma autêntica lufada de ar fresco no nosso panorama musical, e que não existe uma única banda de emocore como eles em todo o mundo. Conseguem ter portanto um estilo único e próprio e que, acredito eu, vá prevalecer no novo disco da banda.

Começaram primeiro os one hundred steps, que tanto mostraram temas do seu novo ep "The eyes of laura mars", como do mais que costumeiro "You're a lovely victim of emotion chaos", num alinhamento semelhante ao concerto no ipj em Setúbal como aliás é normal. Voltei a ter a sensação de que a banda setubalense tem temas bastante melhores agora do que tinha há um ano atrás por exemplo, e que está claramente num processo de maturação que poderá dar bons frutos, dentro de um emocore bastante mais emo que outra coisa qualquer.

Pode-se também dizer que deram um concerto bastante esforçado, com uns bons litros de suor à mistura. A música deles não me deixa propriamente com saliva suficiente para formar um oceano maior que o pacífico, de qualquer maneira nota-se por ali bastante dedicação que tem de ser louvada. Foi um concerto bastante razoável e uma boa abertura.

Agora a pergunta impõe-se: Porquê termos os hills have eyes antes da banda principal, quando os one hundred steps têm formação mais antiga, e mais temas no bucho? O concerto de eddie e companhia foi um bocado mais curto que o dos seus conterrâneos que tocaram primeiro. Baseou-se obviamente no ep "All doves have been killed" que promete bastante a nível qualitativo, e que também conta com o vocalista vasco(dos more than a thousand pois) a dar uma perniha na balada emo do grupo.

O concerto foi bom, mas terem começado com aquela que é para mim a melhor música dos hills have eyes (a muito boa "those birds won't bother us anymore") foi um bocado mau. Isto vai um tipo vê-los lá prá frente para acabarem com o highlight nos três minutos inicais. Quanto à plateia, era ver os emokids num simpático crowdsurfing, no entanto ainda muita gente desconhecia os temas do grupo que surgiu da extinção dos skapula. Também se notou bastante suor e dedicação, e a banda pareceu-me claramente inspirada, pese embora talvez ainda precisem de mais alguma rodagem em palco. Também há tempo:os hills have eyes pouco mais de um ano têm, e já prometem ser uma das melhores bandas saídas da singular cantera setubalense.


E depois finalmente o motivo maior para aquele concerto: talvez mesmo o único(sim é verdade, sem os mta100 não acredito que ele se fosse realizar). A banda portuguesa voltou a Portugal, agora já com o disco pronto a vender- tanto era assim que na própria banca de merchandise ele já se podia adquirir por simpáticos 12 euros. Com o disco já nas lojas era de supor que os more than a thousand se baseassem especialmente no novo disco: tal não veio a acontecer.

O que aconteceu foi um concerto bastante semelhante ao do club lua, embora com algumas diferenças: os temas novos foram diferentes dos apresentados na sala ao pé de santa apolónia. Em fevereiro tínhamos ouvido "scissor hands" e mais um tema que não me lembro. Desta vez foram os temas que estão no myspace do grupo: "The hollow" e "Memories and Addictions". Para quem ainda não os ouviu, diga-se que "the hollow" é um tema mais melódico, quase baladeiro, muito mais ligado a uma linha emo mais tradicional. Já "Memories and addictions" tem um refrão do cacete, uma boa linha melódica, e um excelente contraponto entre essa linha e outra mais pesada. No fundo não adicionam uma enorme profundidade à sonoridade do grupo, mas sempre a consolidam o que é sempre positivo.

Quanto ao resto...bem, é sempre bom ouvir "Trailers are always exciting than movies", na quase totalidade (faltou outra vez a muito boa "jumping gardens and passing secrets"...bem que a podiam ter tocado em vez da "in loving memory" mas pronto), passaram por "teen massacre ep", tendo mesmo finalizado com óptima "it's the blood...there's something in the blood", e ainda foram ao primeiro ep "Those in glass houses shouldn't throw stones", buscar um tema que eu como otário que sou já não me lembro do nome. Ou seja tocaram o repertório todo, aquele que o público queria, sem arriscarem muito. Nada contra, até porque eu faço parte do público e tal, mas também era bonito tentarem tocar temas de "the hollow" que ainda ninguém conhecesse..naquela de tanto ganharem experiência a tocarem esses temas, como para dar ao público uma melhor noção em como soará o disco.

Mas enfim àparte disto, foi um concerto bastante razoável, com uma plateia dedicada, uma banda que continua em constante evolução, numa clara manifestação de criatividade e vontade de vencer. De realçar também o grande António Freitas que estava no andar de cima do santiago alquimista a vibrar..com uma das paredes do espaço, já que passou o tempo todo com a cabeça lá encostada. Isto um homem anda cansado e ainda o obrigam a ir para aqueles lados e tal(nada contra, apenas foi talvez o momento mais cómico da noite). Para além disto tudo, foi uma noite boa, com três bandas que personificam na perfeição aquele estranho reduto musical que não deixa de ser Setúbal. duas a abrir, para uma que já tem créditos firmados a nível nacional..agora é ver se esses créditos se confirmam definitivamente no estrangeiro. Por aqui já ando eu aos pulos para ouvir o "the hollow" e decorar tudo a eito.



(nota: por enquanto não há fotos...pode ser que daqui a uns tempos já as tenha, e ainda as posto aqui)

Saturday, October 07, 2006

BRINGING THE DAY HOME (pt1)

DE VOLTA A CASA



Estes são os bringing the day home. A banda partica um post-rock na onda de uns mogwai ou explosions in the sky, ainda com algumas influências evidentes, mas que darão com certeza os seus frutos num futuro breve. Aqui fica a primeira parte da entrevista: a primeira vez que desloquei a minha fronha para falar in-loco com uma banda. Aqui ficam as impressões da elucidativa conversa, que já tem coisa de um mês(e que eu feito cromo só agora consegui dissecar):


Como é que a banda surgiu nos moldes em que está hoje?


Nuno - Nós já nos conhecemos há bastantes anos. Eu comecei com baixo, o João na guitarra... o André tentámo-lo convencer para a bateria, que ele acabou por comprar. Entretanto juntámo-nos com uns colegas nossos e fizemos uma banda de covers. Banda essa que tinha assim um nome um bocado triste, que ainda ninguém sabe como raio surgiu. Era assim um bocado...

André - Um bocado emo! Tocávamos cenas tipo queens of stone age, the cure, smashing pumpkins...

João - Green day...

Bem vá vamos lá acabar com a descrição antes que se desça mais baixo...

(risos)

Nuno - Bem, a verdade é que eu comecei a ficar um bocado chateado, porque aquilo que tava a tocar não era mesmo o que queria fazer. Acabei por sair passado uns tempos. Nessa altura já andava a ouvir GY!BE (nota aqui do escriba: godspeed you!black empreror para os mais leigos), entre mais cenas de post-rock, e comecei a incentivá-los para o mesmo.

André - A primeira vez que ouvi GY!BE foi por causa dele.

Nuno - Entretanto eles dois convidaram-me para um ensaio com eles, ainda por cima tinham garagem e tudo.

André - Começou como uma jam e acabou por surgir uma cena engraçada. Aquilo correu bem, chegámos a fazer uma espécie de tema. Já não me lembro é do nome daquilo.

Nuno - Era tipo "memories"... Agora também não sei. De qualquer forma a banda surgiu daí e isto já dura há coisa de um ano. Temos evoluído como é normal e pronto, acho que basicamente foi isto.

André - Pronto, e tem continuado assim, com uns precalcinhos pelo meio, como é normal.

Que tipo de precalços?

André - Salas de ensaio por exemplo.

Nuno- Especialmente as garagens, essas são o principal problema.

André - E depois também temos um bocado falta de meios. E intolerância por parte das pessoas, que é coisa que não dá para perceber. Enfim...

Vocês são um projecto exclusivamente instrumental. Já pensaram em adicionar uma voz?

Nuno - Nós até temos voz num tema, simplesmente ainda não a gravámos

André - Muito sinceramente, eu encaro a voz simplesmente como mais um instrumento não como uma obrigatoriedade. Acho que não faz sentido vê-la assim. Concordo com coros por exemplo, ou frases soltas... Por outro lado, também acho que se adicionarmos voz dessa forma estamos a fugir um bocado à nossa identidade enquanto banda, àquilo que idealizámos como tal. Nós tocamos post-rock, que na sua essência é música instrumental.
Outra coisa engraçada que curtíamos fazer, e convidamos toda a gente a tentá-lo, era arranjarem-nos umas palavras. Sejam frases soltas, poemas, seja o que for, para as tentarmos incorporar na nossa música. Num concerto por exemplo, alguém aparecer e subir ao palco connosco para dizer umas palavras. Era bem fixe. Dava um ar de interacção interessante, que é coisa que contamos fazer assim que pisarmos um palco.

João - O que eu acho é que também temos tempo para isso. estamos a percorrer caminho, a tentar ter o nosso som, e talvez isso chegue um dia destes. Desde que seja natural claro.

Vocês existem há quanto tempo mesmo?

André - Fez um ano há pouco tempo.

Nuno - Contando com as férias. há sempre os problemas das férias que são o mal de qualquer banda. A rotina acaba, vai cada um para o seu lado, e depois para voltarmos é um sarilho, porque estamos meio enferrujados.

André - Outra coisa que curtia falar era dos Madcab e do apoio deles. É aquela cena, vermos um gajo mais velho como o Luís Costa a dar-nos apoio, a dizer que temos valor, também ajuda muito para a solidez da banda. E isso é uma coisa que eu queria mesmo frisar. Sem o apoio deles teria sido mais complicado, isso sem dúvida.

E como é aqui a zona de alverca, no que diz respeito a bandas?


Nuno - Epá...metal!

André - Sim, resume-se a isso. Há algumas bandas de metal por aí em Alhandra, Póvoa, outras de punk...Em Alenquer como é?

Bem, há os Probation, uma banda nova que são os Science Fiction Project, cujo baterista é o mesmo... e é há mais, um gajo é que também não pode saber tudo.

André - Percebe-se. De qualquer maneira aqui na zona e com qualidade, que eu conheça só mesmo Acid Roots! De qualquer maneira dentro do movimento post-rock não há aqui nada.

Nuno - Somos mesmo os únicos. Tenho um amigo meu que tem um projecto de post-rock no Porto. Mas há pouco de qualquer maneira. Agora há muito a moda do hardcore, do emocore...

Que por acaso até são cenas que oiço


André - Ya, eu também oiço sim, também oiço!

João - Eu não!

André - Epá mas acho que o género está a ficar um bocado monótono... Quase ultrapassado. As bandas andam todas iguais.




(continua...)