Saturday, December 29, 2007

CONCERTOS MAI FOFOS 2007

Nine inch nails, cult of luna, pelican. Três das minhas bandas de eleição decidiram cá pôr a pata este ano. Mais que isso, 2007 fica definitivamente marcado, pelos pumpkins pelo seu regresso a Portugal, pelo delírio absoluto que foi ver corgan a tocar aquilo que sempre quis ouvir ao vivo. Por isso 2007 foi um ano grandioso a esse nível. Aqui deixo um humilde tópe cinco para vos deixar assim tipo arrependidos caso não tenham metido a fronha em nenhum destes concertos.

Bem, cá vai disto:

5- RIDING PANICO - SANTIAGO ALQUIMISTA

sim, a abrir para Pelican. eu sei, os gajos já deram montes de concertos, e decerto melhores que este. Eu sei que posso estar a colocá-los para encher chouriço. Mas até que nem estou. Porque a presença deles no santiago alquimista correspondeu à primeira vez que os vi ao vivo. E isso já quer dizer muito, sobretudo de um tipo que está absolutamente ansioso que esta gente edite em longa-duração. Foi um concerto sólido, com um som bastante razoável e grande atitude por parte da banda. nada mau não é? Pois claro.

4- CULT OF LUNA - GINÁSIO CLUBE DE CORROIOS

Mesmo tendo em conta a cocozice de ter demorado hora e meia para dar men eater, o concerto dos suecos foi muitíssimo bom. Confesso que talvez pudesse estar num plano mais alto, se (pois sim há um "se") eu não tivesse ido à casa da música vê-los. Assim acabo por ter um termo de comparação, e o do Porto foi realmente melhor que este - o que é normal dado que possivelmente foi o melhor concerto que vi na vida.v Neste os suecos abordaram de um modo profissionalíssimo a plateia que não tendo reagido grandemente, estava ali para sentir a potência sonora até às entranhas, numa boa comunhão. Não foi foi aquela comunhão que se viu no Porto.

3- PELICAN - SANTIAGO ALQUIMISTA

Grande concerto que os Pelican deram na sala de Lisboa. com problemas pelo meio é certo, mas com uma total concentração naquilo que foram fazendo, e numa honesta tentativa de envolver todos os assistentes numa espécie de unida redoma onde todos estávamos delirantes. Perdeu um pouco por ter abordado em demasia o novo álbum, por ser o mais fraco da banda a meu ver, mas ganhou em intensidade. Um óptimo concerto, de uma banda que já voltava brevemente.

2- NINE INCH NAILS - COLISEU DE LISBOA


O encontro de Reznor com a cidade banhada pelo rio. Nunca os NIN cá tinham posto as patas, e quando cá apareceram foi logo em dose tripla. Deu para ir ao terceiro concerto vibrar com os temores de um génio. e com a sua dose de partilha, ao cantar "the fragile" para todos nós. E ao conseguir uma atmosfera íntima num palco com umas quantas luzes, fumos e clarabóias todas giras. Mas no fundo o que mais interessa nisto tudo é aquilo que reznor produz: e as canções, essas, transformam-se de um modo ainda mais belo do que em disco. Isso é dizer tudo.

1- SMASHING PUMPKINS - OEIRAS ALIVE!07

Antes de o ser já o era: mal eu soube que eles cá vinham, percebi de imediato que este ia ser sempre o concerto do ano. Nem que o som fosse manhoso. Nem que tivesse pisado bosta de vaca. Nem que o corgan se vomitasse todo para cima da minha fronha nojenta: seria sempre O concerto. Friamente o concerto nem foi nada do outro mundo; na prática foi um dos meus melhores momentos de sempre: cherub rock, rocket, bullet with butterfly wings, 1979, today, bodies...que mais um otário como eu podia pedir? bem, a crestfallen. Ou a jellybelly. Ou a here is no why, a muzzle e a mayonaise (talvez sim talvez não). Ou a hummer. Ou...enfim tinha que ser eu a escolher. Como não dá fica o repertório que calhou, e já fiquei bem servido. Thumbs up e o camandro.



Para o ano? Bem minha gente, já se fala em raiva contra a máquina não é? e esses ia ver na boa. Os surfistas-cantores jack johnson e ben harper(este nem sei se é mas que se lixe) voltam cá. no caso do ben harper, uau. que regresso tão inesperado. Há the cure em março, há caribou (antigos manitoba que eram coisa gira) no alquimista, há o rock in rio cada vez pior, há maiden - uau de novo- no super bock. e por enquanto fiquemos por aqui, que ainda há de vir muita coisa espera-se. a ver vamos que isto um gajo tem de andar sempre informado.

Thursday, December 27, 2007

TOP 5 FILMES

sim, eu sei é um top mínimo. diz respeito aos filmes que vi este ano e que são deste ano. Faltam aqui coisas giras como eastern promises que ainda não consegui ver por exemplo. Mas também letters from ywo jima ou little children. Caguemos nisso e arrefinfo aqui os 5 filmes que mais curti ver este ano.

1- THE FOUNTAIN de Darren Aronofsky



O melhor filme do ano é um dos melhores filmes que já vi na vida. a história do maior amor de sempre, que ultrapassa séculos e é uma doce obsessão num caminho que é nosso. a realização é esplendorosa, a beleza visual também, e o filme torna-se um pergaminho espiritual que nos emociona.


2- INLAND EMPIRE de David Lynch



O maior puzzle da história, num certificado de personalidades que Laura Dern encabeça. Lynch na melhor forma, mas também Lynch numa extrema complexidade que faz como que "mulholland drive" se equipare ao jogo da sardinha.

3- RATATOUILLE de Brad Bird



O filme que volta a ter a especial magia dos clássicos disney como a bela e o monstro, a branca de neve, ou o livro da selva. Recupera toda a nostalgia que tivemos ao ver semelhantes películas. è o melhor filme de animação desde toy story, e consegue-o através do raio de um rato que quer ser chefe de alta cozinha. Perfeito e esplendorosamente belo.

4- PARANOID PARK de Gus Van Sant



A juventude americana vista através do olho crítico de van sant. Um filme de denúncia onde voltamos a denotar a revolta que existe no caminho sem saída onde cada jovem se sente. Perfeito para mexer nas consciências mais distraídas e para voltarmos a perceber que todos nós somos humanos e que todos falhamos, por mais perfeitos que pensamos que somos.

5- ZIDANE, UN PORTRAIT DU XXIiÉME SIÉCLE, de Douglas Gordon e Phillippe Parreno



filme bastante interessante sobre o ofício de um homem, e o porquê de ser tão bem pago para isso. O ambiente é escaldante, o filme baseia-se na paixão futebolística. Curiosa forma de olhar para um dos maiores vultos desportivos das últimas décadas,olhar efectuado através de si mesmo, tentando desvendando segredos sempre impenetráveis. Muito boa experiência cinematográfica.

Prontinhos, 5 filmes. Depois também houve "superbad", "knocked up", "simpsons the movie", o tal "eastern promises" que não mirei, ou o grandioso "half nelson" (que não o pus aqui porque não o vi no cinema), para além do díptico de eastwood. Entre mais objectos cinematográficos pois claro. como "death proof" de tarantino ou "zodiac" de fincher, dois grandes filmes ó sério.

Wednesday, December 19, 2007

LOBSTER

VIBRAÇÕES(ELÉCTRICAS)



Os lobster são uma das bandas portuguesas que mais se evidenciou no decorrer de 2007. Têm uma formação relativamente recente, e editaram "sexual transmitted electricity" este ano, essa bomba de rock experimental que nos obriga a reagir freneticamente perante tamanha horda de força. Já era hora de eu os ir chatear para responderem a meia dúzia de perguntas.

Os lobster existem desde 2005 certo? Podes contar como foi a génese da banda?

Eu já tocava com o Guilherme há uns tempos, e já tínhamos a ideia de fazer um projecto nós os dois: Projecto que se basearia emmúsica improvisada e convidados em cada sessão . A ideia acabou por se tornar real num ensaio de outra banda em que tocámos juntos, pois faltaram alguns membros da banda em questão. Começou assim a banda para a qual já tinhamos o nome de Lobster.Depois veio o convite da merzbau para fazer-mos o "Fast seafood", e começámos a fazer músicas com estruturas definidas, desaguando naquilo que somos hoje

O som dos lobster é uma autêntica amálgama. Acham possível conseguir defini-lo de um modo efectivo, ou o objectivo também era conseguir criar o melhor de muitos mundos?

O objectivo era fazer música que nos agradasse. Acho que o som se tornou nisto por ser uma linguagem que fomos desenvolvendo juntos , resultado de muitas "conversas" musicais ao longo dos tempos, e de muitíssimas coisas que nos transformam dia a dia.Quanto a defini-lo, acho que isso pode ser tarefa para quem nos ouve, para nós o importante é sentirmos as musicas de uma forma especial.

A bor land, parece-me ser uma editora bastante indicada para vocês...como foram lá parar?

Fomos lá parar porque o Rodrigo nos viu uma vez ao vivo.Gostou,tocámos num concerto organizado por ele uns tempos depois, e a proposta foi-nos feita .Foi tudo bastante natural.


A vossa crescente popularidade veiculou-se sobretudo através da internet e do myspace...como vêm a importância destes dois meios através da divulgação de bandas por esse mundo fora?

Desde o inicio que a net é um instrumento importantíssimo.Fosse plas sessões postas online ou pla edição na merzbau.Depois o myspace veio ajudar, e hoje em dia quase todos os concertos,tours etc são marcadas através de internet.
A música pode viajar mais rapido, e de repente não há barreiras para nada.Acho muito vantajoso e concerteza que ainda irão aparecer formas de facilitar ainda mais a vida de uma banda.

Podem-me dar alguns nomes, no que diz respeito a influências musicais? Eu por exemplo noto laivos de uns lightning bolt...mas é só um bitaite.

Sabes, os lighting bolt não são grande influência .Gostamos da banda, mas não nos influencia muito a nivel musical. Acho que somos influenciados por tudo o que ouvimos ... não há uma banda que te possa dar como referência. porque não pensamos nisso sequer. Acho que passa tudo pela variadade de música que ouvimos.


Podem descrever um pouco que tipo de sensações costumam ver provocadas no público, quando estão a dar um concerto? A vossa música tem o seu quê de psicadélico.

Já vimos varios tipos de euforia, alegria ou mesmo violência .As nossas músicas podem ir do extremamente festivo ao outro extremo mais negro. Esforçamo-nos é para ser algo sempre forte... que não deixe ninguém indiferente.As pessoas reagem sempre de forma própria, o que para nós é uma especie de presente ,e é incrivel.

Depois de um ano com um disco editado e crescente reconhecimento, que vos espera 2008? posso tentar armar-me em vidente, e dizer uns quantos concertos de promoção(pois claro), e possivelmente um ep ou algo do género?


Em relação aos concertos de promoção é claro que acertaste.Estamos tambem a acabar de compôr o próximo álbum, e mais um ou dois lançamentos mas está tudo em fase de criação.Tambem não teria graça nenhuma se te contasse tudo agora.Gosto de surpresas.

Monday, December 17, 2007

CANÇÕES QUE CHEIRAM A PERFUME DE ROSAS 2007(E EU NEM CURTO PERFUME)

Primeiro top manhoso do ano. Já sabem que isto ah e tal aparece de quando em vez. È naquela faz parte. Aqui estão algumas das canções que mais ouvi: umas por serem catchy pa caraças, outras pela sua beleza intrínseca, outras simplesmente porque fazem parte de discos do caraças. Desde as boas guitarras de "rx contender the pretender" de hopesfall, passando pela "rebarbadice" de Daniella de John butler trio (com uma letra um bocado manhosa ams com um groove fantabulástico), indo àquela que possivelmente será a melhor canção de 2007: "Lisboa" dos men eater, portentosa e genialíssima.

bacalhau com natas,chocolate snickers, surf, gaja da tv cabo que foi capa da fhm há pouco tempo, todas estas coisas boas são sinónimos melhores do que perfume de rosas. Mas que se lixe. aqui vão os tais 30 temas que achei bem engraçadotes:

(e sim o (P) é português outra vez. Acho sempre interessante destacar os portugas aqui no meio)


HUMBLE - GETTING COOL (P)
HOPESFALL - RX CONTENDER THE PRETENDER
NINE INCH NAILS - CAPITAL G
THE USED - PRETTY HANDSOME AWKWARD
JOHN BUTLER TRIO - DANIELLA
MADCAB - BEGGARS(P)
HELL IS FOR HEROES - STRANGER IN YOU
GOGOL BORDELLO - AMERICAN WEDDING
MEN EATER - LISBOA(P)
JOSE GONZÁLEZ - KILLING FOR LOVE
ALCEST - PRITEMPS EMERAUDE
THE DILLINGER ESCAPE PLAN - MILK LIZARD
PORCUPINE TREE - MY ASHES
THE FALL OF TROY - CUT DOWN ALL THE TREES AND NAME THE STREETS AFTER THEM
LUIS COSTA - THE MINOR FALL AND THE MAJOR LIFT(P)
ATREYU - HONOR
ANIMAL COLLECTIVE - PEACEBONE
LOBSTER - DR PHIL(P)
ROSETTA - RED IN TOOTH AND A CLAW
NEUROSIS - GIVEN TO THE RISING
THE DOLLYROTS - BECAUSE I'M AWESOME
SKALIBANS - LATE NIGHT PHONECALL (P)
ARCADE FIRE - KEEP THE CAR RUNNING
PELICAN - CITY OF ECHOES
JESU - OLD YEAR
FIONA AT FORTY - BITTERSWEET DOMINATRIX(P)
BLACKFIELD - 1.000 PEOPLE
AEREOGRAMME - CONSCIOUS LIFE FOR A COMA BOY
VELVET REVOLVER - GET OUT THE DOOR

Saturday, December 15, 2007

Alcest - souvenirs d'un autre monde(2007)



Não é metal. Não é sludge. Nem post rock. Não é rock instrumental.Também não é shoegaze. No entanto é tudo isto embrulhado numa produção e execuções irrepreensíveis. Falamos de um tipo francês, de nome Neige, que já andou bem enveredado dentro do black metal por exemplo, e que agora decidiu-se a fazer um disco que engloba géneros sobretudo ambientais e de suave meditação. Uma espécie de busca por nós mesmos, em busca de uma redenção de nossos próprios pecados.

"Souvenirs d'un autre monde" soa a viagem experimental pelos nossos sentidos. Temos vozes bem uptempo, guitarras épicas mas ao mesmo tempo de contornos suaves, temos aquela carga instrumental do shoegaze... Temos sobretudo uma salada variadíssima e saborosíssima de diversos sabores juntos num só.

E é sobretudo na parte do "um só" que este disco se revela: porque de facto funciona, enquanto bloco sólido de temas, que se vão agrupando numa perfeita sintonia. "Pritemps emeraude", o primeiro tem uma guitaerra suave e contagiante...e depois o tema título continua-a, elaborando um pouco mais o seu propósito. Cada tema como que parece a continuação do anterior, mas preserva sempre o seu carácter identitário - embora este disco seja claramente uma mescla sonora, mais do que escrita de canções.

Aponto como único defeito visível, a voz que surge demasiadas vezes(não que sejam muitas, mas ainda assim demasiadas). Talvez em "Ciel errant" elas se justifiquem, mas de resto a sua presença está pouco solidificada. Percebe-sea intenção do músico em colocar ali a voz enquanto parte instrumental, e nunca enquanto mote do disco, mas a modos que...epá não fica girote.

Posto isto: o ambiente é arrebatador, embora seja um disco mais suave que o sludge comum (porque não é sludge). As guitarras perfeitas, a temática igualmente. È um disco agradabilíssimo de se ouvir,sobretudo se estivermos a contemplar uma bonita paisagem. aliás penso que essa talvez tenha sido uma das fontes de inspiração de Neige."souvenirs d'un autre monde" é mesmo isso: um espectáculo contemplatório de onde não apetece sair. Porque inspira qualquer um.

9/10

Friday, December 14, 2007

"Paranoid park" de Gus Van sant



Van Sant é um realizador que sempre procurou os jovens. Isto parece frase pedófila à laia de qualquer fio novelesco(e obviamente abominável) da casa pia, mas não deixa de ter um fundo de verdade. No seu cinema, seja em "finding forrester", elephant", "good will hunting", ou mesmo "my own private idaho" (filme que nunca mirei) possuem essa temática. "Paranoid park" é simplesmente o seu mais recente filme sobre uma geração que, segundo ele, parece sempre a mesma.

Porque se calhar até é. Em "elephant" vemos jovens sem referências a circular por uma escola, mas sem expressões faciais, ou outras, muito aparentes (como se fosse assim em todo lado, numa espécie de causa de normalidade), em "good will hunting" um tipo que tinha um dom fabuloso, mas que nunca tinha feito nada da vida, nem aspirava a isso - teve a ajuda de robin williams. Mesmo em "finding forrester" quando existia talento e alguém com vontade de lhe dar a mão, aparecia alguém que simplesmente o deitava abaixo por ver um talento de uma zona pobre da cidade.
Van Sant, sempre viu gente perdida em todo o lado. a diferença é que anteriormente, existiam guias para essa busca (robin williams e sean connery) e agora há trapézios sem rede, à espera do primeiro repelão para se revelarem.

"Paranoid park" é sobre um puto skater sem um talento inato para a coisa, mas que decide ir ao parque dito como o mais perigoso da cidade (que dá nome ao filme) e que foi criado inteiramente por jovens da rua. aliás as sequências de skate são muito bem filmadas,e com uma câmara de super 8 , muito bem conseguidas. Conhece um tipo mais velho e vai dar uma volta de comboio com esse mesmo tipo - até que surge um segurança das linhas, e ele mata-o acidentalmente.

Isto é a linha base do filme. no entanto van sant tem um trunfo inquestionável: a completa inexpressividade do rapaz que comete o delito. Nunca em todo o filme nós vemos Alex a sorrir, ou zangado, ou...com qualquer expressão. Encara quase tudo com extrema passividade, até mesmo quando vê o homem que matou a olhar-lhe nos olhos, ainda vivo. Não sabemos portanto como ele é. Sabemos sim que o meio dele não é o melhor do mundo - mas ele próprio diz que há quem viva pior. Aparentemente até parece ser um rapaz equilibrado: e isso é meio caminho para simpatizar-mos com ele, mesmo depois do acidente.

A forma em como o crime decorre, denota uma coisa interessantíssima: coloca-nos a nós todos a fazer aquilo. O que alex fez não foi mais que empurrar o guarda para a linha, mas tendo o azar absoluto de passar um comboio naquele mesmo instante. E depois daquilo notamos um complexo de culpa, que não está nos olhos dele, mas sim sobretudo no mote de todo o filme: na sua motivação em escrever. Alex parece ser o espelho de uma geração que não sabe como reagir a uma adversidade...nem a nada aliás. Simplesmente vai circulando pelos seus poisos habituais sem despoletar grandes reacções, como se de um vagabundo da vida se tratasse.

E para van sant a geração vindoura é mesmo isso: um mar de referências perdidas,porque ninguém aposta nessa mesma geração. Está tudo tão preocupado com o seu próprio umbigo que se esquecem que existem jovens com espírito de iniciativa (foram eles que criaram o paranoid parl, mas que pouco podem fazer para além disso, nestas circunstâncias. Mesmo aqueles tipos que nos surgem como perfeitamente normais e integrados na sociedade. Como Alex.

"Paranoid park" é um filme sobre os jovens. Sobre nós todos e na nossa passividade em aceitar tudo, sem reagir a quase nada. Alex é mais um miúdo sem saber bem quem é, a quem aconteceu um grande azar. E mesmo assim ele não se encontrou. Juventude perdida? Ou juventudo que, se for ajudada, pode dar frutos? Van sant aposta claramente na segunda hipótese, com um filme realista, belo muitas vezes, mas sobretudo activo através da passividade de quem habita nele.

8/10

Monday, December 03, 2007

Rosetta - Wake/lift (2007)



Rosetta é mais um nome que se pode adicionar à corrente de sludge, pós/doom que continua a dar cartas, embora tenha tido um ano de 2007 relativamente fracote. Este "wake/lift" é o segundo disco da banda, a seguir de "The galillean satellites" o primeiro disco que, não tendo sido passado despercebido, a mim pelo menos passou-me um bocado ao lado. Aliás sendo preciso mesmo "ake/lift" ia-me passando ao lado..lá se conseguiu emerger das areias movediças para me aparecer à frente.

Este segundo disco da banda de Filadélfia não é mais que um simples baralhar e voltar a dar no que diz respeito ao sludge. Estão lá as guitarras potentes, a voz em raiva, a marca da repetição e o arrebatar de emoções. Confere tudo e mais alguma coisa, no entanto todo o material também se marca por ser ambicioso. Desde já pela excelente produção(onde obviamente não há grande enfoque à voz por ser apenas e só mais um instrumento. Depois porque os Rosetta sabem perfeitamente aplicar a fórmula, e talvez o façam do modo mais perfeito que eu já vi.

Sim cult of luna é uma banda do caraças... e isis, neurosis, callisto etc. Mas nenhuma delas logrou ter um disco de súmula do sludge que soasse assim. Todos eles encetaram buscas por algo mais alto, por uma personalidade latente, por uma sonoridade única. Os rosetta, parecem-me a mim mais preocupados em ir ao centro do género, para de lá extrairem o que de melhor ele tem. e depois sim, possivelmente tentar experimentações de outro tipo. No fundo é o caminho para a identidade, mas através da compreensão primeiro do género, e depois deles mesmos. Um passo mais seguro talvez.

Aqui de qualquer forma não interessa muito se um caminho é ou não mais certo que o outro. a verdade é que este "Wake/lift" é um disco contagiante, um pouco limitado nas suas possibilidades é certo, mas tem momentos de absoluto brilhantismo (como nas maravilhosas guitarras de "Red in tooth and claw" ou na melodia mais uptempo de "Temet nosce") e faz aquilo que se calhar o sludge já precisava: um disco que consegue ser possivelmente o melhor cartão de visita para curiosos que querem iniciar-se nesta busca por uma maior intensidade. "Wake/lift" não é perfeito nesse resumo mas é quase. E isso já vale por muito. Um grande disco, e sim um dos melhores do ano.

9/10