Monday, January 28, 2008

HOPESFALL (1998 - 2007) - ou aquilo que passou de scarlett johannson a odete santos em dois anos...



ASim, 2008 já tem quase um mês, os hopesfall não acabaram exactamente no fim de 2007 mas que se lixe. Alegadamente por problemas com a editora, embora isso não fosse o único motivo. Verdade seja dita que eles nem adiantaram um grande motivo. E isto é alvo de post porquê? Porque é a típica banda que, se tivesse acabado a tempo, ter-se-ia tornado um culto do caraças.

Explico: "the frailty of words", e o primeiro ep homónimo, não tiveram os meus ouvidos em cima. O resto sim. Os primeiros temas que ouvi da banda foram, salvo erro o "the bending" e o "dead in magazines", dois temas entusiasmantes (especialmente o primeiro com a força imensa daquelas guitarras caraças) O primeiro disco completo que ouvi de hopesfall, "adquiri-o" através do meu amigo Jorge, que podem ver por baixo do meu nome na coluna da direita.E era o "a-types", disco que sucedeu o "the sattelite years". De facto, tirando os 4 temas que enunciei quando fiz uma crítica ao álbum (que anda por aqui nos arquivos do blog), era vá mau. Manhoso. Não póia pura, mas um bocado de cocó que às vezes fica no dedo quando um gajo lá vai com papel higiénico. e bom, como imagem fica fofo certo? pois...

Adiante, para acabar com a nojeira. A verdade é que depois, alguns meses depois, tomei contacto com o "no wings to speak of", o ep de 2001, feito a seguir ao "the frailty of words". e a genialidade foi tanta que, a páginas tantas ainda vou ouvir essa pequena-obra prima que os hopesfall fizeram, mesmo com uma produção manhosa, a voz a surgir fora de tempo entre mais alguns defeitos. Mas esse ep é genuinamente bom. Daquelas coisdas brutalmente honestas, e que ficam na moina à pala de riffs catchy como o raio e de vozes agressivas que lhes assentam na perfeição. sim... o problema dos hopesfall foi terem durado tanto tempo.

Depois de "The sattelite years", quase toda a banda mudou...só o vocalista se manteve, salvo qualquer imprecisão, e a banda aligeirou o seu som como eu já não via há muito. De soraia chaves passaram a meretrizes brasileiras com uma quanta gordura acumulada que andam por aí em bares de strip. Ou quase. Venderam-se autenticamente. Um ep e um disco fantásticos, e depois deram aos fãs a cagada do "A-types". a minha sorte é que o ouvi primeiro, e pude ficar deslumbrado com o que veio de trás. Agora quem fez o percurso dito, comum, há de ter ficado brutalmente desapontado.

"A-types" tem realmente esses 4 temas engraçadotes. Mas o resto é manhoso, e mesmo os temas mais simpáticos, não têm a garra e a força dos seus antecessores. As guitarras estão altamente light, não há agressividade para ninguém, restou rock com uns laivos de peso. e não é nisso que vou pensar quando me lembrar dos hopesfall. No entanto foi nisso que eles se tornaram. E "magnetic north", o último disco da banda editado no ano passado, não elevou gigantescamente a fasquia. elevou-a sim: e tem um óptimo tema chamado "rx contender the pretender" mas já não é o mesmo. uma "the end of an era". A genial "April left with silence". "Decoys like curves", a guitarrada a rasgar de "Andromeda", a fúria de "Open hands to the wind".

O que me vou recordar deles era de uma banda que teria sido genial, se tivesse acabado em 2002/2003. Daquelas bandas que um gajo pensa "foda-se como é possível terem acabado já, quando ainda tinham tanto para dar caraças?". Às vezes se calhar não tinham assim tanto. E os hopesfall foram um desses casos. a única coisa verdadeiramente positiva no meio disto tudo é que se calhar eu não teria dado grande importância à banda, senão tivessem editado o "a-types". Se não tivesse lido a crítica de [3] ou [4] do freitas na loud!. Mas de resto os hopesfall aliviam um dos nossos maiores medos: o medo de vermos bandas absolutamente promissoras a acabarem quando podiam ainda ter feito tanto. Se calhar não podiam mesmo.

E agora deixo aqui uns presentes que faxabôr...

Hopesfall - april left with silence (ao vivo e tal)




hopesfall - the bending



hopesfall - icarus (estão a perceber as diferenças? pois claro...)



e pronto. Dois vídeos de boa lavra, outro de uma colheita bastante fracota. E sim a "icarus" faz parte dos quatro temas que, apesar de tudo não apodreceram à bruta.

Vão ouvir primeiro o "a-types" e o "magnetic north". È que quando ouvirem tanto o "the sattelite years" com o "no wings to speak of" vão-se espumar de prazer. Garantido pá.

Tuesday, January 15, 2008

Saw IV de Darren Lynn Bousman



Às vezes nem sei porque raio ainda vejo filmes que não auguram nada de bom. aliás muitos desses filmes eu normalmente nem posto aqui, porque não acho que valham a pena serem alvo de um comentário. Por outro lado por vezes existe aquele real prazer do entretenimento, de ir ver um filme só para passar algum tempo, divertir e tal e vir embora. O caso de saw costuma ser este. Até um bocadinho melhor que isso, sobretudo no que diz respeito ao primeiro filme - que é um conceito relativamente inovador de um thriller com muito sangue, mas que não o torna estupidamente gratuito.

"Saw 4" já nem conta com os préstimos de leigh whannel para o argumento - ele e wan ficam-se apenas e só pela produção executiva da coisa. compreende-se: possivelmente para eles o gozo absoluto de fazer continuar a saga já não será o mesmo mas motivo$ mais altos se levantam. Neste novo tomo agora tomamos contacto com personagens quase figurativas de filmes anteriores, onde jigsaw embora já morto, ainda está lá para as curvas e vai testar um oficial da polícia para salvar dois companheiros seus: eric matthews (donnie whalberg outra vez pois claro) e o inspector hoffman(costas mandylor especialista em filmes de série B ou Z - que pelos vistos já apareceu em mais capítulos mas eu nem me lembro dele). e temos o filme feito. O resto é ver o tal oficial de nome riggs a tentar chegar ao local onde está o resto da trupe ameaçada de morte.

e ficamos por aqui a nível de argumento. OK dá para tomar contacto com a ex-mulher de jigsaw ver mais alguns momentos da história dele com a senhora (de simpáticas formas diga-se), mas isto já é a saga a querer levar-se a sério: o que saw quer para o espectador? Nós esperamos por um filme que tenha mortes, resoluções e descobertas através disso, e um final que nos deixe surpreendidos. Ora tudo neste saw 4 está demasiadamente fácil de resolver. O final então é extremamente desapontante porque quer ser surpreendente mas está longe disso. Safa-se apesar de tudo a coerência da história e o facto do herói desta vez ter de encarnar a pele do próprio assassino. e pensar como ele. O filme avança razoavelmente bem, mas falha ao dar-nos as (poucas) cartas antes do fim.

e depois temos os actores..."saw" nunca foi propriamente prodigioso em grandes interpretações. Mas normalmente coisas medianas chegam para filmes destes. Aqui o problema é que tirando whalberg o resto é...mau. mandylor é mau actor, riggs medíocre, mesmo os inspectores do fbi não são nada de especial. Faltou uma direcção de actores competente, porque assim a história perdeu bastante credibilidade.

No final louve-se apesar de tudo o querer que "saw" não tenha sempre apenas mais um capítulo para dar uns trocos a quem fez isto tudo. Mas muitas vezes o querer não basta. e não sendo um filme péssimo, nem mau, acaba por estar ao nível do terceiro. Com uma diferença: este final é bem mais previsível, e daí ter uma nota mais baixa que o seu antecessor. Agora é esperar mais um ano pelo quinto e ter a esperança que melhore. Lá vou eu voltar a lamentar-me á laia de masoquismo em ainda ir ver filmes que sei que não devem valer grande coisa...

4/10

Saturday, January 12, 2008

VINTAGE: Rival schools - united by fate (2001)



Primeiro que nada: é um absoluto fenómeno do entroncamento que este "united by fate" tenha passado completamente despercebido na altura em que foi lançado. Mais: é uma estupidez que este disco tenha sido a minha primeira grande descoberta do ano, à pala do boundtoramble do forumúsica. Obrigado pá. Se o tivesse encontrado na altura em que saíu teria sido com toda a certeza um excelente acompanhamento para me descontrair da treta que é ser adolescente. Assim boca, é a treta que é ser-se jovem e tal e começar a ver que vai ter responsabilidades no futuro.

Bem, mas isso que se foda agora. Os rival schools são mais um projecto de walter schreifels, músico nova iorquino que actualmente vive na alemanha. e que já teve em gorilla biscuits, banda de hardcore, moondog, nos genialíssimos quicksand, e agora tem um projecto meio indie chamado walking concert. e todos os seus projectos são bons ou óptimos. Quicksand é fantástico, rival schools é genial. e é impressionante que o desgraçado do homem nunca tenha tido reconhecimento decente por nada mas enfim, o mundo é mesmo injusto.

È que este "united by fate" é um disco excelente de rock contemporâneo. contemporâneo no sentido de ser bastante simples, de incluir alguns riffs que veríamos nuns weezer mais agressivos por exemplo, menos cheesy. "United by fate" não tem as guitarras agressivas dos quicksand, mas substitui-as por instrumentalizações com mais groove e contagiantes como tudo. com refrões brutais que entram logo no ouvido, com uma sonoridade fresca embora não propriamente nova. "Travel by telephone" ou "everything has it's point" que iniciam o disco, são precisamente exemplos dessa mesma vontade em agarrar o ouvinte logo à primeira.

O disco, todo ele, tem grandes momentos. tem um início fantástico com estes dois temas, mas prossegue com um tema mais rápido ("high acetate"), e outro mais baladeiro e intenso como é "undercovers on" - o tema que muitas bandas por exemplo de grunge gostariam de ter gravado. "undercovers on" é um tema mais melódico e calmo e que pausa a rebeldia inicial, tendo um solo para cima de perfeito. Depois aparece a absolutamente desviante "Good things" que é um manifesto rock interessantíssimo, optimista, solarengo diria mesmo. Perfeito para um dia de sol, onde possivelmente não estaremos muito contentes da vida.

E depois, embora o disco perca alguma facilidade de criar temas 100% catchy a qualidade continua inabalável. Há a mais arrastada "world invitational", o rock mais convencional com "the switch", ou uma vertente mais instrumental com a última "hooligans for life". pelo meio ainda há mais um tema que se assemelha àquela vertente mais descontraída do disco: "holding sand". De qualquer modo o álbum é um rochedo inabalável e tem uma toada equilibradíssima. Se a páginas tantas perde em espontaneidade ganha em consistência.

"United by fate" não é original. Nem é propriamente o começo de nada. Mas consegue aliar algumas guitarras mais pesadas, uma certa tendência mais FM e catchy e tem sobretudo canções muitíssimo encorpadas e coesas. Tem temas mais que suficientes para agradar como tudo a qualquer fã de rock, e merecia ter tido exposição quando saíu. Porque rock deste tão bom não é feito por muita gente. e não andam por aí canções tão perfeitas como "travel by telephone", "everything has it's point", "good things", "holding sand" ou "favorite star".

"United by fate" devia ser um dos discos rock por excelência desta década. Não o foi quando saíu. Neste momento significa isso para mim. Não sei se para sempre mas por enquanto. Temas fantásticos como estes não conheço assim tantos como isso. E vou dar mesmo nota máxima. Não o conheço há mais que semana e meia mas é como se conhecesse há que tempos, dado que o ando a ouvir quase ininterruptamente.

10/10

Ah: dois vídeos do tu tubas para perceberem o que andam a perder desde 2001:

"travel by telephone"(só a música - o vídeo é a capa do disco e tal)



"rival schools" - everything has it's point" (e aplica-se o mesmo que no vídeo anterior)

Sunday, January 06, 2008

MELHORES RODELAS 2007 - INTERNACIONAL

Tinha de ser não tinha? Já não era sem tempo. Então pronto cá vai disto. Depois meto um comment todo fofo a seguir aos 30 discos internacionais e tal.

30 - THE LOOSE SALUTE - TUNED TO LOVE




Disco bastante simpático e agradável. Não sendo uma obra-prima é um manifesto de bom gosto musical e jovialidade.

29 - THE DOLLYROTS - BECAUSE I'M AWESOME



o riot grrl está de volta com uma rapariga a dizer que é a melhor do mundo e que o melhor amigo é todo bom e tal. Para isso caguei, mas não caguei para a garra e energia que esta gente tem em disco. Em palco faço ideia...

28- THE FALL OF TROY - MANIPULATOR



Ou como fazer uma banda que é rock, post hardcore, e tem um laivozinho ou outro mais noise, num produto mais acessível, mas ao mesmo tempo frenético. "Manipulator" é abanão por todo o lado, pronto a desafiar consciências mais adormecidas.

27 - ARCADE FIRE - THE NEON BIBLE



As boas canções estão lá, e os arranjos continuam belos. Falta é aquele golpe surpreendente que teve funeral. Mas feitas as contas trata-se de um competentíssimo disco pop a virar ao indie.

26 - MINSK - THE RITUAL FILES OF ABANDONMENT



Os minsk batalham por uma sonoridade própria que vai ao sludge, mas nem pensar que se fica por lá. Música de fusão muito bem feita e de superior aprumo.

25- JOSE GONZALEZ - IN OUR NATURE



Ou como garantir o ganho através de uma desarmante simplicidade. Um tipo sueco, uma guitarra e muito calor. Um disco fantástico para se poder tocar numa praia qualquer, à noite com uma fogueira acesa. Quente,quente,quente. e caloroso.

24 - MASERATI - INVENTIONS FOR THE NEW SEASON



Rock electrónico instrumental? Seja o que for. Os maserati são mais uma banda singular, pronta a fazer um futuro disco com as suas abrangentes influências muito bem amarradas. Para já fica alguma dispersão, mas uns quantos bons momentos musicais como na primeira faixa.

23 - RADIOHEAD - IN RAINBOWS



"In raibows" nada mais é que uma nova face dos radiohead. Uma nova forma de voltar a dar a genialidade a que a banda de thom yorke sempre nos habitou, agora com polémica acrescentada. Não é o disco que tanta gente apregoa como marco musical, mas é um conjunto de canções muito apreciável de uma banda que sabe sempre por onde crescer.

22 - THE ICARUS LINE - BLACK LIVES AT THE GOLDEN COAST



Os icarus line sempre foram uma banda quase singluar na forma em como fundiam alguns elementos pop, em rock experimental e até com algum peso. Em "black lives at the goden coast",a pop ganha algum avanço, mas nunca consegue ser uma imposição absoluta. Um disco mais encorpado, mais maduro, mais adulto, e um bom futuro para uma banda extremamente interessante no panorama rock mundial.

21 - GOGOL BORDELLO - SUPER TARANTA!



Preparem uma festa qualquer, porque a banda mais festiva do mundo vem aí. Os punks ciganos radicados em nova iorque são uma fabuosa amálgama de sonoridades world music, incorporadas num rock muito próprio. "Super taranta!" é dança atrás de dança, festim atrás de festim, em busca de um prazer musical universal. e a festa é tanta que o conseguem mesmo.

20- SHELLAC - EXCELLENT ITALIAN GREYHOUND



Òptimo regresso da banda de steve albini, esse guru-produtor armadão em génio. Os shellac sempre souberam aliar o seu rock mais cru com interessantes noções de experimentalismo e, com este novo disco, aumentam a fórmula exponencialmente. Não existem canções de génio, mas há muitos grandes momentos decorrentes de um certo minimalismo das guitarras. Rock à séria com executantes de mestre, e o seu som sempre singular.

19 - OXBOW - THE NARCOTIC STORY



Os owbow são variedade. Tanto conseguem dar-nos canções quase acústicas, como depois misturam rock com elementos de quase sludge, e oferecem-nos verdadeiras muralhas sonoras. "The narcotic story" é mais um disco de uma banda de som completamente assimilado e que tem todas as asas do mundo para fazer o que bem lhes apetece. e esta misturada entre rock mais minimal, armaçõezinhas sludge e raiva latenta, é mais um grande exemplo disso.

18 - POISON THE WELL - VERSIONS



E onde já vão os tempos de "the opposite of december"...disco de estreia destes americanos e que influenciou toda uma geração no que ao metalcore e post-hardcore diz respeito. "Versions" é um atestado de maturidade de uma banda que, ainda estando a caminhar por alguns trilhos de sempre, consegue criar verdadeiras canções que deixam qualquer um muito bem impressionado, sobretudo face à evolução latente desta gente.

17 - KEVIN DREW - SPIRIT IF...



Kevin drew é um dos mais influentes membros dos geniais broken social scene. Em "spirit if..." ele tem uma ajuda preciosa do resto da banda (como se nota pelo "broken social scene presents") para criar preciosas canções indie de fino recorte e beleza frágil. Não consegue a genialidade dos lançamentos da sua banda, mas o disco tem a alma própria de um criador firme nos seus propósitos.

16 - DEVIL SOLD HIS SOUL - A FRAGILE HOPE



A banda revelação de 2007. embora com uma quanta experiência de projectos anteriores é com "A fragile hope" que estes músicos chegam mais alto. Metal do bom, com pózinhos de sludge, mas também alguns laivos de death metal. Uma fusão bastante interessante que confere à banda uma sonoridade, não única mas singular. È metal, mas é o seu metal, o seu peso, o seu carregar de atmosferas. Um óptimo disco a ser adquirido tanto pelo povo do death como pelos fãs dos isis e cults of luna da vida.

15 - PELICAN - CITY OF ECHOES



Depois do genialíssimo "The fire in our throats will beckon the thaw", os pelican voltaram à carga com "City of echoes". Não sendo a genialidade abrasiva do anterior disco de originais, este disco consegue fundir as ideias de rock instrumental de uma forma bem mais sucinta, perdendo em intensidade, mas ganhando em mestria instrumental. E ainda há canções que merecem destaque, como o muy bueno tema-título.

14 - COBALT - EATER OF BIRDS




Um portento de intensidade e força. "Eater of birds" é uma expressão nova das raízes de black metal, a seguir o caminho inicialmente trilhado pelos enslaved. Não é fácil de entrar nele, mas depois a genialidade destes ambientes carregados de peso e de enorme intensidade levam a mais forte. simplesmente arrebatador.
13 - EXPLOSIONS IN THE SKY - ALL OF A SUDDEN I MISS EVERYONE



Os explosions in the sky são uma das mais proeminentes bandas ao que o post-rock diz respeito. "All of a sudden i miss everyone" é, fundamentalmente, mais uma demonstração da magia que este rock instrumental celestial tem. Um disco que volta a provar a doçura dos ambientes de sempre dos explosions in the sky. Uma prova que há bandas que não sabem tropeçar.

12 - AEREOGRAMME - MY HEART HAS A WISH THAT YOU WOULD NOT GO



O disco pop do ano. Melodias calmas e tranquilas, doces arranjos, vozes agradáveis. "My heart has a wish that you would not go" baseia-se nestas componentes, que perfazem onze canções escorreitas, e de rara beleza. Um óptimo disco para uma primavera mais bonita que nunca.
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11 - HELL IS FOR HEROES - HELL IS FOR HEROES



A minha banda de rock preferida da década dos dois zeros voltou em 2007. com mais um disco a atestar as suas grandes capacidades, naquilo que será um cruzamento entre "the neon handshake" e "transmit disrupt". A banda britânica volta com o seu rock emocional de contornos quase épicos, e contágio absoluto. Pena ir agora parar por algum tempo. Esperemos que seja breve, porque rock tão bom como este há mesmo muito pouco.

10 - ROSETTA - WAKE/LIFT



"Wake/lift" não é à partida mais que uma revisão da matéria dada de genialidades vindas de uns isis ou cult of luna. Parece que estamos perante mais um disco de sludge bem feito, sem sinais particulares. Mas a páginas tantas esquecemo-nos que no fundo isso é o que mais importa: "wake/lift" não será muito mais que rever matéria de génios, mas é feito com tal profissionalismo e competência, que não pode deixar nunca de ser notado e admirado. e está longe de ser uma mera cópia. Para quem gosta de sludge é indispensável.


9 - MODERN LIFE IS WAR - MIDNIGHT IN AMERICA



Depois de um álbum interessantíssimo que é "witness" os modern life is war decidiram aperfeiçoar a forma hardcoriana com guitarras potentíssimas, até a um ponto de rebuçado que deixa todas as marcas. Possivelmente um dos discos com muralha instrumental mais poderosa do ano, mas sobretudo um testemunho de maturidade de uma banda que sempre apostou na lei da força para se impôr. E é com raiva que criam um disco que é o seu maior e melhor manifesto de rebeilão.

8 - ALCEST - SOUVENIRS D'UN AUTRE MONDE



"Souvenirs d'un autre monde" é belo. Belíssimo. Cria paisagens dançantes, cria atmosferas de máximo esplendor. Cozinha, faz amor com géneros e envolve-os, dança com o post/rock, o sludge, o shoegaze, modifica e vai-se modificando. È um daqueles discos experimentais que nos apaixonam porque conseguem mostrar a verdadeira essência da música: a beleza, mas também a simplicidade desarmante com que se conseguem fazer certas obras de arte. Majestoso.

7 - JESU - CONQUEROR



Justin broadrick é aquele tipo de gajo que é génio e ponto final. Os jesu sempre tiveram uma sonoridade que me agrada de sobremaneira. Sempre foram mestres em pincelar atmosferas com cores delicadas e suaves. Sempre souberam utilizar a sua cadência shoegaze em prol das canções. E "conqueror" é mais um manifesto dessa mesma beleza, através de temas bem uptempo e que se vão prolongando para nossa satisfação. Um disco singular, de algo sempre singular como são os jesu.

6 - BLACKFIELD - II



Em 2007 o mestre wilson esteve particularmente bem: conseguiu um óptimo disco com os seus porcupine tree, e fez com que os blackfield aperfeiçoassem a sua fórmula que vai entre pop, rock e alguma coisa progressiva, criando canções simples e belas como "once" ou "1.000 people". "II" é mais uma forma que wilson tem em mostrar ao mundo que a simplicidade pode ser o melhor caminho para a perfeição. E é capaz de estar certo.

5 - PORCUPINE TREE - FEAR OF A BLANK PLANET



E depois foi isto. "Fear of a blank planet" não sendo um dos meus discos preferidos de porcupine tree, tem o mérito de ser conceptual (a história da alienação das pessoas em relação aos novos meios de comunicação) e de conter canções lá por dentro. Tem o mérito de ser tudo aquilo que conhecemos de porcupine (os solos maravilhosos, refrões delicados, canções muitíssimo encorpadas) mais uma dose de latente negritude e experimentalismo a que já não assistíamos possivelmente desde "signify". Pode não ser o melhor, mas é certamente um excelente disco que tem uma toada bastante mais interventiva dentro daquilo que os porcupine costumam fazer. Uma espécie de manifesto de denúncia sincero, e ao mesmo tempo bastante sério.

4 - NEUROSIS - GIVEN TO THE RISING



Os neurosis são uma das melhores bandas do mundo. Ponto assente. "Given to the rising" é mais uma chapada na cara a quem os quer rotular, inclusivamente eu pois claro. São aquela banda que, quando se vê meio apanhada por outra qualquer, faz questão de dar mais um passo à frente para se desmarcar: e com isso continua a fazer portentosos registos com a muralha sonora apurada como já tinha sido no brilhantíssimo "the eye of every storm". Os neurosis fazem música completamente livre, que não se enquadra em lado nenhum, mas consegue ser sempre enigmática e atractiva ao mesmo tempo. eles lá saberão o segredo.

3 - ULVER - SHADOWS OF THE SUN



Possivelmente o disco mais arrepiante de 2007. Os ulver pegaram em texturas que advêm sobretudo de órgãos, e dão-lhes um toque soturno intimista, acolhedor. e ao mesmo tempo belo, belíssimo, maravilhoso. È um disco que consegue ter todas as emoções do mundo e ao mesmo tempo soar frio. Uma frieza cristalina que dói nas entranhas. Mas que sabe bem como tudo. Uma obra singular que merece ficar nos cânones de 2007.
2 - THE DILLINGER ESCAPE PLAN - IRE WORKS



Que os the dillinger escape plan são a banda mais entusiasmante do momento eu não tenho dúvidas. Que continuam no caminho do entusiasmo à pala de meterem tudo numa panela para ver o que sai, confere. Mas daí a fazerem temas tão arrebatadores, com uma sensibilidade pop que ainda por cima cai que nem ginjas (como "black bubblegum" e "milk lizard") já ninguém esperava. Este é mais uma obra fantástica, versátil que continua a repelir a maior parte das pessoas. Daí isto ser tão genial. e tão importante ver uma banda a continuar ininterruptamente a desafiar todos os conceitos musicais. Num mundo correcto, os dillinger ganhavam os prémios todos do mundo. Assim, ganham os meus. Não sendo grande coisa, sempre é fofo ter um segundo lugar no top 30 do ano.


1 - NINE INCH NAILS - YEAR ZERO



O melhor disco dos nine inch nails foi editado em dois mil e sete. "Year zero" não tem nada de particularmente inovador: mas consegue ter um exímio balanço entre todos os momentos que sempre compuseram a carreira do mega projecto de reznor. Experimentalismo,canções a sério, devaneios industriais. E aqui tudo se funde, mas ao mesmo tempo se harmoniza. Amor perfeito é o que é "year zero". a súmula perfeita para uma banda de excepção que se ama ou odeia. Por aqui é amor sentido. A grandiosa obra de 2007 está aqui, por mais detractores que tenha.


E estamos despachados. 2007 teve alguns bons discos, mas na generalidade talvez tenha sido um bocado mais fraquinho que 2006, onde tive total hesitação entre o primeiro e segundo classificados. Pode-se dizer que os quatro primeiros discos são excelentes, do quinto ao décimo segundo muitíssimo bons, e o resto é óptimo, praí até aos arcade fire. Dolly rots e loose salute são discos bastante bons.

e claro, faltou-me gente: animal collective por exemplo. Ou coheed and cambria. Ou sleepytime gorilla museum que merecia uma audição bem mais atenta. Mas isso é o costume faltar-me sempre qualquer coisa, porque sou um cromo do caraças.

2007 foi um grande ano para steven wilson com blackfield e porcupine tree com discos do caraças. A descoberta dos alcest e devil sold his soul. Um regresso, ainda que através de kevin drew, dos broken social scene(pelo menos é sempre fofo ver o nome deles na capa). O disco definitivo dos nine inch nails, e a contínua maturidade dos neurosis. a obra singular dos ulver, e um pulo de gigante dos modern life is war.

Por outro lado, acho justo colocar aqui uma referência a "Grand national" dos john butler trio. Foi possivelmente o disco que mais ouvi em 2007, pelo menos no seu segundo semestre. Não sendo um álbum para cima de bom, é um disco que me contagiou sobretudo no Verão. E fica aqui a capa só por uma questão de homenagem manhosa que lhe faço.Portanto:



De 2008 falemos numa posta futura e tal.

Wednesday, January 02, 2008

DISCOS NACIONAIS 2007

Não foi um ano enormérrimo 2007, no que à música nacional diz respeito. Ainda assim há coisas boas a registar, sobretudo em bandas que editaram disco de estreia. Aliás, vendo bem a coisa os cinco discos que aqui coloquei são todos avanços de estreia - embora todas estas bandas já tenham tido umas quantas experiências anteriores. Vamos então ao meu bitaite:

1- MEN EATER - HELLSTONE



Um dos melhores discos do ano. e falo a nível geral. Isto é stoner rock, com laivos grandes de sludge, misturados numa grandiosa uniformidade. Os men eater são nossos por acaso. e por acaso(ou nem por isso) fizeram a minha canção preferida de 2007, "Lisboa". "Hellstone" é um disco pesado, potente, mas belo e até frágil ao mesmo tempo. Um adocicado grandioso de diferentes estados de espírito que alcança aqui expoente máximo.

2- LOBSTER - SEXUAL TRANSMITTED ELECTRICITY



Disco altamente entusiasmante de noise-rock,e ainda por cima vindo do nosso humilde canto. Os lobster são o noise em pessoa, e aquilo que conseguem produzir é a reacção mais heterogénea que se possa imaginar. Porque é impossível sermos indiferentes a tamanha descarga sonora. Porque os lobster estão aqui para nos lembrar que a música é sobretudo um desafio. e ainda bem.

3- MADCAB - KEEPING WOUNDS OPEN


Grande ano para os madcab: disco de estreia, o vocalista luis silva com um disco de nome "tartaruga", bastante interessante (e que possivelmente só não figura aqui porque não o ouvi em condições absolutamente decentes) e o baterista luis costa com mais um ep/maquete extremamente interessante. Em "keeping wounds open" há madcab a fabricar rock com distorção qb, refrões catcht, mas sobretudo com uma identidade absoluta, que os destaca de tantos outros. "Keeping wounds open" é aquele tipo de disco que pode ser ouvido por toda a gente, desde quem gosta de andar por baixo do chão como para aqueles que andam só pela rama, e que se andássemos num mundo justo era passado nas rádios cem vezes ao dia. assim, fica a minha humilde referência a uma banda que promete ser grande.

4 - {F.E.V.E.R.} - 4st



Tendo em conta a genialidade que os {f.e.v.e.r.} já demonstraram, não deixo de me sentir um bocado desiludido por este "4st". Mas por outro lado nota-se aqui uma uniformidade sonora desarmante, uma produção irrepreensível, e sobretudo uma vontade de se insistir naquilo em que se acredita, com um rock industrial de contornos muito próprios. O melhor é mesmo "beyond and beyond", "pure" ou "twilight roadkill" o resto é esperar para uma genialidade em longa duração que há de aparecer.

5- FIONA AT FORTY - BLOODLOSS IS A SPORT



Fiona at forty ganha pontos à fartazana por ser daquele tipo de bandas brutalmente honestas e que faz disso grande arma. O seu rock post-hardcoriano, não sendo algo de finíssimo recorte nem genialidade, é poderoso, coeso, e consegue cumprir as regras do género sem o tornar demasiado monótono. Tirando a muito boa "bittersweet dominatrix" não há temas de realce, mas fica um disco que merece ser ouvido, nem que seja porque há que louvar aquele tipo de bandas que crêm firme no que acreditam. Fiona at forty é bom exemplo disso.

Resumindo: houve discos de consagrados que não ouvi. Houve jorge palma em regressar bem, com um voo nocturno que não ouvi todo, mas também sou sincero a dizer que gosto bastante do "encosta-te a mim" e que o palma sempre fui um tipo com quem eu simpatizei. Houve david fonseca pelos vistos e mais coisas onde não me apeteceu pôr o ouvido.

do que ouvi, realço também long desert cowboy, aliás diga-se de passagem que a netlabel testtube, e também a merzbau já agora andam a editar coisas de extremo interesse e ainda por cima há borla.

- http://testtube.monocromatica.com/

merzbau-label.org

De resto: bem, houve também humble com um bom disco de verão embora algo desiquilibrado, um ep muito razoável dos more than a thousand, que não entra aqui por só ter contado com os longa-duração, e a descoberta dos skalibans que felizmente vão editar um disco para o ano.

e vejam quem são os zella por favor. Parece que o tobel continua em grande, depois dos sindrome que eram uma banda do cacete.


myspace.com/zellaband

E também há novo de if lucy fell...e riding panico possivelmente. sim, 2008 parece que vai ser um ano todo engraçado.