Sunday, April 30, 2006

EASYWAY- NOVO DISCO DIA 2 DE MAIO

Sim, eu sei sou um cócó com um cheiro absolutamente putrefacto. Mistura de ameixas podres com dois anos e meio, buraco de toupeira, e meias como as que tenho agora calçadas(blaargh). então não é que os easyway vão lançar disco novo(no próximo dia 2) e eu só há 5 MINUTOS, me apercebi disso? Sou objectivamente uma merda.

Pronto os easyway tocam pop-punk, falam abertamente de gajas praia e cenas do género, e o novo disco chama-se "Can you keep a secret". Dentro do género, são muito bons, embora para muita gente o género seja péssimo.

Mas para mim não é. E, sinceramente, estou com vontade de ouvir mais uma fornada de temas leves e desconraídos, com refrões supercola 3. Espero que eles assim continuem senão dou-lhes cabo da cabeça (ok do bandas não que senão levo nas fuças) no próximo concerto onde puser a fronha. Ah sim já podem ouvir "Hush baby hush" que é capaz de estar mais perto da cena duns offspring, e um tudo nada mais afastado do costumeiro pop-punk. Mas é um som bastante agradável e, felizmente! despretensioso.

tá tudo dito. Metam a fronha no concerto deles dia 5 de maio, no lótus bar em cascais, com os triplet, que já tiveram que aturar as minhas perguntas. Para mim não vai dar que estive ontem na discoteca da maya(trocadilho genial e ainda por cima verdadeiro porra) e sair à noite agora tá quieto, pelo menos por uma semana ou duas.

Aqui fica o flyer:

Saturday, April 29, 2006

Slumming de Michael Glawogger(2006)



Michael glawogger foi um dos homenageados do indielisboa. O cineasta austríaco foi alvo de uma reposição de vários dos seus filmes, sendo que "slumming" foi o único ficcionado, já que o realizador é especializado em documentários. O curioso, ou talvez não, é que se vê em "slumming" alguma toada documental que é bem capaz de ser a maior vantagem deste filme.
A sinopse nem é muito complicada: dois amigos, sebastian e alex, são aquele tipo de meninos ricos que podem fazer o que querem. Apesar de tudo, Alex ainda estuda(embora nunca o vejamos a fazer isso) e Sebastian contenta-se a vaguear por Viena, a marcar encontros com raparigas via internet. Num desses encontros encontra Pia, e começa a pensar que se apaixonou por ela. Ora, numa das habituais voltinhas pela zona rasca de Viena ("Slumming" quer dizer mais ou menos isto), encontram um vagabundo, de nome Kallmann, ao pé da estação de comboios. Vai daí não vão de modas: Vá de ir até à fronteira, e deixá-lo na república checa, apenas por gozo pessoal.

O início do filme é fantástico: Kalmann, maldiz toda a gente que encontra naquela carruagem de metro, que ele vagarosamente percorria. Com uma voz raivosa, enérgica. Só esta cena compensa por todo o filme. O que vale é que o resto tambem não é nada de se deitar fora: Com aquela súbita viagem de Kalmann, para gozo puro dos dois amigos, a verdade é que o vagabundo se torna melhor pessoa: consegue sentir-se importante ao dizer adeus às pessoas que vai encontrando quando toma um autocarro que, acreditava ele, ia para Viena: adquire instintos de sobrevivência ao pernoitar num albergue num lago que estava gelado: arranja-se de uma forma minimamente condigna e sente-se diferente.

Aliás é o próprio Sebastian a referir-se a isso mesmo: Se calhar até foi bom para ele, se calhar a vida dele vai mudar. Se calhar Kalmmann é o futuro de Sebastian, e Sebastian o seu passado. Se calhar eles são a mesma pessoa, mas em dois corpos diferentes. E porque digo isto: Kalmmann vagueava pelas ruas escuras de viena, tentando vender seus poemas. Sebastian fazia precisamente a mesma coisa, exceptuando que não escrevia (e há uma alusão a este facto numa curiosa conversa entre Pia e Sebastian), e deambulava num bmw com computador de bordo.

Já Pia é uma espécie elo de ligação entre os dois: quando alex lhe conta aquilo que eles fizeram a Kalmmann ela tenta alcançá-lo custe o que custar. vai, inclusivamente à república checa, com uma das pessoas mais chegadas àquele homem, colando cartazes na parede. Pode-se dizer que é a fonte de consciência e solidariedade de todo o filme, contrapondo-se com Alex, o amigo de Sebastian que também teve problemas de consciência em fazer aquilo ao vagabundo, mas não negou o prazer que isso lhe deu.

Mas o melhor do filme é, sem dúvida, a forma em como Glawogger filma Viena: contrapondo aquela ideia de cidade glamourosa cheia de óperas e teatros, com grande actividade cultural, o realizador busca precisamente os pontos mais decrépitos de Viena, aquelas zonas escuras e sombrias que não nos dão a conhecer em panfletos turísticos. Os últimos minutos do filme, onde Sebastian abandona o comboio para confraternizar nas barracas que se erguem junto à linha, é bem exemplo disso: disso, e também do multiculturalismo que se vive na cidade. A páginas tantas vemos dois "emigrantes", a entreolharem-se tentando perceber se Sebastian era norte-americano, ou australiano... Enquanto este dançava alehgremente com um grupo de indianas(?) que realizavam uma exibição de dança, ornada com vestidos cheios de brilhantes.

Aqui quase chegamos à temática "lost in translation", dentro da nossa cidade natal: vemo-nos fora daquele contexto, fora daquilo onde costumamos estar, sem reacção aparente. Por outro lado, ao contrário do bob e da charlotte, Sebastian sente-se estranhamente em casa. E aquele último plano geral, onde vemos este a percorrer a linha de comboio, com a background voice que repetiu aquilo já pronunciado no início da película, é perfeito e remete-nos directamente para a existência de Kalmman: são duas vidas iguais, emnbora em berços diferentes.

"Slumming" é perfeito? Não. Por vezes parece que Glawogger poderia ter ornamentado um pouco mais a narrativa. Dar-lhe mais pontos de referência. Mas a forma em como ele mostra viena, caracterizando-a como uma cidade suja e sombria, onde nem todos são tão perfeitos quanto nós poderíamos pensar, é brilhante. E o modo em como ele retrata os bairros de lata, é igualmente perfeito e mostra um olhar crítico para com aqueles que são deixados ao abandono e que pouco podem fazer para vencer na vida. Ali está a Àustria. Aquela que desconhecemos e que Glawogger nos quis mostrar. E não nego que sempre que me lembrar de Viena, ou se tiver a oportunidade de lá ir, é bem provável que também não me esqueça deste filme, um retrato frio e crítico de uma cidade que todos achavam quente e calorosa.

8/10

Thursday, April 27, 2006

DATAS HELLSPIDERS

Hellspiders vão prá cadeia. Foi basicamente isto que foi mandado aqui para a tasca. Concerto dos hellspiders na prisão do linhó dia 28.Também mandaram mais duas datas, a primeira no culto bar em cacilhas no mesmo dia(com pestox e piss!!!), e para ribas rock café no dia 29(com os xtigma). Para quem quiser emborcar umas jolas, descontrair com os temas da banda, e passar um bom bocado que não hesite mesmo.

Aqui deixo o flyer do concerto no culto. Com pena, porque não consegui cá colocar o genial flyer do linhó...



PS: não tenho deixado aqui todas as datas que me têm enviado. è verdade. Não valho a ponta de um corno. espero é que não deixem de as mandar porque eu prometo fazer um esforço para as colocar todas aqui. Mesmo.

Saturday, April 22, 2006

Sílení (Jan Svankmajer 2005)



O indielisboa já anda por aí mais que presente, e já nos brindou com uma carrada de bons filmes. Quer dizer, é capaz de ter brindado, porque o único em que a minha real fronha esteve presente foi neste Sílení (ou lunacy em inglês e tal) de jan svankmajer, filme realizado pela republica checa e também pela eslováquia. O filme insere-se no observatório estanto portanto fora de competição. E o filme é sobre o quê? Bem, basicamente trata-se de jean berlot, um tipo com problemas mentais, que vai conhecer um tal de marquês (figura altamente influenciada pelo marquês de sade), e dá-se conta das requintadas práticas sexuais e preversas deste. Mistura também animações, que incluem lombos de carne, pulmões ou olhos, entre outros artefactos que dão ao filme um certo timbre de comicidade.

Ora, o marquês tem um amigo que possui um hospício: berlot acaba por ser convidado a lá ficar, altamente persuadido por charlotte, suposta filha do director. As práticas no hospício são tudo menos ortodoxas, ou comuns, no entanto os doentes sentem-se totalmente livres. Bom, mas isto já sou eu a falar à parva.
Por isso é um filme que tem sexo, preversidade, animações, discursos contra Deus e a sua, enfim pouca flexibilidade para com os humanos, e gajos cobertos de penas e alcatrão. Sim, é um filme que permite uma ou outra gargalhada.

directamente influenciado por gente como o marquês de sade ou edgar allan poe, "Sílení", é um filme sobre a preversidade, o sexo, e em como essa preversidade é capaz de ser tão comum, ou igual em todos nós. Em como ela se insere em toda a gente, onde todos temos a nossa historiazinha secreta por trás e vemos nossos desejos mais preversos e doentios a serem correspondidos. Ou a não o serem. Berlot vai tentar combater tudo isto, e mostrar-se o mais racional possível perante este cenário. è, no fundo, a personagem contra-natura que tenta equiparar a sociedade aos padrões mais comuns, aqueles a que estamos habituados a ver. Se consegue ou não...acho que desde início é capaz de ser notória ou uma coisa ou outra.

"Sílení", nem por isso é um filme genial. Também não o pretende ser: prefere antes passar por farsa mórbida contra os bons costumes, dentro de perspectivas filosóficas. No fundo, consegue almejar o seu objectivo. Tem o problema de conseguirmos simpatizar com berlot e a sua jornada a favor dos bons costumes, e contra a heresia, no fundo até somos capazes de ter pena dele. E este talvez seja o maior erro do filme que nunca nos devia ter deixado chegar perto de tão estranhas personagens. Que são como nós.

PS:Ah sim e as gajas nuas são todas de boa qualidade...isto pode parecer despropositado numa crítica a um filme, mas solta o rebarbado que há em nós. Ou a rebarbada para não dar ares de ser contra as minorias e tal.

7/10


e enfiem as vossas patas no indielisboa sim?

http://www.indielisboa.com

Wednesday, April 19, 2006

AS RODELAS QUE DO CANTO VÊM...

Se o ano de 2005 foi um pouco parco a nível de novidades musicais em Portugal, com algumas excepções é certo, 2006 parece vir a ser um ano bem rico e recheado de sons nacionais. Ora vejam bem o que vem aí e comecem a salivar...Se não salivarem, a única justificação que posso ter para isso é que estão a comer seja o que for.

MORE THAN A THOUSAND- Vol 2. The hollow



Este é, talvez, o registo que mais saliva me deixa. Já não há grandes notícias da banda desde fevereiro, altura em que deram um excelente concerto no club lua em Lisboa, e agora tudo está na expectativa para saber quando sai este novo conjunto de canções. Será mais um ep no formato de "trailers..."? Será um longa-duração? Será mais virado para as canções propriamente ditas? tudo indica que sim, pelas amostras que já conseguimos ter dos novos temas. a ver vamos.


TWENTY INCH BURIAL- Radiovenom



A nova bomba da banda lisboeta já era suposto ter saído há mais de um mês. Assim não aconteceu, e estamos todos ansiosamente à espera de um novo respirar, após o óptimo "how much will you laugh and smile?". Os samplers presentes no myspace da banda indicam mais um passo em frente na obtenção de excelentes canções, com o contraponto do peso do metalcore da banda. Já se aceitam encomendas em twentyinchburial@hotmail.com , pese embora ainda não tenha saído oficialmente. Também de realçar é o dia 25 de maio, onde os twenty inch vão actuar juntamente com os devil in me, entre outros, no palco da quinta dos portugueses.

ASIDE- we are frequency



Após a novela autêntica, mas com final feliz, que foi o lançamento de "good enough for someone else", os aside regressam com uma produção superior, e muitos mais meios de divulgação.Alguns temas do novo disco, já estão disponíveis em http://www.myspace.com/aside, e representam bem o punk-rock melódico, que foi sempre a bitola sonora da banda. E uma surpresa: aquando da entrevista para este blog, os aside disseram que "small leaves will fall" ainda havia de surpreender. E não querem lá ver que esta gente deu ao tema um liftingzito (mas nada de paneleirices que este termo evoca claramente) e vai daí, vão inclui-lo no novo disco?

HILLS HAVE EYES- All doves have been killed



Vindos das ruínas dos skapula, os hills have eyes formam uma nova banda com os laivos de emocore que os skapula já tinham, mas numa versão mais adulta e evoluída. Com dois temas já disponíveis em http://www.myspace.com/hillshaveeyesmusic , a banda está apostada em conseguir ganhar reconhecimento suficiente para uma melhor subsistência. Para já têm dois óptimos temas, superiormente produzidos por ricardo espinha (o mesmo de more than a thousand), produtor que parece ter um enorme futuro pela frente. Que tenham um enorme futuro, e que o resto do ep consiga ser tão bom como são os dois temas já apresentados, são aquilo que eu peço.

DEAD COMBO - Quando a alma não é pequena vol.II



Esta dupla perpera o quê? sons nocturnos e urbanos que vão buscar ao universo do bairro alto em Lisboa, e não só. Os dead combo fazem das suas guitarras uma paisagem ambiental e retratam aquilo que querem, com uma incrível palete de cores. São um projecto atmosférico qb, tratando a guitarra com amor e carinho especiais. Uma das bandas nacionais mais prometedoras dos últimos tempos. Se já com "vol I" a banda tornou-se um objecto de culto para muita gente, este segundo disco promete aumentá-lo ainda mais.Já à venda.

DEVIL IN ME - born to lose



São a proposta mais pesada de todas. Os devil in me são uma banda de hardcore, com claras influências de uns sick of it all. Todo o som deles se balança muito entre o hardcore e o punk-rock, perfazendo um som que capta o melhor destes dois géneros musicais. Pelo meio conseguem obrar temas que têm o seu quê de contagiante como "We stand alone". Esperem uma entrevista brevemente, e também uma crítica ao álbum que já se encontra por aí à venda.

LINDA MARTINI - Linda martini Ep (e também cd daqui a uns tempos)



Sim, já falei muitas vezes aqui dos linda martini. Não, não acho que chegue. Sim, já os coloquei no top 6 de discos nacionais do ano passado, ainda nem o ep tinha sindo lançado. Isso é bom porque o posso colocar outra vez. E sim, os temas de pós rock, com algumas palavras intensas e cortantes pelo meio, são mesmo geniais. e sim, os linda martini são uma das bandas mais promissoras no nosso panorama. È que som personalizado não lhes falta.

Ah é verdade, fala-se igualmente de um disco da banda para este ano. Se leram a crítica do concerto a god is an astronaut, perceberam que eu fiquei muito entusiasmado com "estuque" ou "facas" e que tou ansiosamente à espera do álbum.



e pronto, aqui fica um lamiré (que palavra mais idiota) daquilo que eu certamente vou ouvir de uma ponta à outra de discos nacionais. Mais alguns virão com certeza: por enquanto só ouvi o disco dos devil in me, e ainda nem foi na totalidade, também por sero único que já arranjei. Do resto estou à espera a salivar. Espero que não seja o único. Estas bandas não merecem que, o único cromo que está à espera de novos trabalhos delas, seja eu. Por isso, salivem se fazem favor.

Mono- You are there (2006)



Os mono são daquelas bandas que carregam por si só uma considerável dose de exotismo. Em primeiro lugar são nipónicos. Depois o tipo de som deles vagueia muito entre o post-rock de uns mogwai e o próprio pós-doom (ou seja que nome quiserem dar ao movimento) de uns isis, compactando tudo em atmosferas muito próprias, onde a paralização instrumental (como este meu novo termo inventado, pretendo dizer que ficam muito tempo no mesmo tom) é algo de extrema importância. e depois porque, fundamentalmente, baseiam a sua sonoridade em longas e doces atmosferas, que ombreiam lado a lado, e sem perigo de colisão, com sonoridades mais pesadas.

Mas a banda não era bem assim desde início: sim eu sei, há aquela coisa bonita e com sentido chamada "evolução", e foi precisamente por aí que os japoneses,felizmente, enveredaram. "Under the pipal tree", o primeiro disco da banda, embora já explanasse muito do post-rock agora tocado também estava demasiadamente colado a alguns clichés sonoros, até a algum indie-rock que, na altura, os mono acharam conveniente abordar. entretanto mais dois discos foram editados pela banda (se não contarmos com o LP "new york soundtracks") e tudo fui mudando. Os mono foram ganhando um considerável culto, a fama foi crescendo, e a própria produção ganhou um mestre: Steve Albini é quem produz este disco. E, para quem não sabe, foi ele que produziu obras primas como "The eye of every storm" dos Neurosis, e "surfer rosa" dos pixies.

E agora... Que são os mono? O que é "You are there"? Talvez seja vida. Existe a óbvia manobra da repetição de sons e tonalidades, mas muitas vezes em sentidos mais melancólicos que a maioria do post-rock. E mais arrastados também. Muitas vezes mais delicados e frágeis, menos rockeiros com uma abordagem muito mais minimalista às linguagens musicais. Mas, ao mesmo tempo, tudo nos soa tão eficazmente cuidadoso, que as melodias como que aparecem dentro de um céu azul pintado à nossa frente, e onde nós próprios nos conseguimos retratar. Mas também nos podem surgir fortes...duras. e ecoam nos nossos ouvidos quase como rituais de sacrifício, nos quais temos todo o prazer em entrar.
São paletes sonoras que vão evoluindo à medida que a música vai no seu longo crescendo. Mas a beleza das paisagens fica sempre ali, não parte,nunca vai desgarrada de um som que sempre a acompanha e a sente.

Mas por outro lado existe a vertente pós-doom. Um tema como "Yearning", o mais longo do disco (quinze minutos), surge-nos com uma sonoridade muito à isis ou pelican, com a toada mais pesada a afirmar-se solenemente, e mesmo "moonlight" que fecha o disco com chave de ouro, tem algumas destas características. no entanto nada disto soa destoado, ou descabido num disco que prima pela extrema consistência de todos os seus seis temas.

são portanto uns japoneses, que nós achamos que são só vidrados em computadores, empresas e trabalho, que nos vêm dar uma lição de fragor e frescura sonora, num género onde ,cada vez mais, se torna complicado inovar (que o digam os mogwai, que devem andar com as orelhas assadas, à pala da maioria das críticas negativas ao bom disco que é "mr beast"). Porque não duvidem: é magnífico ouvir a tamanha majestosidade e grandiosidade, de todas as atmosferas dos mono. Que, tantas vezes, se tornam pequeninas,dóceis, suaves. Mas bonitas...maravilhosamente bonitas.

Com "You are there", os mono chegaram a toda a maturidade sonora. Souberam equiparar as tonalidades mais pesadas e programáticas com aquelas minimalistas e suaves(onde ter um violino,penso eu que é um violino, ajuda muito) e conseguiram claramente juntar o melhor de duas vertentes que ainda estão muito condicionadas comercialmente :especialmente, claro está, o pós doom. Mas, o mais importante, é uma pessoa conseguir-se deleitar com as perfeitas melodias, e a beleza intrínseca a toda a música dos mono. Isso é uma benesse. Bem hajam por isso.

9/10

Friday, April 14, 2006

Inside man(Spike lee 2006)



Spike Lee é aquele realizador que tem por hábito andar no mainstream só quando lhe apetece. Tanto faz filmes bem mais alternativos e pouco atractivos para as massas(como o muito bom "she hate me") como para projectos bem maiores e até comerciais( "malcom x" é um histórico na filmografia do cineasta). Desta vez, e após o falhanço comercial e de crítica que foi precisamente "she hate me", lee volta com um filme demarcadamente mainstream: "Inside man" é claramente, um filme "grande", e isso nota-se tanto na sumptuosidade da realização em certos momentos, como na aparição da polícia após o sequestro no banco, ou quando os supostos assaltantes iniciam o sequestro.
Com este teor comercial, é normal existir um medo generalizado que Lee se resigne a filmar, não aquilo que quer mas aquilo que pode: no fundo, e para ser mais específico e directo, é normal existir um medo que Lee se "venda" à grade indústria.

No entanto, isso nunca acontece. Obviamente diria eu: nunca, em toda a sua filmografia, Lee mostrou vontade em ir de encontro aos trâmites mainstream e não era agora, com o seu nome totalmente firmado no panorama cinematográfico mundial que iria começar pois não?
Bom, e falando do filme propriamente dito: verdade seja dita que a sinopse é muito simples. Um grupo de ladrões toma de assalto um dos principais bancos de Nova Iorque. Pronto. È só isto. Clive Owen é o mestre de cerimónias desse mesmo assalto, é ele quem dá ordens, que lidera toda a operação que, como é dito várias vezes ao longo do filme, foi operada ao milímetro. Que, curiosamente é descoberta por um guarda...parece um paralelismo a "she hate me" que, também paralelizava a situação vivida pelo protagonista com a do guarda que descobre toda a conspiração de Watergate.

O filme inicia-se com um grande plano de Clive Owen a explicar tudo. Quem é, porque faz o assalto, o que tem a ganahr com isso. só não fala no "como", até porque depois ele vai ser muitíssimo bem explanado, sendo um dos pontos-chave do filme.
È por isso o que parece um simples assalto a um banco com reféns, aliás a própria abordagem, tanto do comandante dos serviços de emergência(Willem dafoe) como dos dois detectives encarregados de negociar com os assaltantes(Denzel Washington e Chiwetel Edjiofor), pegam no caso como "mais um entre muitos". Aliás, logo no início da aparição do detective Frazier, interpretado por Denzel Washington, um dos seus colegas de trabalho diz-lhe simplesmente "saíu-te a sorte grande". Verdade seja dita que ela surje de facto para Frazier, mas não é directamente pelo assalto.

Aliás...assalto? Isso significa que algo foi roubado. E até é verdade. O problema é que nós espectadores, ficamos logo com a ideia da estranheza deste assalto: afinal seria perfeitamente comum que os tentassem colocar todo o dinheiro do cofre em sacos. e é uma das próprias falas de willem dafoe que também denuncia a estranheza do assalto: quando ele indica que não entende porque é que os sequestradores têm sempre a mania de pedir aviões, quando se sabe das impossibilidades dum pedido deste género...

E é neste contexto que o dono do banco surge. Um homem que à primeira vista parece um simples self-made-man que, segundo as leis capitalistas, seria objecto de quase idolatração. Mas ele sabe que existe um segredo. Ele sabe o que tem naquele banco, aquilo que o poderá incriminar de actos pouco meritórios, os quais não vou revelar mas não são escondidos ao longo do filme. È aqui que ele contrata Madeline white (Jodie Foster) para que ela possa controlar aquilo que existe naquele banco, e que ele tanto quer proteger. E é dentro deste prisma que percebemos que não há inocentes nesta película. Tanto o detective Frazier quer subir na carreira, como Madeline que está interessada em agradar a quem a contrata, mesmo sabendo do seu passado, tanto os assaltantes que egendraram uma astuciosa forma de fuga. Tanto aquela criança de 8 anos igualmente sequestrada, que joga na sua consola portátil (com o nome igual ao da nossa polícia pública, ou seja PSP) a um jogo onde o objectivo é cometer o maior número de actos ilícitos.

È neste clima de culpabilidade que o filme segue: e como todos são mauzões, mais vale pormo-nos a rir com isso. Os diálogos induzem muitas vezes ao riso, a forma em como o próprio assalto decorre também tem o seu quê de cómico. Com esta componente de comédia, spike lee vai-se movendo ao longo da película, em busca dos tais jogos de interesse.Encontra-os facilmente, deixando que eles sigam o filme: o assalto é só o subterfúgio para algo muito maior. Por isso é tão estranho, tão contra-natura. E Lee explora isto, durante todo o filme, sobretudo após a conclusão do assalto e também dos saltos narrativos que percorrem o próprio assalto(as micro narrativas dos interrogatórios a todas as pessoas ali presentes no banco). Se, de início parece mais um heist-movie, Lee consegue manipulá-lo suficientemente bem para mudar de rumo.

A nível de actores...bem nem vale a pena dizer nada. Os nomes que lá estão dão segurança suficiente para que não hajam más interpretações. O que aqui interessa realmente é ver como é que todo o cinema de Lee, com as suas habituais conjecturas raciais e, agora, pós 11 de Setembro( genial a sequência em que sai um refém àrabe, ou aquela em que madeline e Grazier falam junto a um painel alusivo ao 11 de setembro) consegue filmar algo que parecia comercial à partida. Um filme mainstream de Lee? Sem dúvida. Mas também um filme de autor. Não sendo genial, é fascinante ver como Lee se consdegue mover. Ele, todas as personagens, e a história envolvente. Não é genial mas é muito bom. Excelente até.

Dùvidas com a nota não faltam...Mas quando tenho dúvidas opto sempre pela nota mais alta que penso para um filme, ou para um disco. E não abro aqui excepção a mais esta belíssima fita.

9/10

Tuesday, April 11, 2006

GENOFLIE

A UNIÃO QUE FAZ A FORÇA




Os genoflie são mais uma banda a florescer no viveiro undreground do Porto. Ao lado de nomes como chemical wire ou blind charge, é mais uma nova estrela a surgir no profícuo firmamento portuense. Apesar de,eventualmente poder ser considerada como não muito distante de trilhos do metalcore, a banda não quer seguir um caminho específico, preferindo diversidade. È na união e na força de vontade que a banda se baseia. Tudo isto demonstrado linhas abaixo:

A pergunta do costume: como surgiram os genoflie?

Os genoflie surgiram em 2002 por iniciativa do Carlos, do André Carlos e do Pedro. Já nos conhecíamos hà varios anos, e queríamos fazer aquilo mais gostávamos: criar a nossa música, e com isso tirar a maior diversão possivel. Tivemos varias formações, muita gente saiu e entrou e várias foram as influências que seguimos. Só há cerca de um ano é que atingimos esta formação com a entrada do André e do Ângelo, e mais tarde com a entrada do Cláudio. No entanto, os objectivos mantêm-se: fazer o que mais gostamos e tirar proveito disso.

Vocês são do Porto. Como está o circuito underground do Porto, sendo que existem bandas de boa qualidade, inclusivamente entrevistadas no blog, como blind charge ou chemical wire?

È verdade, existem de facto boas bandas no porto, bom exemplo disso são os blind charge e os chemical wire, dos quais somos bons amigos. De qualquer forma, existem mais. Nós achamos que há uma grande união entre as bandas portuenses: possuímos até a "bella famillia" que são várias bandas amigas que se ajudam, organizam eventos, temos um blog, etc... e as bandas são boas. As condições no Porto é que não são as melhores. Até existem alguns sitios para organizar eventos, no entanto as condições deixam muito a desejar. Não existe material,não existem técnicos para o som, o dinheiro das entradas é muito mal dividido... recentemente fomos a Lisboa, e ficámos maravilhados: material do bom e do melhor, técnicos, boa gerência...no que ao Porto diz respeito, ainda há muito a trabalhar neste aspecto.


Como definiriam o vosso som, sendo que ele me parece muito aproximado ao metalcore?

Não gostamos muito de rotular o nosso som. Todos nós ouvimos vários estilos de música, o metalcore é apenas um deles, não é o unico. Nem penso que o nosso som seja apenas metalcore...gostamos imenso de noise, e tentamos sempre pôr algo de noise nas nossas musicas, gostamos de metal, de gore, gostamos de rock, até de funk, jazz...
Quando nos juntamos para criar uma música, não pensamos em algo do género: "isto tem de ser metalcore". Nada disso, tocamos o que surgir e nos soar melhor.


Que bandas incluiriam no rol das vossas influências?


Todos nós gostamos bastante de poison the well.Inclusivamente, tocamos uma cover deles , a "slice paper wrists". posso também citar nomes como: the number twelve looks like you, As I Lay Dying, underoath, slayer, the black dahlia murder, gorerotted, deftones...são várias as influências, como ja foi referido, todos nós ouvimos os mais diferentes estilos, e tentamos tirar o maior proveito disso na música que criamos.

Ainda só têm um tema disponível no vosso myspace. Existe alguma razão específica para isso, ou pura e simplesmente não vos apeteceu?

Claro que nos apeteceu, se fosse possível tinhamos disponíveis todas as nossas
musicas no myspace,no entanto todos nós somos estudantes e o dinheiro não abunda. Como tal, vamos fazendo os possíveis.Tivemos a oportunidade de gravar a "shadow with a knife", que se encontra no myspace, correu-nos correu muito bem, e já temos em mente gravar mais algumas músicas.


Vocês têm uma nova demo a caminho. Podem ultimar pormenores sobre isso?


Realmente tivemos a oportunidade de gravar três mÚsicas, e tínhamos como
objectivo fazer uma demo com esses mesmoS temas. No entanto, surgiram alguns problemas o que nos levou a pensar melhor nessa ideia. Não por culpa própria, mas devido ao tempo que nos foi disponiblizado para a gravação, pelo material disponivel que era muito mau ,e pela experiência do produtor. Os resultados não corresponderam as nossas expectativas, e como tal decidimos adiar a demo por algum tempo, até possuirmos uma gravação com a qualidade desejada.


Que projectos têm a médio e longo prazo?

Não gostamos de estar parados, queremos estar sempre a criar músicas novas e dar concertos. Futuramente pretendemos gravar algumas musicas para a demo ,e acima de tudo, tocar ao vivo. Fomos recentemente a Lisboa, temos uma data para Vigo e algumas no Porto. É importante ter sempre concertos, e tocar fora da nossa cidade é algo que gostaríamos que passasse a ser um hábito concretizável.

Friday, April 07, 2006

V FOR VENDETTA( James Mcteigue 2006)



Um recolher obrigatório. Uma rapariga com um aspecto físico bastante apreciável(quem falar mal da portman fisicamente leva logo um balázio no meio dessas fuças que eu sou mau comás cobras) sai de casa para ir ter com o comediante mais famoso de Londres. È interceptada por sentinelas à guarda do regime extremista, que a querem violar...só não fazem a fila indiana porque não é o araújo pereira, mas a bela da portman.
E de um túnel escuro e sombrio surge uma máscara. V. Dá cabo do canastro aos 3 malfeitores, salva a rapariga e tudo fica bem. Leva-a ao fogo de artifício que ele próprio produz, ao fazer explodir um edifício em Londres, e devolve-a a casa.

Assim começa "V for Vendetta", a mais recente produção dos irmãos wachovski. Desta vez não assinaram também a realização, deram-na a Mcteigue antigo asssitente de realização dos irmãos. "V for vendetta" é baseado numa banda desenhada com o mesmo nome, cujo autor é o mesmo da também já adaptada para cinema "Liga de cavalheiros extraordinários" que segundo ouviu dizer, ficou má como tudo. Aqui temos um futuro, não muito longínquo, dominado por uma ditadura totalitarista , manipuladora e que faz o possível e o impossível para a manutenção do regime. As pessoas acreditam porque se querem sentir seguras: e à medida que o filme avança, tomamos a consciência de que elas estão seguras porque têm medo. e que esse medo foi, principalmente, provocado pelo próprio regime. E é V, um herói mascarado que tenta destruir o próprio regime, fazendo explodir edifícios-base, e assassinando algumas das suas figuras mais importantes.

V, é o homem que a tudo sobreviveu: aos esquemas de segregação impostos pela ditadura, aos constantes ataques à sua pessoa, à tentativa de desviar as suas iniciativas terroristas. E V não é de facto um herói típico: ele mata, explode, tem a dita "lata do caraças, pratica terrorismo de um modo totalmente aberto. E usa sempre uma máscara que lhe permite esconder um rosto que já está desfigurado.
Natalie Portman, é Evey que passa a ser a principal testemunha dos atentados de V.Os pais morreram às mãos da ditadura, e trabalha numa das principais estações de televisão do país. a relação entre ela e V é extremamente curiosa: este salva-lhe a vida por duas vezes, alberga-a em sua casa, criando uma harmonia completa que parece mais uma relação paternal: V faz-lhe o pequeno almoço, vê com ela o conde de monte cristo, dança com Evey.

Até me arriscaria a dizer que a dimensão humana de V é a parte mais curiosa e ,ao mesmo tempo, divertida do filme. Ver um terrorista de avental cor de rosa, a cozinhar tostas com ovo estrelado não deixa de ter piada. È verdade que é um terrorista "bonzinho", no entanto tem igualmente uma vertente de extrema violência que é atenuada pelos bombons que o argumento dá, na humanização de V. Que poderia soar distante devido à sua máscara. Mas não: V é precisamente um de nós. E quer sê-lo.

Entretanto claro...A polícia investiga V, o ditador-mor passa-se da cabeça(aqui interpretado por john hurt, algo que não deve ter sido coincidência, tendo em conta a adaptação cinematográfica do livro "1984"), o polícia que o investiga percebe tudo, e cai em si a questionar toda a credibilidade do regime, as pessoas começam a acreditar em V, que até uma emissão de tv pirata consegue elaborar, tudo acaba bem, e o herói passa a mito.

"V for vendetta" é realmente um filme previsível. E longo. 2 horas e 10 minutos é tempo de mais, para um filme que não deveria passar da hora e meia. Às tantas Evey tem algumas acções mais irreflectidas, os assassínios e seu formato começa também a ser previsível, o filme acaba por não conseguir ser uma lufada de ar fresco no que a adaptações de banda desenhada concerne. O argumento é bom, os actores também, no entanto existe realmente alguma monotonia que poderia ter sido evitada.
Se falarmos das sequêcias de acção, elas estão bem feitas. V dá-nos a perfeita sensação de violência. As explosões estão muito bem engendradas e sobressaem no ecrã;a cena final também é muito boa : o filme está bem estruturado, tem uma mensagem política a emitir, e consegue dar-nos uma visão bastante real daquilo que o mundo é hoje. Não sendo brilhante nem perfeito, "V for vendetta" é bom entretenimento, daquele que nos deixa a pensar um pouco, com alguns laivos cómicos de vez em quando, e um anti-herói delicioso. Não sendo a melhor coisa do mundo, é um excelente filme para se ver a um domingo à tarde numa sala de cinema.

6/10