Pelican + Linda Martini + Riding Panico @ Santiago Alquimista 31/05/07
Os Pelican são daquele tipo de banda com o simpático rótulo de "ah e tal isto é capaz de ser um tudo nada fora de qualquer coisa para cá meter a pata". Trocando isto por linguagem mais decente, os norte-americanos não soam directamente como algo que possa agradar a muita gente...mas enfim isso é a modos que básico pois claro. a verdade é que a beleza e candura instrumentais que o quarteto aprsenta dá-lhes qualidade suficiente para poderem aí andar com a pata em todo o lado do mundo. e o nosso cantinho foi um exemplo.
A abrir curiosamente duas bandas de que gosto: algo bem raro isto de gostar bastante de tudo o que meteu a pata no concerto de ontem. Riding panico é daquele tipo de banda que promete uma carreira brilhante nos domínios do post-rock um pouco mais agressivo(e consequentemente uma internacionalização que estou convicto que vá acontecer mais cedo e mais tarde) e linda martini... bem desses já nem sequer vou gastar muita linha, porque os elogios estão mais que feitos pelos recônditos arquivos deste poeirento estaminé.
Os riding panico abriram a noite pois claro. Benefeciaram de um som extremamemente límpido, e isso foi um dos auxiliares mais preciosos para a sua excelente prestação na noite de quinta-feira. Isso e claro a fabulosa criação de ambientes que a banda cria de uma forma tremendamente simples. Com makoto(dos if lucy fell e eu burro do caraças não fazia ideia que ele também fazia parte dos riding panico), a banda lisboeta deixou-se levar pelas emoções que a sua música acarreta e fizeram um concerto fantástico, tremendamente coeso e sólido, bem auxiliado por uma plateia que lhes demonstrou apreço. Não foi a melhor actuação da noite, mas possivelmente terá sido a que surpreendeu mais gente. Eu incluído.
Quanto aos linda martini eram possivelmente aquela banda de quem eu tinha mais receio em fazerem um concerto que me pudesse defraudar. Porquê? Bem, primeiro porque esta foi a quarta vez que eu os mirei, depois porque tem existido um percurso descendente de qualidade em relação aos concertos deles, pelo menos aqueles onde meti a fronha. Portanto das duas uma: ou eles me iriam conseguir surpreender e arrancavam dali uma actuação boa como tudo, ou então lá vinha outra vez tudo por ali abaixo.
Felizmente que de facto a banda de queluz deu uma lição em como se faz um óptimo concerto com um som não muito bom,com o esquecimento da ligação do microfone, talvez o momento mais cómico da noite, para além de outras dificuldades técnicas(já que precisamente o técnico que costuma andar com eles teve um acidente de automóvel - e sim as melhores para ele e para a namorada claro). Atitude, força de grupo e alinhamento mais à antiga. De facto a maioria dos temas do ep tem mais força ao vivo que os de "olhos de mongol" e isso notou-se bastante. ainda assim "cronófago", "a severa(ver de perto) ou "dá-me a tua melhor faca" mesmo sem microfone, conseguiram portar-se à altura. E quando até "amor combate" aquele tema que eu já ouvi 23424556 vezes (se as duplicarmos por 23424556) consegue voltar aos tempos em que eu a ouvi a a abanar a cabeça como um raio à frente do pc, então estamos bem. Muito bem.
Depois foi esperar..ver os pelican a entrar em cena e a saírem porque o baterista lá entendeu que ah e tal dava jeito. E voltarem outra vez, prontos a encantar uma plateia que não tinha ido só para os ver. Mas eu tinha, por isso caguei.
Anes de mais a crueza dos factos: existiram 3 problemas durante o concerto. O primeiro foi o som que foi claramente o pior da noite- o que é mau tendo em conta que era a banda dita principal da coisa. O segundo o facto da banda se ter baseado fundamentalmente em "city of echoes". O tal novo disco que vai sair daqui a duas semanas e já toda a gente ouviu, graças a essa coisa gira e fofa que dá vontade de dar carícias chamada intermete. Este ponto é negativo porque claramente este último disco não atinge os enormes patamares de interesse de "australasia" mas sobretudo do enormérrimó-gigantone "the fire in our throats will beckon the thaw". E depois disso estar uma hora e um quarto soube a pouquíssimo: é o mesmo que imaginarmos estar com uma moça roliça(embora comigo o caso nem se ponha já que sou feio que nem cornos) vemô-la como veio ao mundo em todo o seu esplendor, e a seguir ela diz que tem de apanhar o autocarro para ir para casa sem se passar mais nada.
No entanto a visão já de si só é tão boa que a pessoa parece que se sente satisfeita. No caso é imaginar um cromo qualquer que nuna tinha estado com alguém do opposite sex anteriormente. Ou então alguém que por razões a modos que óbvias nunca tinha mirado os pelican ao vivo. O concerto acabou por atingir patamares de uma intensidade ímpar que foram motivos de deslumbramento mais que suficientes. A música dos pelican consegue fazê-lo e, embora não ultrapassando, a banda demonstrou ter a capacidade para igualar o feito em cima de um palco.
Foi como escrevi, um concerto demasiado concentrado em "city of echoes", o novo álbum que já pode ser por aí adquirido. No entanto a banda ainda se meteu a tocar "aurora borealis" penso eu de que, do disco anterior, entre mais temas com alguns anitos. No entanto lá está: faltou a genialíssima e sublime "autumn into summer" ou "last day of winter". Mas amnistiê-mo-los: afinal os desgraçados não podiam tocar tudo e conseguiram tocar uma (não muito grande)plateia que a páginas tantas já olhava deslumbrada para a mestria do quarteto e para a forma em como conseguia conjugar a sua etérea sonoridade num momento tremendamente efémero. A beleza da música aguentou-se os músicos igualmente, e parece-me que ninguém tem razão de queixa. Simplesmente ficou tudo com vontade de os ver numa sala com melhores condições(ninguém tem coragem para os pôr a modos que num CCB porque não me apetece sair de Lisboa?) e com um alinhamento de maiores proporções. Dantescas de preferência, tábem?
E pronto. Lá vem agora o raio do balanço só porque fica bem e isso tudo. Riding panio com um concerto magnetizante, capaz de arrancar grandes emoções a cada um dos presentes. Linda martini numa actuação enérgica e irrepreeensível. Pelican a confirmar tudo aquilo que pensava deles: delírio estético absoluto, tranquilidade plena. e agora é ver se mando um bitaite sobre o novo "city of echoes"...