IPJ de Setúbal 29 de julho- Banshee+Eternal Tango+ One hundred steps(entre outras)
Setúbal deve ter alguma coisa de muito extraordinário para produzir tantas bandas, e todas elas de qualidade. Ora são os já internacionais more than a thousand, ou os one hundred steps, ou os hills have eyes, ou os banshee, entre tanta coisa que normalmente ronda os terrenos do emo/screamo(e tirem daqui os banshee porque mais ska-punk que isto não há por aí aos molhos). Não deixa de ser estranho, e ao mesmo tempo muito curioso.
Não sei se serão os ares do rio, ou o choco frito que há de ter um adubo qualquer, ou mesmo a co-incineradora da arrábida que manda uns pós criativos para a cidade: a verdade é que, para uma cidade relativamente pequena como é Setúbal, a sua cena musical é numerosa. Sobretudo se tivermos em conta o emo/screamo: aí não é crime nenhum dizer que é possivelmente a zona do país com mais bandas em emergência dentro deste género, ainda por cima com uma acentuada bitola qualitativa.
Bem, passando à frente da conversa de quase circunstância, o que interessa é saber quem foi actuar no passado sábado, ao IPJ de Setúbal. Ora como sou um idiota, e devia ser chicoteado umas 3456342 vezes, perdi as três primeiras bandas. Pronto confersso desde já, para não andar a escrevinhar prosas bonitas do género "esta banda aposta na titubeante realização de novos perssupostos musicais, que se enquadram numa total simbiose que se complementa com reminiscências várias ao género em questão, adicionando novos trâmites de transfiguração musical", entre palavras de 500 euros a mais.
Por isso, e pedindo desculpa às outras bandas, começo com os Axcromados. Bem, neste caso esqueçam as 3456342 chicotadas: tirem uma. Porquê? bem, porque fiquei cá fora a rapar frio com uma amiga minha, e acabei por ouvir o concerto à distância. O que posso dizer? Os axcromados tocam bem, têm bom gosto na escolha das convers(e no concerto foram tocadas pelo menos duas: a normal "ace of spades" dos motorhead, e talvez o melhor tema dos nirvana,"Territorial Pissings"), e os temas pareceram-me competentes. Quanto à actuação em si..pois. Por aquilo que ouvi pareceu-me que o público estava animado.
ella palmer
Curiosamente, os Jamie's Last Journey eram uma das bandas que eu menos gostava nesta cena setubalense. Não sei porquê...pareciam-me menos catchy, muito agarrados a alguns conceitos básicos do emo/screamo, sem capacidade para se libertarem dessas amarras. Ora entretanto eles acabaram, e deram origem a estes Ella Palmer. A verdade é esta: só não fiquei 100% surpreendido com a performance da banda, porque já os tinha ouvido há cerca de uma semana atrás, via myspace. Para além de terem dado um óptimo concerto, embora com algum esmorecimento na parte final(e uma falta de luz logo de início), a banda tem realmente temas que ficam no ouvido, e consegue penetrar no nicho do screamo, de uma forma mais atmosférica,melódica e bastante orelhuda. È verdade que ainda têm algumas influências demasiado presentes, é verdade que ainda há arestas para limar, mas o concerto foi entusiasmante. Os temas da banda têm potencial para serem autênticos hinos, e na minha mui modesta e humilde opinião é talvez, de todas as bandas que eu vi, aquela que mais potencial terá para vingar em meios mais alargados,sobretudo devido à grande qualidade que eles demonstram. Ah sim, e ainda comprei uma t-shirt deles na banca do merchandising, onde mais bandas também tinham por ali vestimentas,crachás e afins, como é (óptimo) costume.
one hundred steps
A seguir apareceram os one hundred steps.Diga-se que mais coesos do que me pareceram em "you're a lovely victim of emotional chaos", a anterior demo da banda. Com novo material para mostrar(um dos temas, "falls into nothing" já disponível no myspace da banda), o grupo pareceu-me ter temas mais fortes e coesos, demonstrando também uma boa unidade e entreajuda em (inexistente) palco. O público esse estava rendido à banda, ao entoar alguns dos temas, sobretudo o,vá, mais emblemático , de nome "Jesus where's the rest of her". Sem me entusiasmarem tanto como os Ella Palmer, a verdade é que por aqui também se vislumbra um futuro bastante risonho. A ver vamos se estas boas indicações continuam assim, porque há por aqui talento. Tanto em cima de um palco, como a nível de canções.
eternal tango
Com os eternal tango, apetece dizer que o público decidiu ir rapar frio. A considerável moldura humana que esteve no IPJ naquela noite, foi apreciar o belo do aroma do sado(entre outros aromas mais óbvios) e deixaram a banda luxemburguesa com meia dúzia de papalvos, e com algumas groupies luxemburguesas a fazerem um exageradoheadbanging(que teve continuidade com os banshee), provavelmente devido àquelas substâncias que dizem ser "ilícitas". Ah ainda havia outras duas que se entretinham a jogar às escondidas, com uma das cortinas pretas do IPJ...enfim é bonito andar nos fumos.Passando à frente, e falando do concerto: tendo em conta que eram a banda que menos motivaria o público, nem que seja pelo facto de estarem qualquer coisa como 4.000 quilómetros afastados de casa, mais coisa menos coisa, até se pode dizer que eles deram uma actuação bastante positiva. Não serão tão catchy quanto os lara palmer, ou tão coesos como os one hundred steps, mas o maior peso dado às suas composições de emo/screamo(ou ,se se quiser, post-hardcore) dá-lhes uma boa margem de manobra, tendo em vista o futuro. Têm já algumas canções bem engendradas, uma boa presença em palco, e espírito de sacrifício(virem para cá só cum uma demo editada, mesmo tendo em conta que pelo menos o vocalista é luso-descendente, é de homem), e isso é um excelente prenúncio para objectivos futuros.
banshee and something else we cant't remember
Antes de mais é sempre bonito dizer que todas as bandas agradeceram ao vocalista dos banshee, Tèta, pelo convite que lhes foi endereçado: quer-se com isto dizer que ele foi uma das forças motrizes para que esta noite tivesse lugar. e ainda bem, porque o esforço de toda a organização foi de louvar.
Enfim, eu não devo ter ouvido a última música do concerto dos banshee, no entanto posso dizer que o vocalista tem realmente algumas limitações vocais. Tem, é um facto, ele próprio deve saber disso. E eu estou apenas a falar disto, porque é a única mariquice de pormenor menos bom que eu consigo vislumbrar naquele que foi o melhor concerto da noite. Os banshee fazem um ska punk com claras influências de gente como os less than jake, que ainda por cima funciona muitíssimo melhor ao vivo do que em disco. È ao vivo que as verdadeiras potencialidades do grupo vêm ao de cima: Téta pode não cantar na perfeição, mas sabe motivar uma plateia, e esta correspondeu-lhe com passos de dança que toda a gente era obrigada a dar.È que era mesmo: o som dos banshee é extremamente eficaz e apelativo(e isto também ouvi eu nos dois temas que conhecia deles),e não permite que ninguém fique de fora da festa. ainda por cima as canções mais recentes, são bem superiores aos dois temas que eles têm no seu myspace...enfim é esperar pelo álbum, e querer que esta gente vá abrir para uma qualquer banda de ska-punk apareça cá no burgo. Se isso não acontecer, então vamos todos fazer um motim para a assembleia da república(porque assim é mais giro), e incendiamos aquilo tudo. quem está comigo?
Querem que resuma? 8 bandas, por 3 euros e meio, e aquelas que eu vi tinham todas bastante potencial. condições sonoras relativamente deficientes, embora isso seja compreensível, e uma considerável moldura humana. A enorme potencialidade dos ella palmer, a unidade dos one hundred steps,a dedicação dos eternal tango, e a rambóia dos banshee, naquela que foi uma óptima noite musical.e pronto, está tudo.