Friday, January 27, 2006

MATCHPOINT (ou como gostar de ópera é fundamental quando se quiser comer a Scarlett Johansson)



Londres, actualidade. Chris,um tipo irlandês que veio de classes baixas, arranja um emprego como treinador de ténis, num clube londrino da alta sociedade. Entre variados conhecimentos, toma contacto com um rapaz de classe alta, Tom. A este confessa-se admirador de ópera, e o outro acaba por convidá-lo para uma naquela mesma noite. Na ópera conhece a irmã dele,Chloe, começa a sair com ela e a ter um relacionamento um pouco mais sério. Até que toma contacto com Nola, precisamente a noiva do seu futuro cunhado. E é a partir daqui que toda a acção se desenrola com uma consequência extremamente previsível: È óbvio que Nola e Chris iniciam um romance, é óbvio que Chris casa com Chloe e trai-a até mais não, é óbvio que não vemos um fim à vista para este desenlace, mas só sabemos que tudo deve ir acabar mal para toda a gente. Aliás as próprias árias de ópera que são ouvidas no filme pretencem a uma tragédia(é-nos mencionado o nome no filme, mas eu sinceramente não me recordo), e existe até uma citação a Sófocles, o autor do "Rei Èdipo", uma das tragédias gregas mais famosas à face da terra.

Por isso o filme de Woody Allen parece óbvio. Constatamos este facto logo de início, e vamo-nos deleitando com as excelentes sequências em que surge a cidade de Londres sempre secundada por alguma das personagens. Aliás ,e para que fique claro, a realização de Woody Allen é absolutamente irrepreensível: A forma como Allen filma Londres é excepcional, envolvendo-a numa atmosfera de suspeição enorme, tentando filmá-la de um modo claro, mas sem nunca desvirtuar um véu denso e negro ao qual a película está sempre votada.E é sempre em deambulações pela cidade que o filme se encontra com a sua proposta estilística: Sabemos que a suposta tragédia vai recomeçar quando Nola e Chris se reencontram no meio da rua.Temos a consciência de que londres é o mote para tamanho ambiente de suspeição, e que provavelmente mais nenhuma cidade do mundo conseguiria oferecer. Nem mesmo a menina dos olhos de Allen, Nova Iorque.

O filme é tão óbvio que nos dá todos os dados possíveis: Cria cenas belíssimas, quando Chris e Nola fazem sexo no meio do campo, sob uma intensa chuvada, apaga o possível entrave da relação entre os dois, quando Tom indica ao cunhado que já não namora com Nola, inclusivamente oferece o climax de toda a relação: a também óbvia gravidez da antiga namorada do cunhado. Podemos até criar todo um ror de interpretações possíveis daquele relacionamento: O facto de Chris poder estar pouco identificado com o demasiado artificialismo daquela mesma classe, notório nas conversas ao jantar, no facto de vermos apenas os seus elementos em óperas,galerias de arte, e courts de ténis, negligenciando a vertente laboral. Por outro lado nota-se que Chris adora aquela vida: Ele nunca tem tenções de abandonar a mulher, sobretudo pela forma de como subiu de treinador, para importante gestor da empresa do sogro, e npelo estilo de vida cheio de privilégios que leva.

No entanto tudo isto é subvertido na meia hora final do filme: E todos os códigos, os quais nos propusemos desvendar, modificam-se radicalmente, não deixando espaço para interpretações de um filme que sempre parecera óbvio. E que nunca deixara antever concretamente aquilo que iria acontecer, pese emvora todos os dados fornecidos poderiam perfeitamente indiciar o caminho tomado. Diremos apenas que o filme é uma tragédia que acaba com o herói a sorrir maliciosamente a todas as adversidades: Como uma partida de ténis, onde o jogador que ganha suborna o árbitro, e ainda é vangloriado por toda a imprensa. Porque ninguém o consegue odiar, e todos querem que ele seja o vencedor.

Densas são igualmente as interpretações, sobretudo por parte de Jonathan rhys-meyers que prova ser deveras sorumbático, movimentando-se qual raposa faminta por comida. Neste caso Scarlett acaba por ser a deliciosa presa que surge quase como femme fatale, pronta a ser objecto de desejo para qualquer homem. È o pecado, sendo um total paradoxo da benevolência e compaixão que Chloe demonstra ter. E, se Emily mortimer, consegue ser uma Chloe extremamente frágil e dócil, Scarlett personifica uma actriz falhada, que sempre teve o condão de deixar os homens à beira de um ataque de nervos.E surge resplandecente como sempre.

No geral Allen filma o trágico. A história de dois amantes que tem que acabar mal. E acaba. O problema é que no fim damos umas boas gargalhadas, temos um sorriso quase cúmplice com quem é fonte de mal, e não nos importamos. Achamos que foi tudo tão genial, que só tememos que um erro de palmatória dessa mesma fonte estrague um compêndio de pseudo-acasos tão bem elaborado. No entanto isso ainda vai suberter mais aquilo que seria um filme óbvio. Mas não o é. E é nessa transformação narrativa, de que aquilo que já era um grande filme se torna fantástico. Como um emocionante matchpoint numa qualquer partida de ténis, entre um agassi e um federer.

9/10

Wednesday, January 18, 2006

The strokes- First impressions of earth(2006)




Ah os strokes, essa coisa linda. ah os strokes esses gajos com a mania que revolucionaram o meio musical mundial , com uma imagem de gajos muito rebeldes, tão rebeldes que até aparecem no inlay com cigarros na boca e cabelo todo ovni. E depois com um raio dum disco como o "is this it?" que nada mais era que um chorrilho de banalidades decorrentes de boas influências como os grandes velvet underground ou,mais aproximadamente, coisas como mc5 e afins. Como diria um grande macho(que por acaso é robot) de nome bender: "boo-hoo". Ou seja "bah", que bom para os strokes.
Aliás toda essa onda dita "revivalista" devia levar uma inspeccionadela da noiva do kill bill. Acho que haveria por lá umas quantas cabeças a cortar. Mas pronto que ela deixe descansados os brmc que até se aguentam no meio de tanto entulho.Esta era a minha ideia em relação à onda revivalista que tem a mania de querer ser rock, vá-se lá saber com que bases. sim porque até parece que não existem uns danko jones ou uns turbonegro...Enfim adiante.

Portanto como já devem ter reparado(e se lerem a crítica aqui postada sobre o "is this it?" ainda vão reparar melhor) eu não vou muito à bola com os strokes. e o mais natural seria, evidentemente, não ir gastar preciosos megabites de download, nem andar a gastar memória do pc com esta rodela chamada "first impressions of earth". Mas o vício de andar a ouvir coisas, nem que seja só para as massacrar com palavras ácidas depois, falou mais forte e lá acabei por ouvir o disquinho todo e já mais que uma vez. Àquilo a que um gajo se sujeita...

Acabando o paleio que não interessa a ninguém: A verdade é que "First impressions of earth" consegue diferir um bocado daquilo que já tinha ouvido anteriormente nos strokes. Aqui parece que estão mais leves, mais despretensiosos, sem aquela mania irritante de parecerem a "next-big-thing" de uma coisa qualquer. Até porque o disco começa com um acontecimento absolutamente inédito, e quase inacreditável: O facto de eu até ter gostado bastante do primeiro tema do disco. E sim gostei mesmo bastante. "You only live once", tem um ritmo contagiante e fluído, guitarras um tudo nada cheesy que se enquadram na perfeição com um excelente refrão que apetece pregar, qual vendedora de sardinha no mercado do bulhão. Até ao parvo do "oh oh" consigo achar piada, coisa realmente estranha . Enfim, digno de uma qualquer twilight zone.

E agora surge o problema: "You only live once" acaba, a melodia e refrão contagiantes têm um término, o bombom pop que até sabe bem por ser fresco e nada pretensioso é comido, e aparece-nos à frente "Juicebox" primeiro single do álbum. E lá voltam os strokes às manias do costume, embora mais atenuadas: "Juicebox" tem umas guitarras relacionadas com o rock, quando surge o refrão, uns berritos simpáticos que (obviamente) não são nada de especial, um ritmo curiososo. Mas fica-se por aí: Depois lá aparece o doce em demasia, a voz já arrastada do casablancas que não me agrada de todo, aquelas guitarras que dão uma atmosfera colorida ao tema e que, sinceramente, me parecem gastas. E aí, uma ideia razoável acaba por se perder em lugares-comuns.

Bom, não querendo andar-me a referir a todos os temas, falo também bem de mais um: "Razorblade". Um tema num registo mais melancólico e, em certa medida, bonito. Pronto é um tema bonito. O raio da guitarra em tons diferentes e com a mania que são old-school lá continua, no entanto aqui até ficam minimamente agradáveis e dão uma boa atmosfera ao tema. Há uma sensação de que os strokes realmente souberam pegar na palavra humildade e fizeram alguns temas passíveis da condição que lhes atribuo. Como este "razorblade" que soa agradavelmente mesmo ao ouvido mais incauto.


Portanto o disco até apresenta um ou outro tema agradável, susceptível de aprovação. No entanto ele apresenta irremediáveis problemas: Um talvez seja a sua duração. Um disco demasiadamente longo, que acaba por cansar o ouvinte a certa altura. E essa é uma das razões para o principal problema de "first impressions of earth": È demasiado enfadonho. Repetitivo, pouco imaginativo, divaga demasiado nos mesmos lugares comuns, com uma abordagem mais honesta é certo, mas ainda assim monótona. Por outro lado, apesar do despretensiosismo demonstrado por todo o disco, as guitarras irritantes continuam na maioria dos temas: "Killing lies" é um dos grandes exemplos, bem como "Ize of the world" ou uma "Vision of division" ,mesmo tendo esta alguns elementos diferentes. E também continua aquela irritante mania de querer soar rock sem o ser de todo, apesar de mais atenuada.

Ou seja são, uns strokes assumidamente pop que aqui se vêm. Ou pelo menos mais pop. Ou pelo menos é assim que vejo o novo disco da banda. Menos tentativas de se fazer aquilo que não se é de todo, uma maior intenção de colocar os strokes right where they belong: Num plano menos dentro da tal onda revivalista, mais condizente com uma maior simplicidade que existe na maioria dos temas virados para a pop. E é aqui que este novo disco bate aos pontos o resto da discografia dos strokes: Em temas como "You only live once" ou "Razorblade". È pena é não serem assim tantos os bons momentos do disco, que vira para campos de uma maior pseudo-rebeldia muito mais facilmente do que o desejável. e é a partir daí que, por mais que queira ser minimamente coerente, e não ouvir o disco pelo meu preconceito em relação à banda, não posso deixar passar incólume. e até é pena porque "First impressions of earth" tem alguns temas bons. são é poucos. O resto é mesmo enfadonho.

5/10

Sunday, January 15, 2006

ASIDE

RESISTIR É VENCER



Os lisboetas aside tiveram uma vida muito conturbada, sobretudo quando queriam editar o seu primeiro álbum "good enough for someone else". Com enorme espírito de sacríficio, lançaram-no em 2004 e estão agora prontos para o lançamento de um novo disco produzido pelo muito conhecido Pelle Saether. Foi dentro desta óptica que o vocalista David Arroz nos deu algumas explicações:


No vosso site oficial, há coisa de um mês, anunciaram o final das gravações do novo disco. Podem adiantar mais alguma coisa sobre ele?

O que podemos adiantar, é que foi um disco gravado e produzido nos estúdios Underground, no decorrer dos mês de Outubro, por Pelle Saether (No Fun At All, The Hives, Bombshell Rocks, Pridebowl, Adhesive, Satanic Surfers, Passage4, Fonzie, 59 times the pain, Venerea, etc) e masterizado por Peter in de Betou (Marduk, Millencolin, Rammstein, Europe, Abba, In Flames, Peepshows, etc...), em Vasteras, na Suécia. É sem dúvida um disco muito mais maduro: mais rock, muito intenso e cheio de surpresas agradáveis.
Gravámos ao todo 13 temas, mas ainda estamos a definir quantos e quais irão fazer parte deste novo registo, que iremos apresentar no início de 2006.

De um modo geral, são capazes de ver algumas diferenças entre o novo trabalho e "good enough for someone else"?

As diferenças que existem são notórias a todos os níveis (produção, composição etc.).Temos muito orgulho no nosso primeiro disco "Good enough for someone else", porque nos deu muitas alegrias, apesar de todas as dificuldades que tivemos para o colocar cá fora.Por outro lado estamos radiantes com o trabalho que temos em mãos.
É natural que haja uma evolução significativa, não só pela diferença temporal que existe entre os dois registos, mas também pela evolução da banda e pelas inúmeras influências que nos ajudaram a crescer.

Já agora, ficaram satisfeitos com o "good enough...", tanto a nível qualitativo como de vendas?

O álbum “Good enough for someone else”, dava um belo livro (talvez um dia, quem sabe...).Nunca pensámos vir a ter as as dificuldades que tivemos mas, felizmente, as coisas correram bem.Se considerarmos todos os bons resultados obtidos com este trabalho ( ex: Tour Canadiana, Tour Europeia, Dc shoes; concertos por todo o país, Festivais, etc...) podemos com toda a certeza afirmar que estamos bastante satisfeitos com este nosso 1º registo.
Em termos qualitativos o que podemos dizer, é que se soubéssemos o que nos esperava na altura da gravação do álbum , teríamos optado por fazer as coisas de uma forma bastante diferente, quer a nível musical, quer em termos de produção do disco. Por outro lado, não nos podemos esquecer que este registo foi gravado no ano de 2002, numa altura bastante complicada para todo um conjunto de novas bandas portuguesas, que quiseram nesse ano lançar ou gravar o seu primeiro trabalho. Os próprios estúdios de gravação eram um enorme ponto de interrogação, quer pelas más condições que apresentavam, quer pelo preço que praticavam. É claro que existiam e ainda existem excepções, mas em termos gerais, gravar em Portugal sempre foi um “bicho de sete cabeças”. Hoje em dia, já se começa a ver alguma luz ao fundo do túnel.
Apesar de tudo o que se passou com a produção inicial do “Good enough for someone else”, encontrámos a pessoa certa na altura certa: Miguel Marques (Generator Studios).Graças a ele, e ao apoio de muitas pessoas ( familiares, amigos ,bandas, editoras, etc.), é que o álbum se encontra cá fora.
Em termos quantitativos e de promoção, o que se pode dizer é que este disco ficou muito aquém das expectativas mas, apesar de ser um factor importante (inclusive em muitos dos casos para a sobrevivência/continuidade de uma banda), não nos desmotivou nem alterou a nossa forma de encarar o futuro. A não ser o pensar que teríamos de trabalhar o triplo para conseguir alcançar alguns dos nossos objectivos.

Como foi trabalhar com uma pessoa tão reputada no meio como o Pelle Saether (que ,entre outros, já esteve em discos de no fun at all, satanic surfers ou the hives)?

Para nós foi uma lufada de ar fresco (não só pelo frio que se fazia sentir, mas também). Aprendemos muito naquelas três semanas que estivemos em estúdio, e muitas das coisas graças ao produtor. Aprendemos a simplificar, a ouvir e assimilar opiniões externas à banda, a acreditar em nós e no trabalho que tínhamos em mãos e, acima de tudo, a aperfeiçoar a adormecida capacidade de criar soluções imediatas e diferentes daquelas que tínhamos apresentado inicialmente através da pré-produção. Tudo aspectos simples mas, que em estúdio, e com o tempo cronometrado ao segundo, se podem tornar muito complicados. Como seria de esperar, as músicas deram uma grande volta.
Pelle Saether foi, em muitas das situações, professor e conselheiro, acreditando sempre que iríamos conseguir chegar ao fim dos objectivos propostos. Mesmo apesar das inúmeras dificuldades que tivémos de ultrapassar sem olhar para trás, e muitas das vezes sem ter tempo para pensar no que estava a acontecer. Eram muitas coisas a “nascer” ao mesmo tempo. Foram três semanas muitos árduas, mas com muito sentido de humor à mistura. Penso no final das gravações ficou bem registada a célebre frase de Sócrates: “Só sei que nada sei...”

"Small leaves will fall" ainda é dos vossos temas mais representativos. Como explicam isto, sendo que o tema só foi editado na compilação do site 123som.com, chamada offline? Ainda tocam muito este tema nos concertos?

O tema “Small leaves will fall” é, sem dúvida, um dos nossos temas mais representativos e tem um significado muito especial para todos nós. Isto, apesar de ter sido gravado com um objectivo específico (compilação offline). Na altura em que gravámos este tema, estávamos ainda envolvidos com as misturas do “Good enough for someone else”, daí talvez, ser uma das nossas canções mais intensas quer ao nível instrumental, quer em termos de letra. A música fala sobre essa mesma gravação, e sobre a nossa vontade de sobrevoar os maus momentos tentando não sofrer com eles, mas sim, aprender com eles. Tal como uma Fénix, através da gravação do tema “Small leaves will fall”, gravado nos estúdios Oops, em Barcelos com o Mariano Dias, aprendemos que ainda tínhamos forças e capacidades para renascer das cinzas....
Sim, ainda tocamos esta música ao vivo e com alguma frequência, porque gostamos imenso de o fazer, e também porque sabemos que existem muitas pessoas que gostam de a ouvir e que, de certa forma, se revêem no tema.
Uma coisa é certa: este tema é uma verdadeira caixinha de surpresas...Ainda vão perceber porquê...

Como caracterizam o meio punk em Portugal, tendo em conta por exemplo a crítica existente a bandas como vocês, por fãs mais underground?

Achamos que é cada vez mais difícil de o caracterizar. Isto porque ,pura e simplesmente, o “meio Punk” não existe.Não sabemos ao certo o que é que a pessoas entendem por “meio Punk” ,mas achamos cada vez mais que o Punk se revê no espírito e na atitude. Está em todos nós, incluindo num músico de Jazz ou até mesmo num Dj (para espanto de muitos). Cada vez mais, o espírito punk está inserido na atitude de um grupo, e não tanto na sua sonoridade. O Punk ,nos dias que correm, encontra-se na humildade e na vontade de fazer as coisas por gosto.Ter uma atitude "DO IT YOURSELF" : Isso sim, é o que destingue uma banda punk de todas as outras. nos tempos que correm. Não é pelo som, nem pela roupa que se faz um grupo punk.
Por outro lado, não damos o braço a torcer em relação às críticas injustas que recaem sobre quase todas as bandas que tentam vingar de uma forma justa no nosso país. Em relação aos Aside, iremos continuar a remar contra a maré, não para encontrar o nosso lugar ao sol, mas para podermos fazer aquilo que mais gostamos: música.É esse o nosso objectivo, e a nossa maior arma. A nossa guerra é feita de canções.

Indo um pouco de encontro à pergunta anterior: Para vocês, quais são as diferenças entre o nosso movimento e o movimento punk internacional?

As principais diferenças residem nas bandas, no público e acima de tudo no espírito/atitude DIY. É claro que não analisamos estas diferenças inseridas num movimento, mas sim dentro de um conjunto de géneros.A nossa experiência não é muito vasta, mas deu para aprender muita coisa nas duas tours ,e também através desta última gravação na Suécia . Acima de tudo, sentimos que existe uma competitividade saudável, e que as pessoas se preocupam imenso em alargar os seus horizontes. As pessoas são bastante receptivas, prestáveis e interessadas. Enquanto não se aceitar o facto de que no nosso país existem bandas com talento, e que temos de aprender a valorizá-las, não tendo medo de aceitar esta realidade (que para muitos não passa de uma ficção), nada feito. A solução é simples: basta acreditar, ver e ouvir.Como diz Dave Grohl ,e muito bem, “a música é uma celebração”.Nós acrescentamos :”...e deve ser vivida como tal.”
No que diz respeito às bandas, o que falta essencialmente, para além de uma competição saudável que também não existe ( existindo como é lógico, algumas execpções), é o espírito de entreajuda. Sem estes pequenos grandes pormenores, nada feito.


Por outro lado...Consideram-se uma banda punk, ou pura e simplesmente não estão preocupados com rótulos?


Pura e simplesmente, não estamos precupados com rótulos.Somos aquilo que sempre fomos e seremos: um grupo de amigos com uma enorme vontade de criar e seguir em frente no mundo da música.
A nossa principal e única preocupação, é a de fazer música com conteúdo e atitude.
Preferimos deixar essa questão dos rótulos para os peritos...eheheh!


Para além do disco, do que é que nós podemos estar à espera dos Aside num futuro próximo?

Podem continuar a contar com a nossa disponibilidade e interesse, e acima de tudo com uma força de vontade renovada para apresentar ao vivo este novo trabalho.
Num futuro próximo, queremos continuar a viver este sonho real no qual estamos inseridos através, quem sabe, de outros álbuns que ainda só existem na nossa imaginação.

Força e muito obrigado!
Aside http://www.asiderockers.com
Let your speakers blow!

David Arroz

GOD IS AN ASTRONAUT + LINDA MARTINI (Santiago alquimista 13/01/06)

A ,supostamente, aterrorizante sexta feira 13 trouxe-nos chuva. Chuva como já não caía há uns bons dias e que, para mal dos meus pecados, teve o condão de me constipar a sério. E também nos trouxe god is an astronaut, a banda irlandesa que pisou o palco do café-concerto santiago alquimista, nesse mesmo dia. Uma coisa não tem nada a ver com a outra? Pois provavelmente não tem muito. De qualquer forma se tivesse ficado no quentinho em casa era capaz de me ter safo. E com tudo isto será que valeu a pena andar à chuva? Afinal que concerto deram os god is an astronaut, pois esta é a grande questão e não saber se estou muito ou pouco constipado. Bah que introdução manhosa...

Bom, antes de mais diga-se que os linda martini são bons. Muito bons. Nada de novo portanto. Foi, de facto, uma excelente abertura com uma interacção já bastante razoável entre banda e público, com alguns dos presentes a cantar em plenos pulmões alguns dos temas debitados pela banda de queluz. ainda houve tempo para apresentar novos temas como "estuque", e outro cujo nome já não me lembro. Mas "estuque" é um tema superior, com instrumentalizações que bebem claras influências de uma ambientalidade vivida em temas de post-rock.
Depois canções como "amor combate", "efémera", ou "lição de vôo nº1" já dispensam apresentações e retratam cada vez mais o ideário de uma banda que está a crescer de uma forma pausada e planeada. Disco para ser lançado por volta do mês de Abril qwue estou em crer que irá ser uma enorme surpresa(especialmente para quem nunca tomou contacto com os linda martini). Um bom concerto, que apaga o excesso de entusiasmo do baterista em "amor combate": Erros normais e que demonstram uma vontade enorme de tocar. Ou pelo menos eu acho que sim.

Logo depois de um breve intervalo (colmatado com o gosto musical do dj "eu-sou-bué-alternativo" do santiago alquimista), os god is an astronaut subiram finalmente ao palco. E com eles surgiu um ecrã de grandes dimensões como fundo imagético de todas as notas debitadas. Cada tema correspondia a um videoclip específico, onde o nome de cada faixa era evidenciado no ecrã logo de início. E foi dentro desta bitola que todo o post rock de tendências mais pesadas que a banda costuma debitar, foi explanado. Num concerto sem falas, sem comunicação com o público, como se a banda fosse apenas o veículo transmissor para tão belas sonoridades.

Porque a música dos god is an astronaut é mágica: Os instrumentais acarretam atmosferas de enorme intensidade, que possuem igualmente singela beleza. Por isso temas como "Fragile","Suicide by star" ou "Coda" são momentos singulares que mereceram aprumada execução em vídeo. Por outro lado a boa acústica do santiago alquimista também ajudou a que este concerto fosse, não digo inesquecível, mas muito agradável ao ouvido.

E talvez não tenha sido inesquecível, porque a páginas tantas os god is an astronaut pareceram um pouco fora do contexto: Especialmente pelo facto de, pura e simplesmente, não terem interagido com o público. e, apesar dos grandes temas que a banda realmente tem, isso foi algo que não caíu bem nas hostes. Nem isso nem o facto de não terem feito encore, preferindo acabar o concerto com a projecção das capas dos seus discos no ecrã.

Em suma: A banda irlandesa tem grandes temas: E não precisa de justificá-los oralmente. no entanto é sempre de saudar algum tipo de comunicação com quem pagou para os ver. E para quem ganhou constipações.

Tuesday, January 10, 2006

Defying control em concerto.


Cartaxo. 23:30. Dia 21 de Janeiro. Os punk rockers defying control deslocam-se à discoteca clube kapa para efectuarem mais um concerto, juntamente com os RJA e os piss!. Boa ocasião para beber umas jolas, ouvir um som agradável e andar meio no handbang até o corpo cair. Bons concertos.

Saturday, January 07, 2006

TOP 2005

25 discos fazem parte de um top que apresenta algumas ausências, tendo em conta aquilo que foi ouvido durante o ano. Por uma razão ou outra discos como "black moutain" da banda com o mesmo nome, "Pain necessary to know" dos Ephel Duath, ou "The future embrace" de billy corgan, não entraram no top. Por uma razão ou outra, outros tantos discos também não têm presença. Sabendo que não ouvi muito daquilo que poderia eventualmente colocar aqui ,(como ulver, yob, cathedral, red sparrowes, lagwagon ou dredg) e que por isso deveria ser chicoteado 9999 vezes e comer peixe assado a todas as refeições desde o início deste mês de janeiro, até ao fim de dezembro de 2006, no entanto aqui ficam os 25 cd's que ouvi durante 2005 e que me pareceram capazes de figurar nesta lista.

Ah sim, se alguém for do tipo de pessoa vulgo..."coninhas"? e começar a dizer "ah e tal candiria, dfa 1979 e arcade fire são de 2004" tem bom remédio: Vá comer um peixinho assado daqueles bem metidos no forno e com carradas de cebola para ver o que é bom. Mas que continue a ser um assíduo leitor do blog claro. Nem que fique com hálito de boi por causa da cebola.

E, após a conversa de cócó cá está os 25 mais do ano (com um comentário curto sobre os 10 primeiros discos)

25- THE BLACK MARIA-LEAD US TO REASON


24- JIMMY CHAMBERLIN COMPLEX-LIFE BEGINS AGAIN


23- MILLENCOLIN-KINGWOOD


22- TEAMSLEEP-TEAMSLEEP


21- DAVID PAJO-PAJO


20-SHORTIE-WITHOUT A PROMISE


19- SIGUR RÓS-TAKK


18- PARADISE LOST-PARADISE LOST


17- DARKEST HOUR-UNDOING RUIN


16- ANIMAL COLLECTIVE-FEELS


15- ARCADE FIRE-FUNERAL


14- CANDIRIA-WHAT DOESN'T KILL YOU...


13- MODERN LIFE IS WAR-WITNESS


12- TURBONEGRO-PARTY ANIMALS


11-DEATH FROM ABOVE 1979-YOU'RE A WOMAN I'M A MACHINE


10- OPETH-GHOST REVERIES


Após "deliverance" e "dammnation" dois discos tão diferentes, e ao mesmo tempo irmãos de um tempo passado, os opeth abandonaram uma faceta mais atmosférica e etérea, para se dedicarem totalmente às raízes progressivas da sua sonoridade. Curiosamente já sem steven wilson, a banda parece ter criado um disco cheio de requintes técnicos, sem nunca perder as suas deliciosas atmosferas e a sua capacidade inata em escrever grandes temas plenos de epicismo e emoção.

9- HELL IS FOR HEROES-TRANSMIT DISRUPT


"The neon handshake" foi,provavelmente, um dos discos mais injustamente esquecidos de 2003. Depois daquilo que para mim é um clássico do rock moderno em potência, os hell is for heroes conseguiram fazer evoluir a sua sonoridade, sem perder a criatividade, capacidade para escrever temas de estádio(embora menos acessíveis) e,fundamentalmente, continuando sempre na bitola do grande disco anterior. A descobrir já.

8- NORMA JEAN- O'GOD THE AFTERMATH


"O'god the aftermath" foi uma das grandes revelações de 2005 a nível do hardcore, pelo menos para mim, que sou um bocado burro no assunto. Os norma jean conseguiram elevar o género para outros patamares, fundindo o hardcore mais puro e duro com uma sensibilidade quase pop em certas alturas(com distâncias bem vincadas obviamente). È com a fusão do hardcore para com outros géneros mais distantes que este álbum se torna uma mais valia, de vital importância ouvi-lo para se perceber como o hardcore pode ser tão potente e agradável nos tempos que correm.

7- BURST-ORIGO


Confesso: Acho a capa deste novo disco dos burst um bocado parva. Pronto não o nego. No entanto a rodela que está lá dentro é absolutamente surpreendente: Os burst fundem metal, hardcore, doom, pós doom, necro, e tanta coisa mais que até salta a boca de espanto. Se se quiser poupar dinheiro e comprar um pouco de tudo, sem nunca perder uniformidade e homogeneidade, este disco é absolutamente fulcral. Uma autêntica enciclopédia em forma de rodela.

6- LIGNTHING BOLT- HYPERMAGIC MOUTAIN


Chamar genais aos lightning bolt é muito pouco. Chamar doidos varridos, esquizofrénicos, paranóicos e nomes afins são epítetos muito mais adequados à natureza da banda. E com uma sonoridade extremamente complexa, baseada em instrumentalizações frenéticas e numa insanidade que resulta num álbum totalmente ovni em todo o sentido da palavra: Não se sabe de onde veio, qual foi a parte do cérebro que a banda usou para conceber o álbum, mas da genialidade à loucura vai um passinho de bébé. e este disco é mesmo genial.

5- NINE INCH NAILS-WITH TEETH


Trent reznor é aquela figura que suscita tanto amor como ódio, decorrente da forma sofredora em como debita as suas vivências. Tanta gente há que venera o rock industrial da banda composta por reznor e por reznor, e tanta gente há que julga que reznor nada mais é que uma fraude apostada em debitar um debandar de lugares-comuns. A verdade é esta: Se, para mim, os nine inch nails sempre tiveram um som extremamente aprazível auditivamente, com uma compilação de verdadeiras canções, adaptadas a todos os ambientes criados pela banda, essa sonoridade ganha ainda mais relevância. O disco da maturidade de reznor? Talvez.

4- DEATH CAB FOR CUTIE-PLANS


A chamada indie-pop dos death cab for cutie sempre deu primazia à tocante simplicidade das suas canções, para criar discos. Juntando o talento inato para as elaborar, adicione-se a bela voz de ben gibbard. "Plans" é um disco honesto belo, muito belo, repleto de temas enormes, uns mais tristes e deprimentes, outros mais alegres e vibrantes, mas sempre com emoções fortes reais e, sobretudo, tocantes e recheados de candura. Disco pop do ano, álbum do ano para todas as pessoas que querem um disco repleto de enormes melodias.

3- SUNN 0)))-BLACK ONE



O necro, género de eleição deste duo coberto com vestes de monge, é um dos géneros mais marginais já existentes. Para aqueles habituados a pseudo pop esfuziante, ou para os do hip-hop "gajas boas-cadillacs-medalhões-anéis" o necro jamais poderá ser considerado sequer música. Mas é-o. È um tipo de som que não consegue, nem quer, ser para todos os ouvidos. Quem tiver estômago que o aguente quem não tiver...Que não se aproxime. Agora , tirando os problemas estomacais do caminho, "black one" é um pântano lamacento, onde não faltam gritos cavernosos, e atmosferas altamente deprimentos, quase resignadas com o escuro enquanto existência. E ente tanta negritude soçobra uma sonoridade absolutamente fantástica, recheada de dor e solidão que tocará, sem apelo nem agravo, a todos aqueles que se aproximarem desta obra. e tiverem estômago para a engolir. O negro como maravilhoso engodo musical.

2- PORCUPINE TREE-DEADWING


"Deadwing" é uma paisagem. Uma paisagem verdejante, com um lago bem no centro, coberta por frondosas árvores e delicadas plantas. Mas uma paisagem que se transforma tenebrosamente quando anoitece. e produz temas suaves e quentes como a maravilhosa "lazarus", e depois surge negra e dura com "arriving somewhere but not here". O curioso é que tudo aparece harmonioso e lógico, enquanto a viagem vai durando. E com temas como o hard rock de "shallow" ou a ofuscante "halo", bem como o ensaio progressivo que possui o tema título. E os porcupine tree são, sem margem para dúvidas, uma das bandas mais estimulantes da actualidade.

1- PELICAN- THE FIRE IN OUR THROATS WILL BECKON THE THAW


Ter este álbum um baptismo auditivo, quando regressava de carro após ter ido pôr a minha irmã ao concerto dos d'zrt em torres vedras, não é de todo uma forma de fazer juz a um disco destes. Um disco quente e caloroso, um disco recheado de pormenores técnicos a descobrir, um disco sem voz mas com grandes canções, um disco que é todo um ror de arte ao serviço do ouvinte. Absolutamente fantástica do princípio ao fim, esta variação mais rockeira do pós-doom. E "autmn into summer" tem que ser o melhor tema do ano.



E os bitaites estão mandados. Vamos agora ouvir com atenção o que 2006 nos vai trazer, para depois se estar daqui a um ano a mandar novos bitaites sobre aquilo que se ouviu. Pela minha parte estarei atento a novas edições de discos como o novo de katatonia, mogwai, atreyu ou danko jones. Muitos mais serão com certeza. E agora deixo aqui o link do best of do ano passado onde o maravilhoso disco dos neurosis era absolutamente primeiro, e a inovação em forma de rodela dos the dillinger escape plan era absolutamente segunda:

http://o-som.blogspot.com/2005/03/os-melhores-de-2004-finalmente-o.html