Sim, já se sabe que o blog é sobre música.e sim, é ela que cumpre o papel primordial dentro do blog. Mas será isso novidade para alguém? claro que não. O melhor é parar com esta introdução estúpida, pelo facto de ir falar de um filme, e passar àquilo que interessa.
Tim Burton é, provavelmente, um dos realizadores no activo mais preocupado em contar histórias que tenham algo de mágico. autênticas fábulas, mais ou menos adultas, onde um certo imaginário de criança está presente. Foi assim em "Edward scissor hands" com a paixão,praticamente adolescente, de Winona Ryder e Johnny Depp(entre outros aspectos), assim como em "Beetlejuice" também por razões similares, para além da atmosfera cómica que percorria este personagem, em "Big fish" na história romanceada sobre a vida de um homem e a sua própria morte, até no excelente "Sleepy hollow", onde existe uma real preocupação em introduzir elementos mágicos. Assim é neste "Charlie and the chocolate factory".
Com algumas diferenças claro: Este está totalmente dentro de um imaginário infantil. Foi influenciado por um conto infantil, a personagem principal(para além de Depp) é uma criança, os próprios oompa lumpas, que explicarei mais tarde o que são, fazem lembrar anões que também têm o seu grande quê de infantil, até a faixa etária a que este filme foi alvo cá: Maiores de 6.
È um filme infantil? Talvez seja sim: O que não quer dizer que tenha menor qualidade por causa disso.
Adiante: O filme fala, basicamente sobre uma gigante fábrica de chocolates a Wonka, cujo proprietário, de nome Willy wonka, é uma das personagens mais bizarras que o cinema já conheceu. È a história de um conjunto de 5 bilhetes dourados que foram colocados, cada um deles, numa tablete de chocolate diferente, e foram enviados para os 4 cantos do mundo. Quem tiver a sorte,o privilégio, de obter um desses bilhetes dpurados, terá a espantosa oportunidade de conhecer por dentro a fábrica de chocolates Wonka.
E esse é o desejo de Charlie: Um menino de uma família muito pobre, que mora nuns quaisquer subúrbios, mesmo ao pé da gigante fábrica da wonka. Charlie tem, a partir do seu quarto, uma excelente vista para a fábrica. E é nela que projecta os seus sonhos, ajudado por um dos seus avós que já trabalhou com Willy.
Mas conseguir um bilhete daqueles é tarefa praticamente impossível. Mas charlie, como todas(?) as crianças sonha, e seus sonhos acabam por surtir efeito quando , ao comprar uma das tabletes, o bilhete dourado acaba por surgir.
E quem são os companheiros de Charlie nesta aventura? Para além dele e seu avô(já que todas as crianças premiadas tinham que levar um adulto com elas) quem ganhou os outros bilhetes dourados, só podiam ser crianças-tipo: Ou ,pelo menos, crianças sem os mesmos sonhos dourados de Charlie, sem o mesmo imaginário que poderiam ou deveriam ter: Temos um rapaz bastante anafado, que só come chocolates, e comeu imensos para conseguir o bilhete, a rapariga das apstilhas elásticas, que está sempre a mascar pastilhas e é o orgulho de sua mãe: Com um ar bastante superior e igualmente fútil, a criança apenas vai dizendo que quando quer muito uma coisa acaba por tê-la; temos a criança inglesa que vai sendo altamente mimada pelos pais, tendo sempre aquilo que quer(e o bilhete não foi excepção), e o rapaz que só pensa em jogos de vídeo, problemas de probabilidades matemáticas, e revela-se altamente ambicioso(demasiado diga-se).
Depois de apresentações feitas e de introduções, falta provavelmente o mais importante: A visita propriamente dita. Sem querer levantar muito o véu diga-se que ela é animada pela original presença dos trabalhadores da fábrica, os chamados oompa-lompas, algo idêntico aos anões, que perfazem os momentos musicais, (extremamente hilariantes) do filme e dão um cunho ainda mais infantil e animado à película, o rio de chocolate, por onde eles navegam e onde são criadas as misturas(de caramelo etc) para as futuras tabletes wonka entre tantos segredos deliciosos para descobrir. E tudo o resto é por conta e risco de quem vê.
E no fim, quando as luzes se acendem e nos levantamos do nosso lugar, o que vemos? Um filme claramente infantil, onde que sonha, quem acredita, quem possui mais pureza, mas acima de tudo quem é mais genuíno é claramente o herói.Um filme onde são mostrados igualmente subúrbios iguais a tantos outros(como em "Edward scissor hands") onde a casa de charlie se destaca na geometria geográfica. Por isso se dá tanto destaque a Charlie: Talvez por ele ser realmente a verdadeira criança naquele grupo de 5 pessoas.Por se destacar dos outros e do mundo. E talvez por ter dado a Willy valores familiares, de quem ainda acredita que o futuro vai ser um céu azul infinito, mesmo que viva no mesmo cubículo com toda a sua família, tenha problemas alimentares e tenha falta de telhas em sua casa. Um filme belo, tocante: Uma fábula que, mesmo de cariz fantástico, ainda tem uma realidade dentro dela que gostaríamos de preservar por muito tempo.
Em relação a quem actua no filme, apenas direi que tanto depp como charlie(Freddie Highmore que já contracenou com depp em "Finding neverland") acabam por ser absolutamente brilhantes em suas caracterizações: Naquele que nunca quis olhar para trás, e no outro que acaba por mostrar o quão importante é o sonho, e a esperança.
Se querem um sorriso nos lábios, e ao mesmo tempo uma viagem cheia de aventuras, fascinante, e também viciante(durante o filme estava já ansioso a certa altura que a visita começasse), se querem voltar aos vossos antigos sonhos de criança e lembrarem-se do que mudaram até então, mais do que recomendável é obrigatório. Para quem quiser apenas ver o filme dentro de uma perspectiva cinematográfica, deixando a emoção para trás, é igualmente obrigatório. Mas asseguro que isso é impossível: "Charlie and the chocolate factory" dá-nos um sentimento de bem-estar e sorriso quando o vemos. E,no cinema, existe algo mais importante do que de lá saírmos a dizer que ofilme nos fez sonhar? Não era hollywood conhecida como a fábrica dos sonhos? Se bem que numa perspectiva diferente da frase, aqui acertou-se. em cheio. Porque os sonhos não têm idade, nem sexo, nem cor. Os sonhos são o que são e este filme é um rio deles. Por isso é tão brilhante.
9/10