Sunday, September 11, 2005

JIMMY CHAMBERLIN COMPLEX- LIFE BEGINS AGAIN(2005)



Falar de Jimmy chamberlin já é mais uma obrigação de protocolo do que outra coisa qualquer. Alguém que percebe minimamente de música,saberá com certeza que chamberlin é, basicamente o homem que sempre esteve por trás das baterias dos smashing pumpkins (excepto em "adore") e quem o não souber, ou é burro, ou é burro. Pronto, a apresentação está feita. Ah e este "Life begins again" é o primeiro disco deste novo projecto que esteve em Lisboa há bem pouco tempo no Lisboa soundz. E que,curiosamente, (ou talvez não) foi passado claramente ao lado da larguíssima maioria que estava ali para ver os franz ai-eu-sou-tão-pop-e-ousado-e-como-tanta-gaja ferdinand. Tudo bem: Os franz ferdinand não são maus de todo, e este complexo do chamberlin é algo bem recente, tem experimentação a mais para uns, ou desnecessária para outros, e ainda possui o preconceito de todas as pessoas que não gostam, ou que nutrem pelos smashing pumpkins uma aguda irritação(e que não são poucas).

Tendo como companheiro um tal de Billy mohler,que eu desconheço por completo, o que nos oferece de facto este disco? Pois. O grande problema dele é um bocado esse. Ou seja ouve-se este disco uma vez, duas, três, mas nunca se percebe realmente que raio de esquema sonoro é que chamberlin e seu comparsa queriam implementar neste complexo.Pós-rock? Experimentalismo mais voltado para uma vertente instrumental? Canções com alguma tendência mais pop ou rock? O problema de "Life begins again" prende-se pelo facto de não pertencer a nenhuma corrente sonora. Tudo bem, isto até poderia ser algo positivo, se existisse por aqui um som próprio,definido,original.

Mas esse som próprio não existe. E "life begins again" fica um bocado perdido no meio das intenções dos seus músicos. Porque tanto querem fazer temas mais experimentais(que nunca o são ao extremo, e digo infelizmente) como canções a sério, como algo mais atmosférico e até progressivo. Será que o disco fica-se pelas boas intenções? Será que, acima de tudo, é mais um devaneio de um músico que deveria pensar em não mexer em baquetas durante os próximos tempos?

Também não. E agora vêm as boas notícias. Eu gosto deste disco. Tudo bem, ele perde-se, não sabe bem o que é, parece um filme da tvi de sábado à tarde sobre o cão que não sabe se é hoquista, jogador de basket, ou surfista,e que depois descobre que afinal veio de um circo qualquer onde era explorado à bruta, mas ainda assim eu gosto dele. Será por ter mau gosto cinematográfico? Não. Será porque sou um grande fã de smashing pumpkins, e não consigo achar nada daquilo que envolve a antiga banda de chamberlin mau? De facto gostei de zwan, acho uma piadinha ao novo do corgan a solo, e adoro o "13th step" de a perfect circle. Mas, ainda assim, prefiro deixar esses juízos de valor para trás das costas(até porque a perfect circle não é propriamente uma extensão dos pumpkins) e analisar este "life begins again" friamente. e continuo a gostar dele.

O parágrafo anterior poderá parecer demasiado ridículo e fútil,para qualquer leitor, mas eu senti-me na necessidade de o fazer. Porque de facto gosto de "life begins again". Tudo bem, tem problemas de identidade, porque mistura faixas instrumentais com faixas de canções,mas ainda assim é bom. Porquê? Porque todas as canções, reais canções aqui presentes são boas.Algumas delas têm como voz corgan, mas não será por causa disso que eu gosto tanto delas. O tema que deu o seu nome ao título, é uma grande canção,com excelentes devaneios mais rock. "Love is real" consegue juntar um certo experimentalismo instrumental,com uma bela voz, uma óptima estrutura, e um real refrão(embora o refrão não seja o melhor da canção)."Lullabye children" tem uma voz masculina quente e doce, e um ritmo bem calmo e tranquilo que só lhe fica bem. Isto para dar alguns exemplos, já que existem mais uma ou duas canções no disco.

Os instrumentais? Por incrível que pareça, alguns têm graça sim senhor. Assim acontece com o muito bom "Streetcrawler" que incia o disco, bem como "PSA" que,com um ritmo quase progressivo, surpreende tanto pela mestria como pela boa melodia que possui(embora possa ser um pouco enfadonho para quem não goste de atmosferas progressivas). Por isso,também a esse nível o disco não se porta mal, pese embora o seu ponto forte esteja,de facto, nas canções, e apesar de alguns instrumentais serem um pouco enfadonhos.

E,postas as postas na mesa, que nota se dá ao prato? È que, realmente, "Life begins again" podia ter sido uma obra genial no campo do experimentalismo de cariz instrumental. Mas, claramente não era essa a intenção dos seus executantes. Podia também ser um album muito bom, com belas canções que misturavam boas instrumentalizações com refrões quase pop. Podia,mas também não era essa a intenção de chamberlin e mohler. A sua intenção era, claramente, misturar o melhor de dois mundos. Queriam ser experimentais, mas também queriam provar que se conseguiam reunir de boas vozes convidadas,para fazerem boas canções. E,este foi talvez o maior erro da dupla. Por isso, é bem complicado dar nota a um disco com tamanha indefinição.

Vou ser honesto: Estou indeciso entre um 6/10 e um 7/10. Porquê? Porque se, por um lado, acho que existe aqui uma certa indefinição sonora, onde até alguns instrumentais não são a coisa melhor à face da terra. Por outro possui belos temas, que merecem uma boa nota, mais alguns instrumentais dignos de registo. Ainda aqui me situo a escrever a crítica, e não sei que nota hei de dar ao álbum.
Já me decidi: Não posso deixar ficar mal o coitado do chamberlin. Como não dou 6,5(e 6,5 é 7), e gosto das canções aqui presentes, e de alguns instrumentais dou mesmo o 7. Pronto, eu sou um coração mole. Espero é que o homem perceba que o voto de confiança que lhe dou é porque acredito que ele vá dar uma definição real ao seu projecto. È que o chamberlin é talentoso demais para se perder entre instrumentais e canções, sem saber que caminho seguir. Espero que siga o certo, que ele lá saberá qual é.

7/10

1 Comments:

Blogger Spaceboy said...

Também concordo que às vezes o disco perde-se, mas até é um bom disco e Jimmy Chamberlin prova uma vez mais que é um dos melhores bateristas de sempre!
Tive pena de não os ter visto do Lisboa Soundz, mas não se pode ter tudo. Já soube que passaram ao lado dos fãs dos Franz Ferdinand, mas não é por isso que os Franz Ferdinand deixam de ser grandes (na minha opinião é claro..)
Abraços.

1:34 PM  

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