Thursday, August 25, 2005

TEAM SLEEP-TEAM SLEEP(2005)



E, finalmente, está aqui o resultado do projecto paralelo de chino moreno dos deftones.após algum tempo de espera, também resultante do facto das primeiras canções dos teamsleep terem sido divulgadas na net, e o senhor chino não ter gostado nada do assunto(acabando por não as colocar neste disco), finalmente podemos ouvir as atmosferas soturnas, psicadélicas e experimentais do projecto.

A primeira pergunta desde já fica esclarecida: "Team sleep" é bom? Bem, é. Não que seja um disco fantástico ou fora de série, mas é bom. Imaginem uns deftones sem guitarras, só com as atmosferas experimentais adjacentes à sua música, com um toque mais electrónico, e talvez tenham um exemplo minimamente concreto daquilo que aqui se pode ouvir. E, de facto, "Team sleep" consegue ser um disco bem estruturado e até coerente. Tem por aqui bons momentos experimentais como o superior "ataraxia", sem dúvida o melhor momento do disco e logo a abrir, como o segundo tema "Ever (foreign flag)", "our ride to the rectory", ou a soturnidade de "tomb of legia".

Portanto, existirão algumas causas para que este disco não seja fora de série? Porque de facto não o é. e é óbvio que existem certos e determinados motivos para que o álbum não seja um colosso musical. Especialmente porque, em certos momentos parece ser demasiado repetitivo. Não existiu aqui criatividade suficiente para testar diversos experimentalismos: ficou-se no meio termo, entre algumas programações bem executadas, e guitarras mais ou menos inspiradas. e o pior é que não existe uma linha base para definir a sonoridade da banda. Se, de facto, existem momentos de superior inspiração, também existem outros claramente medianos: embora nunca roçando a mediocridade.

Por isso aqui vive-se à deriva entre aquilo que poderia ser um projecto electrónico, e aquilo que eventualmente seria mais acústico e experimental. Houve uma clara tentativa de misturar o melhor dos dois mundos, que claramente não foi conseguida. O que é realmente pena, sobretudo para quem esperava um disco de excepção. Para esses não há remédio: ou se habituam a teamsleep e tentam ver os pontos positivos(porque os tem, e eles já foram referidos), ou então o melhor mesmo é não o ouvirem. O que também é pena, porque os temas referidos,e sobretudo "ataraxia" (que claramente é o tema que consegue misturar o melhor de todas as influências sonoras deste disco), merecem uma audição.

Para quem não se importa de ouvir um disco, simplesmente pelo prazer próprio da música, sem recorrer a prognósticos antecipados, então ofereço boas notícias: "Teamsleep" é um disco agradável, bem outonal, e vai começar a saber bem para os dias mais frescos que nos esperam. Provavelmente vai ser o disco de outono do ano. Pena ter sido editado na primavera...

7/10

Thursday, August 18, 2005

underOATH- they're only chasing safety (2004)




Que o emo/scremo é uma tendência muito em voga nos Estados Unidos, já toda a gente sabe. Bandas como Dead poetic,finch, hopesfall,thrice, thursday,funeral for a friend, shortie,theblueprint(algumas destas europeias) entre tantas outras, são alguns dos pontos de referência de um subgénero musical que parece começar a estagnar criativamente. Tanto disco, tanta moda, tanto hype só poderiam dar a um local: A, cada vez mais, aguda desinspiração do género.

Vimos este exemplo com o último disco de hopesfall, o mediano "Phenomenology" dos Theblueprint,entre outros (como por exemplo alguma pobreza do novo "hours" de funeral for a friend embora este tenha alguns bons pontos de referência) e vamos vê-lo cada vez mais: Porque uma banda inicia um género e tantas outras se seguem , muitas vezes a tentar imitações desispiradas daquilo que a sua antecessora conseguiu.
Por isto talvez as bandas começam já a dispersar: Os próprios dead poetic, quando confessaram a este blog que não se sentiam muito confortáveis ao serem atirados para uma categoria, dizendo que acima de tudo eram uma banda de rock(e comprovaram um pouco esta teoria dado o muito bom "New Medicines"), ou até no caso português onde uma banda como os more than a thousand cada vez mais consegue um som próprio.

Passando agora por tudo isto: Onde se vai inserir este "They're only chasing safety", segundo disco da banda, após "The changing of times"? Será que os underOATH conseguem algo válido dentro do espectro emo/screamo? A verdade está a nossos olhos: E, após várias audições, percebemos que, muito mais que um som próprio, os underOATH conseguiram com este disco um autêntico clássico do género.

Porquê? Primeiro assentemos nisto: Os underOATH possuem vozes agressivas em praticamente todos os temas, vozes verdadeiramente potentes, berros enérgicos e fortes, complementados na perfeição pela voz melódica que é igualmente uma constante. E, muitas vezes, esta dicotomia vocal não funciona nas bandas. O que não é de todo o caso. Mas falta destacar, aquilo que realmente os underOATH sabem fazer na perfeição: Canções. e todas elas são grandes: Desde a raiva expressa na bomba inicial "Young and aspiring" ao refrão contágio xxl que "A boy brushed red...living in black and white" tem, à emoção latente de "the impact of reason", ao tema mais melódico, por vezes perto de roçar o emo(a nível de voz apenas) com algumas notas de orgão que é "Reinventing your exit", com outro gigante refrão, passando por "It's dangerous business walking out your front door",provavelmente o tema mais completo da banda, onde podemos atestar as reais capacidades dos underOATH ,no que diz respeito à dicotomia vocal(e o que é curioso é que eles só têm um vocalista), + refrão contagiante, mais contornos épicos, como se ouve pelo coro.

Uma coisa é certa. Acima de tudo o que se pode dizer, a verdade é que estes underOATH fizeram aquele que eu pessoalmente considero o melhor álbum de emo/screamo que ouvi desde sempre. E a par dos portugueses more than a thousand, é a banda que eu mais tenho em conta neste espectro. Um disco que quase parece ser uma enciclopédia do género onde, ao mesmo tempo, foram feitas um conjunto de canções perfeitamente capazes de corar qualquer grupo de pop seja ela alternativa, pseudo alternativa, ou mete nojo/cola-cola. Um disco para todos? Talvez não: Afinal há muita gente que não gosta de ouvir a raiva de uma voz, preferindo-a calma e lenta. Nada contra, até porque há coisas muito boas assim. Mas para quem não se importa de ouvir um berro de vez em quando, e quer ser uma espécie de enciclopédia musical então que saiba que este é o disco mais representativo desta tendência. È O clássico, que daqui a uns anos, daria perfeitamente para colocar na secção vintage do blog.
Para aqueles que gostam de hardcore, de metal ,ou de emo/screamo é absolutamente primordial ouvirem estas grandes canções,sob pena de estarem a perder o que de melhor fez este género ao longo da sua existência.

9/10

3 temas de rambóia- "A boy brushed red...Living in black and white", "Reinventing your exit", "It's dangerous business walking out your front door

CHARLIE AND THE CHOCOLATE FACTORY



Sim, já se sabe que o blog é sobre música.e sim, é ela que cumpre o papel primordial dentro do blog. Mas será isso novidade para alguém? claro que não. O melhor é parar com esta introdução estúpida, pelo facto de ir falar de um filme, e passar àquilo que interessa.

Tim Burton é, provavelmente, um dos realizadores no activo mais preocupado em contar histórias que tenham algo de mágico. autênticas fábulas, mais ou menos adultas, onde um certo imaginário de criança está presente. Foi assim em "Edward scissor hands" com a paixão,praticamente adolescente, de Winona Ryder e Johnny Depp(entre outros aspectos), assim como em "Beetlejuice" também por razões similares, para além da atmosfera cómica que percorria este personagem, em "Big fish" na história romanceada sobre a vida de um homem e a sua própria morte, até no excelente "Sleepy hollow", onde existe uma real preocupação em introduzir elementos mágicos. Assim é neste "Charlie and the chocolate factory".

Com algumas diferenças claro: Este está totalmente dentro de um imaginário infantil. Foi influenciado por um conto infantil, a personagem principal(para além de Depp) é uma criança, os próprios oompa lumpas, que explicarei mais tarde o que são, fazem lembrar anões que também têm o seu grande quê de infantil, até a faixa etária a que este filme foi alvo cá: Maiores de 6.

È um filme infantil? Talvez seja sim: O que não quer dizer que tenha menor qualidade por causa disso.
Adiante: O filme fala, basicamente sobre uma gigante fábrica de chocolates a Wonka, cujo proprietário, de nome Willy wonka, é uma das personagens mais bizarras que o cinema já conheceu. È a história de um conjunto de 5 bilhetes dourados que foram colocados, cada um deles, numa tablete de chocolate diferente, e foram enviados para os 4 cantos do mundo. Quem tiver a sorte,o privilégio, de obter um desses bilhetes dpurados, terá a espantosa oportunidade de conhecer por dentro a fábrica de chocolates Wonka.

E esse é o desejo de Charlie: Um menino de uma família muito pobre, que mora nuns quaisquer subúrbios, mesmo ao pé da gigante fábrica da wonka. Charlie tem, a partir do seu quarto, uma excelente vista para a fábrica. E é nela que projecta os seus sonhos, ajudado por um dos seus avós que já trabalhou com Willy.
Mas conseguir um bilhete daqueles é tarefa praticamente impossível. Mas charlie, como todas(?) as crianças sonha, e seus sonhos acabam por surtir efeito quando , ao comprar uma das tabletes, o bilhete dourado acaba por surgir.

E quem são os companheiros de Charlie nesta aventura? Para além dele e seu avô(já que todas as crianças premiadas tinham que levar um adulto com elas) quem ganhou os outros bilhetes dourados, só podiam ser crianças-tipo: Ou ,pelo menos, crianças sem os mesmos sonhos dourados de Charlie, sem o mesmo imaginário que poderiam ou deveriam ter: Temos um rapaz bastante anafado, que só come chocolates, e comeu imensos para conseguir o bilhete, a rapariga das apstilhas elásticas, que está sempre a mascar pastilhas e é o orgulho de sua mãe: Com um ar bastante superior e igualmente fútil, a criança apenas vai dizendo que quando quer muito uma coisa acaba por tê-la; temos a criança inglesa que vai sendo altamente mimada pelos pais, tendo sempre aquilo que quer(e o bilhete não foi excepção), e o rapaz que só pensa em jogos de vídeo, problemas de probabilidades matemáticas, e revela-se altamente ambicioso(demasiado diga-se).
Depois de apresentações feitas e de introduções, falta provavelmente o mais importante: A visita propriamente dita. Sem querer levantar muito o véu diga-se que ela é animada pela original presença dos trabalhadores da fábrica, os chamados oompa-lompas, algo idêntico aos anões, que perfazem os momentos musicais, (extremamente hilariantes) do filme e dão um cunho ainda mais infantil e animado à película, o rio de chocolate, por onde eles navegam e onde são criadas as misturas(de caramelo etc) para as futuras tabletes wonka entre tantos segredos deliciosos para descobrir. E tudo o resto é por conta e risco de quem vê.

E no fim, quando as luzes se acendem e nos levantamos do nosso lugar, o que vemos? Um filme claramente infantil, onde que sonha, quem acredita, quem possui mais pureza, mas acima de tudo quem é mais genuíno é claramente o herói.Um filme onde são mostrados igualmente subúrbios iguais a tantos outros(como em "Edward scissor hands") onde a casa de charlie se destaca na geometria geográfica. Por isso se dá tanto destaque a Charlie: Talvez por ele ser realmente a verdadeira criança naquele grupo de 5 pessoas.Por se destacar dos outros e do mundo. E talvez por ter dado a Willy valores familiares, de quem ainda acredita que o futuro vai ser um céu azul infinito, mesmo que viva no mesmo cubículo com toda a sua família, tenha problemas alimentares e tenha falta de telhas em sua casa. Um filme belo, tocante: Uma fábula que, mesmo de cariz fantástico, ainda tem uma realidade dentro dela que gostaríamos de preservar por muito tempo.

Em relação a quem actua no filme, apenas direi que tanto depp como charlie(Freddie Highmore que já contracenou com depp em "Finding neverland") acabam por ser absolutamente brilhantes em suas caracterizações: Naquele que nunca quis olhar para trás, e no outro que acaba por mostrar o quão importante é o sonho, e a esperança.

Se querem um sorriso nos lábios, e ao mesmo tempo uma viagem cheia de aventuras, fascinante, e também viciante(durante o filme estava já ansioso a certa altura que a visita começasse), se querem voltar aos vossos antigos sonhos de criança e lembrarem-se do que mudaram até então, mais do que recomendável é obrigatório. Para quem quiser apenas ver o filme dentro de uma perspectiva cinematográfica, deixando a emoção para trás, é igualmente obrigatório. Mas asseguro que isso é impossível: "Charlie and the chocolate factory" dá-nos um sentimento de bem-estar e sorriso quando o vemos. E,no cinema, existe algo mais importante do que de lá saírmos a dizer que ofilme nos fez sonhar? Não era hollywood conhecida como a fábrica dos sonhos? Se bem que numa perspectiva diferente da frase, aqui acertou-se. em cheio. Porque os sonhos não têm idade, nem sexo, nem cor. Os sonhos são o que são e este filme é um rio deles. Por isso é tão brilhante.

9/10

Thursday, August 11, 2005

SE O NOSSO SOM FOR UM COMBATE

ENTÃO QUE GANHE A MELHOR MAQUETA

Mas aqui ninguém ganha, ou perde porque nada disto é um concurso. Trata-se sim de uma análise crítica a todo um conjunto de bandas portuguesas que, por certas razões, são ouvidas regularmente pelo vosso escriba. Aqui trata-se, acima de tudo, de perceber a profundidade e qualidade do trabalho de cada uma delas, e dar notas consciente daquilo que se ouve em cada maquete. Não se pretende destruír nada, apenas e só dar uma opinião que conta tanto como a de outro cromo qualquer. A ler a partir de agora:

THE ASTER- kinescis



Dois temas é o que se podem ouvir desta banda de rock, com muitos laivos de emocore a rondar o seu próprio som.Desta maquete (disponível para uma audição em http://www.myspace.com/theaster ) estão disponíveis os temas "Evergreen" e "Black magic". Desde já que se aprume uma coisa: Eles sabem escrever temas. Tanto um como outro ficam, irremediavelmente presos nas nossas cabeças, para dificilmente saírem de lá. Sendo o primeiro mais melódico, e "Black magic" um pouco mais pesado, preferindo eu o "black magic", é de realçar igualmente que esta promo já tem um nível de produção bastante razoável. Em relação ao tecido sonoro as referências ao emo/screamo estão cá todas: Refrões melódicos, alguns gritos raivosos à mistura, letras sobre amores e desamores, mas acima de tudo uma certeza: Também cá está talento a escrever temas, um esforço de criação de um som próprio (bem notória nos dois temas, pela tentativa de entrarem dentro de uma atmosfera mais rock e punk e menos emo) e um bom poder de guitarras. A demo está mais que aprovada. e tenham um grande futuro, pois estão a fazer por isso.
7/10

HUMBLE ("hope you're not recording me" e "so long" que vão ser incluídos no primeiro disco da banda, de nome "2tone")



Dois temas de uma banda que se auto-intitula de "ska-core". Quer isto dizer que fundem elementos reggae com uma toada mais rock. E fundem-nos na perfeição, diga-se de passagem: "Hope you're not recording me" é dos temas mais contagiantes e vibrantes que ouvi nos últimos tempos, a nível nacional, com uma fusão estonteante entre reggae,ska e rock, que desagua num refrão extremamente catchy e numas guitarras altamente vibrantes. Já "so long" acaba por ser menos atractiva, talvez porque esconde mais a fusão com o rock, sendo um tema claramente mais reggae. O que quer isto dizer? Que ganhámos nitidamente uma excelente banda de verão que pode fazer um figurão noutra qualquer época do ano. Basta querer festa. E,definitivamente é isso que os humble querem.

http://www.purevolume.com/humblept
site oficial- http://humble.no.sapo.pt/

8/10


BLIND CHARGE-(maquete com os temas "Down", "Maze of life" e "Fall")



Banda proveniente do Porto, cujo som se pode colocar entre metal e rock alternativo. Ainda assim o importante nestes três temas é, acima de tudo, a grande capacidade instrumental da banda, assente em canções fortes. Qualquer um dos temas apresenta uma sonoridade pesada qb, alternada com refrões extremamente melódicos. De qualquer forma isso é mais visível em "Down", embora seja a intensa "Fall" o ponto alto de uma maqueta muitíssimo boa, a todos os níveis, com um único defeito assente na ,algo fraca, produção. ainda assim para quem gosta de guitarras, de rock bem tocado e de deleites intrumentais (como é o caso da excelente "fall" que ouça a maquete. Estes rapazes bem o merecem.
8/10

http://www.myspace.com/blindcharge



LINDA MARTINI-



São, provavelmente, um dos segredos mais bem guardados do underground nacional, até ao momento. Rotulá-los é impossível. Caracterizar o tipo de sonoridade praticada pela banda, igualmente. Falar de faixas como "Amor combate", cheia de requintes instrumentais bem poderosos, com uma letra extremamente intensa, ou pelo psicadelismo de "Este mar", é pouco, tendo em conta o valor artístico que elas já representam. Ainda assim, que se diga que "Amor combate" baseia-se em desespero instrumental ao mais alto nível, que "Este mar" é totalmente instrumental,chegando a ter laivos progressivos pelo meio. Já "Lição de Vôo nº1" é a melancolia em estado musical. Tema que começa de uma forma extremamente calma e tranquila, para ir crescendo de intensidade.
Transformar rock, pop, psicadelismo, numa sonoridade própria, é aquilo que os Linda Martini conseguiram chegar nesta demo. Estar com tanta originalidade e diversidade musicais, numa primeira maquete, mais que genial é extraordinário. Obrigatório para todos.
9/10

http://www.lindamartini.tk

http://www.myspace.com/lindamartini

Por enquanto aqui fica o primeiro post desta análise. Que trará, com certeza, mais análises e mais bandas que merecem ser ouvidas muito atentamente. Rumo a um futuro que é o presente.

Thursday, August 04, 2005

VILAR DE MOUROS: DIA 31 (ou a magia da banda desconhecida)

O última dia de Vilar de mouros acabou por contar com a minha presença, presença essa que se reduz a duas palavrias: PORCUPINE TREE. A verdade é esta: Se a banda britânica de Wilson, Barbieri e sus muchachos, não tivesse ido ao festival, o certíssimo era também eu ter ficado de fora.
Mas neste caso, outro galo cantou. E pela presença de Wilson e companheiros, consegui alargar as minhas férias no minho por mais um dia. Mesmo sabendo que tinha de partir de comboio no dia seguinte.
Valeu a pena? Talvez seja demasiado redutor falar desta forma. Vamos por partes:
A primeira é que, ainda antes de entrar no recinto, ouvi o concerto praticamente integral dos Wedding present, que soavam a uma mistura de uns james, lloyd cole, e sabe-se lá mais o quê, com uns refrõezecos que faziam por ser contagiantes. Puro engano: Pelo que ouvi das colunas, lá vinha mais uma bandola de brit-pop a tentar o seu lugar ao sol. Pois.
Já lá dentro, deu ainda para assistir ao concerto de Andy Barlow(o amiguinho da Louise Rhodes, na banda mais portuguesa de Inglaterra, os gabriéis Lamb) com a sua nova banda que comprimia influências de uma pop mais ao jeito psicadélico,onde o próprio vocalista fazia umas caretas bem apreciáveis, onde apesar de tudo, já se vislumbravam pontinhas de canções ali engendradas. Para início de carreira já não foi mau, agora têm que aprumar a mistura entre pop rock e música electrónica, de um modo mais eficiente.
E o paleio necessário acabou: E finalmente se seguiu aquilo que esperava: Após tanta insistência em ficar lá mais uma noite, após ter conseguido uma vaga na pousada da juventude em Vila nova de cerveira(onde estava a passar férias), após ter a consciência da viagem que ia fazer no dia seguinte.
Mas tudo isso acabara: A verdadeira razão surgia a meus olhos: Steven wilson, o génio músico e produtor, o homem que produz e concebe atmosferas e letras mágicas, que dá ao panorama musical mundial laivos de genialidade e beleza como já não se vê há muito tempo. Ali estavam eles à minha frente: Porcupine tree.



Ter um homem como wilson à nossa frente dá, imediatamente, direito a boca a berta de espanto, mas ao mesmo tempo de um orgulho imenso por termos diante de nossos olhos tamanho génio. Sim, porque dizer que porcupine tree é uma banda genial, já é algo absolutamente redutor: Geniais é pouco para os tamanhos requintes atmosféricos e instrumentais, para a beleza de seus temas, embalada em doces sinfonias progressivas que se alastram tema a tema. Começam com alguma previsibilidade é certo: O tema que dá nome ao último disco da banda "deadwing" foi o primeiro a ser tocado. Aliás todo o concerto foi pautado pela apresentação do novo álbum dos porcupine tree: Daí ter sido "deadwing" a estrela de uma noite brilhante.
Foi então a partir do fantástico "deadwing", tema de 7 minutos e meio que passa por várias fases, desde uma componente mais dentro do formato canção, até que, sensivelmente a meio, se desconstrói para se tornar numa sinfonia progressiva de alta mesria, para depois voltar ao tema que realmente é. Uma canção onde toda a genialidade da banda está mais que evidenciada.



Mas não foi só: Do novo álbum ainda tocaram temas como "Arriving somewhere but not here, tema mais duro, com uma faceta progressiva bem forte e extremamente acentuada; "Halo" faixa mais dentro do formato canção, com uma grande dose de negritude, evidenciada pela voz de Wilson, ou a fantástica "Lazarus" um dos melhores temas já feitos por Porcupine tree. De realçar que existiram alguns problemas de som durante esta faixa, mas a banda manteve-se estoicamente em palco, como se não desse conta da insuficiência técnica que (felizmente!) foi de pronto resolvida. Mais uma forma do tamanho profissionalismo destes britânicos.

Ainda de realce foram os temas tocados do maravilhoso "In absentia": "The sound of muzak",mas principalmente "blackest eyes" deram um tom de celebração à meia dúzia de pessoas que estava ali especificamente para os ver.
Para além dos temas que houve? Entrega. Paixão. Profissionalismo. Simpatia. E a certeza de uma banda ter granjeado mais fãs em Portugal. No fim do concerto ouviam-se várias vozes altamente positivas sobre aqueles tipos britânicos, desconhecidos de 95% das pessoas presentes no festival.Mas ,acima de tudo, o que fica foi um dos melhores concertos já vistos em solo lusitano. Um destilar de grandes canções, todas elas, de uma banda que soube virar o público totalmente a seu favor. e para uma pessoa que foi ali por eles, que nunca tinha pensado que algum dia poderia ver Porcupine Tree em solo português foi um enorme orgulho poder ter presenteado tamanha simbiose entre banda público..e estrelas. Porque essas, apesar de brilharem, apontavam sorridentes o centro do palco onde a banda perfilava um concerto memorável. Bem valeram todas as complicações da viagem do dia seguinte, inclusive um atraso de mais de duas horas., Que voltem cá depressa. Bem hajam (10/10)

Nota: O resto dos concertos? O plant deve ter sido bom e o palma também. a verdade é esta: Sem porcupine vilar de mouros tinha terminado. Em cheio.

2ª Nota: Agradecimento especial à Joana e ao Júlio. Arranjaram-me bilhete à pala e não se importaram nada pelo facto de ter saído do festival mal acabou porcupine. Um enorme obrigado aos dois por isso. Esta review é especialmente para vocês(porra daqui a pouco soa lamechas...pronto está feito)